Depois da conversa com as amigas Mayumi fica pensativa quanto às reações que tem quando está perto de Vagner. Ela se sente protegida, feliz, gosta das conversas que têm juntos. Mas ainda tem medo de passar seus limites.

Mayumi não é tão bobinha e já notou que Vagner quer se relacionar com ela além de beijos e abraços, mas apesar disso não a força, mas sempre dá um jeito de deixar claro que se acontecesse algo a mais ele se agradaria muito.

 - Como disse a Manu, vou deixar rolar. Vou ficar na minha como estou até agora, é o melhor que faço. – diz Mayumi enquanto guarda as compras que seus pais trouxeram.

 - Disse alguma coisa filha? – pergunta sua mãe.

 - Nada não mãe, só pensei alto. – diz ainda guardando as coisas.

 - Tudo bem então. Não vai namorar hoje?

 - Como mãe?

 - Namorar Mayumi. Você não vai sair com o Vagner hoje?

 - Bom, ainda não decidimos nada, mas mãe, não estamos namorando, estamos ficando, já te falei sobre isso.

 - Já, mas pra mim vocês não estão ficando não, parece mais sério que isso. Mas como no meu tempo não tinha essas coisas, melhor eu não falar mais nada. – diz a mãe de Mayumi rindo quando o telefone toca.

 - Deve ser o Vagner, vai lá. – diz sua mãe.

Mayumi ri, mas vai rapidamente atender ao telefone. Sua mãe estava certa, era Vagner a chamando pra sair no dia seguinte.

 - Mas você acha que vai dar tempo? Tenho que trabalhar amanhã.

 - Dá sim japinha. Você me liga quando sair do serviço e vou te buscar. E amanhã é sexta, sábado não vamos trabalhar e a banda só vai tocar a noite. Tempo não vai ser problema. E aí, beleza pra você então?

 - Vendo por esse lado... Ta certo, você me convenceu. Quando sair amanhã te dou um toque, mas tenho que passar em casa antes pra trocar de roupa.

 - Sem problema.

 - Então está marcado, nos vemos amanhã. Beijos. – diz Mayumi desligando com um sorriso no rosto.

Sua mãe passa pela sala e olha a expressão de felicidade da filha.

 - Fala com ele e desliga o telefone com esse sorriso. Mas estão só ficando! Tudo bem – diz sorrindo e deixando Mayumi ainda sorrindo e perdida em seus pensamentos.

Aquela noite Mayumi antes de dormir ficou pensando em seu encontro com Vagner. Ela já havia tomado uma decisão, mas também dependeria dele.

Se o clima esquentasse mais uma vez entre eles, ela iria ceder. Mas deixaria que ele tomasse a iniciativa.

No dia seguinte ela acorda e se veste com sua roupa de trabalho habitual, mas já deixa uma separada para mais tarde.

Vai trabalhar normalmente. O dia está tranqüilo e ela aproveita para ligar para Manuela no seu horário de almoço.

 - Oi Manu, tudo bem?

 - Tudo, mas acho que com você deve estar mais. Que voz empolgada é essa?

 - Depois do serviço vou sair com o Vagner. Vamos a um barzinho novo que a banda vai tocar amanhã.

 - Ah, acho que sei onde é. Mas se a banda vai tocar lá amanhã, porque ele vai te levar lá hoje? Opa acho que entendi o porquê de tanta empolgação. É o que estou pensando?

 - Não, mas pode vir a ser. – diz Mayumi empolgada.

 - Como assim amiga, explica isso. – diz Manu tão empolgada quanto Mayumi.

 - Vou deixar rolar como você falou Manu, mas se o clima esquentar, não vou me travar. Se ele quiser seguir a diante não vou impedir.

 - Nossa, está decidida mesmo hein!

 - Estou Manu. Não tenho nada a perder mesmo não é? – diz rindo.

 - Não amiga. Agora tenho que desligar, mas depois qualquer coisa que role não esquece de falar hein!

Mayumi e Manu terminam a conversa e ela está ansiosa para que aquele dia termine rápido. Olha para o relógio diversas vezes, até que finalmente, faltando dez minutos para terminar seu expediente, liga para Vagner, que diz que vai a encontrar na saída do trabalho.

Assim que sai ele já está esperando por ela. Ela vai animada em sua direção e o beija.

