Devorar-te-ei: Memórias póstumas de um amor escrita por Nayou Hoshino


Capítulo 5
Quando a realidade desmoronar, você estará comigo?


Notas iniciais do capítulo

Música do capitulo - http://www.youtube.com/watch?v=Db5oHC10bBw&feature=related

Aproveitem! ^^



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— Você não acha que estou bonita demais para um simples baile? — perguntei rindo, virando-me para o espelho e colocando minhas luvas.

— Essa é a ideia, my lady. — Marye respondeu rindo, em seguida pegando a escova e começando a me pentear. — Muitas pessoas importantes estarão lá. E é seu dever como dama e como noiva do conde Tokudaiji ser a pessoa mais bela e encantadora do baile...

— Não exagere Marye. Você sabe muito bem como sou conhecida pelos outros nobres — resmunguei

— Vai dar tudo certo, my lady. Não precisa se preocupar. É só ser você mesma... — Marye sorriu.

— Irei. — Virei-me para Marye, rodopiando e sorrindo — Como estou?

— Muito mais que bonita que a senhorita Jonesy, com toda a certeza.

— Eu não perguntei isso... — falei baixinho, fazendo um biquinho. — Mas obrigada mesmo assim.

Eu sorri, enquanto saia do quarto e ia para as escadas. Assim que cheguei ao hall, vi Sebastian segurando uma pequena caixinha cor de rosa. Ele estava vestido com um terno preto e uma máscara da mesma cor com alguns detalhes vermelhos. Ele sorriu e, assim que me aproximei, abriu a caixa, revelando uma belíssima máscara com rendas pretas e brilhantes.

— My lady me permite? — Ele perguntou, retirando a máscara da caixa e se aproximando mais.

–H-hai... –eu permiti, sem graça. Toda vez que ficava muito perto dele isso acontecia...

Senti seus dedos frios tocarem meu rosto enquanto ele colocava a máscara em mim. Um arrepio percorreu minha espinha e senti meu rosto corar. Sebastian raramente me tocava, principalmente pelo fato de não precisar e não ser “certo”, então sempre que acontecia era como se eu estivesse lidando com outro Sebastian. Um que era capaz de fazer eu me render com um simples toque e fazia meu coração palpitar estranhamente.

Tão logo terminou de prender a máscara ele se afastou, levando todas aquelas sensações estranhas embora.

— err... — eu pigarreei, me recompondo — Vamos?

— A carruagem já está lá fora aguardando por você, my lady. — ele disse, estendendo a mão para mim.

Eu segurei a mão dele, ainda que contra a minha vontade, e o acompanhei até a carruagem, onde entrei e me sentei na ponta. Me encolhi, tentando evitar os olhares nada discretos de Sebastian, que se sentou à minha frente. Ainda sentia meu rosto corado, o que não facilitava em nada para manter minha máscara de indiferença.

Normalmente, eu não me importo com a presença do meu mordomo muito menos em ser acompanhada por ele em eventos. Mas me sentia meio estranha desde que ele me tocou minutos atrás. Não era normal meu coração se agitar tanto assim...

Olhei pela pequena janela ao meu lado, não que as árvores ou o céu estrelado me importassem, se eu mantivesse minha mente distraída conseguiria me recompor até chegarmos... Cerca de meia hora depois a carruagem se tornou mais lenta e parou em frente a uma mansão que deveria ser, no mínimo, duas vezes maior que a minha. Surpreendentemente meu plano funcionou.

Sebastian saiu da carruagem e me ajudou a sair também. Eu olhei para ele e respirei fundo, logo nós dois entramos.

Fiquei surpresa com o grande número de nobres que haviam ali. Já fazia tanto tempo que eu não vinha a um baile... Do nada senti dois braços apertarem-me pela cintura, automaticamente um arrepio percorreu minha espinha e eu me virei bruscamente para trás.

— Calma meu amor... Sou só eu. — Kyro riu, ele vestia um terno branco e uma máscara da mesma cor com detalhes vermelhos. — Pensei que você não vinha mais...

— Eu prometi, certo? Os Kyotsu sempre cumprem suas promessas. — Olhei em volta, vendo se tinha mais algum conhecido, logo localizei meu primo, Alois Trancy, próximo de seu mordomo, ambos do outro lado do salão. Voltei a olhar para Kyro e prossegui. — Não precisa se preocupar comigo. Vá dar atenção aos seus outros convidados...

— Tudo bem. Mas não se esqueça que a minha primeira dança vai ser com você, certo? — ele piscou para mim. Escutei um barulho estranho vindo do meu lado. Sebastian estava.... rosnando?

— Err... Tudo bem. — eu respondi, ainda encarando Sebastian.

Kyro se afastou e foi falar com um grupo de garotas que estavam não muito longe de nós. Eu virei para Sebastian e cruzei os braços.

— Algum problema my lady? — ele disse sem entender

— Você pode me explicar desde quando começou a rosnar? — eu perguntei séria — Até onde eu sei, você é um demônio, e não um cachorro.

— Eu não rosnei senhorita... — ele riu meio sem graça — Só estou com um pouco de fome. My lady, se importaria se eu fosse pegar algo para comermos?

