Pov. Jared

- O apartamento é muito bom, os vizinhos são agradáveis, o bairro é... calmo, o tanto quanto pode ser calmo em Nova York. – dizia o corretor de imóveis.

- É, eu percebi. Gostei. – disse à ele.

O corretor me encarou, esperançoso.

- Vendido! – anunciei, e ele fez uma cara de fuck yeah.

Teria que mudar pra mais perto do hospital.

Seria mais fácil, mais rápido, sem falar que agora eu iria morar em Manhattan.       

**********

            Demorou algum tempo pra papelada se acertar e eu poder mudar pra minha nova casa.

Enquanto isso, nada mudou. O hospital, os mesmos pacientes, nenhum morto até o momento.

            Eu estava arrumando a casa, desembalando as caixas.

Estava uma bagunça.

Imagine um ninho de ratos, multiplique por 307. Essa era a atual condição da minha casa.

            Primeiro, montei meu quarto, o resto resolveria depois.

A cama, o criado-mudo, o armário, arrumados (mesmo assim, ainda havia pilhas e pilhas de caixas espalhadas pelo cômodo).

Eu estava moído, resolvi dar uma olhada na caixa de entrada de emails e depois dormir.

            Lá estava eu, deitado na cama, com o notebook no colo.

E aí eu dei uma olhada de relance para a janela do quarto.

Dava pra uma outra janela, a do prédio ao lado. Não que eu pudesse ver através dela, pois haviam persianas pretas cobrindo o que quer que estivesse ali atrás.

            Acabei de usar o computador, acabei adormecendo.

The demon in your mind will rape you in your bed at night
The wisdom of ages, the lies and outrages concealed
Time it waits for no man
My future, it is revealed
Time it waits for no man
My fate is sealed
If I cancel tomorrow, the undead will thank me today

            Acordei assustado.

- Mas que merda é essa?! – gritei (tentei) por cima do barulho.

Da música, aliás.

Fly in the face of your prophets, I mock your morality plays
The moon is red and bleeding
The sun is burned and black
The book of life is silent
No turning backOnly the good die young
All the evil seem to live forever
Only the good die young

Eu conhecia aquilo.

Only The Good Die Young, do Iron Maiden.

            Saí da cama e tentei achar o barulho.

Bom, era claro que não vinha da minha casa.

Olhei pela janela.

As persianas da janela à frente agora estavam abertas.

Mostravam um quarto.

Uma cama, um criado-mudo, uma parede cheia de posters de bandas.

Guns n’ Roses.

Iron Maiden.

Nirvana.

Metallica.

Entre outros.

            Ah, e também tinha uma garota dançando naquele caos, digo, quarto.

            Loira, alta, bonita.

Era gostosa até.

            Escondi meu corpo na frente da parede, apenas meus olhos poderiam ser vistos da janela.

Fiquei um bom tempo olhando a garota.

            Até a hora em que, aparentemente, ela percebeu que botar música tão alta as 4 da manhã não resultaria em algo muito bom.

Desligou a música.

Silêncio. (Amém, irmãos).

            E garota agora ia dormir.

Pois é, já passava da hora.

            Ela começou a se despir.

Tirou a camiseta preta, de banda, mas eu não pude identificar que banda era aquela.

Tirou o shortinho de couro preto, a meia-calça arrastão.

            Logo aquela loirinha estava usando somente lingerie preta na frente da janela.

Lingerie bem indecente, vale dizer.

Não que eu não tenha gostado.

            Bom, a loirinha gostosa foi em direção da janela, para fechar as persianas.

Nesse momento, eu pude ver o rosto dela.

Puta merda.

Ô Destino, você deve estar de sacanagem.