Mayumi está deitada na cama enquanto Hugo vai tomar banho. Ela ainda sente dor e se pergunta se também foi assim com Bel e Manu.

Ouve Hugo a chamar, mas ela não vai. Não quer tomar banho com ele.

Ela se cobre com o lençol e se vira na cama. Pouco depois escuta o chuveiro desligar e a porta do Box abrir. Hugo sai em seguida secando o cabelo e já vestido com uma bermuda. Ele vê Mayumi deitada e beija sua orelha, a fazendo se virar para ele. Ela o olha e ele sorrindo diz:

 - É você era virgem mesmo.

Mayumi fica paralisada, mas consegue juntar suas forças e responder a brincadeira de mau gosto.

 - Achou que eu menti pra você Hugo? Não tinha o porquê fazer isso. – diz se levantando e procurando suas roupas pelo chão.

 - Calma Mayzinha, foi só brincadeira.

 - De muito mau gosto, diga-se de passagem, você me ofendeu.

 - Desculpa, falei sem pensar.

 - Posso tomar um banho? – pergunta ela segurando suas roupas.

 - Te chamei pra você ir comigo e você não quis.

 - Prefiro tomar banho sozinha, me sinto mais a vontade.

 - Ta, você que sabe. Lá dentro tem um armário com toalhas, pode pegar uma lá.

Mayumi vai até o banheiro e tranca a porta. Não quer correr o risco de Hugo entrar lá.

Ela abre o Box e entra. Liga o chuveiro com a água bem quente, a deixando cair em suas costas.

Seu corpo está dolorido por inteiro, mas o que mais a incomoda foi a brincadeira sem graça de Hugo.

Ela pega uma toalha e se seca. Olha no espelho e vê que sua maquiagem borrou toda. Para não manchar a toalha pega um pedaço de papel higiênico e limpa os olhos.

Quando abre a lixeira para jogar o papel fora, encontra a camisinha que Hugo usou. Ela está toda suja de sangue e jogada de qualquer jeito dentro do lixo.

Apesar de ter acabado de tomar banho, Mayumi se sente suja com aquilo. Joga o papel com o qual limpou a maquiagem por cima para tentar esconder. Não quer que os pais de Hugo vejam aquilo quando voltarem.

Ela então volta ao quarto e encontra Hugo jogando um jogo qualquer no computador. Ela senta na cama e calça as sandálias. Só aí nota a mancha no lençol. Era bem grandinha para passar despercebida. Hugo parece nem ter notado.

Mesmo sem graça, Mayumi resolve falar.

 - Hugo, o lençol manchou.

Ele sem tirar os olhos do jogo apenas responde.

 - Depois a empregada lava, não esquenta.

 - Mas e se ela perguntar que mancha é essa?

 - Ela não vai perguntar nada, não é da conta dela. – diz ainda jogando.

Mayumi se sente mal. Não quer mais ficar ali.

 - Hugo, eu quero ir embora.

 - Só um minuto, to acabando aqui e já te levo.

Hugo ficou no bendito jogo por cerca de quarenta minutos e Mayumi acabou pegando no sono. Ela só acorda com seu celular tocando. Era sua mãe preocupada com o horário.

 - Hugo, preciso ir, é sério. Vou trabalhar amanhã.

Ele olha no relógio do computador e desliga o jogo.

 - Ta bom, vamos.

Ele a leva em casa, mas mal conversam no caminho. Assim que chega ao portão da casa de Mayumi ele tenta beija-la, mas ela corta, dando apenas um selinho.

 - Foi muito bom Mayzinha, gostei muito.

Mayumi não diz nada, apenas dá uma risadinha, lhe dá mais um selinho e entra em casa, indo direto para o quarto.

Lá ela se joga na cama e chora até pegar no sono.

No dia seguinte levanta cedo e vai trabalhar, chega até antes da hora. Aproveita pra colocar alguns documentos em ordem.

Se lembra que ficou de contar para as amigas quando tivesse sua primeira vez, assim como elas também fizeram. Apesar de ter prometido não queria dizer. Tinha vergonha.

Durante seu pensamento, seu celular toca. Era Manu.

 - Oi May, to atrapalhando?

