Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 19
Segunda Temporada - Capítulo Um




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A vontade que tinha de levantar da cama era quase nula. Hermione olhou para os lados reconhecendo seu apartamento. Fazia quase duas semanas que não via Draco. E não queria vê-lo. Ele havia lhe traído com a maldita Duquesa de Cambrigde. Não podia nem desejar que ele ficasse com ela, pois isso era impossível. Olhou para a porta do seu guarda-roupa que estava entreaberta. Todas as roupas que Draco havia lhe dado, estavam guardadas, praticamente intocadas.

Saiu da cama a contragosto. Arrastou-se até a sala e ligou a tv. Só saía de casa para ir a faculdade, e logo voltava. Caso fosse de real urgência, ia até o mercado que havia ali por perto e comprava o que era necessário e logo voltava. A campainha tocou, a tirando daquele marasmo em que havia se metido. Por mais que tentasse negar, sentia falta de Draco. Sentia falta do olhar eletrizante, de acordar com ele ao seu lado, dos momentos de prazer que ambos usufruíam juntos. A campainha tocou novamente, obrigando-a a levantar.

- Eu já vou! – gritou mal humorada.

                De péssimo humor, Hermione colocou sua pantufa, prendeu os cabelos em um coque mal feito, olhou-se no espelho. Para quem quer que fosse, ela estaria um lixo, mas não se importava. Era aquilo que as pessoas mereciam dela.

- Precisamos conversar – Draco entrou sem que Hermione sequer tivesse aberto a porta direito.

- Vá embora, Malfoy – vociferou Hermione. – Não tenho nada para falar com você.

- Feche essa porta e sente-se no sofá – ordenou ele, com aparente mal humor.

                Tudo o que Hermione menos queria era uma cena. De muita má vontade fechou a porta do apartamento e encarou o homem que estava a poucos metros de distância. Com os olhos atentos, Hermione estudou o rosto de Draco. Havia olheiras profundas no rosto claro do loiro, um ar cansado e preocupado exalava dele. Aquilo a preocupou verdadeiramente, mas jamais iria demonstrar.

- Sente-se – falou Draco mais uma vez.

- Estou bem de pé – resmungou Hermione áspera. – Diga o que quer e depois suma do meu apartamento.

- Daqui 15 dias, teremos um evento para ir.

- Eu não vou a nenhum evento com você.

- Você vai sim, eu a contratei para isso – retorquiu ele em seu tom de voz gélido. – Não me importo que não vá mais para cama comigo. Só precisa fazer o que eu lhe contratei para fazer. Nada além disso.

- Ainda bem que você sabe que eu não irei me deitar com você novamente. – disse ferina. – Mas isso não me interessa. Eu não quero mais nenhum vínculo com você nem com a sua família.

- Você não tem opção. Ou vai comigo, ou eu resgato todo o dinheiro que eu usei para pagar sua faculdade. E você terá que voltar a trabalhar naquele bar imundo! – Em cada palavra pronunciada por Draco, havia veneno, havia ameaça acima de tudo.

Draco jurara não usar aquela chantagem para ter Hermione novamente, mas não via outra alternativa. Não havia outros meios. E no final das contas, crescera escutando: “Os fins justificam os meios”. Que fosse assim. Usaria de todas as artimanhas possíveis para tê-la ao seu lado, e para poder conquistar seu lugar no parlamento. Nem que fosse necessário uma loucura.

- Você não vai me fazer mudar de ideia com essa chantagem – a voz de Hermione saiu um pouco mais alta do que um sussurro.

- Você tem certeza? – perguntou Draco imponente. – Você vai querer renunciar o seu sonho de se tornar advogada, por um pequeno problema como esse que houve? – Draco sabia que não era pequeno, sabia que gostaria de ter evitado a todo custo, mas não podia perder a pose. – Era tudo fachada, não havia motivos para que você se importasse com quem eu me deitava ou não.

- Você é muito ordinário, Malfoy. – retrucou Hermione ordinária. – Você me deu a sua palavra.

- E infelizmente não pude cumprir. – Draco cortou Hermione. – Mas estou disposto a lhe pedir desculpas, para que possamos seguir com o que estava planejado.

                Por um momento, Hermione analisou os belos olhos que Draco Malfoy tinha. Ele estava sendo sincero com ela. Mas como ficava seu orgulho? Seu amor-proprio? Iria passar por cima de tudo, para voltar para aquele maldito conto de fadas de “mentirinha”. Era o que estava parecendo. Hermione sentou-se no sofá, precisava pensar. Na realidade, o que realmente havia para pensar? Se deixasse Draco, teria que abandonar a faculdade novamente, e era provável que jamais fosse retomar os estudos.

