Minha Vida Antes... (annabeth) escrita por Marina Leal


Capítulo 12
Capítulo 12: GROVER NOS ENCONTRA


Notas iniciais do capítulo

Eles estão prestes a chegar ao acampamento, mas ainda tem algumas coisas ruins para acontecer, me desculpem pelo problema com a repetição do segundo capítulo, saibam que já ajeitei. Beijos e boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/153324/chapter/12

“Você não precisava ter agido daquela forma.” Thalia o censurou quando estávamos longe o bastante da antiga casa de Luke. “Você gostando ou não eles são seus pais, e pelo menos seu pai demonstrou que se importa com você, mesmo que sua mãe seja um pouco... diferente.”

“Eles o magoaram Thalia.” Me meti na conversa antes que Luke pudesse falar alguma coisa, se é que ele podia falar. “A culpa não é dele.”

“Não o defenda Annabeth.” Ela falou em tom sério não olhando para mim e sim para as costas dele. “Ele sabe que estou certa.”

“Isso não importa agora.” Ele falou de ainda de costas para nós, sua voz falhava como se ele estivesse chorando. “Quem está certo quem está errado, não tem importância.”

“Como não tem importância Luke?” Thalia perguntou com raiva. “Você não se importa como seus pais estão?”

Ele parou de andar, mas não se virou para nos encarar.

“Você é uma hipócrita Thalia.” Ele falou e ela ficou em choque, como se não tivesse ouvido direito o que ele disse. “Se preocupa com meus pais e como eles ficaram por minha causa, mas deu as costas para sua mãe também, assim como eu e nem se importou com isso.”

Ela seu um passo para trás como se Luke tivesse batido nela, havia dor em sua expressão.

“Você não sabe o que está falando.” Ela falou. “Você não sabe tudo sobre mim.”

“Sei sim. Melhor do que qualquer um eu sei do que estou falando. E você não sabe...” Ele se interrompeu. “E não importa se não sei tudo sobre você, assim como eu você deve ter suas razões para manter algo escondido.”

“Realmente, não importa...” Ela começou a falar, mas interrompeu a frase. “Aquilo foi um erro, não devia ter acontecido.”

Ela disse a última frase tão baixinho que não sei se foi isso mesmo que ela falou.

Luke suspirou e se virou para olhar para nós, pensei que ele não tivesse ouvido a última frase de Thalia.

“Vamos seguir o plano.” Ele falou estreitando os olhos para ela. “Estávamos indo para Nova York, não estávamos?”

Thalia fez que sim com a cabeça, magoada com o que ele havia dito.

“Então continuaremos a ir para lá, não importa o que meu...” ele se interrompeu por um momento e respirou fundo para se acalmar, percebi a mágoa novamente presente em seu rosto. “Não importa o que Hermes disse.”

“Tudo bem.” Falei rapidamente para que ele não ficasse tão frio e distante novamente, Thalia me olhou como se não acreditasse no que eu disse, ou que eu aceitasse aquilo tão facilmente.

“Mas o que ele...?” Luke fez Thalia se calar com um olhar firme. “Tudo bem, não importa.” Ela murmurou desviando o olhar e parecendo ofendida.

“Seguimos para onde agora?” Perguntei para desfazer o clima tenso que ficou entre eles. “Nós estamos onde exatamente?”

“West Port.” Luke respondeu mecanicamente. “Connecticut.”

“E vamos para onde daqui?” Thalia repetiu a minha pergunta friamente, parecia estar descontando a forma como ele a tratou há poucos segundos e tudo o que ele havia dito parecia tê-la magoado de verdade.

Ele pegou o mapa e o analisou por algum tempo.

“Devemos ir um pouco mais para o sul, nos desviamos um pouco do caminho ao encontrarmos com as Caçadoras e viemos para o norte além da conta.” Ele falou ignorando o tom e a expressão de Thalia. “Vamos andar mais um pouco e na próxima cidade nós vamos parar para arrumarmos comida.”

Eu fiz que sim com a cabeça. Olhei para Thalia, ela parecia prestes a protestar de algo que ele havia falado, mas eu a puxei pelo braço, não queria que ela aborrecesse Luke de novo.

“Não se preocupe com ele.” Ela falou para mim tentando soltar o seu braço.

