Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis




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Os lábios de Draco percorreram seu pescoço deixando um rastro úmido e marcas avermelhadas que certamente seriam visíveis no dia seguinte, mas não que ela se importasse com isso no momento. Tudo o que queria era sentir mais e mais dos lábios dele contra sua pele, seu corpo colado ao dele, as mãos firmes de Draco percorriam por suas pernas, erguendo o vestido que ela usava, marcando-a de tal forma que não via a hora de pedir por mais.

Sabia que conviver com Draco logo lhe causaria problemas, sendo ele um homem tão charmoso, não haveria como resistir por muito tempo... Mas agora, ali, jogada nos braços dele, Hermione se recriminava por não ter cedido antes. Era simplesmente... delicioso.

Seus pés percorreram os corredores atapetados sem fazer muito barulho, a música alta continuava tocando e todos ali embaixo encontravam-se num alto nível de embriaguez, mas não importava mais. A porta foi aberta e logo trancada, as mãos firmes de Draco voltaram a segurar em sua cintura, pressionando-a contra a parede, seus lábios grudados aos dela, uma dança sensual ocorria com suas línguas.

Com destreza Draco soltou seu vestido, deixando o mesmo largado no chão enquanto a erguia em seu colo. Rodaram pelo quarto até caírem sobre a espaçosa cama coberta com dossel, Draco estava sobre seu corpo, seus lábios continuavam juntos e ela podia sentir a ereção que despontava dele, cutucando-a, querendo invadi-la logo.

Seus dedos estavam trêmulos quando começou a puxar a camiseta que Draco usava, deixando visível seu peito. Passou as mãos pelo peito dele, deslizando até sua barriga, mas por pura vergonha não conseguiu descer mais os dedos, o que o fez rir enquanto mordiscava sua orelha, sua risada rouca ecoando no ouvido dela, fazendo-a se deliciar.

Sabia que não podia se apaixonar por Draco Malfoy... Mas não havia como negar que ele despertava uma atração até então desconhecida para ela. Hermione nunca foi do tipo de garota que desejava ter um namorado, que sentia-se solitária por estar sozinha, mas com Draco sua percepção mudava completamente. Sentia uma vontade imensa de ficar ao lado dele, junto dele.

Draco se ergueu fazendo-a soltar um gemido manhoso, e sorriu ao observar o corpo feminino tão bem delineado. Os seios pequenos, a cintura fina e bem delineada... Hermione era o tipo de mulher bonita por natureza, não precisava mudar nada em seu corpo.

Apressadamente desafivelou seu cinto, deixando que a calça caísse e logo puxou sua cueca junto, queria senti-la logo. Sabia que era errado aproveitar-se dela nessa situação, havia inclusive pensado em parar, mas quando ela lhe rodeou com as pernas, seus lábios agarrando-o com posse, não havia autocontrole suficiente para parar, não agora.

Deitou-se novamente sobre ela, suas mãos experientes percorrendo a lateral do corpo belo até chegar ao sutiã, soltou-o rapidamente. Jogou-o em algum lugar do quarto, seus lábios agora estavam ocupados naquela região, sugando um mamilo com vontade, ouvindo-a gemer pelas caricias que certamente eram novas para ela.

Não sentia vontade de parar, nem de se afastar. Os dedos de Hermione se entranharam em seu cabelo, bagunçando-o com vontade, puxando-o de uma forma que o excitava ainda mais. Mordiscou um dos mamilos e sorriu malicioso quando a ouviu gemer, um desejo crescente em seu interior de possui-la logo.

Se não soubesse que aquela era a primeira vez de Hermione, e o cavalheiro que havia em algum lugar em seu interior quisesse tão desesperadamente que fosse bom para ela também, já a teria tomado com força e brutalidade, levando-os a um orgasmo selvagem. Sentia vontade de estar com ela de todas as formas.

Uma vontade que não sentira desde que se relacionara com Kate... Mas não iria pensar nessa mulher odiosa agora.