- Eu não vou mais para cama com você, Malfoy. – declarou Hermione olhando nos olhos do loiro.

- Tudo bem.

- Você traiu minha confiança.

- Você também. Mal tinha saído da minha cama, e eu a encontrei com outro aqui dentro desse apartamento – acusou ele, seus olhos brilhavam de fúria contida.

- Não seja ridículo, Malfoy. Não houve nada entre mim e Ronald Weasley – vociferou Hermione, mostrando quão irritada estava.

- E como eu posso ter certeza?

- Eu não sou igual a você, Malfoy – disse Hermione séria.

                A sensação que Draco tinha era de ter levado um soco no estômago e um tapa no rosto, tudo ao mesmo tempo. Os olhos de Hermione permaneciam sobre ele, e não era só ele quem estava com raiva. Hermione estava tão brava ou mais do que ele, e ela tinha razão.

- Qual sua resposta final, Granger? – perguntou Draco com uma fingida calma.

                Por longos segundos, Hermione não emitiu um único som sequer. Parecia perdida em algum pensamento, em alguma lembrança. Estar com Draco representava tudo aquilo que ela tentara evitar um dia. Quando estava nos braços dele sentia-se segura e pronta para encarar o mundo, mas quando ele se afastava... O mundo parecia desabar e a única coisa que ela conseguia enxergar eram cobranças e mais cobranças vindas por todos os lados.

A primeira coisa que Hermione fizera quando chegara em casa, após o Casamento Real, fora tirar os sapatos. Não aguentava mais andar de sapatilha, salto alto, ou qualquer coisa que não fosse tênis. Seu apartamente estava abarrotado de roupas, uma hora teria que arrumar todas elas.

                Antes de jogar sua bolsa em um canto qualquer, pegou o celular e o ligou. Havia esquecido dele por todo esse tempo. Deveria ter muitas e muitas mensagens para ler, e isso lhe causava um certo panico. Mal ligara o celular e o telefone tocara, estridente, confimando seu temor: Pais.

- Alô – Hermione tentou ser o mais casual possível ao atender ao telefone.

- Hermione – a voz de sua mãe parecia séria. – Por que você não nos contou?

- E qual a necessidade que tinha de contar a vocês?

- Você é nossa filha, Hermione. Eu e seu pai nos preocupamos com você.

- Meu pai não se preocupou comigo quando gastou o dinheiro que era destinado para a minha faculdade – disse Hermione sem emoção.

- Como conheceu aquele rapaz?

- Oh sim, me esqueci de contar a vocês, estou cursando direito em Cambrigde – sua voz saiu irônica, não estava em um bom dia. Definitivamente. – Conheci Draco em uma das aulas. Ah sim, agradeça meu pai por ter jogado o nome da nossa família na lama. Até os pais de Draco sabem do problema.

- Hermione, você não pode me culpar...

- Você é a única a quem eu não culpo mãe, mas infelizmente, a senhora ainda mora com ele... Eu estou muito cansada. Acabei de chegar de viagem.

- Antes de desligar, peço que o traga aqui para que nós possamos conhecê-lo.

- Quem sabe um dia.

                Com certo constrangimento, Hermione notou que Draco estava no mesmo local, ainda a olhando, a espera de uma resposta. Ela sabia qual seria a resposta, iria passar por cima do seu orgulho mais uma vez, em busca do sonho de sua vida.

- Eu aceito a voltar com a nossa farsa, Draco – respondeu Hermione sem ânimo.

- Ótimo. Espero que você não tenha vendido nenhuma roupa que eu lhe dei.

- Estão todas devidamente guardadas.

- Ótimo. Vá se vestir então. Temos um almoço dentro de instantes.

- Eu não quero sair...

- Não tem opção. Precisamos sair para almoçar. A imprensa está especulando, além do que, já reservei os lugares.

                Pensou em responder a Draco, mas de nada lhe adiantaria. Ver Draco havia acabado com suas resistências, acabado com tudo o que havia planejado durante esses dias em que não o vira. Abriu o guarda-roupa e olhou atentamente para as roupas penduradas. Pegou um vestido azul, e uma sapatilha clara. Minutos depois, olhou-se no espelho. Estava ótima, o vestido plissado, dava um ar elegante, e a sapatilha clara arrematou o look.

- Estamos atrasados – Hermione escutou Draco resmungar em alto e bom som da sala.

                Não iria responder, não iria confrontá-lo. Arrumou os cabelos, deixando-os soltos. Não iria mudar completamente, alguma coisa de sua antiga vida gostaria de manter. Então, que fosse suas madeixas. Definiu os cachos, passou uma maquilagem leve.

