Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 22
Capítulo Quatro




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O quarto era espaçoso, mobiliado com peças caras e de bom gosto, mas nem de perto tão luxuoso quanto o do Palácio de Buckingham, pensou Hermione, mas ainda assim muito mais luxuoso do que ela estava acostumada, principalmente depois de passar as últimas semanas em seu apartamento.

- Você ainda não me explicou o que fazemos aqui – disse ela parando próxima a janela, o sol havia se posto há muito, e agora os convidados mais privilegiados, que ficariam na bela casa que havia no lugar, propriedade da família real, claro, estavam se arrumando para o jantar que seria oferecido, afinal a temporada estava começando, e tudo que as socialites britânicas mais queriam era se enturmar, a fim de garantir seus convites para todas as festas que logo estariam ocorrendo por toda capital inglesa. – Seria apenas um dia.

- Um final de semana – Draco deu de ombros. – Não faz diferença, você concordou em seguirmos com o acordo.

- Eu concordei porque prometi a mim mesma fazer o que fosse para garantir minha estadia em Cambridge, e certamente não vai ser por brigar com você que eu colocarei tudo a perder – ela deu de ombros e Draco suspirou.

Estava novamente de frente com a Hermione que conhecera uma noite em um pub, teimosa e cheia de si, disposta a não ceder por mais que ele insistisse. Mas agora ele estava mais do que disposto a mostrar a ela que não cederia, não havia cedido da primeira vez, nem quando ela lhe disse que não aceitava nada desse plano, então não seria agora que abriria mão de tudo.

O trato ainda estava valendo, já deveria estar noivo – sabia disso – mas a relação aparentemente séria que vinha mantendo com Hermione Granger acabou por convencer seus pais de que estava comprometido, era isso que eles queriam afinal, vê-lo envolvido seriamente com uma mulher, longe da vida boemia que costumava levar.

- Pegue – ela disse jogando um travesseiro para ele.

- O que é isso? – perguntou Draco ao agarrar o travesseiro.

- Eu lhe disse que não voltaria para mesma cama que você – ela respondeu e ele a encarou com os olhos arregalados.

- E se supõe que eu durma aonde? No chão? – perguntou com uma sobrancelha arqueada.

- Onde você quiser – ela deu de ombros. – Menos na cama. Já estou avisando, para depois não pensar que foi porque bebi demais.

- Para quem odiava bebida – alfinetou.

- Para ficar na sua companhia, é preciso – retrucou ela de volta e Draco fez cara de ofendido.

Passando uma mão pelo rosto ele tinha de confessar, seria mais difícil do que imaginara a princípio. Na primeira vez que tentou convencê-la, foi difícil, mas Hermione logo confiou nele, acreditou que poderia dar certo e por isso tiveram momentos bons juntos. Agora ali estava ela, com uma barreira construída ao seu redor, barreira essa que a menos que estivessem em público, ele não poderia ultrapassar. E certamente não conseguiria cumprir com seu objetivo se só se relacionassem em público.

Definitivamente seria mais difícil do que imaginara.

- Ou podemos voltar para casa – ela deu de ombros.

Com um sorrisinho cínico Draco negou com a cabeça, então era isso! Hermione claramente não estava com disposição para ficar aguentando um jantar com as pessoas que já haviam passado o dia todo ao redor deles, perguntando-lhes como estavam e quando seria o casamento. Draco tinha que admitir que se divertia com isso, ver o sorriso falso de Hermione para cada um, soltar um risinho bobo cada vez que lhe perguntavam sobre casamento e desconversar, ou então só jogar a culpa nele, com frases do tipo “quando Draco decidir me pedir em casamento” ela dizia rindo, e ele adorava retrucar que estava tentando, mas que aquela mulher era mais difícil do que ele esperava. O que, obviamente, surpreendia as senhoras ali presentes, que achavam que Hermione não via a hora de se tornar a senhora Malfoy.

