Minha Vida Antes... (annabeth) escrita por Marina Leal


Capítulo 9
Capítulo 9: FAÇO UMA PROMESSA ARRISCADA


Notas iniciais do capítulo

como eu disse, voltei um pouco no tempo, ma no próximo já fica normal, beijossssssss.



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Alguns dias antes, no Olimpo...

 (POV: ATENA)

Em meus sonhos eu estava em uma praia e eu prontamente a reconheci, a areia escorria por entre meus pés e a brisa que soprava vinda do oceano era quente e tinha o cheiro salgado de minhas lembranças há muito esquecidas, ou pelo menos quase. Ah não, pelos poderes dos deuses, não pode ser, pensei um tanto desesperada caminhando por aquele lugar, eu o reconhecia, é claro que sim, mesmo que jamais admitisse para os outros deuses e principalmente para ele, mas era ali que eu costumava encontrar Poseidon (mas nós nunca fizemos nada demais, ok? Apenas conversávamos. Antes daquela história de inimigos mortais começar, até que nós nos dávamos muito bem, mas ele tinha que me desrespeitar ao levar Medusa até meu templo. Bom deixa pra lá é passado, eu era melhor que aquilo), eu sabia que depois da formação rochosa que era parecida com um cavalo que observava o mar ele estaria esperando, tentei me concentrar em não ficar ofegante, em não pensar que ele estava esperando por mim, não havia outro motivo para eu estar ali, nós criamos aquele lugar, e eu só apareceria ali se ele também estivesse, se tivesse chamado por mim. Respirei fundo e recoloquei a máscara que sempre fui boa em administrar na frente do conselho olimpiano e dei o último passo que precisava para poder vê-lo. E ele estava lá, em pé e olhava o mar com uma calma que sempre me deixava desconcertada e ao mesmo tempo feliz, Poseidon raramente parecia estar em paz, mas naquele momento era exatamente assim que ele estava.

Ele virou o rosto bronzeado para mim e sorriu, uma pequena curva no canto dos lábios. Ergui meu rosto, demonstrando indiferença e ele sorriu ainda mais, seus olhos verdes estavam brincalhões e eu desviei o rosto para que ele não quebrasse meu frágil controle, era sempre assim quando vínhamos aqui e eu sempre cedia com um sorriso, mas agora tudo estava diferente, mesmo que nada tenha mudado de fato. As ondas batiam calmamente nas rochas ao longe e a espuma chegava até a praia exatamente como antes, o cheiro de maresia me dominou, mas não por muito tempo e eu voltei a minha antiga expressão.

“Sempre gostei dessa sua pose de durona. Isso te torna única.” Ele falou sorrindo e estendeu a mão para que eu a pegasse, mas eu a ignorei e caminhei lentamente em sua direção, pude sentir a onda de censura vir dele no mesmo instante, ele claramente sabia os motivos para que eu me mantivesse distante, cruzei os braços para mantê-los no mesmo lugar. “Você sabe muito bem que aqui nenhum deles pode vir, nem mesmo Afrodite. Este é o nosso, e apenas nosso lugar. Portanto você pode agir normalmente comigo, pelo menos aqui.”

“Não posso Poseidon.” Respondi ignorando a vontade de sorrir para ele, eu não podia, seria errado fazer isso, mesmo que ele estivesse correto sobre pode agir normalmente perto dele naquele lugar, seria apenas um sorriso, mas não poderia acontecer, não mais. “Agora tudo está diferente, não sou mais a mesma de antes e você também mudou. Nada pode ser como era antes.”

Ele me estudou por um momento, eu estava pensando em outros argumentos caso ele insistisse, mas sua expressão decidida se desfez em poucos segundos para uma expressão de tristeza e rendição e eu contive a onda de frustração que me tomou, não fazia sentido sentir aquilo.

“Você tem razão.” Ele admitiu tristonho e eu contive a minha vontade de estender meu braço e confortá-lo.

“Eu geralmente tenho.” Murmurei curvando o canto da minha boca. “Mas pelo que, em nome dos deuses, você me chamou até aqui?” Perguntei, ele não me chamaria até ali apenas para que eu voltasse a falar com ele, podia não parecer, mas Poseidon era mais complexo que aquilo e essa era uma das coisas que eu gostava nele, apesar de que ele também era irritante e isso era algo que me incomodava bastante.