Ergueu-se novamente, procurando na carteira que estava no bolso de sua calça por uma camisinha. Vestiu-a e voltou a se aproximar de Hermione, não deixando de notar como ela observava seu membro e suas bochechas coradas. Riu maneando a cabeça. Hermione tinha uma ingenuidade que não mudaria nunca.

Arrancou a calcinha que ela usava, e voltou a dedilhar sobre o corpo dela, seus dedos percorrendo o ventre liso, fazendo-a se arrepiar, até descer e encontrar a feminilidade úmida dela. Introduziu dois dedos e a ouviu gemer, ela estava tão excitada quanto ele. Pronta para ele.

Moveu um dedo sobre o clitóris dela e sorriu. Sua experiência com mulheres ao longo da vida o fez saber exatamente como uma mulher gostava de ser tocada. E correndo o risco de Hermione nunca mais olhá-lo na cara depois dessa noite, ele iria aproveitar cada momento.

Deitou-se sobre ela apoiando o peso sobre os cotovelos, seus lábios percorreram o pescoço e logo o ombro dela, sentindo as unhas de Hermione arranharem suas costas. Lentamente moveu-se para frente, entrando nela com uma gentileza que até então lhe era desconhecida, beijou seus lábios ao vê-la fazer uma careta, sabia que no início seria incômodo.

Ainda lentamente continuou a penetrá-la, sentindo a barreira se romper ao momento que Hermione cravava as unhas duramente contra suas costas, certamente deixando marcas. Parou por um momento, permitindo que ela se acostumasse com a nova invasão a seu corpo, e quando ela relaxou em seus braços, Draco estava pronto para lhe dar prazer.

Moveu-se com calma a principio, mas logo o prazer que sentia falou mais alto, movendo-se com rapidez contra o corpo de Hermione, até vê-la arquear de prazer, os lábios contra seu pescoço vingando-se das marcas que ele deixara nela. O clímax que o atingiu a muito tempo não era tão intenso.

Hermione coçou os olhos movendo-se na cama até tocar um corpo ao lado do seu. Suas bochechas coraram no mesmo instante em que seus olhos pousaram no corpo desnudo de Draco Malfoy. Sentia sua cabeça latejar pela bebedeira da noite anterior, mas pelo menos conseguia se lembrar de tudo que acontecera, o que a fez corar ainda mais, puxando o lençol para cobrir seu corpo, até que um riso rouco a fez cobrir o rosto tamanha a timidez que sentia.

- Tarde demais para sentir vergonha, não acha? – ele perguntou com os olhos fechados e um sorriso malicioso nos lábios.

Negando com a cabeça ela voltou a se deitar na cama, abriu os olhos para observar o lugar que se encontrava, e a constatação de que haviam passado a noite no Palácio de Buckingham a fez gemer de vergonha. Como iriam embora sem que ninguém percebesse o que haviam passado a noite toda fazendo? Nunca se imaginou numa situação dessas, e no momento preferia que não tivesse acontecido.

Por que Draco não a havia levado de volta para o hotel em Londres pelo menos?

- Não precisa ficar tão envergonhada – Draco disse apoiando-se sobre os cotovelos, seus olhos cinza brilhando contra a luz do sol que entrava pela janela.

- Nós nem chegamos ao hotel – ela disse num sussurro.

- Pode ter certeza que não fomos os únicos a passar a noite aqui – Draco disse aproximando-se um pouco mais, trazendo o corpo de Hermione para perto do seu. – É tradição quase, muitos passam a noite jogados nos sofás lá da outra sala mesmo – ele riu lembrando-se do tempo em que ele fora um desses muitos.

Eram poucos os eventos que possuíam toda essa pompa e que efetivamente tinham um after party, portanto toda a nobre sociedade britânica gostava de aproveitar, e muito.

- Além do mais, William queria conversar comigo – e Draco preferia não deduzir sobre o que seu amigo de infância queria lhe falar. Algo lhe dizia que não seria nada agradável, o que o fez desejar sair de uma vez daquele lugar, William que o procurasse mais tarde.

Parecia uma boa opção.

- O noivo deve estar bem ocupado com Catherine para ficar conversando com você – Hermione comentou revirando os olhos.