No final acabavam fazendo pressão um sobre o outro, jogando um a responsabilidade para o outro, mas nesse joguinho Draco já havia entendido que caminho seguir. E Hermione logo seria surpreendida por sua própria brincadeira.

- Vá se arrumar – ele deu de ombros. – Posso sobreviver a uma noite dormindo no chão.

Com um riso irônico Hermione lhe disse que não poderia, ela sabia como ele era, Draco era o tipo de homem que nunca teve que dormir em uma cama que fosse menos que extremamente confortável e macia, deitar-se no chão, mesmo que sobre o tapete felpudo, não seria algo tão divertido para ele quando acordasse com dores nas costas na semana seguinte.

Uma hora mais tarde eles desciam as escadas do belo lugar que, anos atrás, havia sido a casa de algum marquês, duque ou conde, Hermione ainda não conseguira se habituar as nomenclaturas nem via diferença entre elas, por mais que soubessem que existiam, não tinha a menor curiosidade de saber quais eram.

- Você está linda – ele sussurrou em seu ouvido quando desciam as escadas, e Hermione o encarou com os olhos entrecerrados, Draco estava jogando baixo, e ambos sabiam disso.

Semanas de convivência deram a ele um bom conhecimento sobre seu corpo, suas manias e suas reações, assim que ele sabia que ela sempre se arrepiava quando ele lhe sussurrava ao ouvido dessa maneira, ou quando lhe mordiscava o pescoço, e sabia também que ela sentia cócegas por todo o corpo, e que adorava fazer sexo estando por cima.

Maneando a cabeça, Hermione disse a si mesma para não seguir por esse caminho. O sorrisinho de cafajeste que Draco lhe dedicava era o suficiente para alertá-la de que ele não jogaria leve, estavam ambos em uma rixa, onde ela buscava ser independente mesmo estando em um relacionamento, e ele buscava convencê-la de que deveriam voltar a intimidade de antes do rompimento.

Não podia negar que eram ótimos juntos, mais do que ótimos. Draco a completava e satisfazia, além do mais, a cada vez ficavam melhor e ela tinha sim curiosidade em saber onde isso os levaria. Cada vez mais ela se soltava durante os momentos que estavam juntos, ousando cada vez mais, e Draco ora ou outra lhe sugeria novas posições... Com um suspiro voltou a manear a cabeça. Sentia falta do contato íntimo entre eles, e continuar pensando desse jeito só pioraria as coisas. Definitivamente.

Com um sorriso cínico nos lábios, ela segurou a mão dele ao se aproximarem dos primeiros convidados e ele riu maneando a cabeça. Estavam brincando com fogo... E Draco não via a hora de se queimar.

- Como vão? – a voz irritante de Pansy Parkinson chegou até seus ouvidos, fazendo Hermione encará-la com um sorriso falso.

Entre tantos convidados, tinham de deparar-se justamente com a garota que fazia questão de demonstrar seu interesse por Draco? Contendo a vontade de revirar os olhos e dar um bom motivo para garota se afastar, Hermione preparou seu melhor sorriso e sua voz mais melodiosa.

- Eu conheço você? – perguntou cinicamente.

- Nos encontramos recentemente em um restaurante – Pansy respondeu sem se deixar abalar.

- Ah sim – Hermione soltou um risinho e maneou a cabeça. – Foi quando estávamos naquele almoço especial, não? – perguntou diretamente para Draco, que a cada vez se divertia mais com as cenas que Hermione fazia.

- Exatamente – Draco disse dando de ombros. – A senhorita Parkinson é amiga de minha irmã – esclareceu ele.

Ambos perceberam a expressão chocada de Pansy ao ser chamada de senhorita Parkinson por Draco, isso provavelmente não havia acontecido antes, não daquele jeito frio e impessoal, que deixava explicito a pouca importância que Draco dava a sua presença.

