Arthur e Luigi chamaram Suzan no quarto deles e mostrarama a pedra que encontraram debaixo das cobertas.

   -O que é isso? -Perguntou Luigi

   -Não sei. -Foi a simples resposta que Suzan deu.

   -Não tente esconder, - Disse Arthur- isso aqui foi encontrado debaixo das cobertas depois que você bagunçou nosso quarto.

   Houve um pequeno momento de silêncio enquanto todos ficavam olhando um para a cara do outro, até que Suzan respondeu:

   -Eu não baguncei o quarto de vocês. - E saiu correndo, Arthur foi atrás dela mas foi tempo perdido, ela era rápida demais.

   -Se eu pegar aquela garota... -Disse Arthur enquanto voltava cansado de sua perseguição.

  -Deixa isso para lá, -Falou Luigi- nem precisa se preocupar com essa pedra, deve ser só um novo brinquedinho dela para nos assustar, não se preocupe, relaxe, acredite em mim, tenho certeza.

     Luigi não sabia como estava errado.

    O fim de semana acabou e estava na hora das crianças começarem a ir à escola.

    Nas ruas de Boston, um carteiro passava fazendo suas entregas. Parecia um dia normal de trabalho qualquer, mas não era. Caminhando por uma rua vazia, algo o chama atenção, em um beco escuro e sombrio. Ele se aproxima devagar para ver se era um carrocho (seu pior inimigo) ou algum outro animal. Foi quando uma voz o chamou no escuro, apesar de estar um sol de rachar:

   -Olá caro jovem, você poderia me ajudar com uma coisa?

   Era uma voz rouca e fria, sem vida, de dar um frio na espinha de qualquer um que a ouvisse. Ela continuou:

   -Preciso só que se aproxime mais de mim.

   Sem saber o que fazer, o carteiro já ia saindo mas a voz o chamou novamente:

  -Não tenha medo, não se acanhe, não sou nenhum ladrão ou bandido, não irei lhe fazer mal.

   A voz parecia hipnotizante, o carteiro foi entrando no beco e algo o pegou naquele escuro e o prendeu, logo, ele já não estava mais lá, desapareceu para sempre.

Um pouco mais tarde daquele mesmo dia, Arthur e Luigi estavam esperando o seu ônibus escolar chegar no ponto de ônibus em que estavam. Apesar de ter o próprio motorista, eles preferiam ir de ônibus, para ficarem com os amigos, se divertir como uma criança normal faria, era muito legal, mas se naquele dia eles tivessem ido com o motorista, poderiam evitar um grande problema.

  -Que demora. -Comentou Arthur-Geralmente é mais rápido.

  -É verdade. -Concordou Luigi.

   Os dois ficaram em silêncio por alguns intantes. Ao se virar para ver Arthur, Luigi viu que ele segurava a pedra vermelha que aparecera no quarto deles.

   -Para que você trouxe isso? - Perguntou Luigi, assustando Arthur e o fazendo quase derrubar a pedra no chão causando uma explosão em algum lugar- Essa pedra é estranha.

  -Mas foi você que falou que não precisava se preocupar, que era um brinquedinho qualquer! -Tentou se defender Arthur.

   -Eu sei, mas... não era para levar a sério, quer dizer, não sabemos direito o que é isso.

   -Mas você disse que não precisava se preocupar...

   -Eu sei o que eu disse! - Gritou Luigi. - Presta atenção no que vou eu vou dizer... nunca leve a sério o que digo.

   Arthur ia falar uma coisa mas foi interrompido por um carteiro, o mesmo carteiro que sumira no beco. Ele vinha carregando nos braços um homem desmaiado, com as roupas todas fumegadas e queimadas, deveria ter acabado de sair de um incêndio. O carteiro veio falar com Luigi e Arthur:

   - Ei, garotos, esse homem é motorista do ônibus escolar de vocês?

    Imediatamente, Arthur e Luigi reconheceram o homem desmaiado, era Alberto, o motorista do ônibus escolar deles.

   -O que houve com ele?- Perguntou Arthur assustado.

   -O ônibus pegou fogo de repente, do nada. -Explicou o carteiro meio pálido.

   Houve um pequeno silêncio, Luigi murmurrou alguma coisa para si e depois disse:

  -Temos que ligar para os bombeiros, e rápido.

  Ele pegou seu celular no zíper da mochila e já ia ligando, mas foi interrompido pelo carteiro.

  -Não se preocupe com isso, já cuidei do problema.

  -Chamou os bombeiros? -Perguntou Arthur.

    Ele deixou o motorista no chão e disse, com uma expressão séria no rosto:

   -Me entregue a pedra. -E apontou para a mão de Arthur que segurava a pedra avermelhada.

   -Para quê? -Perguntou Luigi, começando à ficar desconfiando da situação.