Olhei com desconfiança para ela, mas seu rosto estava convincente. Ela libertou o braço de minha mão e foi caminhar ao lado dele.

“Parece que você ganhou uma advogada.” Ela murmurou irônica para ele.

Não houve resposta e não me virei para ver a expressão dele. Eu não via daquela forma, os pais dele o haviam magoado, ele não tinha culpa, afinal porque o pai dele não havia falado com ele antes? E a mãe dele? Estremeci ao me lembrar dela e seus estranhos olhos verdes. Como ele agüentaria ficar perto dela? Talvez Thalia não estivesse vendo da forma que eu estava, apesar de ter vivido quase a mesma situação que ele, ter uma mãe difícil de lidar, um pai que não estava presente como um pai deveria estar, como ela podia censurar Luke quando a vida dos dois era tão parecida?

Pensei em meu pai, bem ele não foi um pai exemplar, eu não tinha orgulho de ser filha dele, e ele com certeza não tinha orgulho de ser meu pai, mas mesmo que não quisesse ele havia me criado. Não, eu não iria pensar dessa forma, ele permitiu que eu fosse embora, ele não me queria. Talvez nunca tivesse desejado ficar comigo.

E minha mãe? Onde ela estava naquele momento? Será que se preocupava comigo? Assim que pensei nisso uma frase que ela me falou em sonho voltou à minha mente ‘Prometo que tudo vai mudar depois de hoje meu amor’ ela realmente parecia se preocupar comigo naquela noite, será que era assim sempre?

“Annabeth?” Luke veio andar ao meu lado interrompendo meus pensamentos, ele parecia preocupado. “Você está bem?”

Respirei fundo uma vez.

“Estou.” Respondi baixinho olhando para o chão.

“Não, não está.” Falou e eu sorri com o canto da boca. “O que você tem?” Ele quis saber.

Como dizer a ele? Pensei.

“Nada.” Menti olhando para seu rosto. “Por quê?”

Ele me encarou, obviamente não acreditando em mim.

“Você está muito quieta para alguém que não tem nada.” Ele comentou. “E geralmente você fala sobre algo conosco.”

Suspirei, será que era melhor falar para ele o que eu estava pensando? Olhei para ele rapidamente, não, não era melhor, ele pensaria que havia sido um erro ir à sua casa. Mas resolvi contar apenas parte da verdade, seria o bastante para ele não prolongar o assunto.

“Estava pensando no meu pai.” Falei relutante e fiz uma careta.

“Ah!” Ele exclamou surpreso, depois assumiu uma expressão de desculpas. “Me desculpe por... mais cedo.”

“Não se preocupe.” Falei. “Eu entendo, não culpo você.”

“Mas ele está errado.” Thalia falou atrás de nós e eu levei um susto. “Pelo menos o pai dele quis se aproximar dele, mesmo que seja agora.”

Senti Luke ficar tenso ao meu lado, pude ouvir seus dentes estalando, ele parecia se conter para não falar algo rude para ela, mas ele parecia prestes a explodir de novo e dessa vez senti que ele não iria controlar as palavras.

“Achei que você entenderia Thalia, e não que ficaria me criticando.” Ele falou com raiva e parando no mesmo lugar. “Então me fale, o que você faria se seu pai,” ele enfatizou a palavra “o senhor dos deuses, o poderoso e onipotente Zeus, quisesse se aproximar de você?”

Thalia ficou vermelha de raiva, lágrimas ameaçaram sair de seus olhos, mas ela as reprimiu com vontade.

“Como você mesmo disse, Luke, ele é o senhor dos deuses.” Ela falou, sua voz tremia com a raiva que seu rosto demonstrava. “Você realmente acha que ele daria importância para mim? Ele mal teve a coragem de assumir que eu sou filha dele!” Um som alto de trovão ecoou no céu e Thalia olhou para cima. “Então me fulmine se eu estiver errada!” Ela gritou o desafio para o céu, esperando que seu pai escutasse.

“Thalia!” Gemi repreendendo-a, mas ela me ignorou.

Mas não houve nada, nenhum barulho indicando que ela seria fulminada por seu pai.

“Está vendo Luke!” Ela falou voltando a olhar para ele e apontando para o céu. “Você acha que um dia ele tentaria se aproximar de mim? Ele confirma que não queria me assumir como filha.”