Por um instante Hermione se sentiu mal pela garota, mas não durou mais que um segundo. Afinal estava cuidando do que era seu, acreditava quando Draco lhe dizia que não aconteceria novamente – boa parte de toda cena que vinha fazendo era mais por uma vingança pessoal, para fazê-lo se sentir mal como ela esteve nos últimos dias, que para perdoá-lo. Já o havia perdoado, só não assumiria isso ainda, e ele podia dizer que nunca mais a trairia, mas só para garantir ela estava deixando bem explicito para todas ali presentes que demonstravam um afeto maior que o devido por Draco, que sim, ele estava comprometido, e sim, ele não tinha olhos para mais ninguém, nem que para isso tivesse de inventar ceninhas românticas, ela deixaria bem claro a quem Draco Malfoy pertencia.

E ao mesmo tempo se aproveitava e se divertia com a situação.

Pansy Parkinson era só a primeira a sair com o coração partido.

- Depois dessa ela vai parar de incomodar, pelo menos por um tempo – sussurrou Hermione com um sorrisinho.

Draco não tinha tanta certeza, era cético por natureza e não se deixaria acreditar tão facilmente que Pansy desistiria rapidamente. Mas se ela assim o fizesse, ele agradecido ficaria. Ter de lidar com toda a situação envolvendo Catherine e William, enquanto aos poucos tentavam reatar uma amizade já era o suficiente para ele lidar no momento.

- Vamos, tem mais gente para cumprimentar – ele disse guiando-a pelo grande salão, onde todos circulavam sem muito barulho, em um canto homens conversavam e um e outro fumavam um charuto, aproveitando aquele momento para esbanjarem no fumo e nas bebidas.

Mas quando a Rainha desceu as escadas, mesmo com tão pequeno porte ela foi capaz de fazê-los calar, tudo em nome do respeito que sentiam por aquela senhora. Maneando a cabeça, Draco pensou em quão hipócritas todos eles eram, apenas puxando o saco da rainha a fim de conseguirem uma verba maior para o ano seguinte, era sempre assim... Só que dessa vez, quando esse novo ano começasse, ele deveria estar entre os membros.

E com uma aliança dourada no dedo, mostrando seu respeito e o quanto presa ter uma família. Outro fato hipócrita, considerando que metade daqueles parlamentares tinham apenas uma mulher elegante para apresentar aos demais, mas por baixo dos panos, eram devassos e adoravam as garotas fáceis, exatamente por isso exigiam o bom comportamento aparente de um novo membro, afinal não gostariam de ninguém lhes expondo na cara as vantagens de se ter uma boa mulher.

Apertando mais firme a cintura de Hermione, Draco pensou que tinha essa mulher ideal bem ali, em seus braços, e isso só reforçou suas ideias. Seu plano tinha de dar certo, e tinha de ser logo. Agosto estava começando, e ele tinha até o final do ano para fazer isso dar certo.

- O que acha? – perguntou Draco enquanto circulavam pelo salão.

- Um tédio – ela revirou os olhos e ele mordeu a língua para não gargalhar, sabia que Hermione só estava lhe respondendo assim diretamente para afrontá-lo, o novo passatempo preferido da castanha era provocá-lo com comentários mordazes. Maneando a cabeça Draco conteve um suspiro, dentre todas as mulheres, a mulher ideal tinha de ser tão geniosa?

- Eu tenho uma ideia melhor para nós – sussurrou no ouvido dela, divertindo-se em retrucar a ela, participando do joguinho bobo que a própria Hermione vinha criando.

- Voltarmos para o quarto? – ela perguntou com uma sobrancelha arqueada, e o sarcasmo em sua voz não passou despercebido a Draco, que decidiu apenas ignorá-lo.

- Começaria assim – ele sorriu de modo cafajeste e ela revirou os olhos mais uma vez.

- Você deve mesmo estar ansioso para dormir no chão – disse ela afastando-se alguns centímetros.

- Vou buscar uma bebida – ele disse afastando-se, de repente estava de mal humor. E não era sem motivos, pensou Draco, afinal vinha fazendo o possível para amolecê-la, mas Hermione parecia estar cada vez mais resistente as suas investidas.

