Passaram-se dois meses, e estava prestes a ter alta do hospital, minha perna ainda estava engessada, tinha alguns hematomas das pancadas, várias sessões com psicólogo e uma falha imensa na minha memória.

Quanto mais pensava sobre aquela noite, menos entendia, não foi um assalto, até porque todas as minhas coisas estavam comigo, celular, bolsa, carteira, chaves do carro, nada faltando. Não fui estuprada (graças a deus), nenhum crime foi cometido próximo a aonde Alice me encontrou. Realmente algo que nem eu, nem os policiais conseguíamos entender. Por mais que os policiais realmente queriam ajudar, o caso seria arquivado, pois já estava caindo em esquecimento. E sinceramente, prefiro que caia mesmo, esse assunto estava me dando muita dor de cabeça, sem contar nos muitos machucados, joelho luxado e cirurgias feitas. Estava cansada e querendo apenas minha cama, Braian e Edward.

Em falar nele, ainda não tivemos chance de resolver o assunto do nosso relacionamento, mas ele estava comigo sempre que não estava de plantão no trabalho. Meus pais se instalaram no meu apartamento, e preparam tudo para minha ida pra casa.

— Bella? - Alice perguntou enquanto abria uma fresta na porta do quarto.

— Entra Ali. - Disse da poltrona onde a enfermeira tinha me ajudado a sentar.

— Empolgada para voltar pra casa? - Ela perguntou.

— Você não tem nem ideia. - Disse dando um sorriso amarelo.

— Está tudo bem amiga? Não parece tão animada assim. - Ela disse enquanto sentava na poltrona ao lado da minha.

— Só pensando um pouquinho. Sabe, não sei se terei coragem de sair sozinha de novo, o psicólogo disse que não preciso me forçar a isso por enquanto, mas eu sou, – Pigarreei e sequei uma lagrima traiçoeira que tentava escapar dos meus olhos. – Eu era totalmente independente, não precisava a anos de ninguém pra nada, e agora, até pra pegar meu filho preciso de ajuda. – Disse já não aguentando segurar as lagrimas.

— Ah Bella, calma, você vai conseguir, você já conseguiu tantas coisas nessa vida. – Ela disse me abraçando.

Ficamos abraçadas enquanto eu extravasava minhas dúvidas, dores, medos. A Alice era a melhor amiga que eu poderia pedir pra deus, ela vinha todos os dias me visitar, nem que fosse por dez minutinhos, mas estava aqui comigo. Não tive motivos pra reclamar que estive sozinha nesses dois meses, pois não estive, meus pais vieram de Seattle para cá, meu pai pegou férias no trabalho coisa que não fazia a mais de dez anos, só para estar comigo. Minha mãe fechou a lojinha de decoração por tempo indeterminado, e estava aqui, juntinho de mim. Até Marcus, deixou de ser um filha da puta por esses meses. Ajudou meus pais com o Braian, não me aperreou com nada, e ate se ofereceu para me ajudar quando voltar pra casa, claramente que dispensei, não lembro do ocorrido naquela noite, não do que houve pelos meses em que ele me enganou. E Braian, parecia tão maior desde antes do “acidente”, eu sentia tanta falta dele quando não podia vê-lo, quando não podia ninar meu bebê. Era a pior sensação do mundo, coisa que não desejo nem pro meu pior inimigo.