Maneando a cabeça Draco se levantou da cama, e gargalhou ao ver Hermione virar o rosto para o outro lado.

- Acho bom você ir se acostumando – ele disse de modo malicioso, o que fez o sangue dela ferver. Se ele achava que a partir de agora iria tê-la quando bem entendesse, estava muito enganado.

Mas antes que pudesse lhe dizer isso, uma mão forte agarrou seu braço, fazendo-a se levantar da cama e logo a levou até o banheiro, onde a água morna caia da ducha. Draco a empurrou para dentro do chuveiro, seus lábios roçando no pescoço dela, onde uma marca arroxeada de um chupão que lhe dera na noite anterior era visível.

Hermione iria querer matá-lo assim que visse a marca.

Tomaram banho juntos, criando uma intimidade que Hermione não pensava que se permitiria ter com um homem tão cedo, ainda mais sendo esse homem alguém como Draco Malfoy. Sorriu beijando-o nos lábios durante o banho, e riu quando ele a empurrou para fora do box, dizendo que se ela não se afastasse ele não iria se conter.

Sabia que Draco não nutria nenhum sentimento mais profundo por ela, assim como ela também não sentia nada muito intenso por ele, que não fosse desejo, mas saber que podiam se dar bem era um alivio.

O clima em Cambridge era sempre tão pesado, todos pareciam observá-los prontos para julgarem o que estava acontecendo entre eles, mulheres enchiam a boca para falar que ela estava apenas se aproveitando do dinheiro da família Malfoy, enquanto outras invejavam o que Hermione havia conhecido. Mas ali não, quando estavam apenas os dois dentro daquele enorme quarto em um Palácio em Londres – algo que Hermione nunca nem havia sonhado que poderia acontecer – ela sentia como se pudesse sim, um dia, dar certo.

Teriam longos anos pela frente, e ser amiga de Draco já era um bom caminho.

Isso quase a fez desejar que não voltassem para casa.

Minutos mais tarde, encontrava-se novamente vestida com a roupa de festa e seus olhos arregalados encaravam seu reflexo no espelho, onde podia claramente ver a marca que um chupão deixara em seu pescoço, na parte da frente. Suas bochechas coraram e seu sangue ferveu. Se alguém ainda podia ter alguma dúvida do que haviam ficado fazendo na noite anterior – que Hermione planejava dizer que nada acontecera, apenas caíra bêbada na cama – agora não havia como negar.

Deus, ela gemeu. Se a mãe de Draco visse isso ela estaria morta.

- Você podia ter marcado um lugar mais discreto – Hermione acertou um tapa em seu braço, suas bochechas ainda coradas.

Rindo ele a abraçou, não sabia se Draco queria apenas manter as aparências agora que saiam do quarto, mostrando que ele estava mesmo interessado nela e não que estava apenas com mais uma mulher diferente para se divertir, ou se ele quisera mesmo fazer isso. De todos os modos, sentiu-se bem. E novamente desejou não voltar para casa. Mas os deveres estavam a sua espera, assim como Cambridge.

Com um pouco de charme, vergonha e bochechas coradas, convenceu Draco – ele se deixou convencer – a irem direto para o hotel, afinal oportunidades para ele falar com o príncipe certamente não faltariam, portanto Draco poderia cuidar disso mais tarde.

Surpreendeu-se quando, de maneira furtiva, Draco a guiou pelos corredores do Palácio até chegarem a área externa, sem terem sido vistos por nenhum dos empregados que ali trabalhavam, com os olhos meio arregalados pela surpresa, Hermione o encarou. Imaginava que aquele Palácio seria um dos lugares mais bem vigiados do país, no entanto, nem uma única empregada havia aparecido em seu caminho, assim como nenhum guarda os interpelara enquanto iam a caminho do carro que ficara a noite toda esperando por eles ali.

- William e eu vivíamos correndo por esse palácio – Draco deu de ombros, por um momento se permitindo ser nostálgico e relembrando a época em que, ainda criança, ele e William eram melhores amigos e corriam por toda propriedade incansavelmente. – Acabamos descobrindo alguns caminhos para os empregados não nos pegarem – ele riu e Hermione sorriu ao vê-lo despojado.