“Tenho algo importante para contar a você, mas para que isso aconteça você tem que jurar pelo rio Estige de que não vai contar para ninguém o que eu te disser.” Ele falou, novamente encarando o mar que estava a nossa frente, mas pelo tom de sua voz era algo bastante sério. “Isso é algo que deve ser mantido entre nós até que o destino decida o contrário.”

Fiquei tensa e estreitei meus olhos para ele, que me observava atento, parecia preocupado com algo, então suspirou e desviou os olhos. Ele escondia algo importante dos outros deuses, mas parecia disposto a contar para mim, mas só se eu estivesse disposta a ajudá-lo a esconder esse segredo, era incomum que ele confiasse em mim daquela forma e eu desconfiei de imediato.

“Naturalmente, você é a deusa da Sabedoria e sabe que saber demais sempre pode ser um prejuízo para nós, eventualmente, mas preciso que você me escute, pois é algo importante, e eu sei que envolve você, também. É por isso que é necessário que você saiba do que se trata, mas antes que eu conte tem que jurar.” Ele falou andando para longe de mim e eu fiquei sem reação, o que ele tinha para me contar me envolvia também? Percebi que ele caminhava para o mar, não parecia disposto a me dar mais nenhuma pista do que ele supostamente precisava me contar. “Não precisa dar sua resposta agora, é um momento precipitado para uma promessa desse tanto de comprometimento. Pense e então me chame até aqui, te darei o prazo de dois dias para que se decida. Sei que é pouco tempo para algo desse tipo, mas quanto mais rápido eu puder te contar, mais fácil ficará a nossa vida, pelo menos eu espero que sim. Até daqui a dois dias Atena, estarei esperando seu chamado.” Ele disse isso e desapareceu dentro de uma onda que veio até ele, como um cobertor, me deixando assim, sozinha na praia, com o vento batendo em meu rosto e um enigma na minha cabeça.

“Obrigada por não dizer nada Poseidon.” Resmunguei voltando pelo mesmo caminho que eu havia usado para chegar até ali, não que eu não pudesse voltar diretamente para meu palácio, era só eu acordar, mas fazia tanto tempo desde a última vez que eu estive por ali que eu queria poder observar o lugar que ao mesmo tempo me dava dor e alegria.

Deixei os pensamentos vagarem, aleatórios, durante o resto da noite. Tentei imaginar um motivo forte o bastante que obrigasse Poseidon a me contar um segredo, ele me odiava e esse sentimento era mútuo. Nosso passado naquele lugar não importava mais para mim e certamente não iria interferir em meu julgamento, mas para ele ainda importava e havia interferido no julgamento dele, ele parecia mais do que disposto a confiar em mim, mas e eu, estava disposta a confiar nele? Novamente?

Caminhei mais alguns passos, tentando ligar pequenas coisas que tivesse deixado passar, detalhes que não tivesse dado importância, então uma imagem um tanto recente veio à minha cabeça: Poseidon na sala dos tronos, o conselho olimpiano reunido, Hermes comentando sobre termos tido sorte de que ele e Hades não terem tido mais filhos, de termos a certeza de que ambos mantinham um juramento que meu pai havia quebrado, ele se mexeu inquieto com as palavras de Hermes, como se tivesse cometido um crime horrível. E então eu soube o que Poseidon queria (ou como ele mesmo disse, precisava) me contar. Senti minha boca se abrir com o choque.

“Poseidon, o que você fez?” Arfei olhando para o mar, mas não houve sinal de que ele havia recebido minha pergunta.

A certeza do que ele havia feito não devia ter me surpreendido, e muito menos me deixado com uma sensação estranha que não soube nomear. Poseidon havia sim, gerado um novo herói mortal, o que contrariava o que ele havia prometido. E junto com essa certeza um novo pensamento me ocorreu, a profecia podia não se aplicar à filha de meu pai, mas ao novo filho de Poseidon e apesar de eu ter a certeza de que ele tinha um novo filho, ou filha, e contasse para o conselho, eles pediriam uma prova e eu não teria como apresentar a eles. Eu poderia aceitar a proposta de Poseidon e assim conseguir a prova de que precisava, mas então eu estaria presa ao juramento de não comentar sobre esse assunto na frente dos outros deuses.