- Estamos atrasados – repetiu Draco ao ver a castanha sair do quarto. – Vejo que aprendeu a se vestir – disse ele admirando-a por instantes.

- Fico feliz por saber que lhe agrado, Malfoy – respondeu cheia de sarcasmo. – Vamos.

                Antes que Draco pudesse alcançar a porta, Hermione já tinha a mão na maçaneta. Não queria nenhum tipo de cavalheirismo vindo por parte de Draco. Odiava admitir que estava terrivelmente atraída por ele, e por isso, precisava mantê-lo o mais distante possível, não queria correr o risco de apaixonar-se por alguém tão sem escrupulos quanto Draco Malfoy.

- Vamos logo, Malfoy – disse Hermione esperando Draco passar para o lado de fora do apartamento. – Eu não tenho o dia todo.

- Você ficará comigo o quanto precisar.

                Hermione soltou um muxoxo, mas não se deu ao trabalho de retrucar. Ficar nesse jogo não seria nem um pouco proveitoso e só a iria deixar mais nervosa. Fechou a porta do apartamento, e deixou que Draco seguisse na frente. Conteve um suspiro quando mirou Draco mais atentamente. Essa era uma daquelas poucas ocasiões que Draco não estava de terno e gravata. Ele estava usando uma calça jeans escura, uma camisa polo e um sapatênis que poderia ter o valor do apartamento de Hermione.

- Ow... – Hermione deixou escapar quando viu uma Ferrari preta parada na porta de seu prédio.

- Não achou que eu tivesse apenas aquele mercedes? – perguntou com desdém.

                Como era possível que uma pessoa mudasse tanto de uma semana para outra? Hermione negou com a cabeça, em reprovação. Aquele não era o Draco que havia convivido por meses. Era um cara qualquer que ela não tinha a mínima vontade de conhecer, e gostaria de conviver o menos possível.

                De modo mecânico, Draco abriu a porta do carro e deu passagem para Hermione entrar. Teve que conter um suspiro quando ela adentrou no carro. Estava sendo complicado fazer aquele papel, mas levaria seu plano até o final. Hermione havia adentrado demais em seu mundo, havia passado por barreiras que até então, ele achava intransponiveis. Não deixaria que ela o machucasse novamente. Estava fora de cogitação.

- Onde vamos? – perguntou a castanha desconfortavel com a presença de Draco.

- Em um restaurante não muito longe.

- Que bom.

- Daqui a duas semanas teremos a a partida de polo oficial, e na outra semana, uma comemoração do aniversário de 90 anos do Príncipe Consorte.

- E eu devo ir em todos?

- Óbvio.

                Draco parou o carro na porta de um restaurante. Ela bufou quando ele saiu do carro, respirou fundo três vezes. O almoço seria longo, pelo pouco que conhecia da personalidade de Draco, a situação estaria sob controle dele, jamais dela. Ele lhe ofereceu a mão para que ela saísse com mais elegância do carro.

- Boa tarde, Sr. Malfoy – cumprimentou a recepcionista do restaurante. – Sua mesa já está preparada. Por favor, me sigam.

                Em um gesto cortês, Draco fez com que Hermione seguisse a sua frente. Olhou ao redor, não havia imprensa e nem paparazzis que pudessem arruinar o almoço deles. Mas algo lhe chamou a atenção, como poderia ter sido tão descuidado em relação às pessoas que frequentavam aquele lugar? Com alguma sorte, Pansy Parkinson não os veria.

- O garçom trará o cardápio em alguns instantes – disse a recepcionista. – Qualquer coisa, estamos a disposição – logo em seguida ela se retirou.

- O que você irá querer comer, Hermione?

- Estou sem fome – respondeu a castanha observando o ambiente.

- Aqui está o cardápio – disse o garçom fazendo a menção de entregar um exemplar a cada um.

- Não vamos precisar. – respondeu o loiro sério. – Queremos dois polpetones recheados. Queremos fetuccini como acompanhamento.

- Desejam mais alguma coisa?

- Água para a senhorita, e para mim uma dose de uísque.

                Hermione o olhou com cara de poucos amigos, mas não respondeu. Manteve a pose, parecia ter nascido para aquele mundo. Olhou-a com mais atenção, apesar da maquilagem, seu rosto dava sinais de cansaço, sua pele não estava mais tão corada quanto antes. Provavelmente não havia se alimentado direito nas últimas semanas.

- Como tem passado? – perguntou Draco tentando ser casual.

- Você não parece estar realmente interessado.

- Não seja ríspida – censurou ele. – Estou apenas tentando ser...