Por um instante passou por sua mente a primeira vez entre eles, sabia que Hermione estava alterada pela quantidade de bebida alcoólica ingerida naquela noite, mesmo que depois tenham dito um para o outro que não estavam tão bêbados assim, a ideia de repetir a cena passou por sua mente, mas logo a afastou. Estava caminhando para mostrar a Hermione que era um homem digno dela, e certamente não seria embebedando-a e levando-a para cama na primeira oportunidade – sabendo que ela não queria isso – que conseguiria convencê-la de que era um homem bom.

Porque disso ele nunca duvidara. Podia não ser um excelente filho ou aluno, mas nunca havia feito coisas realmente erradas, não tinha passagem pela polícia nem nada assim, só era um rapaz que gostava de curtir a vida, com bebidas e mulheres – mas esse homem ficara para trás.

Assim que pegou uma taça de champanhe para ela, e pediu uma dose de uísque para si, e logo já estava novamente ao lado dela, estendendo-lhe a taça como uma bandeira de trégua.

- O Sr. Malcom queria falar com você – Hermione disse amigavelmente.

Draco assentiu e voltaram a circular pelo salão, lado a lado, mas sem dizerem mais nada. Simplesmente por não saberem o que dizer, Hermione adorava provocá-lo, mas sabia que a paciência de Draco não durava para sempre, e depois de voltar a mencionar que ele dormiria no chão, foi aparente a mudança de humor dele, assim que ela achava melhor não provocar por um tempinho. E quanto a Draco, ele não sabia o que dizer, não sabia se em resposta receberia mais comentários sarcásticos ou se Hermione passaria logo a ignorá-lo. Além do mais, sabia que toda aquela pompa era realmente tediosa, ainda mais quando todas as mulheres faziam as mesmas perguntas, sobre casamentos e famílias, como se eles fossem um casal de quarenta anos, e não como se Hermione mal tivesse entrado na casa dos vinte.

Um sorriso automático voltou aos lábios da castanha quando se aproximaram do sr. Malcom e de sua esposa, que para infelicidade de Hermione, encontravam-se conversando justamente com William e Catherine. Respirando fundo, pensou que deveria se comportar com segurança, exatamente como fizera mais cedo, exatamente como fizera com Pansy. Por dentro podia estar aterrorizada sobre Draco não resistir, afinal é fácil falar quando se está distante, mas temia que a presença constante de Catherine voltasse a despertar algum desejo nele.

Aparentemente não teve efeito algum, mas ela bem sabia como Draco era bom em esconder seus sentimentos.

Conversaram amenidades, a esposa de Philip Malcom era uma senhora agradável, um tanto mal humorada e cansada desses eventos que, segundo ela, nunca mudavam, mas ainda assim a conversa fluiu bem.

No entanto ela não era ingênua, e não pode deixar de perceber os olhares de insinuação que Catherine lançava para Draco sempre que William se distrai falando sobre alguma coisa, ele parecia realmente apaixonado pela Inglaterra e pelo cargo que logo seria dele, o que a fez ter um pouco mais de fé em William como rei, mas a fez lamentar ainda mais por ele como esposo.

Porque Hermione sabia que no momento o interesse de Catherine era Draco Malfoy, por anos vinha sendo, mas sabia também que a partir do momento que conseguissem dar um basta definitivo nisso, teria outro homem na mira de Catherine, porque William podia ser rico e bonito, mas ele era bom demais para ela, e disso até a própria Catherine sabia. Ela queria alguém que a desafiasse e divertisse, não alguém que fizesse tudo por ela sem nem questionar, como William fazia.

Com um suspiro Hermione encarou Draco de perfil, sabia porque ele e Catherine haviam se dado tão bem por tanto tempo, eles se completavam, afinal de contas era exatamente o que Draco procurava, alguém que o desafiasse, que tivesse opinião própria, ele mesmo havia lhe dito isso, lhe dava repulsa pensar em se casar com alguém que fizesse tudo que ele pedisse sem questionar, que apenas aceitasse de cabeça baixa. E buscando essas características em uma mulher, ele havia chegado a ela. Isso fazia de Hermione o quê?