Aquela noite havia feito bem a Draco, não só pela relação que tiveram, mas parecia que, de alguma forma, após ver Kate e William casados e ter tomado uma grande quantidade de bebida alcoólica, Draco se sentia mais leve para seguir com sua vida. Hermione só não sabia até quando ele continuaria assim, mas imaginava que não por muito tempo, afinal, ela mesma se sentira mais leve, mas sabia que quando voltasse a Cambridge toda a pressão voltaria junto, e não sabia até quando poderia se manter bem humorada.

O percurso de volta para o hotel foi silencioso, mantiveram-se afastados e nenhum dos dois disse nada, talvez por medo de romperam o momento que estavam vivendo. Eram íntimos, mas não melhores amigos e longe de sentirem algo mais forte um pelo outro, mas estava bom desse jeito.

Sorrindo Hermione o viu abrir a porta da suíte em que haviam estado no dia anterior, rindo ela o acompanhou para dentro, mas em questão de segundos seu sorriso se desfez. A sua frente estava Narcisa Malfoy, a expressão fechada e fria, o corpo ereto e o rosto erguido. Quem a visse assim certamente diria que aquela mulher era inatingível, e Hermione acreditava que era mesmo.

- Vejo que passaram a noite no palácio – Narcisa comentou parecendo desgostosa quanto a isso.

- Acredito estar crescido o suficiente para não ter de lhe dar informações sobre onde ou com quem eu passo a noite – Draco retrucou mantendo Hermione atrás de seu corpo.

- Não precisa ser ácido com sua mãe – Narcisa retrucou pondo-se de pé. – Vim até aqui porque queria conversar com você.

- Já sei sobre o que você vai falar, e não estou disposto a ouvi-la nesse momento – ele respondeu.

- Você é meu filho, Draco. Goste ou não! Portanto irá me escutar – ela impôs de um modo que Draco já havia esquecido de que era capaz de fazer.

Narcisa nos últimos tempos estava sempre tão escondida atrás das decisões de seu marido, que Draco havia esquecido de como sua mãe podia ter uma opinião própria – e sempre contrária ao que ele decidia.

- Eu vou tomar banho – Hermione disse afastando-se o mais rápido possível, sabia que viria discussão, assim como sabia que o assunto seria ela e, sinceramente, por mais que lhe batesse uma grande curiosidade de ouvir o que a mãe de Draco tinha a falar, naquele momento não queria ouvi-la. Estava se sentindo bem e não queria que Narcisa Malfoy destruísse esse sentimento.

Draco a viu entrar no banheiro e ouviu a porta ser trancada, suspirou passando a mão pelo cabelo que não tivera tempo de arrumar e voltou a encarar sua mãe.

- O que você quer? – perguntou de forma arisca.

- Você passou mesmo a noite com essa mulher – ela negou com a cabeça como se sentisse nojo do que seu filho estivera fazendo. – Ontem devo confessar que ela se portou muito bem, Annelise parece adorá-la... Mas estão os dois cegos – resmungou revirando os olhos de maneira dramática.

- Você não a conhece – ele voltou a insistir. Já havia discutido uma vez com sua mãe sobre Hermione e sentia que o episódio estava prestes a se repetir.

- Não vou voltar a essa história – Narcisa disse de maneira decisiva. – Você podia escolher com quem se casar, aparentemente escolheu ela, pois eu tenho algo a lhe falar, Draco. Por anos nossa família esteve envolvida com homens e mulheres que não eram da mesma classe social que nós, e sabe por que nenhum relacionamento durou? – ela perguntou com uma sobrancelha arqueada, sua postura ereta a fazia parecer ainda mais alta. – Porque todos, sem exceção, só queriam o nosso dinheiro!

- Com Catherine você não falava assim – debochou Draco.

- Você sabe o que penso de Kate, assim como sabe que eu o acho fraco por não ter conseguido segurá-la ao seu lado. Agora lá está, William se casou com ela!

