Os Campos de Hera escrita por Matheus MB


Capítulo 19
Eu conheço os Gigantes de Gelo


Notas iniciais do capítulo

Ta aí pessoal, mais um capítulo do final de Campos de Hera. Ainda não acabou, mas tá quase acabando. Continuem lendo!



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Não fora difícil chegar na clareira, agora que eu já tinha uma noção de direção. O pavão ainda estava na árvore e algumas penas haviam caído dele para o chão, mas o ambiente tinha um clima de frio. Uma névoa cercava toda a clareira que minutos atrás estava com o sol até a alma. No sonho, Ártemis estava atrás da árvore grande, por isso atravessei-a. Master e Card não ficaram dois passos atrás de mim durante toda a busca. A luz prateada surgiu e lá se encontrava a adolescente. Ela possuía cabelos castanhos que abrigavam uma pena prateada que radiava luz. Suas vestes estavam surradas, um vestido longo tomara-que-caia cor de safira. Suas sandálias eram de couro, mas não perdiam a elegância. Será que Ártemis foi receber algum Oscar¹ para estar tão formal daquele jeito? Não dei chance para esta pergunta me atormentar. Atravessei o escudo prateado que me separava da deusa da caça.
  - N-não... Você não devia ter vindo, Jonhson – girando o corpo para me avaliar melhor, falou Ártemis em uma voz rouca.
 Master e Card ladraram em conjunto, uivando para algo que eu não conseguia enxergar.
  - Mas... Você me chamou no sonho... E eu recebi uma profecia! – gritei, atordoado.
  - Eu não te chamei, jovem. Ele que te chamou. – apontando com o dedo indicador da mão direita, a deusa me mostrou.
 Um homem com longos cabelos negros e olhos vermelho sangue surgiu em meio a névoa que, assim como ele, apareceu de repente. Vestia um sobretudo cinza e coturnos que brilhavam a luz da pena de Ártemis, ali não fazia mais Sol. Segurava uma espada de duas mãos, movimentando-a de um lado para o outro. Seus braços e pernas eram finos, mas pelo jeito que manejava a espada, isso não significava que ele era fraco. Atrás dele, surgiram cinco figuras altas e com feições afiadas. Eram gigantes brancos, com peles de ursos. Seus rostos eram azuis e alguns possuíam chifres, também azuis, em suas cabeças. Outros possuíam armaduras por cima do manto marrom e todos não carregavam como armas nada além de suas mãos. Andavam lentamente, como quem carrega pedras. Quando se aproximaram mais de mim, vi que as partes azuis dos gigantes eram transparentes, como diamantes. Master e Card ficaram em minha frente, rosnando para os novos supostos inimigos.
  - Que bom que veio, jovem imbecil. – cuspiu o homem dos negros cabelos longos. Suas feições também eram afiadas, mas um pouco mais humana, suas bochechas ainda traziam uma cor que não fosse o branco. – Você será mais que útil para nós.
  Os homens azuis grunhiram com raiva para meus cães.
  - É, parece que teremos de dar um jeito nesses cãezinhos. – continuou – Mimir e Ziu, eu confio em vocês. Beli e Runas, no garoto.
  Os gigantes que pareciam ter criado raízes no solo se moveram, dois em minha direção.
  - O quê?! Master, Card, para trás de mim! – gritei, olhando atento enquanto as sombras azuis se moviam rapidamente.
  Os cachorros seguiram minhas ordens e se puseram na minha retaguarda. Os quatro gigantes pararam por um instante e um zuup ressoou no vale. As antigas mãos dele tinham se transformado em lâminas azuis tão afiadas quanto um pingente de gelo. Apontei minha espada para eles, com força.
  - Não se aproximem – falei, tentando manter o tom seguro.
  Pelo jeito havia funcionado, pois um deles, o maior virou para o homem de sobretudo e grunhiu em uma língua diferente algo que eu não entendia.
  - Sim, Runas, pode atacá-lo. – respondeu o homem.
  Agora que os gigantes estavam mais perto, vi que de seus braços azuis não cobertos pela capa, saia uma espécie de fumaça esbranquiçada. O grande, com armadura e elmo, Runas, veio para cima de mim com sua lâmina. Esquivei-me e com um golpe de espada cortei-lhe o braço esquerdo, que caiu com um barulho que qualquer um juraria ter Wendi ouvido. Defendi seu ataque, e Master mordeu sua perna esquerda enquanto Card ficava com a direita.
  - Señur Lóki! Mi exércitu! Vinham! – gritou Runas.
  Outros dois gigantes pareceram acordar e investiram contra Master, que se esquivou dos seus primeiros ataques. Card foi ajudar seu irmão e estava novamente sozinho com Runas. Seu braço decepado virou água nos meus pés e parecia renascer em Runas novamente. Mesmo só com uma mão, ele era rápido e inteligente. Esquivei-me de um ataque lateral e trespassei-lhe a espada. Sangue roxo brotou de seu peito. Por um momento, achei que ele ia cair, mas apenas deu um riso e continuou lutando. Era praticamente invencível. Defendi mais um ataque, mas a estocada seguinte atingiu de raspão meu ombro, onde a Fúria me cortara. A dor lacerante surgiu dele e então um frio não conhecido brotou em meu corpo. O gigante era feito de gelo e meu estudo sobre a mitologia nórdica me recordou grande coisa. Aqueles eram gigantes do gelo. E o homem de longos cabelos era o irmão de Thor, o deus Loki.
  - Master, Card! Procurem Tyson, agora! Digam-lhe que estes gigantes são de gelo!  – gritei.
  Eles me responderam com latidos eletrônicos e saltaram para a floresta. Os gigantes que supostamente eram Mimir e Ziu correram atrás dos cachorros e Beli se juntou a Runas, para me atacar.
  - É... Rafael Jonhson, só resta você. – a voz sombria do filho de Odin ressoou atrás de Beli.
  - Loki, filho de Odin. – sussurrei.
  - Filho de um Gigante de Gelo, para te corrigir. – rugiu. – Prendam-no.
  - Por que você teria que me prender? Sou um reles semideus. Não te sou importante. – falei, ganhando um pouco de confiança. Loki ergueu sua espada e empurrou Runas para uma árvore, depois, decepou Beli.
  - Buho, venha no local de Beli. – gritou Loki para o gigante de gelo que havia ficado para trás.
  O gigante grunhiu na mesma língua que Runas falara há pouco. Buho logo estava ao lado de Loki. Não possuía nenhum manto em seu corpo, por isso, dava para perceber que ele era totalmente de gelo. Ele trazia uma calça de couro muito amarronzada e suja de lama. Não possuía dedos do pé, mas era claro que corria mais rápido que humanos. Era mais baixo que os outros gigantes, mas me assustava tanto quanto eles. Seus olhos eram vermelhos, assim como Loki, e seus cabelos, se posso o chamar disto, era afiado e brilhava quando qualquer luz o atingisse.
  Loki deu uma gargalhada longa.
  - Está tremendo agora, semideus convencido? Você não vai salvar esta deusa grega fraca e inútil. E também não vai salvar seu amigo – gargalhou novamente. Cortou o ar com sua espada e depois apontou-a para a minha garganta – Você não vai salvar ninguém.
  - Señur Lóki, Buho nu intend ô quê dises. Matar, ou prender, señur?
 