Parei por alguns momentos a alguns centímetros da água que chegava até a praia, me sentindo inquieta, e completamente frustrada, ele havia conseguido me pegar em um beco sem saída, o que era uma coisa rara de se fazer. Olhei para longe, e no horizonte pude ver Apolo começando seus deveres como deus do sol. O dia vinha chegando e meu tempo estava começando a diminuir.

“Tudo bem Atena.” Falei para mim mesma enquanto dava meia volta e me sentia voltar a consciência aos poucos. “Você ainda tem algumas coisas para analisar e algum tempo para se decidir sobre como deve agir, agora há coisas mais importantes a serem feitas.”

Eu tinha plena consciência de que dois dias era pouquíssimo tempo para uma decisão daquelas, mas eu tinha que ter uma opinião formada antes de qualquer coisa. E meu instinto me dizia que Poseidon estava falando seriamente, eu seria envolvida nessa história, mas porque o filho, ou a filha, dele estaria de alguma forma conectado (a) com a minha vida? Não fazia sentido.

Abri os olhos e fitei o teto do meu quarto. Tentei me concentrar em Annabeth, ela não estava mais na casa do pai e Hermes já devia ter entregado a ela meus presentes. Você não deveria favorecer tanto sua filha. Minha mente, ou pelo menos a parte dela que era obcecada por regras, gritou para mim, mas eu não me importei em pensar em uma resposta, tive a vaga sensação que Annabeth estava envolvida nesse problema que Poseidon queria me contar.

“Não importa, pelo menos não por enquanto.” Eu murmurei com firmeza, eu só não sabia a qual assunto eu estava me referindo.

Fui até o banheiro para me preparar para mais um dia no Olimpo, mas eu estava preocupada e estressada demais para reparar o que estava fazendo, e por onde estava andando que acabei esbarrando em tudo por onde passava, mas felizmente não aconteceu nada além disso.

Uma batida na porta soou assim que terminei meu café da manhã, não estava com disposição para ir tomar café com o restante dos deuses. Levantei-me rapidamente na esperança de que fosse Hermes ali.

“Hermes?” Perguntei antes de abrir a porta.

“Sim Atena, sou eu.” Ele respondeu e eu abri a tranca e o deixei passar rapidamente.

“Então?” Eu perguntei sem rodeios.

“O pacote está entregue.” Ele me informou com um sorriso estranho nos lábios. “Ela é realmente muito parecida com você, agora me perdoe Lady Atena, mas eu preciso ir, ainda tenho muitas mensagens para entregar. Não se esqueça da sua parte no acordo. Luke está próximo do lugar em que sua filha vai estar em breve, você precisa cuidar para que as escolhas dele o levem até lá.”

Eu concordei com a cabeça demonstrando que entendia e ele partiu no meio de uma intensa luz branca.

“Hora de colocar o plano em ação.” Falei me virando para o espelho. “Acho que uma mulher comum não chamaria muita atenção.” Estalei os dedos e minha forma tremulou e em segundos uma mulher de vinte e cinco anos me olhava do espelho, a única coisa que me denunciava eram os meus olhos, mas não me importei muito em escondê-los, de uma forma ou de outra eles saberiam quem eu era.

Caminhei lentamente pelos corredores e pátios do Olimpo, estava à procura de uma fonte para que pudesse descobrir onde o filho de Hermes estava, quase me esqueci da breve conversa com Poseidon, mas aquilo era algo que eu sabia que não poderia deixar de lado por muito tempo. As conversas e os risos não tiravam minha concentração, uma das musas me viu e acenou levemente com a cabeça, mas logo voltou a prestar atenção em seu instrumento. Andei mais um pouco, então no canto oeste, lá estava ela, a fonte que eu precisava, quase nenhum deus a usava, pois ela não tinha uma boa localização, e era isso que eu iria aproveitar.

“Mostre-me Luke Castellan.” Pedi à fonte, não me preocupando em jogar um dracma no arco-íris. A imagem tremeu por um instante então eu vi, um garoto loiro com olhos azuis correndo por um beco, sendo seguido de perto por uma garota com cabelos pretos e olhos também azuis. Reconheci o lugar e passei a mão na névoa para desfazer a conexão.

“Sim, eles estão bem próximos.” Eu falei. “Só precisam de uma mãozinha de alguém que sabe das coisas.” E estalei os dedos para me teletransportar para uma rua antes da que eles estavam.

“Luke!” A menina gritou, sua voz estava muito próxima. “Vem por aqui!”