- Educado? – zombou Hermione. – Ora Draco, não posso negar, você é um cavalheiro por fora, mas por dentro...

- O que você está insinuando?

- Eu não estou insinuando, Malfoy. Você sabe qual é a realidade, não entendo o seu suposto interesse por minha saúde.

                A respiração de Draco falhou por um momento. Pansy o havia visto e se encaminhava graciosamente até a mesa. Aquilo só poderia estar sendo uma brincadeira de muito mal gosto.

- Olá Draquinho – a voz estridente de Pansy perfurou os ouvidos de Draco. – Você não me viu?

- Receio que não, Pansy – Draco olhou para Hermione com um pedido de desculpas estampado em seus olhos cinzas. – O que faz por aqui?

- Vim almoçar com meus pais – disse ela sorrindo. – Eles estão me esperando lá fora.

- Gostaria de lhe apresentar minha namorada, Hermione.

                Os olhos de Pansy cairam como uma pedra sobre Hermione, uma ameaça muda partia da morena que acabara de chegar a mesa.

- Então, você é a famosa Hermione? – perguntou Pansy destilando nojo.

- E você, quem é? - perguntou Hermione com desinteresse.

                Draco soltou um suspiro, sabia que Hermione tinha o gênio forte e que qualquer provocação de Pansy seria o suficiente para esgotar a pouca paciência que a castanha tinha. A realidade era que Draco havia ficado realmente surpreso pelo tom de voz que Hermione havia usado com Pansy, por algum motivo, aquilo o deixou feliz.

- Eu sou Pansy Parkinson, acredito que já tenha ouvido falar sobre mim.

- Pansy Parkinson? – Hermione perguntou a si mesmo com ironia. – Oh, sinto muito. Jamais ouvi falar de você. Não lhe convido para sentar conosco, pois estamos em um almoço romântico – os olhos de Pansy se abriram em choque. – Agradeço que tenha vindo nos cumprimentar, Srta. Parkinson.

                A primeira coisa que Hermione conseguiu pensar, quando Pansy Parkinson, com seu orgulho ferido se retirou foi: Por que diabos eu fiz isso? Jamais havia sido tão grossa com alguém em toda sua vida, mas algo na atitude daquela menina havia lhe tirado do sério. E quando percebera, estava mandando-a embora.

- Isso foi... Engraçado. – zombou Draco quando Pansy se afastou.

- Não houve nada de engraçado. Acredito que seu senso de humor, esteja distorcido.

- Há algumas semanas você achava meu senso de humor engraçado.

- Infelizmente, não é possível mudar o passado.

Draco apoiou-se na mesa, projetou sua cabeça para frente de modo a encurtar o espaço entre ele e a castanha, mas Hermione não fez nenhum movimento, quanto mais longe estivesse de Draco, mais segura iria estar.

- Você se arrepende de alguma coisa? – perguntou Draco, com os olhos brilhando.

- Draco, dê licença para que a comida possa ser servida – disse Hermione com um tom falsamente cálido.

Com um movimento contido, Draco se afastou da mesa, dando espaço para que a comida fosse servida como deveria.

- Você não vai escapar da pergunta, Hermione – disse Draco levando o garfo a boca.

- Pergunta?

- Você se arrepende de alguma coisa?

Hermione sentiu a comida descer quadrada por sua garganta. Não queria admitir para Draco que não havia se arrependido de um minuto sequer, mas se mentisse ele iria descobrir, sempre fora uma péssima mentirosa.

- Por que você quer saber isso?

- Apenas por curiosidade.

- Então você vai morrer com ela, Draco. Não irei responder sua pergunta – Hermione tomou um gole de sua bebida.

Draco negou com a cabeça em reprovação. Hermione não estava cooperando, e provavelmente não iria cooperar tão fácil. O plano que havia bolado teria que ser executado sem que Hermione desconfiasse. Teria que ser tudo muito bem armado, muito bem planejado para que tudo acontecesse como deveria ser.

- Vamos almoçar... em paz – declarou Draco. – Não quero ter uma congestão por causa de seu mal humor.

- Grosso.

Draco apenas sorriu e piscou para ela. Logo logo tudo estaria acontecendo de acordo com seus planos. E nada e nem ninguém iriam impedir que ele alcançasse seu objetivo.  


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Notas finais do capítulo

n/a: estou de volta! o//
desculpem a semaninha de atraso no capítulo, mas como não postamos só aqui no nyah, todos os tópicos chegaram na segunda temporada e agora vamos tocando
a questão é a seguinte, o que vocês preferem:
segunda temporada nesse mesmo tópico, ou um tópico novo?!
sério. me respondam que é importante isso!
e depois desfrutem do capítulo :D
beijos.