- Pois ele que passe o resto da vida ao lado dela – Draco esbravejou. – Catherine não merece nem o chão onde pisa, e você bem sabe disso, mas continua a defendê-la como se fosse uma bela e exemplar mulher, pois eu lhe digo, mamãe – disse com deboche – ou melhor, volto a lhe dizer, Kate não é nem um terço da mulher que Hermione é, e será um prazer ver a sua cara e a de meu pai quando se derem conta disso.

- Não vim para ouvir seu discurso sobre essa mulher que agora divide a sua cama – Narcisa disse. – Vim para lhe avisar, querido, que se você seguir mesmo com essa palhaçada, esse casamento não será bem visto.

- Não entendo qual o grande problema! – Draco esbravejou. – O príncipe da Inglaterra se casar com uma plebeia é motivo de orgulho. Comigo, que estou longe de ter um cargo de tamanha importância, é motivo de repúdio – maneou a cabeça cansado de toda a besteira que envolvia a coroa britânica e, consequentemente, a vida que levava.

- Case-se com uma plebeia – Narcisa deu de ombros. – Não com esta! Você sabe que o sobrenome Granger está manchado, ela é que será o motivo para você ser repudiado... O plano de seu pai era bom, Draco, casar você com uma mulher respeitável certamente aumentaria sua moral no parlamento, mas se essa mulher for Hermione Granger será motivo de piada.

- Não será...

- Será! Você pode pensar o que quiser, ela pode não ter a ver com o pai e com o que ele fez – Narcisa se aproximou mais do filho. – Mas aceite de uma vez por todas que o importa em nosso meio social é o sobrenome, e o sobrenome de Hermione está manchado e nada vai mudar isso. Portanto divirta-se o quanto quiser com essa mulher, mas procure outra com quem se casar – esse era o aviso final de Narcisa Malfoy.

- Quando ela casar-se comigo não será mais uma Granger. – retorquiu Draco com um sorriso desdenhoso no rosto.

- Não me provoque, Draco.

Dito isso ela se afastou do filho, dirigindo-se sozinha a porta do quarto e, sem se despedir, partiu. Draco encarou a porta sem saber o que dizer. Não era o tipo de homem que ficava discutindo por culpa de uma mulher, fizera isso em outra época de sua vida – com Catherine, sua mente o lembrou – e se arrependia de todo esforço desprendido para que pudesse ter algo com ela. Definitivamente não valera a pena, e ele não estava disposto a se ver na mesma situação novamente.

No entanto... No entanto havia algo em Hermione que o tornara cativo, e pensar em simplesmente dispensá-la não parecia uma opção aceitável.

Mas novamente sua mente veio lembrá-lo de seus atos passados... A traição recente com Catherine. Isso por si só afastaria Hermione dele. Não que quisesse, mas sabia que era isso que iria acontecer, afinal, Hermione já deixara claro que não era do tipo de mulher que aceita ser traída.

Serviu-se de uma bebida ouvindo como a água do chuveiro caia e logo parava, Hermione não demoraria a entrar no quarto. Pelo menos o chuveiro ligado lhe dava uma certeza de que ela não pudera ouvir o que sua mãe dissera. Até ele que nunca foi um modelo de bons modos e sentimentalista acharia cruel dizer tais coisas sabendo que ela ouvia.

Hermione abriu uma fresta na porta, verificando se a mãe de Draco ainda estava ali. Não ouviu vozes, e abrindo um pouco mais a porta pôde vê-lo bebendo e sozinho, menos mal. Na pressa de refugiar-se no banheiro para não ouvir o que Narcisa Malfoy tinha a dizer, que certamente seria maldoso e a envolveria, Hermione havia se trancado no mesmo esquecendo-se de levar uma muda de roupa para que pudesse se trocar – e a última coisa que pretendia era desfilar na frente de Narcisa apenas de roupão, como se fosse apenas mais uma das garotas fáceis que Draco costumava levar para qualquer motel.

