Minha Vida Antes... (annabeth) escrita por Marina Leal


Capítulo 21
Capítulo 21: RECEBO UMA CONTA DE VIDRO


Notas iniciais do capítulo

Os capítulos ficarão menores a partir daqui, mas continuam bons, espero que gostem, pois estamos chegando ao fim.



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O verão passou rapidamente, quando me dei conta já estávamos no final de agosto, as aulas começariam na semana seguinte, mas eu não iria sair do acampamento, eu havia decidido ficar o ano inteiro e esperar que Grover aparecesse.

Kurt estava terminando de organizar os nossos campistas, todos iriam embora no dia seguinte, apenas eu e Luke ficaríamos e cuidaríamos do acampamento.

“Vocês vão ter uma grande responsabilidade.” Ele falou para mim e olhou para as colinas. “Meu pai me mandou para cá quando completei doze anos.”

O olhei, surpresa.

“Ele sabia que seria perigoso passar todo o tempo com ele, a mamãe disse para ele.” Ele continuou. “Mas eu só acho que nossos parentes olimpianos deviam nos dar um pouco mais de atenção, afinal, para quê existimos?”

Eu abaixei a cabeça e ele pegou minha mão.

“Vem comigo Annie, quero te mostrar uma coisa.” Ele falou me puxando e mudando de assunto.

“O quê?” Perguntei.

Ele me levou por entre o bosque e paramos na frente de uma árvore. Ele assobiou e estendeu o braço. Uma coruja desceu da árvore e se empoleirou no braço estendido de Kurt.

“Ele tem perguntado por você.” Kurt falou.

Eu pisquei.

“Você entende o que as corujas dizem?” Perguntei.

“Acho que se pode dizer assim.” Ele sorriu. “Como é a ave sagrada da nossa mãe, acho que é por isso que eu consigo entendê-las.”

“Espera, você me disse que ele tem perguntado por mim. Quer dizer que esse é o Courage?” Falei sem conseguir nomear a sensação que passou por mim, eu achei que havia perdido Courage na noite em que conheci Luke e Thalia.

Kurt fez que sim com a cabeça e me tirou das memórias que me fariam chorar.

“Ele disse que gosta de você, mas que a mamãe o mandou cuidar de mim a partir de hoje.” Ele falou. “Me desculpe.”

“Não se preocupe com isso.” Falei com um sorriso, para os dois. “Eu entendo, e fico feliz de ter a chance de vê-lo de novo, achei que o tinha perdido para sempre.”

Kurt sorriu e Courage soltou um pio.

“Ele disse que você nunca o perdeu.” Ele traduziu. “Jure pelo rio Estige que não vai falar para ninguém que a mamãe me deu esse dom.” Kurt falou.

“Eu juro pelo rio Estige que não vou falar.” Prometi e um trovão cortou o vale.

“Agora temos que ir, o almoço já vai começar e Quíron não gosta muito de atrasos, nem o Sr D.” Ele falou. “Courage, ele gosta desse nome, então vai ficar esse mesmo.”

Eu sorri.

“Vamos.” Falei e ele fez Courage voltar para a árvore.

“Vamos.”


*****


“O que você tem Annie?” Angel perguntou na aula de arco e flecha depois que eu consegui acertar o elmo de um colega de turma que xingou em grego e se afastou de mim depois de receber o olhar de Angel. “Geralmente você é concentrada.”

“Nada.” Falei e estendi o arco novamente com a flecha na posição. “Eu consigo.”

A flecha foi lançada e chegou do outro lado do campo.

“Muito bom, quero dizer, melhor que antes.” Ela falou quando atingi o alvo e não alguma parte de algum campista.

A verdade para eu estar tão distraída era por estar pensando em Courage e no que Kurt havia me pedido.

“Posso tentar de novo?” Perguntei e ela pensou por um momento.

“Acho que sim.” Disse por fim. “Mas tome cuidado está bem?”

Fiz que sim com a cabeça e peguei outra flecha e mirei no alvo.

Respirei fundo e encarei o alvo, de repente eu não estava mais na aula de arco e flecha e Angel não estava mais ao meu lado. Eu encarava uma senhora enrugada com um chicote em sua mão e que rosnava para mim.

Reprimi um grito.

Estiquei o arco em minhas mãos e mirei entre seus olhos, o tiro não seria desperdiçado. No último instante eu vacilei, pois minhas mãos tremiam demais.

“Annabeth?” Uma voz me chamou. “Está tudo bem?”

Lancei a flecha e o monstro se desfez em pó.

Pisquei, eu me encontrava no acampamento, Angel estava do meu lado e todos me olhavam espantados.

“Como você fez isso?” Um cara alto e simpático do chalé de Apolo olhando para mim e depois para a flecha que se encontrava no centro do alvo, no outro lado do campo.

“Não sei.” Falei escondendo meu medo. “Angel, eu posso ir para o chalé, por favor?”

Ela me olhou como se dissesse: Vamos falar sobre isso depois.

“Tudo bem, vá.” Ela falou. “Mas tome cuidado.”

“Não se preocupe.” Falei colocando o arco de volta no lugar e me afastando dali.