   -Ela é da nossa irmã, trouxe comigo para devolvê-lá para ela. -Mentiu Arthur, tentando mudar de assunto, já que o carteiro o estava assustando e não havia mais ninguém na rua.

   -Você mente mal, -Disse o carteiro com um sorrisinho no rosto. -Agora entregue-a para mim, isso tem um grande valor e poder.

   Arthur e Luigi não se moveram, se olharam, cochicharam entre si e disseram juntos:

    -O que a pedra tem?

     O carteiro olhou para eles com um ar de frustação.

     -Para que querem saber o que já sabem? - Falou o carteiro em um tom de voz mais elevado do que o normal. -Rápido me entrguem a pedra!

      Arthur olhou para Luigi, que assentiu com a cabeça, mostrando que entendeu a mensagem.

       -Iremos devolvê-lá a você, mas quero saber se isso é seu mesmo, pois quem nos deu foi nossa irmã e ela tem mania... sabe... de roubar coisa dos outros, -Explicou Arthur. -mas agora seja sincero, é seu, pois isto aqui é só uma pedrinha de brinquedo qualquer.

      -É meu. -Respondeu o carteiro rapidamente.

       Arthur olhou seriamente para ele, um carteiro normal. Apareceu só na hora errada, Arthur o entregou a pedra.

      Luigi deu uma olhada na expressão do carteiro e perguntou:

      -Espera aí um minutinho, como sabia que tinhamos essa pedra?

      O carteiro deu um sorriso, e este assustou Arthur e Luigi, pois em vez de dentes normais, agora eram pequenas presas pontiagudas.

      -Crianças tolas! -Gritou com uma voz completamente diferente da que tinha antes. -Não sabem que hoje em dia não se pode confiar em ninguém?

     E então o mais estranho aconteceu, o carteiro começou a derreter, sua pele virou uma gosma e foi escorrendo pelo seu corpo, os olhos caíram deixando as órbitas vazias e o nariz desapareceu. De repente, pequenos olhos apareceram nas órbitas vazias, pareciam olhos de gatos, em vez de nariz eram fendas para respirar, orelhas como de morcegos apareceram, e a pele, agora se tornara preta, com um formato de um ser voador. O carteiro se transformara em um monstro!

    -Agora garotos, -Disse o monstro. - terei de matá-los para não causarem problemas!

    O monstro voou para cima e então mergulhou para cima de Luigi, o pegando pelas pernas e o levantando para o alto. As garras fincaram-se no seu ombro e ele deu um grito de dor. Arthur assistia a tudo aquilo paralisado de medo, tentou gritar por socorro, mas sua garganta estava seca e nenhum som saiu de sua boca , somente um ruído parecido mais com um grito de rato.

    Luigi cada vez ia subindo mais, tudo abaixo dele começou a ficar pequeno. Seus ombros começaram a sangrar por causa das garras presas nele. Ele gritava por socorro, mas tinha certeza de que ninguém o ouviria lá de cima.

    -Preparado para morrer? -Perguntou o monstro. -Depois de você será seu irmão.

     Luigi se contorcia enlouquecidamente, mas nada adiantava. Quando o ser o soltou, ele conseguiu agarrar a perna do bicho e puxá-lo para baixo. Péssima idéia, agora os dois caiam diretamente para o chão. Perto do solo, o monstro conseguiu recuperar o controle e jogou Luigi de uma altura de quase dois metros, ele caiu e ficou deitado no chão, imóvel.

     Arthur viu que o ser deixou a pedra cai, ele foi correndo atrás dela que rolava pela calçada, e o monstro foi atrás dele e quando o alcançou, deu-lhe uma arranhada nas costas e pegou a pedra, mas Arthur agarros sua asa derrubando-o no chão.

    -Quer morrer primeiro garoto abusado?! -Berrou furiosamente o monstro.

    Arthur olhava em volta para pedir ajuda, mas não havia ninguém, e nenhum carro passava na rua. Era o fim, só o restava lutar. Partiu para cima do monstro que o derrubou facilmente no chão, levantou-se rapidamente mas foi golpeado nas costas com muita força e não conseguiu mais levantar.

   -Só isso? Quero mais, venha menino e me enfrente como homem! -Provocou o monstro, mas Arthur não se levantou. -Então morra!

    A pedra começou a brilhar e pegar fogo, o monstro mirou ela em Arthur.

     -Diga adeus! - A pedra lançou um jato de fogo, mas ele errou, Luigi atacara o monstro e pegara a pedra. Luigi segurou o monstro e disse:

     -Diga adeus!

      E então um jato de fogo foi diretamente para o monstro, matando-o. Luigi ajudou Arthur a se levantar e ligou para os bombeiros, mas não falou nada sobre o monstro, somente sobre ônibus.

     -Vamos voltar para casa e não falar nada sobre o assunto. -Disse Luigi 

     Arthur concordou.

     Eles pensaram ter acabado, mas o que não sabiam é que aquilo era só o começo de muitos outros ataques.