Uma versão melhorada de Catherine Midletton? Uma com coração, pelo menos.

Ou uma substituta?

Essa era a dúvida que vinha lhe corroendo desde o momento em que vira as fotos da traição de Draco. Sabia que já o havia perdoado pelo ato em si, mas esse temor que crescera em seu interior a partir daquele dia não podia ser aquietado, não tão facilmente.

E enquanto não resolvesse esse conflito interno, Draco teria de manter as mãos bem longe dela, até que soubesse que era nela que ele pensava quando faziam amor, não em Catherine.

- O que houve? – Draco perguntou minutos depois, quando Catherine e William estavam envolvidos o suficiente na conversa com outros membros do parlamento, para não escutarem.

- Como? – perguntou com o cenho franzido enquanto o encarava.

- Você ficou calada de repente – Draco deu de ombros guiando-a, sutilmente, para uma área mais reservada.

- Estava pensando – ela disse dando de ombros – mas não era nada importante.

- O jantar já vai ser servido – ele disse com as mãos apoiadas na cintura dela. – Depois nós podemos subir.

- Ainda é cedo – ela deu de ombros.

- Como Malcom mesmo disse, os jovens têm um desejo enorme – ele disse com um sorriso malicioso, mas só de brincadeira, e riu ao vê-la sorrir. – Todos aqui adoram comentar, mas quanto a isso creio que não há nenhum problema, não estamos no século XV, e dividirmos um quarto e irmos mais cedo para ele não é nenhum pecado.

- Vão comentar Draco – Hermione suspirou. – Além do mais, você já sabe...

- Que nada vai acontecer – completou a frase. – Mas eles não precisam saber disso – ele piscou e Hermione maneou a cabeça.

Mas era uma boa ideia. Tinha de se mostrar uma mulher segura, tinha de mostrar a Catherine que estava no controle da situação e que Draco jamais voltaria para cama dela, não enquanto tivesse quem o satisfizesse, mesmo sendo mentira, não fazia mal plantar essa ideia na cabeça de Catherine Midletton, fazê-la se perguntar o que tanto faziam entre quatro paredes, exatamente o que Hermione se perguntou quando viu as fotos.

Iria fazer Catherine pagar aos poucos por ter seduzido o homem que seria seu.

Duas horas depois, depois de jantarem e responderem mais perguntas engraçadinhas sobre quando seria o casamento – porque todos supunham que se Draco Malfoy a estava levando para tantos eventos, a começar pelo Casamento Real, eventos esses exclusivos da nobreza britânica, certamente não era um namorico qualquer que se passava entre eles – estavam de volta ao quarto. Hermione tirou o sapato assim que a porta se fechou e sentou na poltrona, suspirando quando seus pés tocaram o tapete felpudo.

- A pior das coisas é usar esses sapatos – resmungou ela de olhos fechados. Estava exausta. Draco só fez uma careta, não podia nem imaginar. – Amanhã o que teremos que fazer?

- Só tomar café da manhã e partir, se você quiser, se der um dia bonito alguns ficaram para aproveitarem as piscinas, ou algo assim, mas não precisamos. Como a Rainha chegou hoje, e nosso papel aqui era só cumprimentá-la – revirou os olhos – não há mais nada a fazer. Se eu não estivesse tão cansado, diria que podemos ir embora agora mesmo, mas não vou dirigir até Cambridge a essa hora – e também, ele não perderia a chance de passar a noite com ela, mesmo que não acontecesse nada demais, não desperdiçaria o momento. – Vou tomar um banho – disse e ela assentiu, sentando-se melhor na cadeira.