Apesar de ter pedido para ir para o chalé, eu não estava com vontade de ir para lá. Caminhei sem saber muito bem para onde ir, me mantendo sempre nos limites do vale, foi apenas quando me vi parada na frente de um pinheiro que eu me permiti chorar.

Eu havia perdido Thalia, Grover não estava aqui e somente os deuses e Quíron sabiam por onde ele andava. Eu só tinha Luke agora.

Toquei na casca áspera da árvore, tentando sentir o espírito de Thalia ali dentro, mas nada.

“Thalia.” Suspirei e me sentei ao pé do pinheiro e comecei a arrancar alguns tufos da grama próxima aos meus pés.

Eu não precisava falar, ela me entenderia, onde quer que estivesse.

Olhei para o vale e tentei imaginar o que ela me falaria se estivesse ao meu lado.

Provavelmente algo como: “Nossa, que lugar ótimo para uma luta!” Sorri com o pensamento.

Não consegui passar muito tempo sentada, era o transtorno do déficit de atenção atacando.

“Eu vou ficar.” Falei me levantando. “Por você.”

E voltei para encontrar com meus irmãos no chalé de Atena.

“Onde você estava?” Foi a pergunta que meus irmãos me fizeram assim que pus um pé para dentro do chalé.

Eu suspirei, mas sem vontade de mentir.

“Estava perto do pinheiro de Thalia.” Falei.

Eles pareceram surpresos e não falaram mais nada por alguns segundos.

“Gente, precisamos ir para a cerimônia das contas daqui a pouco.” Kurt falou de repente. “Temos que arrumar o chalé.”

Todos no chalé olharam para mim e depois para ele.

“É mesmo!” Falou Kevin. “Precisamos nos arrumar.”

“Como assim, cerimônia das contas?” Perguntei.

“Todo ano, no último dia da sessão de verão nós recebemos uma conta de argila com a imagem do marco mais importante durante o tempo que estivemos aqui.” Kurt falou. “Cada chalé fica responsável pela fabricação no design da conta a cada ano.”

“Ah.” Falei. “E qual chalé ficou responsável esse ano?”

“O de Apolo.” Ele respondeu. “Mas agora arrume seu beliche e depois se vista está bem?”

Concordei com a cabeça e fui organizar os livros de arquitetura que Giselle havia me emprestado alguns dias antes.

Quando ergui o último livro um papel caiu na minha cama. Uma tira de fotos que eu fiz questão de esconder embaixo do colchão.

“Todos terminaram?” Kurt perguntou.

“Acho que sim.” Todos nós falamos.

“Então vamos.” Ele falou no instante que a trombeta de caramujo soou.

Fomos para o pavilhão em fila e nos sentamos à mesa de Atena. Os campistas fizeram a última refeição juntos. Queimamos parte de nosso jantar para os deuses e quando estávamos junto à fogueira os conselheiros mais velhos entregaram as contas de fim de verão.

Ganhei meu próprio colar de couro, e quando eu vi a conta pelo meu primeiro verão, tive que segurar um soluço e meus olhos procuraram por Luke, mas ele parecia tão sem reação quanto eu. Voltei a fitar a conta de argila pintada em branco, com o desenho de um pinheiro pintado no centro.

“A escolha foi apertada.” Falou o filho de Apolo que eu havia surpreendido mais cedo. “Mas esta conta simboliza o sacrifício que uma meio-sangue como nós, exceto por ser filha de Zeus, fez por seus amigos, para que todos nós sejamos capazes de um ato igual a esse!”

O acampamento inteiro se pôs de pé e aplaudiu, lágrimas de saudade e alegria escorriam por meu rosto, vi de relance Luke olhar para o pinheiro de Thalia. Meus irmãos me abraçaram e eu me senti feliz e ao mesmo tempo triste naquele momento. Finalmente eu havia encontrado uma família que se preocupava e cuidava de mim, e no dia seguinte a maior parte dela iria embora para outra parte do país, ou talvez do mundo.

“Nunca vamos abandoná-la.” Ouvi a voz de Ivan no meu ouvido. “Você é importante para nós.”

Olhei para ele.

“Esta é sua última conta.” Falei um pouco triste.

“É, mas eu já tenho muitas.” Ele falou puxando o próprio colar de couro e me mostrando onze contas de argila com desenhos diferentes. “Mas essa” ele apontou para a conta branca “é a que nos une, apenas você e Luke a terão, vocês serão os novos líderes do acampamento.”

Ele sorriu para mim e eu sorri de volta.

“Obrigada.” Falei e o abracei.

“Hermes.” Elizabeth gritou. “Devemos voltar para o chalé.”

Luke e os outros assentiram e caminharam para o chalé onze.

“Pessoal!” Kurt gritou para nós do chalé seis assim que os semideuses de Hermes sumiram dentro do chalé. “Temos que ir para o chalé, ainda tem uma coisa que temos que fazer.” Ele olhou para mim e depois para todos nossos irmãos e irmãs.

Assentimos para ele, demos boa noite a todos e caminhamos na direção de nosso chalé. Algo me dizia que a noite de surpresas ainda não havia acabado.



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Notas finais do capítulo

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