Passos ligeiros ecoaram na minha direção e eu peguei um livro que estava fácil e fingi lê-lo, estiquei a perna levemente para que a menina tropeçasse e eu tivesse uma desculpa para falar com ela. Ela passou correndo e esbarrou na minha perna, exatamente como eu havia planejado.

Virei-me, fingindo preocupação.

“Oh meu Deus.” Falei, foi bem estranho falar Deus e não Deuses, mas era preciso naquela situação. “Você está bem?”

“Sim.” A menina respondeu se encolhendo.

“Thalia!” Eu e ela olhamos para cima e ele estava lá, Luke, senti meu corpo enrijecer, não me agradava estar perto dele, mas ele não pareceu notar. “Você está bem?”

“Sim. Estou.” Ela falou se levantando e balançando a cabeça.

“Para onde vocês vão?” Perguntei, minha voz soava preocupada. Eles trocaram um olhar silencioso, então eu resolvi ampliar meu domínio sobre o dono da bancada de livros, eles estavam desconfiando de mim e eu precisava remediar aquilo. “Vou levar este aqui, Peter.” Falei para ele entregando o livro sem nem observar a capa.

“Ótima escolha Minerva.” Ele falou, esperei que eles não conhecessem muito de mitologia romana, eu estava com sorte, eles relaxaram e até pareciam dispostos a responder minha pergunta.

“Estamos indo para o centro da cidade.” A menina falou lentamente, ainda com desconfiança.

“Meu irmão mora lá.” Falei imitando o tom de voz de Thalia. “Acho que talvez vocês poderiam passar um dia por lá, eu falo com ele antes de vocês chegaram lá, é claro.”

Eles se olharam de novo, mas pude ver que lutavam contra a vontade de tomar um bom banho contra o instinto de fugir.

“Então está certo.” Falei com entusiasmo, não dando tempo para que eles respondessem. “Perguntem pela OFICINA METALÚRGICA RICHMOND, todos aqui sabem onde fica, ele trabalha lá até tarde. Se forem lá tenho certeza de que o encontrarão por lá. Tchau.” Eu falei me afastando. Assim que cheguei ao beco voltei rapidamente para o Olimpo.

Um problema estava quase resolvido, agora me restava o problema que Poseidon resolveu me impor. Saber sobre o futuro não é bom, e ele estava coberto de razão, mas ele disse que precisa me contar algo. Respirei fundo e fui para meu castelo, para passar o resto da tarde tentando me decidir, com sorte minha filha encontraria com Thalia e Luke mais tarde e eu poderia ficar em paz por algum tempo.

Sentei no meu sofá e liguei a televisão para tentar me distrair, estava passando um documentário sobre As dez formas de se matar uma Hidra, mudei de canal Os doze trabalhos de Héracles, uma entrevista completa com Hera sobre o que a motivou a fazer isso.

“Nossa.” Murmurei desligando a TV e jogando o controle para o lado. “Não há nada de interessante na televisão hoje em dia.”

Encostei minha cabeça no braço do sofá e repentinamente senti o sono chegar até mim, eu podia lutar contra ele, mas eu não quis, pois eu sabia para onde eu estava indo, mesmo que não devesse.

Assim que cheguei eu o vi parado na beira do mar, suas costas tensas. Percebi que ele notou a minha presença, mas a ignorou completamente. Ok, então o primeiro passo teria que ser meu.

“Poseidon.” Eu falei, minha voz o censurando. “Até onde eu sei, você me deu dois dias para pensar numa resposta. Por que me trouxe até aqui hoje? Agora? Ainda não se passou nem um dia.”

Ele assentiu, mas parecia agitado, quero dizer mais agitado que o de costume.

“Eu sei.” Ele falou e seus olhos se estreitaram. “Mas recebi um aviso de que sua decisão não deve ser adiada, você deve me dizer sua resposta hoje.”

Eu o olhei, em seus olhos havia uma súplica silenciosa para que eu aceitasse sua proposta. Mas meu orgulho não queria permitir que eu fizesse isso. Tive uma breve discussão interna comigo mesma, então cheguei à minha decisão.

“Tudo bem Poseidon.” Eu disse rendendo-me. “Conte-me o que precisa me contar.”

Ele me olhou, parecia completamente perplexo pela minha resposta, mas rapidamente se recuperou. Ele me estendeu a mão e eu hesitei, mas acabei estendendo a minha sobre a dele.