Assim que ele fechou a porta do banheiro, Hermione suspirou. Sabia que Draco havia percebido sua mudança de humor, só esperava que ele não tirasse conclusões erradas, ainda mais por ambos saberem que a presença de Catherine tinha a ver com essa mudança de humor.

Ele também havia mudado drasticamente de humor, pensou ela com teimosia.

Coçando os olhos Hermione se levantou, tinha que arrumar as suas coisas, que na pressa de se arrumar – porque ficara tempo demais no banho – acabara bagunçando tudo. Havia roupas sobre a cama e sua malinha com cremes e maquiagens estava uma confusão só. Aproveitou para já separar a roupa que usaria no dia seguinte e sua camisola, escolhendo uma pouco acima do joelho e sem muito decote, afinal havia dito que nada rolaria entre eles e não seria certo ficar provocando Draco – mesmo que em seu interior essa fosse a vontade.

O barulho de água caindo do chuveiro parou e logo Draco entrava no quarto, vestindo apenas uma cueca shortinho e secando o cabelo com uma toalha. A visão do corpo masculino logo a fez repensar sobre provocá-lo, fazendo-a propositalmente separar uma camisola decotada e quase transparente.

- Minha vez – ela disse passando direto por ele que só maneou a cabeça.

Sua vontade era de ligar a banheira e ficar deitada ali dentro, mas sabia que acabaria pegando no sono, e dessa vez Draco não estava acompanhando seu banho para levá-la de volta para cama, como fazia quando ainda tinham uma relação íntima. Maneando a cabeça, Hermione repetiu para si mesma mais uma vez que não devia ficar se lembrando do que já passara, porque só a fazia desejar ainda mais que tudo voltasse a ser como era.

E por enquanto isso não era possível.

Tinha de vencer os seus medos e receios primeiro. Brigara com Draco por ele não ter sido honesto, por não ter se entregue por inteiro e lhe contado tudo que já se passar em sua vida, de modo que ela não seria hipócrita de fazer o mesmo com ele, cedendo apenas por um desejo carnal, sabendo que não era por inteiro, que no fundo de sua mente ainda martelava a questão, era ela a mulher que ele queria ou apenas uma substituta para a mulher que ele não podia ter. Porque mesmo sabendo que Draco agora tinha repulsa por Catherine, sabia que o amor pode resistir aos sentimentos e ocasiões mais improváveis, e temia que se tivesse mais uma chance, Catherine mostrasse a Draco que ele a amava. Só a ela.

- Que besteira – murmurou para si mesma deixando a água morna bater contra seu corpo.

Como se ela se importasse com quem Draco amava. Afinal ela não o amava.

Mentirosa, algo gritou em sua mente.

Sabia que Draco queria se casar com ela, eventualmente, e se ele casasse com ela amando Catherine, seria terrível.

Era melhor se casar sem amá-lo, mas também não amando nenhum outro homem. Por isso esse casamento não aconteceria tão cedo, concluiu ela.

Mas no quarto, Draco pensava exatamente ao contrário. Na verdade tinha certeza de que em breve ostentaria uma aliança dourada em seu dedo anelar. Era um filho da mãe por provocá-la, sabia disso, mas seu ego inflou inevitavelmente quando viu como ela entreabria os lábios ao vê-lo apenas de cueca, exatamente como ocorria antes. Adorava ver as reações que podia causar nela, e esse era o seu primeiro passo para trazê-la de volta para si, precisava primeiro estar com ela, depois a convenceria de que era só ela.

Pelo menos esse era o seu plano, e Draco sabia que não havia garantia nenhuma de que daria certo, mas ele queria arriscar.

Arrumando as cobertas e travesseiros sobre o tapete, Draco sentou na poltrona e suspirou quando ela voltou ao quarto, vestindo uma pequena e clara camisola, que acentuava todas as curvas do corpo feminino. Com um sorrisinho maneou a cabeça.

- Já arrumou sua cama – ela disse rindo e se deitou na grande cama de casal. – Até amanhã, Draco.

