A casa ainda era a mesma, a rua era a mesma, a vida era a mesma, só eu que não era mais a mesma, estacionando o carro em frente de casa, Dorian desceu para pegar as malas, enquanto eu olhava a casa com as chaves nas mãos tremendo, tinha medo de entrar ali e não querer mais sair, era isso que eu desejava no fundo. Sentia-me incompleta agora, vazia por dentro e por fora. Caminhando insegura parei em frente à porta colocando a chave na fechadura, girei tão lentamente como se o tempo estivesse em câmera lenta, e de repente eu estava no meu antigo lar, na minha verdadeira casa.

A sala estava do mesmo jeito que tínhamos deixado cozinha, hall e sala de jantar idêntico, subi as escadas lentamente caminhando em direção ao corredor, quarto dos meus pais ainda claro e normal, o de hospedes arrumado, e o meu no final do corredor, aquele quarto que vivi todos os dias da minha vida, o quarto onde fiquei sempre que precisava pensar sonhar e cantar, esta era minha casa, esta era a minha vida, mas como a casa, eu estava vazia também. Oca por dento, vazia e morta por fora.

Deixando minhas malas no quarto Dorian avisou que prepararia o jantar, nunca pensei que ele soubesse cozinhar, mas cada dia me surpreendia com esse homem que mesmo sem saber ainda conseguia amar. Troquei de roupa colocando outro conjunto qualquer, já era de noite quando chegamos e depois de tantas horas de viagem eu precisava dormir só que estava sem sono, muito menos fome, forçada sentei-me á mesa e engoli sem sentir o gosto do canelone que ele preparou.

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A todo instante seu olhar recaia para mim, um olhar angustiado, preocupado. Sei que todos estavam pensando que estava com depressão, mas eu era depressiva quando se passava por essa época, era tudo tão recente ainda, e no fundo achava errado eu ter tentado seguir minha vida sem eles aqui.

Depois do jantar lavei meu prato e subi para dormir, escutei Dorian dizer que se precisasse era só eu chamar, pois estava no quarto ao lado, o quarto de hospedes. Grande coisa, ele agora era a menor das minhas preocupações, adormeci quando o sol já estava nascendo, a insônia estava me deixando fraca e conforme eu me deixava abater a vida parecia mais fácil e ao mesmo tempo mais pesada.

Ao amanhecer vaguei pela cidade, preparando tudo para a missa que ocorreria no dia seguinte, avisando a amigos e conhecidos que haveria uma missa para honrar o primeiro ano de falecimento do meu pai. Os gêmeos e Sarah estavam na cidade pra isso, Dark assumiu um relacionamento serio com a morena, e Clara tentava não interferir ainda sofrendo de ciúmes e raiva, garota idiota, ela perdeu agora quer de volta, Dark não é um brinquedinho pra ela. Visitando eles decidi passar na casa da família de John, Dorian seguia-me de perto, ele estava sempre presente e ausente ao mesmo tempo. Agora aqui na frente da porta da casa de John, com o pingüim ao meu lado, ele havia perguntado se era o certo eu fazer isso, e com toda certeza eu disse firmemente.

-        A família de John é a minha família. – disse determinada tocando a campainha.