Pov. Susana

                Pedro chega hoje, no final da tarde, saí antes da ultima aula para poder ir com Ed e Lu na estação. A caminho de casa passei no trabalho para pegar um presente que comprara para Lucia.

                - Ed, Lu cheguei. – anunciei fechando a porta. Um silêncio. – Ed? Lu, eu trouxe um presente. – Nada. A casa estava vazia. Meu coração se apertou. Larguei o embrulho no sofá e andei chamando-os. Cheguei à cozinha e nada. Um papel cor-de-rosa pregado na geladeira chamou minha atenção. Havia algo escrito e reconheci a caligrafia de Lucia.

Pedro ligou dizendo que chegaria mais cedo. Fomos busca-lo.

Por favor, nos espere em casa.

Beijos

Lu.

         Respirei aliviada. Deixei o bilhete sobre o balcão e voltei a sala, peguei o embrulho e o levei para o quarto deixando-o sobre a cama de Lucia. Voltei para baixo.

                Lavava a louça quando eles chegaram.

                - Su, cheguei! – anunciou Pedro.

                - Até que fim! – falei da cozinha.

                - Obrigada pela recepção, maninha.

                - Disponha! – falei com um sorriso travesso.

                - Eu vou lá pra cima – ouvi a voz dele – Ed, me ajuda com as malas? – Em seguida escutei os passos na escada e mais passos vindos para a cozinha. Permaneci na mesma posição, de costas para a entrada do cômodo.

                - Oi, Su. – Uma voz atrás de mim.

                - Oi, Lu. – respondi pondo um prato no escorredor.

                - Hm... Su tem alguém aqui que quer falar com você.

                - Se for o Johnny diga que estou ocupada e não quero falar com ele agora.

                - Err... Não é o Johnny...

                - Oi, Susana. – Aquela voz...

                O copo que eu lavava escorregou de minhas mãos e espatifou-se no fundo da pia.

                Virei para a voz. Ele estava lá, ao lado de minha irmã.

                Caspian estava ali, ao meu alcance...

                Meu coração vacilou.

                - Caspian... – foi só o que saiu de meus lábios.

                - Olá. – ele sorriu para mim enquanto eu o fitava incrédula.

                - Eu vou deixar vocês conversarem. – disse Lucia interrompendo o silencio constrangedor sorrindo, agradeci por isso. Deu as costas para mim.

                - Ah, Lucia. – chamei, ela voltou-se para mim. – Eu trouxe um presente para você, está em cima da sua cama.

                Lu arregalou os olhos.

                - Não me diga que é o...

                - Exatamente. – sorri para ela.

                - SUSANA EU TE AMO! – comemorou.

                - Sei disso. – pisquei para ela que saiu correndo deixando-nos à sós. O silencio fez-me voltar a situação em que me encontrava. Voltei a olhar para Caspian e ele esperava que eu falasse alguma coisa. – Espere um minuto, me deixe respirar. – puxei o ar profundamente de olhos fechados, peguei um guardanapo e enxuguei minhas mãos. Ao abrir os olhos novamente e ver que era real, que ele estava mesmo ali, não contive o sorriso. – Olá.

                - Oi. – ele sorriu de volta. Aproximei-me mais largando o guardanapo sobre a mesa, ele se aproximou também e a única coisa que nos separava era o móvel.

                - Como você chegou aqui? – não me mate eu tinha que falar alguma coisa.

                - Pelo guarda-roupa, encontrei com Pedro na casa do professor e ele quis que eu viesse com ele pra cá.

                - Hum... E... Como vai você?

                - Bem – pôs as mãos nos bolsos do casaco azul-marinho.

                - E Narnia? – Fui dando a volta no móvel.

                - Na mais perfeita ordem. Também não era para menos com Aslam no comando.

                Concordei. Mais silêncio.

                Não aguentei mais.

                 Foram duas passadas largas e então eu o abracei.

                Seus braços envolveram minha cintura e meu abraço foi retribuído.

                - Não acredito que está aqui. – sussurrei.

                - Nem eu. – ele riu um pouco e eu o acompanhei. Pousei os calcanhares no chão mais uma vez e olhei em seus olhos e ele nos meus. – Senti tanto a sua falta...

                - Ah, Caspian. – abracei-o de novo lutando para conter as lagrimas. Perdi. Elas vieram repentinamente em abundancia e em seguida alguns soluços.

                - Ei, ei... Eu estou aqui... Calma... Vai ficar tudo bem... – tentou acalentar-me tornando o abraço reconfortante, afagando meus cabelos.