Depois de despachar à puritana, voltei a procurar os gêmeos e pra meu espanto Dark estava com a vadia da Sarah, beijando ela ao ar livre, caminhei determinada na direção daqueles dois, era só o que me faltava, eu avisei pra ela ficar longe do meu irmão. Cheguei a empurrando longe dele, ela me olhou furiosamente enquanto eu entrava na frente dele impedindo ela de se aproximar.

-       Eu avisei pra ficar LONGE do meu irmão! – disse furiosa.

-       Ele NÃO é seu irmão. – gritou chamando atenção de quem estava perto.

-       É sim você não o conhece, eu vivi a minha vida inteira com o Dark, você ao menos sabe o que ele gosta de comer ou fazer?

-       Ele vai me dizer eu tenho certeza.

-       Você só quer mais um na sua lista sua vadia, mas não vai magoar meu amigo não, EU NÃO VOU DEIXAR. – rugi brava.

-       Sua vaca! – gritou novamente agora se aproximando.

-       Olha quem fala! A puritana da Academia, você já deu mais do que coelho no cio. – ironizei caminhando agora pra ela – Você não merece o amor nem a atenção de Dark. É repugnante!

Ela gritou furiosa correndo na minha direção, eu não esperava o impacto, mas me jogou pra trás me fazendo cair pra fora do cais, na água escura e fria. Eu
sabia nadar, mas o terror daquele dia tinha me feito congelar, sentindo o impacto da minha cabeça na pedra ao fundo, eu estava afundando novamente, e todas aquelas lembranças que tinha tentado esquecer voltaram a minha mente quando a água amarga entrou no meu sistema.

Flashback...

Ian estava sorrindo pra mim, estávamos na Suíça, o frio parecia congelar nossas roupas, eu ria e brincava enquanto ele tirava minhas fotos perto do rio congelado atrás de mim, era um dia tranqüilo, pela primeira vez em meses depois da morte de papai e John, eu me sentia livre, leve... Feliz.

-       Sorria Eva. – gritou ele afastando-se mais com a câmera – Vamos eu estou filmando é melhor do que uma simples foto.

-       A foto fica de lembrança, filme se acaba, a foto é recordação. – gritei de volta me afastando também.

Caminhei mais pra trás com o objetivo dele conseguir pegar mais parte do meu corpo no vídeo, estava quase na beirada, mas eu não tinha noção do quanto, um passo em falso eu escorreguei, cai no mar de gelo...

A água fria extremamente acida ao ponto de queimar minha pele exposta, era um frio extremo que queimava a pele, sufocava o ar, eu não conseguia me mexer, cada peça da minha roupa estava encharcada de gelo, gelo puro, meus movimentos ficavam pesados, puxando pro fundo, não conseguia falar, era uma dor terrível, a pior morte possível, sentir seu corpo morrer aos poucos, o desespero atingir seu celebro, ate o ponto de queimar todas as suas células no corpo imóvel, pesado... Frio.

Eu estava morrendo e o frio e a escuridão começou a tomar conta do meu ser...

Senti alguém me puxando, trazendo meu corpo à superfície, o ar voltou aos meus pulmões, eu tentava respirar, mas a dor na garganta me impedia de fazer isso corretamente, era impossível eu não ter engolido água, agora essa água queimava minha garganta em chamas. Puxaram-me novamente ao cais, onde varias vozes ecoavam em minha mente, podia escutar Dark gritando com alguém bem próximo a mim, enquanto a pessoa que me salvou fazia massagem pulmonar, e respiração boca a boca...

-       Você é louca garota?! – gritava ele.

-       Eu pensei que ela sabia nadar! – dizia Sarah.

-       Ela sabe só que sofreu um acidente uns meses atrás e ficou com trauma de águas profundas. – sussurrou mamãe em algum lugar – Ela caiu em um rio congelado, todo seu corpo afundou na água gelada e agonizante da Suíça. Minha filha quase morreu.

-       Graças a mim ela esta viva. – disse Ian, era ele que me segurava – Eu a salvei novamente.

-       Graças a Deus! Ela esta respirando não é? – perguntou minha mãe
agoniada.