- Libertar – gritei, me virei e coloquei Ártemis em meus braços, delicada e rapidamente. Corri para a floresta. O deus nórdico e seus gigantes não se surpreenderam e logo Runas e Buho estariam ao meu alcance.
  - Pare! – avisou-me Ártemis – eles estão querendo que faças isto. Deixe-me no chão. Tome. – e me entregou uma caixa de fósforos. – Às vezes, os humanos e seus objetos nos salvam. Faça uma fogueira ao meu lado e logo após suba na árvore.
  Fiz o que ela disse. Reuni algumas pedras que estavam por perto, galhos e acendi uma pequena fogueira. Subi na árvore silenciosamente, tentando entender o plano da deusa. Logo, o som do farfalhar de folhas surgiu na mata.
  - Deusa imunda. Ondi tá o geroto? – grunhiu Runas, se aproximando de Ártemis.
  - Vi-o indo ao oeste. – fingiu em uma voz fraca.
  Buho vinha atrás de Runas como uma sombra, sem fazer barulhos e foi os olhos dele que encontraram os meus. Deu um soco em Runas e apontou para mim.
  - Minterossa – rosnou o chefe dos gigantes erguendo as lâminas, seu braço esquerdo havia se reconstituído e onde minha espada atravessara-o não havia nenhuma cicatriz.
  - Senhor, não abuse de uma deusa machucada assim – disse Ártemis, e com um sorriso doentio, soprou a fogueira e fogo brotou ao redor da árvore. Runas e Buho se afastaram com surpresa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Mandem reviews, pessoal!
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¹Oscar: Óscar é um prêmio entregue anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, em reconhecimento à excelência de profissionais da indústria cinematográfica, como diretores, atores e roteiristas.



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