“Mas antes de irmos, você deve jurar pelo rio Estige que não contará isso para nenhum ser existente, seja no céu, seja na terra até que o destino decida o momento apropriado para que isso aconteça.” Ele falou em tom solene, e eu só precisava falar, jurar que não contaria para ninguém, eu precisava descobrir o porquê que aquilo um dia iria chegar até mim.

“Eu juro pelo rio Estige que assim será.” Falei olhando nos olhos dele. Ouvi trovões selarem minha promessa e eu me arrepiei toda.

Ele assentiu e caminhou até que a água estava em sua cintura, eu parei e ele sorriu.

“Não se preocupe, não permitirei que a água te toque.” Sua voz estava com um toque de humor, e se eu não estivesse tão tensa teria sorrido.

Respirei fundo e fui em direção a ele e como ele havia prometido eu podia sentir a água ao meu redor, mas ela não molhava minha pele nem minhas roupas.

“Obrigada.” Falei, minha voz transbordando de gratidão.

“Não há de quê.” Ele respondeu sorrindo, mas em menos de um segundo seu sorriso se desfez e ele suspirou, parecendo preocupado. “Agora vamos.”

Eu concordei enquanto ele pegava minha mão novamente.

“Feche os olhos, senão você vai ficar enjoada.” Ele falou para mim e eu obedeci prontamente, ainda me lembrava como era a sensação, e não era nada boa.

Senti a água e a velocidade, mas mantive os olhos fechados e não vi nada disso, não queria ficar com vertigem. Então, da mesma forma que tudo começou, parou.

“Atena.” Era a voz de Poseidon, e estava gentil. “Pode abrir os olhos.”

Abri os olhos e observei as coisas ao meu redor, estávamos próximos a uma praia, não era a mesma que nós estávamos antes, eu sabia que não era, pois havia um chalé meio que escondido, mas ainda assim próximo à praia.

“Onde nós estamos?” Perguntei, confusa.

“Na praia de Montauk.” Ele respondeu olhando para aquele lugar como se algo importante estivesse para acontecer. “Atena, preste atenção!” Ele sorriu e eu olhei para onde ele apontava.

A praia não estava mais vazia, agora havia uma mulher de cabelos castanhos, dela não pude registrar nada mais do que isso, estávamos distantes demais para notar alguma outra coisa. E ao lado dela estava um garotinho com cerca de sete anos de idade, com os cabelos no mesmo tom de chocolate que os dela, enquanto eu olhava o menino começou a correr pela praia, percebi com um segundo atraso que ele estava brincando com a mãe.

“Mas porque você me trouxe até aqui?” Perguntei quebrando o silêncio, mas Poseidon não se moveu, seus olhos demonstravam seu desejo de ir até a praia para brincar com o menino, então ele moveu a cabeça e seus olhos verdes cintilaram na minha direção.

“Para mostrar a você meu filho.” Ele falou e voltou a olhar para a praia.

Ele não estava olhando para mim, e eu estava confusa e esperando uma explicação para aquilo.

“Sei que você deduziu que poderia ser isso ontem mesmo.” Ele falou de repente, me pegando de surpresa. “Mas você não tinha como provar antes, e agora não pode falar isso para ninguém, eu precisava me assegurar disso.”

Balancei a cabeça para frente e para trás. Isso era bastante óbvio, e apesar de ele estar confessando que armou aquilo, eu não me senti com raiva, nem traída, nem nada.

“Mas porque decidiu contar isso a mim?” Eu falei apontando para o menino. “Porque, de repente, resolveu confiar em mim? Até onde todos no Olimpo sabem, nós somos inimigos mortais.”

Ele me olhou tristemente com seus olhos verdes cheios de lágrimas. Ele já havia tido tantos filhos, mas ainda se emocionava quando tinha um (que não deveria existir, diga-se de passagem). Eu olhei para ele sem expressão enquanto esperava uma resposta.

“Nós não somos inimigos.” Ele falou conseguindo me surpreender novamente. “Pelo menos eu não te considero minha inimiga, não sei de você, mas para mim é assim. Apenas temos uma rixa... não é a mesma coisa que sermos inimigos.”

“Você está fugindo da resposta.” Apontei e ele sorriu.

“Eu não decidi te contar, exatamente.” Ele falou parecendo desconfortável. “Você só está aqui porque as Parcas me procuraram e disseram que era para eu falar para você sobre meu filho.”