“Luke não falou isso Thalia.” Intervim antes que ele pudesse falar algo pior para ela. “Ele falou se, o que você faria se seu pai quisesse se aproximar de você?”

Thalia respirou fundo para se acalmar e olhou para mim.

“Mas esse se Annabeth, é uma possibilidade que não existe para mim.” Thalia falou triste. “E para ele essa possibilidade é real, o pai dele quer se aproximar dele, e o meu mal assume que sou filha dele, nem faço ideia se ele se importa comigo ou não, o que me leva a acreditar que não.” Ela murmurou a última parte com tristeza.

“Eu faria qualquer coisa para que meu pai não quisesse se aproximar de mim.” Luke resmungou para ela. “Pelo menos eu saberia que não seria fingimento. Por mim os deuses seriam destruídos.”

Eu e Thalia ficamos quietas após essa declaração dele.

“Precisamos andar.” Falei depois de alguns minutos. “Não podemos ficar aqui no meio da estrada.”

“Você está certa.” Thalia falou se levantando. “Não queremos atrair mais monstros, tivemos acontecimentos o suficiente para uma noite.”

Luke olhou para ela e concordou, mas não parecia à vontade, parecia triste e com dor. O que os pais dele haviam feito? Perguntei-me ao ver seu rosto, Luke não merecia ficar daquela forma, machucava demais vê-lo assim.

“Vamos, ainda temos um longo caminho pela frente.” Ele falou e passou a andar na frente, não ligando para o que Thalia começava a falar. “Nova York deve estar a uns 250 ou 260 km daqui, de acordo com o mapa pelo menos.”

Acenei com a cabeça e continuei a andar, se ele e Thalia continuassem a agir daquela forma, com certeza seria uma longa viagem até Nova York.

*******

3 dias depois...

Havíamos caminhado a noite inteira, quando eu estava quase desmaiando de cansaço avistei as luzes da cidade.

“Onde estamos?” Perguntei, os dois se assustaram com minhas palavras.

Não havíamos passado a viagem até aqui calados, mas não falamos boa parte do caminho. Thalia ainda estava chateada com Luke, e ele com ela, parecia que iam ficar daquele jeito por um bom tempo. Eles apenas trocaram algumas palavras friamente um com o outro e depois voltavam a se ignorar.

“De acordo com o mapa estamos chegando a Newark.” Thalia respondeu olhando para mim. “Falta pouco para chegarmos a Nova York. Nosso próximo esconderijo meio-sangue fica em Port Chester, de lá não faço ideia para onde vamos.”

“Ah.” Falei tentando imaginar algo que pudesse fazer os dois voltar a se falar. “Podemos continuar amanhã?” Perguntei sem um plano completamente formado na minha cabeça, mas trabalhando nas possibilidades.

“O que você acha Luke?” Thalia perguntou sem olhar para ele, mas sua voz traiu seu cansaço.

Ele olhou para nós duas e fez que sim com a cabeça.

“Por mim tudo bem. Só vamos precisar encontrar um bom lugar para ficar.” Ele disse andando um passo hesitante com a mão erguida na direção de Thalia e eu pensei vai ser agora, mas ele empinou o queixo e virou de costas para ela. Eles dois pareciam duas crianças em meio a uma briga na qual ninguém sabe quem tem razão.

“Crianças.” Murmurei baixinho para que nenhum dos dois ouvisse. “Vamos.”

Eles assentiram e voltamos a andar.

“Luke, que tal você fazer algo útil e carregar Annabeth até a cidade, não falta muito para chegarmos agora e ela deve estar cansada.” Thalia falou se afastando alguns passos de nós.

“Não precisa Thalia, ainda posso aguentar mais um pouco.” Falei para ela.

“Você é quem sabe.” Ela respondeu não se importando, ou talvez apenas fingindo que não. “Então vamos.”

A cidade era bonita e incrível, mas não conseguimos desfrutar dela como se fôssemos turistas, embora eu tenha parado várias vezes para admirar alguns prédios e estátuas que me chamaram atenção. Luke e Thalia não se falaram ou comentaram algo comigo, mas eu sabia que eles estavam com medo de um ataque, então facilitei para eles indo para onde eles iam.

Mas eu não agüentava mais aquele clima estranho entre eles depois de duas horas caminhando por Newark e não conseguirmos nenhuma comida.

