Only You escrita por Lúcia Hill


Capítulo 11
Capitulo - Visitante Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Mas quem poderia ser aquela hora da noite?



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Assim que terminou de colocar seu vestido, Luiza caminhou a passos lentos na direção da escadaria central do casarão. Sentiu um aperto lhe perturbar o peito, o que a princípio lhe pareceu bem estranho, nunca teve medo ou temor de uma simples visita.

Ao passar pelo corredor, Javier saiu na sua direção, seguindo a distância. A velha criada permanecia parada no topo, aguardando sua senhora com uma expressão de espanto no rosto.

— Mas que diabo está acontecendo? — questionou Javier, notando a expressão de espanto de Cole.

Luiza se voltou para encará-lo, mas, afinal, por que ele estava ali, já que a visita era para ela? Ignorou e continuou descendo as escadas, com ar de superior. Havia um rapaz sentado de costas para ela e lá estava à loira aguada da Carmem, encarando-a com um sorriso irônico.

— O que faz aqui, há essa hora? Estou tendo a impressão que sua família gosta de atormentar. — balbuciou furiosa.

— Oras! Não seja desagradável, vim apenas na companhia de Raul. — grunhiu.

Luiza levantou ambas as mãos, levando-as ao peito. Sua expressão se modificou de fúria para espanto. Raul estava vivo e ali, sentado no sofá da imensa sala.

— R-Raul? — gaguejou trêmula.

Javier e Cole assistiam a cena, inertes, perto da escadaria. Não fazia sentido, ou melhor, nada estava fazendo sentido. O rapaz se levantou e se virou para Luiza, que ainda estava imóvel, com a mão cobrindo a boca e os olhos arregalados. Todos notaram a imensa cicatriz no rosto do jovem.

— Por incrível que pareça, eu sobrevivi. — balbuciou cabisbaixo.

— M-Mas quem te fez isso? Vamos, me diga. — a princípio, gaguejou, mas ao se recompor, ordenou que lhe contasse o autor daquela barbárie.

Um silêncio esmagador predominou. Carmem ainda continha um sorriso plastificado no rosto, o que deixara todos ainda mais confusos. Poderia ser mentira ou aquele rapaz era realmente Raul Cortez?

Luiza não podia negar que ele tinha o porte de seu primo, altura e até a cor dos cabelos e os olhos verdes cintilantes, mas aquela marca praticamente atravessava o rosto do pobre, deixando a sua fisionomia um pouco confusa.

— Seu pai. — por fim, disse.

Javier mostrou um largo sorriso de deboche ao ouvir quem mandara fazer aquela maldade. Sabia que seu patrão nunca faria mal a uma mosca, quem dirá a um de seu sangue.

Carmem logo tomou a frente e com uma risada sarcástica quebrou o clima tenso.

— Ele nunca faria isso com você. Não diga mentiras descaradas e falsas. — protestou Javier.

Luiza continuou calada, observando-o, perplexa.

— Conheço bem você, Javier. É claro que ele faria, por anos me enganou. — rebateu.

Javier se aproximou, bufando e com os punhos fechados. Nunca iria aceitar uma difamação daquela, principalmente se o assunto fosse Coronel Ernesto Cortez.

— Afinal, que tipo de brincadeira sem graça estão fazendo? — questionou Javier, encarando o rapaz e Carmem.

Antes que um dos dois pudesse responder, a voz de Luiza os interrompeu de forma brusca, tinha que por a prova que ele era mesmo o verdadeiro Raul.

— Diga-me, qual é a minha música favorita? — perguntou, encarando-o.

O rapaz se aproximou de Luiza e, com um rápido sorriso, disse.

— Amarillo de Alan Jackson. — responde feliz.

Luiza não se conteve e pulou nos braços do rapaz que estava a sua frente, por fim, se derramou em lágrimas. Ele sabia qual era sua música favorita e ninguém mais.

Javier permaneceu confuso; como apenas uma música poderia dizer que ele era o verdadeiro Raul? Algo estava cheirando muito mal e tinha a certeza que era uma armadilha, para derrubar Luiza.

— Meu Deus! Como pode estar vivo? — questionou Luiza, chorosa e agarrada ao pescoço do jovem.

— Por você, eu consegui sair daquela maldita vala, que me jogaram. — murmurou nos ouvidos da jovem, enquanto encarava Javier, de forma nada amigável.

Javier se retirou do local, furioso e resmungando. Cole cobriu a boca, com os olhos rasos de água. Era uma boa notícia, há meses. A única que permaneceu com uma expressão fria, encarando a cena, fora Carmem.

Luiza desgrudou do pescoço de Raul e segurou na mão dele. Seus olhos estavam brilhantes, apertava as mãos do rapaz como se fosse impossível e, a qualquer momento, fosse acorda daquele sono.

— Tem muita coisa para me contar. — disse a jovem.

Raul mostrou um largo sorriso, mas se voltou para encarar Carmem, que presenciava a patética cena, calada.

— Tenho que levá-la para casa, mas prometo que retornarei e lhe contarei tudo. — disse, beijando-lhe a face carinhosamente.

Carmem arremedou, fazendo pouco caso da felicidade estampada no rosto da jovem Luiza. Estalou os dedos, impaciente, com a demora do rapaz.

— Vai! Irei te esperar. — disse.

Ele caminhou na direção da porta. Assim que ambos saíram da sala, Luiza desabou no sofá, não acreditara que aquilo poderia ser realidade, estava risonha e cheia de felicidade.

Javier observava a cena, parado no topo da escada.

— Não acredito que você caiu nesse velho truque? — questionou-a, furioso.

Luiza se levantou e o encarou perplexa.

— Não é truque, ele realmente é Raul, sei que é. — disse.

— Não tenha tanta certeza. — respondeu Javier seco e desaprovador.

A jovem fez pouco caso da opinião do peão e voltou a encostar sua cabeça no braço do sofá, fechou ambos os olhos e sorriu como se estivesse prestes a acordar daquele sonho maravilhoso.

Carmem e Raul entraram na caminhonete preta e seguiram na direção da fazenda River Blue. A jovem caiu na gargalhada, quebrando o rápido silêncio, enquanto o jovem coçava aquela imensa cicatriz no rosto.

— Não vejo graça, sua gralha desafinada. — resmungou, com os olhos fixos na escuridão.

Carmem engoliu a risada e permaneceu calada, dentro do veículo. A escuridão tomava toda a dimensão da pequena estrada de terra batida e o percurso seria longo e bem cansativo.

Poderia Javier estar certo em duvidar do rapaz? De uma coisa tinha certeza e não arredaria o pé, Coronel Ernesto jamais faria aquela maldade com o rapaz. Quaisquer sejam os motivos, nunca duvidou da bondade do coração do velho Cortez.

Ou estaria errado a esse respeito, que tanto prezara pelo velho Ernesto Cortez? Ficaria a responsabilidade da jovem Luiza, acreditar na verdade, se é que ela existe.


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Notas finais do capítulo

Boa Leitura!