Senti meu queixo cair e ele sorriu novamente, parecia estar se divertindo bastante apesar do desconforto em seu rosto e postura.

“O quê? Mas por quê?” Falei sem exatamente querer uma resposta.

“Elas foram até meu palácio logo após o nascimento de Percy. Eu havia acabado de voltar do apartamento de Sally.” Deduzi que Sally era a mulher que eu havia visto com o menino e que ele devia ser Percy.

“E o que elas falaram?” Perguntei com um tom de sarcasmo. “Fale para Atena antes que ela descubra e te cause problemas?”

Ele ergueu uma sobrancelha e sorriu.

“Não exatamente. Problemas você iria me causar de qualquer forma.” Ignorei a ironia na voz dele.  “Elas falaram que: A criança de Atena irá fazer parte do destino de seu filho, fale para ela que não importe o que ela tente, tudo já está determinado. Mas o destino deles só irá se concretizar se você contar a ela no momento correto. As palavras exatas da profecia relativa a ele foram:

“A filha de Atena parte de sua vida fará.

Estar juntos o destino de ambos será.

À Atena, no momento certo, você deve contar.

Se não o destino deles não irá se concretizar.

Eu o olhei, não consegui perceber como estava o meu rosto, mas acho que não era uma expressão feliz, meu peito se contraiu com aquelas palavras e parecia que tinha tomado algo de sabor desagradável.

“E você só resolveu me contar isso depois de sete anos?” Perguntei, minha voz soou mais aguda. “Não posso acreditar que realmente levou tanto tempo para que você fizesse isso.”

“É o momento certo.” Ele disse com insistência, mas não parecia muito contente. “Não podia te contar antes. Não pense que gostarei de ter meu filho junto de uma filha sua, mas pode ser que eles sejam apenas amigos, eles podem estar destinados a ficar juntos como amigos...”

“Me leve de volta.” Falei baixinho não confiando em minha voz e cortando o que ele estava falando, não confiava que pudesse ser o que ele estava dizendo, não parecia que seria aquilo.

“Tudo bem.” Ele falou. “Mas lembre-se de não falar para ninguém sobre isso.”

“Eu sei Poseidon, eu sei.” Falei enquanto fechava os olhos e reprimia as lágrimas, eu só iria pensar no significado de tudo aquilo quando estivesse segura no meu palácio e longe dele, mesmo que não tenha gostado das palavras da profecia.

“Venha.” Ele falou e me pegou pela mão, mesmo que eu desejasse não precisar tocá-lo, voltamos para a água e pude sentir tudo, mas não consegui assimilar nada de verdade. Pode não ser Annabeth, pensei com esperança. “Já estamos de volta Atena.”

Eu abri os olhos o olhei e me afastei rapidamente.

“Não me procure por um bom tempo Poseidon.” Falei com firmeza e pude ver a dor nos olhos dele.

“Mas...” ele falou.

Eu balancei a cabeça impedindo-o de continuar.

“Irei descobrir o significado disso. Não irei permitir que Annabeth, ou qualquer outra filha minha esteja de alguma forma, ligada ao seu filho.” Falei. “Adeus Poseidon.”

Afastei-me dele para esconder minhas lágrimas, eu não iria permitir aquilo, Annabeth seria mantida longe do filho de Poseidon com todas as minhas forças, assim como todas as minhas outras filhas que estavam no acampamento, mas eu achava pouco provável que fosse alguma delas, elas estavam prestes a sair do acampamento ele poderia nem sequer encontrar com alguma delas.

Você não poderá lutar contra o destino para sempre. Minha mente falou para mim enquanto eu me via de volta no meu sofá, parecia tripudiar de mim.

Mas eu irei sempre que puder. Respondi para mim mesma. Ainda mais quando se trata de Annabeth.

Respirei fundo e resolvi olhar para a terra, já estava escuro e provavelmente perigoso para os mortais, com certeza era perigoso para meios-sangues, para o futuro deles. E naquele momento resolvi me preocupar com o destino de Annabeth quando chegasse a hora, eu não seria precipitada, eu apenas a amaria e cuidaria dela, o futuro ainda estava distante. Não era digno de preocupação, pelo menos, não para mim e com certeza, não agora.


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Notas finais do capítulo

e ai, gostaram???? me digam por favor.