“Parem com isso já!” Gritei para os dois quando estavam prestes a discutir de novo sobre de quem era a culpa por não conseguirmos comida, eles me olharam com medo e esqueceram que iam brigar. Estávamos escondidos em um beco que quase não tinha iluminação, mas que Luke havia dito que ele nos manteria escondidos enquanto estivéssemos ali, mesmo que Thalia tenha discordado prontamente alegando que era o lugar favorito de monstros.

“Parar com o quê?” Thalia perguntou.

“Com as brigas.” Falei e Luke me olhou preocupado, nosso beco/esconderijo havia sido o motivo de mais uma sem um motivo realmente importante.

“Não brigamos o caminho inteiro até aqui.” Ele se defendeu assim que terminei de falar e Thalia o olhou incrédula.

“Por que quase não se falaram o caminho inteiro.” Rebati com raiva, ele havia entendido o que eu quis dizer perfeitamente bem, se fazer de desentendido não ia funcionar comigo. Cruzei os braços e encarei os dois. “O que aconteceu com vocês dois? Eu quero a verdade, sei que sou nova para entender direito, mas sei que tem alguma coisa errada.”

“A culpa é dele!” Thalia disse finalmente.

“A culpa é dela!” Luke falou ao mesmo tempo que ela e os dois riram por um breve momento.

Eu suspirei.

“Não quero ver vocês dois brigando.” Falei me sentando no meio-fio, desanimada. “Não é bom, precisamos ficar unidos.”

Eles se olharam, por um momento seus olhos estavam com raiva, então eles olharam para mim e percebi que a raiva havia ido embora.

“Você tem razão.” Eles murmuraram envergonhados.

“Me desculpe por ter sido rude Thalia.” Luke falou primeiro. “Eu não devia ter reagido daquela forma.”

“Tudo bem.” Thalia falou com um sorriso tímido. “Você também pode me desculpar? Eu julguei você mal, não devia ter agido daquela forma com você por causa de seus pais.”

“Não tem problema.” Ele falou e eles se abraçaram, de repente Thalia o empurrou rapidamente, seu rosto ficando vermelho assim que eles se afastaram. Estranho.

Eu ia perguntar algo, mas um barulho alto atrás de mim me fez virar com rapidez, minha mão no cabo da faca.

Thalia e Luke pareceram pressentir o perigo e se armaram também. Uma sombra na entrada do beco estava começando a se aproximar de nós, pelos barulhos que fazia só podia ser um monstro.

Olhei para Luke e ele empurrou a mim e a Thalia para trás de uma coluna grossa que sustentava o prédio que ajudava a criar o beco que estávamos e ele ficou em evidência, sozinho enquanto eu e Thalia soltávamos um ei de indignação, mas ele apenas levou um dedo aos lábios para que fizéssemos silêncio.

“Não tenha medo.” Disse uma voz de garoto na nossa direção. “Eu sei que você está aí filha de Zeus.”

Thalia se enrijeceu ao meu lado.

“Como ele sabe quem eu sou?” Ela perguntou baixinho para mim, sua voz trazia seu medo claramente estampado, mesmo que ela se esforçasse para manter uma expressão vazia.

“Não sei.” Respondi preocupada com Luke sozinho no beco, e se fosse um monstro?

“Não tenha medo.” A voz repetiu, só que dessa vez estava mais alta. “Quem é você?” Ele falou assim que viu Luke.

“Meu nome é Luke.” Ele respondeu desconfiado e com a espada em punho. “E você, quem e o que você é?”

Espiei alguns centímetros fora da coluna de tijolos vermelhos. O garoto que encarava Luke era um tanto magrelo, que até eu, mesmo sendo menor que ele, conseguiria ganhar dele numa briga. Tinha o rosto cheio de espinhas e usava um boné na cabeça. Estava andando com o apoio de muletas. Não parecia alguém que pudesse causar algum problema, mas geralmente era assim que os monstros se apresentavam para nós, exceto é claro quando nos atacavam diretamente.

“Meu nome é Grover, meio-sangue.” Ele respondeu parecendo nervoso.

“Sim, mas o que é você? Você é um monstro?” Luke perguntou ainda desconfiado. “E como sabe o que eu sou?”

“Não, não sou um monstro.” O rapaz chamado Grover respondeu. Percebi que ele havia começado a retirar os tênis, tentei dar um passo para o lado, mas Thalia me segurou. “Béééé.”