- Boa noite – ele disse querendo se mostrar inabalado.

Sorveu um gole do uísque que havia servido para si, afinal não estava tão cansado assim e o chão não lhe parecia nem um pouco convidativo. Aquela mulher era realmente geniosa!

- Draco? – a voz dela o chamou quase uma hora depois.

Estavam ambos em silêncio, o quarto escuro, tanto que Hermione pensou que ele estava dormindo, mas pode ver a sombra dele na cadeira, ainda estava sentado lá. Com um suspiro se xingou por ser tão mole às vezes, queria fazer pose de durona para ele, mas desde o início sabia que não deixaria ele dormir no chão. Só havia dito isso por birra, e quando ele disse que não tinha problema, não quis desmentir, queria ver aonde isso ia levar, mas agora ali estava ele, sentado em uma poltrona sem dormir.

Ela se ergueu e fez uma grande barreira com os travesseiros que estavam no armário. Ele riu maneando a cabeça, talvez ela não fosse tão geniosa assim, ou fosse apenas questão de saber lidar com todo esse gênio.

- Você pode deitar ali – ela disse apontando para o espaço que havia sobrado da cama e Draco soltou um sorrisinho. Em uma cama tão espaçosa, tudo que ele tinha era uma pequena parte para poder dormir, porque a maior parte estava coberta por travesseiros, que Hermione pensava que asseguraria que ele não se aproximaria. Sentiu vontade de rir, mas não ia brincar com a sorte.

- Boa noite – ele disse.

- Boa noite – ela respondeu.

Mas mesmo estando cansados, nenhum dos dois fechou os olhos na hora seguinte, ouvindo o barulho que vinha do andar debaixo, onde o jantar ainda ocorria e as pessoas pareciam se divertir. Isso fez Hermione pensar que talvez ter continuado lá embaixo não fosse de todo ruim, estava cansada, mas ficar ali era muito mais tenso que estar lá embaixo dando sorrisinhos a todos que passavam.

- Hermione? – foi a vez dele chamá-la no quarto escuro.

- Sim? – ela murmurou.

- Você se arrepende? – ele perguntou e ela maneou a cabeça.

- De novo com isso? – perguntou encarando o teto, exatamente como ele fazia.

- Você disse que estava pensando em alguma coisa lá embaixo, mas eu vi como você ficou séria e só queria saber. Você se arrepende?

- Não tem a ver com isso, Draco – ela suspirou. – Eu estava pensando em outras coisas.

- Que mesmo assim te deixaram triste.

- Não triste.

- Você não estava sorrindo – apontou ele rapidamente. – Nem mesmo esses sorrisinhos falsos que você adora exibir para as madames.

- Eu não quero falar sobre isso agora – ela respondeu.

- Então só me responda, você se arrepende?

O minuto de silêncio que se passou fez Draco sentir seu coração doer, se ela se arrependesse, pensou ele – era só nisso que vinha pensando na última hora – ele iria desistir, procurar outra mulher. Mas caso ela não se arrependesse, sua vontade de reconquistá-la definitivamente estaria ainda mais forte.

- Não – ela murmurou virando-se para o outro lado, de modo que Draco só pode encarar suas costas, quando tudo que queria era olhá-la nos olhos para comprovar se falava em sério.

Um sorriso brotou em seus lábios, pensando que ela não mentiria, não sobre isso.

- Boa noite, Hermione – murmurou ele.

A partir do dia seguinte, ela que se preparasse, porque ele só pararia ao cumprir seus planos.


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Notas finais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeeeeeey! Que saudades de todos voces! *--* Poxa, me perdoem pelo sumiço!
Mas eu e a Thys dividimos o negócio! Eu posto em outro lugar e ela posta aqui.
Bem, no meu caso, eu estou super ocupada! Trabalhando muito, estudando muito... e tentando ter tempo para minha vida, mas ta complicado viu?
Espero que voces gostem do capitulo e claro, deixem MUITOS reviews! ;)
Beijos.