 - Não Manu, pode falar. O que foi?

 - Eu que pergunto. Sonhei com você hoje e você estava triste. Pelo o que posso perceber na sua voz não estou tão errada. O que aconteceu?

 - Você me conhece tão bem que até me assusta Manu.

 - Aconteceu alguma coisa mesmo né? Sabia! O que foi amiga?

 - Eu sou uma idiota Manu, uma idiota.

 - Não fala assim May, você não é idiota. O que aconteceu? Tem a ver com o Hugo?

 - Tem. A gente transou ontem.

 - Mas pelo visto não foi nada bom né?

 - Foi horrível Manu.

 - Bom isso não é coisa pra se falar pelo telefone... Posso passar na sua casa hoje com e Bel? Ou você prefere que eu vá sozinha?

 - Não, não seria justo com ela. E prometi que contaria pra vocês duas quando acontecesse. Só não fala pra ela que eu já te disse que rolou, sabe como a Bel é ciumenta.

 - Pode deixar, não vou dizer nada. Beijo amiga, até mais tarde.

O dia passa rapidamente e Mayumi consegue se distrair com o trabalho. Pouco antes de sair Hugo liga pra ela. Estava com uma voz fria.

 - Oi Mayzinha, tudo bem?

 - To com um pouco de dor de cabeça, mas to bem. Porque só me ligou agora?

 - Tive que resolver uns pepinos pro meu chefe, só cheguei agora, nem almocei.

 - Come alguma coisa, pode passar mal.

 - Vou fazer um lanche agora. A gente pode se ver só no sábado? Como hoje fiquei o dia todo fora pro meu chefe acabei atrasando meu serviço.

 - Pode sim, sem problema. – diz Mayumi com um misto de alivio e decepção.

A noite quando chega em casa toma um banho, come alguma coisa e espera pelas amigas. Poderiam conversar com mais privacidade, pois seus pais não estariam em casa. Não demora muito até Manu e Bel chegarem.

 - Bom, imagino o que seja que você queira falar, mas sua carinha está tão triste. – diz Bel. – O que houve May?

 - O Hugo e eu transamos ontem Bel, mas preferia que não tivesse rolado nada.

 - Nossa May. O que aconteceu pra você falar desse jeito? – pergunta ela.

 - Foi horrível gente, horrível. Me senti um lixo, usada , suja. Isso porque eu havia dito que era virgem. – diz com os olhos marejados.

 - Calma May, conta com calma. – diz Manu.

Mayumi conta tudo o que aconteceu para as amigas. Elas nem sabem o que dizer para tentar fazer a amiga se sentir melhor.

 - Que filho da puta, sacana! Isso é coisa que se diga? – diz Bel sobre o comentário de mal gosto de Hugo.

 - Realmente, o que deu nesse cara? Pensou que você era o que? – diz Manu.

 - Estou com vergonha de mim meninas, me sinto usada.

 - Nada de ficar assim Mayumi, você não fez nada, esse Hugo que se mostrou um trouxa completo. – diz Manu.

 - Isso mesmo, concordo com a Manu. Quem tem que se sentir mal é ele, ridículo. – diz Bel nervosa.

 - Ele falou com você hoje? – pergunta Manu.

 - Só me ligou perguntando se só podia me ver sábado. No fundo eu até gostei, porque não quero olhar pra cara dele depois de ontem.

 - Não é pra menos. – diz Bel. – Mas não fica mal amiga, afinal você não fez nada.

 - Você tem planos pra sábado May? – diz Manu.

 - Ele disse que o André quer que ele veja a banda de um amigo dele.

 - Isso mesmo. Você vai? – pergunta Manu

 - Não sei mais viu...

 - Ah May, vai sim, vamos estar lá. – diz Bel.

 - Vou fazer o possível ta bom?

 - Mas faz mesmo! Agora temos que ir. Qualquer coisa me liga. – diz Manu.

 - Pra mi também. – diz Bel

As amigas se despedem e vão embora. Mayumi ouve um pouco de música para se distrair. Provavelmente saia sábado, afinal suas amigas estarão lá e é mais uma oportunidade de ela esquecer o que aconteceu entre ela e Hugo.