 - Vamos? – diz ele.

 - Preciso passar em casa pra tomar um banho e trocar de roupa lembra?

 - Ah é né? Beleza. Depois eu passo na minha e toma uma ducha rápida também.

Eles então vão para a casa de Mayumi, que toma um banho rápido e veste a roupa que havia separado. Uma calça jeans, uma blusa preta de zíper e uma sapatilha. Uma roupa básica, mas muito atraente nela.

 - Pronto, podemos ir. – diz Mayumi.

 - Uau!  - diz olhando Mayumi se cima a baixo.

 - Não me olha assim, fico com vergonha.

 - Vergonha? O que é bonito é pra se ver. – diz a abraçando e beijando. – Agora que tenho mesmo que passar em casa e me arrumar quero ficar a sua altura. – diz rindo.

Eles então vão para a casa de Vagner que também toma um banho e troca de roupa. Está com uma calça jeans escura, uma camisa pólo e um tênis.

 - E aí, gostou? – diz ficando de frente para Mayumi.

 - Agora eu que digo “uau”. – brinca com ele.

 - Vamos então. – diz pegando sua mão e indo na direção do carro.

Ao chegarem ao barzinho Mayumi observa tudo, parece encantada com o lugar.

 - Poxa, muito legal aqui. Vou querer vir mais vezes. – diz ela.

 - Com certeza, amanhã mesmo você vai ter que vir, vamos tocar esqueceu?

 - Claro que não, mas quero vir além de ser nas apresentações de vocês.

 - Claro, pode deixar.

Eles escolhem uma mesa e sentam. O lugar não está muito cheio, afinal inaugurou a pouco tempo.

 - Vai querer seu suco de sempre? – pergunta Vagner já chamando o garçom.

 - Hoje não, quero inovar.

 - Certo. – diz ele enquanto o garçom se aproxima – Uma cerveja pra mim e a mocinha aí vai escolher o suco dela. Já decidiu japinha?

 - Já. Quero uma vodka com energético.

Vagner olha para Mayumi confuso e surpreso. O garçom confirma os pedidos e sai.

 - Tem certeza que você quer isso?

 - Tenho, porque o espanto?

 - Bom, nunca te vi bebendo, só fica no suco de laranja.

 - E vou continuar só mudei um pouco oras. – diz rindo.

 - Ta bom, só quero ver se você vai agüentar.

Assim que as bebidas chegam, Vagner apenas observa Mayumi. No primeiro gole ela faz uma leve careta, mas logo depois parece se acostumar.

 - Gostou?

 - Nossa muito bom isso aqui! Nem é tão forte como pensei!

Vagner sorri.

Eles ficam falando de como foi o dia deles. Sempre têm assunto, não importa qual seja. Depois de um bom tempo conversando e rindo, Vagner pergunta se Mayumi quer ir embora, afinal está ficando tarde.

 - Já quer se livrar de mim? – diz Mayumi fazendo bico.

 - De jeito nenhum, mas você nunca gosta de ficar muito tempo na rua por causa dos seus pais e tal.

 - Antes de sair eu falei que poderia voltar tarde, está tudo bem.

 - Opa, se é assim! Quer ficar mais um pouco ou quer fazer outra coisa?

 - Na verdade não sei. Vou deixar por sua conta.

 - Por minha conta? Tem certeza japinha? – diz com um sorriso um tanto malicioso.

 - Tenho. Você não me faria mal faria?

 - Claro que não.

 - Então pronto. A continuidade da noite é por sua conta.

Vagner sorri enquanto beija e abraça Mayumi.

 - Conheço um lugar que podemos ir...

 - Então vamos. – diz Mayumi sorrindo.

Eles saem do barzinho e seguem por um caminho não muito longe dali. Alguns instantes depois, parados em um farol, Vagner aponta um local para Mayumi. Tinha uma fachada bonita, porém discreta, apesar das luzes florescentes que piscavam lá.

 - Esse é o lugar que falei. Você sabe o que é lá né?

 - Não sou nenhuma tonta ta Vagner! Claro que sei o que é e o que se faz lá!

O farol está prestes a abrir e Vagner pergunta sério para Mayumi antes de dar a partida.

 - Quer ir?

Ela olha fixamente em seus olhos no mesmo instante que o farol abre.

 - Quero.