Dei de ombros, Sebastian foi até uma mesa pegar alguns doces. Eu suspirei, ele estava ficando péssimo com mentiras ultimamente... Sebastian nunca precisou comer nada, como ele poderia estar sentindo fome?

Continuei pensando naquilo, até que senti uma mão em meu ombro. Virei-me rapidamente e vi um garoto com cabelos negros levemente azulados olhando para mim. Ele parecia estar surpreso por me ver.

— L-luna?! –ele perguntou, abraçando-me — Você não sabe como senti sua falta, meu amor...

— M-meu amor? Perdão, mas... nos conhecemos?

— Você já se esqueceu de mim? — ele parecia desapontado, toda a animação de agora a pouco havia desaparecido... — Nós vivíamos juntos no seu jardim antigamente... E agora você já nem se lembra...

— Então você é o garoto da foto...

Mal terminei a frase e quase caí no chão devido a uma tonteira que me deu. De repente várias imagens começaram a passar rapidamente em minha cabeça. Imagens em que eu ria enquanto rolava no jardim com um garoto de cabelos ligeiramente azuis... Uma versão mais nova do garoto que agora me segurava para que eu não caísse. E então, todas as lembranças relacionadas a ele voltaram como que por um passe de mágica.

— Perdoe-me. Tive um leve mal estar... Mas já estou bem. — disse, ficando de pé e ajeitando meu vestido.

— Tem certeza que você está bem?

— Tenho sim... Desculpe não ter lembrado de você antes. Eu sofri um pequeno acidente há alguns anos e desde então não consigo me lembrar de certas coisas...

— Então está explicado... Bem, a senhorita me concede esta dança? Em nome dos velhos tempos...? — ele fez uma leve reverência, estendendo-me sua mão.

Eu assenti, logo sendo conduzida para o meio do salão, onde ele me puxou mais para perto e então começamos a dançar. Encostei minha cabeça em seu peito, sentindo o palpitar acelerado de seu coração... O cheiro dele me embriagava com lembranças do meu passado que outrora pareciam não existir. Eu relaxei e simplesmente deixei ele conduzir a dança.

— Você dança bem melhor que antes... Quem te ensinou? — ele perguntou rindo.

— Sebastian... — respondi, ainda de olhos fechados, decidida a me concentrar apenas na dança.

— Hum..— ele resmungou, parecia não ter gostado de ouvir esse nome. — Mas... me diga, quando poderei voltar a visitar a mansão?

— Pode ir lá sempre que desejar... — eu ainda estava em transe, só respondi e fiquei em silêncio novamente.

Como um beliscão quando se está sonhando, Sebastian me puxou para si. Afastando-me do garoto, que ficou tão surpreso quanto eu, ou talvez até mais.

— Venha, my lady. Tenho notícias sobre o caso. — Sebastian disse, com a voz fria e bruta, que sempre me despertava de meus sonhos e devaneios.

— Tudo bem. — Eu olhei uma última vez para o garoto, logo sorrindo — Foi bom lhe reencontrar... Ciel.

— Ainda nos veremos outras vezes Luna... — ele disse, pouco antes de ser puxado por uma garota de cabelos levemente ruivos e vestido verde.

Eu sabia que era errado eu ficar dançando de forma tão íntima com alguém que não fosse meu noivo. Ainda mais publicamente, diante de todos os nobres da cidade... Continuei pensando em tudo o que acabara de acontecer e, quando dei por mim, vi que Sebastian havia me levado até o jardim da mansão de Kyro. Olhei em volta, vendo que estávamos sozinhos, logo prossegui um pouco nervosa.

— O-o que estamos fazendo aqui? Que notícias devem ser reveladas num lugar tão vazio e escuro como esse? — perguntei rapidamente, atropelando as palavras.

— Não existe nenhuma notícia.

— Então por q...

Antes que pudesse prosseguir, Sebastian calou-me com um beijo. Tentei escapar daquela situação afinal, alguém poderia nos ver. Mas ele segurou meus pulsos e me prensou contra uma árvore, impedindo-me de fazer qualquer movimento. Simplesmente rendi-me, aceitei aquele beijo terno... Doce... Gentil... Um beijo que nunca imaginei partir de alguém como Sebastian.

Continuamos nos beijando por alguns minutos; minutos que eu jamais queria ver terminar, até que ele afastou seus lábios dos meus, mantendo-se próximo o suficiente para que eu ainda conseguisse sentir seu hálito quente em meu rosto.

— Você é minha... Minha dona, minha dama... — ele disse, se aproximando ainda mais de mim. — Por isso, não quero que mais ninguém lhe toque. Não permitirei isso novamente...

— H-hai...

Ele se aproximou um pouco mais de mim. Por mais que não quisesse, eu ansiava por aqueles lábios frios que me tocaram tão suavemente há pouco. Mas Sebastian parecia ter percebido que eu o desejava naquele momento, então me soltou e sorriu, logo se afastando.

— Se desejar ficar mais um pouco, basta voltar para o baile. Esperarei na carruagem.

Escutei aquelas palavras e assenti silenciosamente, caminhando lentamente de volta para o salão. Continuei a agir normalmente, porém em silêncio. Eu ainda conseguia sentir o gosto dos lábios de Sebastian nos meus...


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