Tinha uma ânsia crescente de mostrar a Narcisa Malfoy o seu valor, sabia que na noite anterior durante o casamento havia surpreendido a matriarca Malfoy, Narcisa certamente esperava que ela fosse uma dessas ignorantes que não sabe que talher usar e se deslumbra a cada “pessoa famosa” que passa ao seu lado.

Se ela ainda estivesse no quarto, a solução seria voltar para o chuveiro, mesmo já estando com os dedos levemente enrugados.

- Ela já foi? – perguntou querendo confirmar, Draco assentiu com a cabeça voltando a beber um gole de seu uísque.

- Você ouviu alguma coisa? – ele duvidava, mas não custava perguntar.

- Apenas o nome de Kate – Hermione deu de ombros, aproximando-se lentamente. – O que sua mãe tanto vê nessa mulher, Draco? Não é a primeira vez que a ouço se referir a Catherine como um exemplo e não sei mais o quê, só não entendo o porquê disso, sei que quando Catherine começou a namorar William houve todo um rebuliço, afinal ela é uma plebeia... Mas o que sua mãe tem a ver com isso? – perguntou com o cenho franzido.

Draco sorveu um generoso gole de uísque antes de responder a Hermione. Gostaria de inventar uma desculpa qualquer, contar qualquer historinha para fazê-la se sentir bem e mostrar o quanto Catherine não tinha importância agora, mas sabia que não poderia adiar a conversa por muito mais tempo. Além do mais fotos do casamento real certamente estariam em todos os jornais e revistas a essa altura, e estando a imprensa lá, noticiando que o ex-namorado de Catherine e melhor amigo de William estava na cerimônia, logo Hermione saberia do seu passado com aquela mulher.

Assim que não lhe restava outra alternativa senão dizer a verdade, mas antes de fazê-lo, sorveu o último gole de uísque que havia em seu copo e serviu mais uma dose.

Bons tempos quando ele ficava facilmente embriagado, seria tão mais simples, simplesmente despejaria todas as palavras sobre ela com rapidez e sem embromações.

- O rebuliço maior sobre o relacionamento de Catherine – ele se negava a chamá-la pelo carinhoso apelido de Kate, não depois dela tê-lo seduzido as vésperas de seu casamento – com William não foi só por ela ser uma plebeia – Hermione franziu o cenho mostrando que não entendia aonde Draco queria chegar. – Foi por Catherine ser minha ex-namorada.

A surpresa fez com que Hermione abrisse a boca de forma involuntária, sentindo-se mais uma vez por fora de tudo que acontecia em seu próprio país.

- Oito anos atrás eu namorava Catherine Midletton, foi através de mim que ela e William se conheceram, e hoje eu a repudio cada vez mais.

- Ela o traiu... com seu melhor amigo? – Hermione hesitou em pronunciar tais palavras, pareciam cruéis e ela certamente não gostaria de sentir o que Draco deve ter sentido quando tudo aconteceu.

- Foi mais que isso, eu diria – ele deu de ombros – por algum tempo ela esteve com nós dois, enganando a ambos com uma dissimulação muito bem armada – ele riu amargamente. – Agora quando penso chega a ser ridículo, porque eu não conhecia a garota do meu melhor amigo e ele não conhecia a minha – voltou a rir. – Mas assim foi, ela nos enganou como dois bonecos, brincou como quis e depois, quando William já estava mais recuperado da morte da mãe, que na época ainda era um pouco recente, e estava sendo educado para efetivamente se tornar rei algum dia, enquanto eu não tinha a menor chance de chegar a tal cargo, não tão cedo pelo menos, ela me deu um pé na bunda e ficou só com o principezinho.

Hermione se sentou ao seu lado, amigavelmente pondo uma mão sobre seu ombro como que querendo confortá-lo. Mas não havia mais o que ser confortado, ele já havia superado essa parte da sua vida. Ou pelo menos era assim que Draco pensava.