Olhei alarmada para ela e seus lábios formaram as palavras: Agora não. E eu assenti de leve, mas ainda assim ansiosa, aquele som havia sido esquisito e eu não confiava em estranhos.

“Eu sou um sátiro.” O garoto respondeu mostrando os pés para Luke, pés não, os cascos. Eu e Thalia arfamos de susto e o garoto que estava conversando com Luke percebeu o barulho. “Quem está aí com você?”

Luke hesitou por um momento, mas em seguida acenou para que fôssemos para perto dele, mas não parecia muito convencido quanto ao que o rapaz era.

“Esta é Thalia.” Luke falou quando ela saiu detrás da coluna, os olhos dela se estreitaram ao ver Grover, preocupados. “E esta é Annabeth.” Eu saí de lado e fui parar ao lado de Thalia.

Foi a vez de ele arfar.

“Três meios-sangues?” Ele perguntou perplexo. “Só haviam me avisado de uma. Só me mandaram para buscar uma.”

Luke ficou tenso.

“Quem mandou você?” Ele ergueu levemente a espada, mas o sátiro o ignorou e trotou para um pouco mais perto de nós.

“Sou Protetor do Acampamento Meio-Sangue.” Ele falou nervoso. “Quíron recebeu uma mensagem que pedia um sátiro para buscar uma meio-sangue, filha de Zeus.” Ele falou o nome com medo. “Então ele me mandou. Mas não havia me dito que ela estava acompanhada de outros meios-sangues, Quíron me disse para levá-la, que eu não fizesse nada que atrapalhasse ou atrasasse o resgate.”

“Não vou deixar Annabeth e Luke para trás.” Thalia falou com raiva. “Se eu for com você, eles também vão. E afinal, como conseguiu nos encontrar?”

“Assim.” Ele respondeu metendo a mão no bolso da calça que vestia e tirou de lá duas bolinhas, uma verde e uma azul e um mapa. Colocou as duas bolinhas no mapa que ele estendeu no chão de qualquer forma, porém bem distantes uma da outra. Depois puxou do pescoço um pequeno conjunto de canos amarrados uns aos outros, como uma espécie de flauta, e levou-os aos lábios tocando uma melodia aguda que parecia com o pio de uma coruja.

Thalia e eu tapamos os ouvidos e ele sorriu se desculpando.

“Acho que agora vocês vão conseguir entender. Olhem.” Ele falou apontando para as bolinhas e começando a tocar novamente.

Por um momento nada aconteceu, então a medida que ele tocava a bolinha verde foi se aproximando da bolinha azul até parar a alguns centímetros dela.

“Isso ainda não explica nada.” Luke murmurou confuso. “O que essas bolinhas representam?”

Grover parou de tocar para explicar.

“Eu sou a bolinha verde e a filha de Zeus é a bolinha azul.” Ele falou, mas nem eu havia entendido direito o que aquilo significava. “Eu só fiz tocar uma canção de rastreamento para poder encontrá-la e quando as bolinhas estavam bem perto uma da outra soube que a tinha encontrado, só não sabia que vocês estavam com ela.”

“Ah.” Nós três falamos juntos.

Ele sorriu e Luke abaixou a espada, mas ainda parecia desconfiado.

“E meu nome é Thalia.” Ela falou parecendo não gostar do título de ‘filha de Zeus’. “Para onde você vai nos levar?”

“Para o acampamento.” Ele falou novamente nervoso. “Vocês estarão mais protegidos lá, aqui no mundo mortal vocês estão vulneráveis. Estou surpreso que estejam vivos, vocês três juntos têm um cheiro bastante forte. Principalmente você Thalia.”

Thalia corou, achando que era culpada por seu pai ser Zeus e seu cheiro ser mais forte que o meu e de Luke juntos.

“E onde fica esse acampamento.” Luke perguntou.

“Estamos perto, fica em Long Island.” Ele respondeu. “Mas teremos que continuar andando, Quíron pediu que eu chegasse lá o mais rápido possível.”

Nós três gememos da declaração dele.

“Estamos cansados.” Reclamei.

“Eu sei.” Ele falou olhando com pena para mim. “Mas eu estava preparado apenas para escoltar uma meio-sangue, levar vocês três vai ser complicado, mas acho que posso conseguir. Não vou deixar vocês para trás, não posso.”