-       Esta, sua respiração esta instável, e batimento acelerado. – respondeu ele tocando meu peito – Tenho certeza que reviveu a agonia daquele rio, ela congelou, literalmente. Agora esta em choque, é melhor levar ela a um medico pra ter certeza, faço questão de acompanhá-la.

-       Certo, é melhor levarmos ela logo. – recomendou Clara agora ouvindo
sua voz – Faço questão de te processar por tentativa de assassinato.

-       Mas eu não fiz por...

-       Agora não adianta mais negar, você fez e terá que pagar pelas conseqüências. – ordenou Dark agora frio – Vou pegar meu carro pra levarmos ela.

-       Vai ser melhor. – escutei ao longe Ian dizer, antes de tudo escurecer...

Ainda podia sentir a queimação em minha garganta, o ar saindo com dificuldade, era como se ainda estivesse na água, meus olhos arderam quando os abri vendo a claridade cegar-me por um curto tempo senti alguém apertar minha mão, enquanto um bip irritante começava a encher meus tímpanos, olhei para a pessoa e retribuindo o olhar minha mãe sorriu preocupada.

-       Sempre me dando dor de cabeça Evangeline. – disse com voz chorosa – Dessa vez não foi melhor, pensei que ia morrer.

-       Estava em choque. – sussurrei tossindo fraca – Não conseguia ter ação... Era como se estivesse naquele... Rio de novo.

-       Eu sei filha, posso imaginar o que você sentiu. – tentou amenizar minhas lembranças.

-       Não pretendo mais pensar nesse assunto – disse olhando o quarto – Hospital?

-       Vai passar a noite aqui por segurança. – comentou Dorian entrando no quarto – O medico recomendou descanso e cuidados.

-       Estou bem, só preciso... Sair daqui. – tentei sentar quando mamãe me segurou – Por favor! Mãe a senhora sabe por que odeio hospitais, me tira daqui.

-       Aquilo aconteceu anos atrás, você precisa superar isso. – confortou carinhosa.

-       A senhora não sabe o quanto aquilo me traumatizou, e ainda dói pensar... Preciso sair daqui, eu não consigo. – implorei quase que choramingando.

-       Vou falar com o medico. – suspirou vencida – Você não vai esquecer, não é?

-       Não dá pra esquecer. – sussurrei abaixando a cabeça.

-       Eva! – disse alguém fazendo-me levantar a cabeça – Ainda bem que acordou, já é a segunda vez que te salvo, baby.

-       Obrigada? – ironizei vendo Ian se aproximar sorrindo.

-       De nada, mas você fica me devendo. – riu sentando ao meu lado – Eu vou cobrar.

-       Você sempre cobra. – sussurrei quando este se aproximou do meu rosto.

-       A princesa precisa descansar. – disse Dorian quebrando o clima, espatifando completamente.

-       Eu. Estou. Bem. – disse pausadamente e raivosamente.

-       É melhor prevenir. – ameaçou sorrindo falso.

-       Vai se fud...

-       Eva! – reclamou minha mãe – Nós vamos conversar com o medico, mas se você não se comportar eu não a tiro daqui.

-       Se a senhora não tirar eu fujo. – ameacei cruzando os braços – Não vai faltar alguém pra me ajudar.

-       Entendi a indireta. – riu Ian pegando minha mão – Mas a “direta já” não vai contar pra mim.

-       Chato. – disse fazendo biquinho brava.

-       Correto.

-       Desde quando?

-       Hoje.

-       Injustiça.

-       Realista.

-       Idiota.

-       Imatura.

Bufei brava virando de lado, ele era um idiota, só que eu adorava esse idiota. Fechei meus olhos tentando parar com a birra, só que senti um toque suave nos meus lábios, um beijo... Ó Deus como eu gostava daquele beijo, minha boca se abriu acolhendo sua língua que brincava com a minha, involuntariamente minhas mãos puxaram seu cabelo trazendo mais proximidade com a minha boca, o clima começou a esquentar, ate a batida na porta estragar o momento. Droga!

-        Que inferno! – sussurrou Ian afastando-se – Entra!

Quando a pessoa entrou meu rosto se fechou, era só o que me faltava, cruzei os braços fechando a cara, Ian apenas olhou feio e se retirou agora isso já era demais, ao menos escutaria tudo que tinha pra dizer, e vai ser MUITA coisa.