- Uma noite William me chamou para sair que ia me apresentar a sua garota, e era Catherine Midletton quem estava ao seu lado, carregando uma aliança de compromisso, de namoro, toda orgulhosa no dedo. Nós continuamos nos vendo depois disso – ele disse não se orgulhando de seu passado nem do sentimento que nutrira por aquela mulher – eu a amava de uma forma insana, eu a queria para mim e quando Catherine anunciou que ficaria com William, que eu poderia até tê-la em minha cama, mas que, no final, era com William que ela se casaria, eu na hora aceitei, desesperado por continuar a tê-la para mim – dito isso, Draco sorveu o conteúdo que ainda havia em seu copo e se ergueu para servir mais uma dose, dessa vez ao voltar a sentar, trouxe a garrafa junto.

- Você... – Hermione ainda parecia chocada, e Draco sentiu vontade de rir, isso que ele nem chegara a parte principal da história.

- Sim, eu enganei o meu melhor amigo durante meses transando com a namorada dele enquanto ele estava ocupado demais aprendendo a ser príncipe – disse de modo sarcástico. – William sempre foi ingênuo demais, e Catherine sempre conseguiu dele tudo o que queria. Não duvido que até hoje ele não saiba que eu também estive com Catherine, digo, ele sabia que eu havia namorado com ela antes deles se conhecerem, mas William ainda acha que o que tivemos foi um rolo rápido e sem importância – de fato se sentia mal por seu amigo, mas Draco tinha o firme pensamento de que muitas vezes era melhor viver na ignorância. Saber de tudo que Catherine já fez com ele e as costas dele o destruiria, William era ingênuo e fraco, Draco soube como se reerguer e ainda assim tinha seus momentos de fraqueza, William então, não se recuperaria nunca. Disso tanto Draco quanto Catherine sempre souberam.

- Então – ele continuou a contar – enquanto eu e Catherine transávamos em todo e qualquer lugar possível, eu nem sempre me preocupei em usar camisinha, mas claro que foi uma surpresa quando ela se disse grávida, e ambos sabíamos que o filho que ela esperava era meu – Draco deixou os ombros caírem, ainda odiava aquela mulher pelo que havia feito ao seu filho. – Como eu sabia? Houve uma noite... uma noite em que eu, William e Kate ficamos muito bêbados, e acabamos que... acabamos nós três em uma cama. Por algum motivo, apenas eu e Catherine lembrávamos do que havia acontecido...

Dando um intervalo, Draco olhou firmemente nos olhos de uma Hermione muito surpresa, mas que parecia lhe dar apoio e consolo incondicionais, e sentiu-se bem. Era exatamente esse o tipo de mulher que queria ao seu lado.

Além do mais, tinha certeza de que Hermione nunca seria capaz de fazer o que Catherine havia feito.

- Era óbvio que eu ia assumir o meu filho, combinei com ela que contaríamos tudo para William quando ele voltasse da viagem que estava fazendo, mas no dia antes do suposto jantar em que contaríamos tudo, Catherine me chamou em sua casa, ela estava de cama – ele suspirou. – Ela estava de cama... – sua voz fraquejou – porque havia acabado de fazer um aborto. Egoísta – ele esbravejou com o punho fechado. – Aquela maldita egoísta matou o meu filho só para não ter de contar a William o que havia acontecido, e o que vinha acontecendo entre eu e ela.

- Oh Draco – Hermione levou uma mão a boca, visivelmente tocada pela história que lhe era contada.

A raiva maior de Draco ia mais além da perda da criança, crescia pelo egoísmo e dissimulação que Catherine Midletton havia sido capaz de ter e o modo como ela agira, tão cruel, como se a criança que esperava não fosse parte dela também.

- Era só um feto, Draco – Draco podia se lembrar perfeitamente das palavras proferidas com desdém. – Além do mais como eu iria contar a William? Ele sempre usou preservativo comigo, ele iria desconfiar. E a rainha iria me matar se eu aparecesse carregando um herdeiro do trono antes de me casar com William.

- Não seria um herdeiro do trono, Catherine. Seria um herdeiro meu! A rainha não tinha nada a ver com isso.

Sacudindo a cabeça, Draco quis afastar os pensamentos daquele dia odioso.