Thalia olhou para Luke.

“O que você acha?” Ela perguntou.

“Talvez possamos ir para lá.” Ele respondeu um tanto relutante.

“Por favor.” Eu pedi. “Vamos com ele se for mesmo seguro.”

“Então vamos.” Luke decidiu olhando para Grover. “Nos leve para o acampamento.”

Grover pareceu mais aliviado ao calçar os tênis novamente.

“Por que você usa esse negócio?” Perguntei.

Ele sorriu para mim.

“Porque fica mais fácil andar pelo mundo mortal sem ser percebido.” Ele respondeu.

“Ah.” Foi o que pude falar. “Entendi.”

Depois disso voltei para o lado de Luke enquanto Thalia se ocupava de conversar com Grover à nossa frente.

“Sabe, eu estive pensando.” Comecei a falar e Luke olhou para mim.

“Em quê?” Ele perguntou.

“Agora que eu sei que seu sobrenome é Castellan.” Falei e ele estremeceu. “Me desculpe.” Murmurei.

“Não tem problema, continue.” Ele falou.

“E vocês sabem que meu sobrenome é Chase. Eu fiquei me perguntando qual é o sobrenome de Thalia.” Completei.

“Ela não gosta de falar sobre isso.” Ele murmurou para mim e eu o olhei suplicante. “Tudo bem. Ela não usa um sobrenome, mas se usasse seria o da mãe dela.” Ele sussurrou para que ela não escutasse.

“E qual seria?” Sussurrei de volta.

“Grace.” Ele falou. “Se ela usasse o sobrenome da mãe dela o nome dela seria Thalia Grace, mas para nós é apenas Thalia. Por favor, não fale para ela que eu contei para você, é um assunto delicado para ela.”

Assenti com a cabeça, eu entendia bem.

“Precisamos andar mais rápido.” Grover falou preocupado. “Se chegarmos ao limite da cidade ao pôr do sol não vai ser nada legal.”

“Por quê?” Thalia perguntou.

“Bééé, porque eu não quero encontrar com a esfinge, não quero responder seu enigma.” Ele falou com medo.

“Se nós a encontrarmos lutamos com ela.” Luke falou animado e Grover empalideceu.

“Não se vence a esfinge com luta.” Ele falou e Luke revirou os olhos. “Ela passa um enigma, e te dá duas opções.” Ele estremeceu.

“E quais são?” Perguntei.

“Primeira: você tenta responder o enigma, se acertar passa adiante, se errar ela te devora.” Thalia fez uma careta.

“Muito simpática em?” Ela comentou, e eu fiz sinal para Grover continuar.

“Segunda: você não fala nada e pode ir embora para encontrar outro caminho, mais comprido que aquele por qual ela impede a passagem.” Ele não parecia feliz com aquela opção.

“Bom, se encontrarmos com ela podemos utilizar a segunda opção.” Thalia falou otimista. “Se não soubermos a resposta para o enigma.”

“Não quero pegar um caminho mais longo.” Grover reclamou olhando para o sol. “Por isso temos que andar mais rápido.”

Luke bufou ao acelerarmos o passo.

“Eu ainda preferiria lutar contra ela.” Ele cochichou para mim de forma que Thalia e Grover não pudessem ouvir.

Não falei nada, estava preocupada com algo, só não sabia o que era.

Quando passamos do limite da cidade Grover arfou de alívio.

“Pelo menos podemos prosseguir em paz.” Ele comentou, mas nem bem ele falou aquilo e um rosnado ecoou atrás de nós.

Thalia e Luke pegaram suas espadas e Thalia deu um tapinha em Aegis que se abriu. Peguei minha faca e me virei para a direção de onde vinha o som.

“Acho que falei cedo demais.” Grover murmurou assustado.

“Agora não importa muito.” Luke falou, mas tinha um sorriso estranho nos lábios.

Alguns segundos se passaram, então elas apareceram. Três senhoras com rostos enrugados e expressões sedentas de sangue e cada uma segurava uma bolsa de lã, minha mão tremeu. Que tipo de monstros eram aqueles.

Então as velhas não eram mais velhas, os rostos ainda eram os mesmos, imaginei que não havia modo de ficarem mais assustadores, mas os corpos haviam mudado, parecia que tinham murchado como couro enrugado, asas de morcegos brotaram nas costas e mãos e pés como garras de gárgula. As bolsas viraram chicotes chamejantes.