- Eu disse a Catherine que ficaria com ela, nós poderíamos nos casar e eu daria a ela tanto luxo quanto ela recebia no palácio, talvez até mais se considerarmos que hoje eles vivem em recessão, mas não, o que Catherine sempre aspirou mais do que dinheiro foi o título. Ela sempre foi muito bonita e soube exatamente como usar isso a seu favor, ela se contentaria em ficar ao meu lado se William não houvesse se mostrado tão cativo logo na primeira vez que a viu, em um desfile que ela fazia.

Apertando sua mão, Hermione lhe mostrou que estava ali, ao seu lado.

- Depois ela disse a William que havia ficado doente, inventou uma doença qualquer para mantê-lo afastado por alguns dias enquanto se recuperava do procedimento, e a partir daquele eu jurei que iria odiá-la por toda a minha vida – Draco declarou com o punho fechado. – E sabe o que mais me irrita? Que não consigo sentir raiva de William! Digo, ele sabia que eu havia tido algo com Catherine e ainda assim ficou todo bobo quando ela se aproximou, foi ele quem a incitou a se aproximar... Mas hoje eu sinto pena dele, e em parte sou grato por tudo que aconteceu, senão seria eu quem estaria sendo enganado até agora, quem sabe, não? William sempre fez o tipo de “bom moço”, mas ele é louco por ela, não duvido que ele também não hesitaria em me apunhalar pelas costas para ter mais alguns momentos com ela.

- William deveria saber – Hermione murmurou depois de um momento em silêncio, enquanto ainda absorvia a história.

- Foi há anos atrás – Draco deu de ombros. Ele era o único que ainda se lamentava por isso, Catherine já havia superado há muito tempo, e não queria ver seu amigo se lamuriando agora.

- Você não está mais com ela, Draco – Hermione disse o encarando. – Mas isso não significa que não exista outra pessoa, ela ainda pode estar enganando a ele...

- Isso é problema deles, Hermione! – esbravejou pondo-se de pé. – Catherine para mim é uma mulher morta – ainda mais após ter se casado mesmo com William, pensou Draco, mas não teve coragem de pronunciar.

Porque isso só evidenciava o que ele tanto tentava esconder: Catherine Midletton era uma mulher odiosa, ambiciosa e egoísta, mas uma parte em seu íntimo ainda nutria algum sentimento por ela, esse mesmo sentimento que o fez não ser capaz de afastá-la quando Catherine decidiu que iria seduzi-lo no outro dia em seu apartamento; esse sentimento continuava ali, apenas encoberto, e Draco sabia que, se no momento em que o padre perguntou se ela aceitava, se Catherine houvesse dito não e corrido para os seus braços, ele a aceitaria mesmo assim, saudoso e desejoso.

Ela era desprezível.

E ele era ainda mais por ainda sentir algo por ela. Não era só ódio nem só nojo.

Mais do que nunca Draco se sentiu empenhado em fazer a relação com Hermione dar certo, Hermione era o tipo certo de mulher para estar ao seu lado, e ela seria capaz de fazê-lo se esquecer da odiosa Catherine Midletton.

Mas para isso Hermione nunca poderia saber do que ocorrera dias atrás, afinal Draco acreditava mesmo que, algumas vezes, ficar na ignorância é o melhor caminho. Primeiro com William, havia dado certo. Agora daria certo com Hermione também.

Largando a Garrafa ele deixou o copo em qualquer lugar e puxou para seu colo, guiando-a para a cama, Draco deitou-se sobre o corpo feminino e beijou-lhe os lábios.

- Eu estou aqui com você, Draco – era exatamente o que ele precisava ouvir.

Beijou os lábios de Hermione com volúpia, e minutos depois voltou a fazê-la sua. E nunca pareceu estar num lugar tão certo quanto naquele momento.


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Notas finais do capítulo

n/a: gente como assim já é domingo?! a semana passou e eu nem fiz nada do que pretendia x.x"
desculpem por atrasar o capítulo, mas, de verdade, nem vi o tempo passar! tenho tantas coisas pra por em dia que puts...
pelo menos os reviews já foram respondidos o// #uhull
até o próximo!
:*