Grover ganiu como se tivessem batido nele.

“O que são elas?” Luke sibilou para ele.

Grover engoliu em seco.

“Elas são as Fúrias.” Ele falou e sua voz estava nervosa.

Thalia e Luke se entreolharam com medo.

“Realmente querem te matar Thalia.” Ele murmurou.

“Temos ordens de matar a meio-sangue filha de Zeus.” Thalia fez uma careta que praticamente disse o seguinte: Sou eu. As Fúrias rosnaram na direção dela e estalaram os chicotes.

“Não se impedirmos vocês.” Luke falou e elas gargalharam, mas o som foi assustador demais para ser um som feliz.

“Vocês podem tentar.” A da ponta falou e lançou seu chicote na direção dele.

“Grover!” Thalia gritou para ele. “Proteja Annabeth!”

“Deixa comigo!” Ele falou de volta quando as outras duas Fúrias nos atacaram, uma foi para Thalia e uma ficou comigo e com Grover. A outra já estava lutando com Luke.

Não tive tempo para registrar muita coisa ao redor, se eu me distraísse ela acabaria me matando, mas me preocupei com Thalia e Luke cada um lutando sozinho com um monstro daquele.

Fui por um lado e Grover pelo outro, mas ela percebeu o que íamos fazer e lançou seu chicote na direção de Grover e o fez recuar até próximo a mim.  Ela tentou fazer o mesmo comigo, mas eu desviava me defendia como podia com minha faca.

“Como matamos essa coisa?” Perguntei para Grover desesperada.

“É só acertar um bom golpe com uma arma de bronze celestial.” Ele falou. “Como a sua faca.”

Ele me olhou e então olhou para ela.

“Tive uma ideia.” Falei antes que ele dissesse algo. “Você a distrai e eu a atinjo por trás.”

Ele não pareceu ter gostado muito daquela ideia, mas acabou concordando.

Ficamos juntos até que ele conseguiu a atenção total da Fúria. Dei a volta, ficando bem próxima as suas costas. Tome impulso e pulei com a faca apontada para o meio da coluna vertebral. Houve um guincho alto e em seguida eu estava caindo em meio a uma chuva amarelada, meu cabelo parecia coberto de poeira.

Olhei para o lado e no último momento vi Luke atingir a Fúria que ele estava lutando com um golpe fatal que atravessou o corpo dela ela guinchou mais alto que a que eu matei, mas antes de desaparecer seus olhos se voltaram para mim, virei o rosto e vi que Thalia vinha na nossa direção, um corte superficial sangrando em sua bochecha direita, mas nada além disso, ela estava bem.

“Porque elas atacaram?” Ela falou assim que chegou mais perto de nós, sua voz tremia, mas ela não se importou.

“Elas tinham ordens de matar você.” Grover falou, sua face branca de medo. “É por isso que temos que chegar ao acampamento logo. Thalia, você corre um risco muito grande aqui.”

“Mas tem algo mais nessa história toda, não tem? Elas não sairiam do Mundo Inferior apenas para matar Thalia sem motivo.” Luke perguntou e Grover começou a balir.

“Não posso falar sobre isso, jurei pelo Rio Estige que não falaria nada para vocês.” Ele falou em meio a balidos e gemidos estranhos. “Quíron apenas me mandou pegar Thalia e levá-la ao acampamento, lá ela vai saber o motivo disso tudo.”

Luke estreitou os olhos, mas acenou com a cabeça.

“Então vamos para esse acampamento descobrir o motivo disso tudo.” Ele falou seriamente para Grover, e olhando para Thalia que apenas deu de ombros como se não se importasse, mas vi o medo em seus olhos. “E daqui, para onde vamos?”

“Seguiremos para o Brooklyn, de lá vamos para o estreito de Long Island. Não se preocupem, vamos conseguir.” Grover falou, mas parecia estar tentando convencer a si mesmo.

“Então vamos. Mas como chegaremos lá?.” Falei, algo me dizia que um perigo maior se aproximava, mas que era inevitável nos depararmos com ele. Olhei para Thalia, será que um dia ela teria paz? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

gostaram? odiaram? me digam por favor.
até a semana que vem, beijos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Minha Vida Antes... (annabeth)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.