A Sociedade Perfeita escrita por fhyuvdkmchjk


Capítulo 12
O Mal que se esconde nas sombras


Notas iniciais do capítulo

Tanto tempo... peco deslculpas por ficar tao afastada, as coisas andam complicadas e acabei desistindo. O que salvou essa fic foi a recomendacao da Amoree.
Desculpem a falta de acento, teclado alemao e foda



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A jovem adentrou a tenda escura, deparando-se com um jovem pálido e de aparência fraca. A culpa logo invadiu seu organismo, fazendo sua respiracao falhar ao pensamento de que se nao fosse por ela, o rapaz nao estaria ali, enfiado entre os escombros de uma guerra, sim, aquilo era uma guerra, e uma guerra das mais violentas.

O rapaz olhou pra ela e seus olhos tomaram uma luminosidade flácida e quase inesistente, mas que lhe tirava o fôlego ao saber que o mesmo estava bem. Sorriu abobalhada, olhando-o nos olhos.

- Me desculpe - foi tudo o que ela pôde dizer

O rapaz tornou a encarar-lhe, mas seus olhos eram estampados com a mais pura ternura. "Pura", Lorena pensou, rindo em sarcásmo logo em seguida. "Vale mesmo a pena arriscar tudo por isso?"

- Nao precisa pedir desculpas - o rapaz disse por fim, e Lorena chegou a assustar-se com tamanha fraqueza em sua linda voz. O que estava aontecendo com ela? Havia algo muito errado, ela sabia, afastando os pensamentos de uma resposta óbvia.

A menina se sentou em ma cadeira próxima a maca onde ele estava, a cabeca baixa e as roupas de guerra ainda manchadas com o sangue da décima bala. Ele lhe olhou novamente e sorriu o seu lindo sorriso, mas seus olhos nao sorriam juntamente com ele. Lorena sentiu uma pontada aguda em seu peito.

- Preciso sim - ela respondeu, triste - Você nao devia estar aqui.

O garoto sorriu de novo.

 - Antes eu do que você. Pelo menos por mim.

Lorena franziu o cenho.

- O que quer dizer com isso? - perguntou a mesma, desconfiada.

O rapaz baixou a cabeca, usando de seus cabelos negros que agora eram quase longos em uma tentativa falha de esconder o rosto. Mas Lorena sabia o que acontecia. Aquilo definitivmente nao era normal, ela também sabia. Charlie nunca deixaria que lágrimas corressem daquele modo na frente de alguém, por mais reprimido que o sentimento estivesse em seu peito. Lorena pegou sua mao, apertando-a logo em seguida e lhe olhando com carinho.

- Se está tudo bem, entao por quê choras, Lie? - ela perguntou, curiosa, mas sorrindo, incentivando-o a abrir-se com ela.

Ele levantou o rosto já inchado, os olhos tristonhos lhe encarando.

- Porque eu nao posso fazer isso. Nem que eu queira.

 -Fazer isso o quê? -ela continuou, sua expressao agora um tanto confusa.

 - Eu nao posso morrer. Nao posso... - ele disse, as lágrimas correndo rápidas em sua face - mas eu queria.

Lorena sobresaltou-se.

- Nao diga isso!  - ela o reprovou, lágrimas agora escorriam pelo seu próprio rosto. E se ele havia feito aquio por querer? Ele queria que isso acóntecesse, queria ser atingido?! Suicídio? Era isso que ela havia acabado de ouvir?

O rapaz novamente leu seus pensamentos.

- Sim, Lorena. Eu queria poder descansar, queria que isso acabasse por aqui. Mas eu nao pulei na frente de um cara armado pra isso. Eu pulei por que você é minha melhor amiga, e eu te amo.

A palavra correu seu corpo, em uma calafrio. Ele havia dito que lhe amava. Lorena nao entendia por que essas palavras soavam tao especiais dentro de si mesma, o que ela estava fazendo? Sempre vira Charlie como um amigo, por que se sentia tao confusa em relacao a ele? Era algo que se alternava, confundia seus sentimentos. Melhor amigo, ela pensava com ternura, mas seu coracao insistia em gritar que nao era o suficiente, mesmo sem entender o porquê

- Lie, você sabe... nao quero que você vá. Nunca, jamais desejarei isso. Mas...você diz que algo lhe impede...lhe impede de se matar. -a pergunta desconfortavel ecoou pela tenda, A voz da menina embargada com um outro sentimento que surgia em sua alma. O rapaz nunca fora depressivo. Por que entao agora tomava este rumo?

O rapaz riu em falso, mas até mesmo este resquício de felicidade se apagou de sua face, dando lugar a uma expressao tristonha.

- Eu nao posso privar a vida de ninguém Lorena. Eu penso em você, penso em Clarisse, penso em Theo. E eu penso...eu penso na minha...na minha filha. - pronunciou a ultima palavra devagar.

Lorena engasgou com o ar que se acumulava em sua garganta. Olhou-lhe encabulada, pois por mais estranho que parecesse, ela o entendia, de certa forma. Sentiu-se fútil, ridicula, ao perceber que o rapaz devia guardar o sofrimento por todos aqueles meses que se arrastavam, lerdos cómo nunca haviam sido vistos. Entendia agora porque ele sentia medo de morrer. Nao prezava a própria vida, afinal, na verdade nao se importava nem um pouco com a própria sobrevivência. Nao, nao era por isso que ele sempre mencionava o quao idiota se sentia por ser tao descuidado a ponto de levar suas nove, agora dez balas que lhe sugavam a vida aos poucos. Nao era só por Theodore, nao era só para vinga-lo, náo era péla própria vida, nem para prezar seu orgulho. Era por uma crianca. Era por seu filho. Amaldicoou-o novamente por se importar tanto com os outros por ser tao cavalheiro. Havia se isolado tanto de si mesmo que se tornara quase indiferente ao que ele mesmo sentia. Mas Lorena, ao mesmo tempo que sentia um desejo imenso de protejer o amigo do qual ela cultivava tanto afeto de sua parte, sentiu-se traída. Ele nunca lhe contara sobre a crianca, mas por que? sempre confiara nele, mas nunca imaginara que o olharia daquele modo agora, com uma paixao platônica que se misturava em raiva, pena, protecao e em uma eterna dor de quem havia sentido na pele o que era a falta de confianca.

- A quanto tempo você descobriu? - ela disse, a voz em um tom magoado, exibindo o torpor que sentia em relacao a recente atitude suicída do rapaz.

- Cinco meses - ele respondeu seco, mas o tom de tristeza em sua voz ainda existia, resgando o coracao da moca em pedacos.

Um silêncio se ergueu por alguns poucos minutos, constrangendo-os. Fora, porém, logo interrompido pelo ruido que emancipava do choro do outro, tirando Lorena de seus devaneios, e destruindo, novamente, todo o conceito de felicidade que vinha, tanto dela mesma, quanto do amigo.

-Desculpa - o outro pediu,  a voz embargada - eu sabia que devia ter lhe contado logo de cara, mas me sentia tao covarde... tenho medo. Medo de ir embora e deixar essa crianca sozinha, medo de me tornar um péssimo pai. Mas eu nao queria, nao queria mais ficar aqui...eu nao... eu nao aguento mais. - ele disse, e sua voz finalmente fahou por completo, ao mesmo tempo que todos os pensamentos saos que a moca preservava se esvaíram. Ele sempre havia sido tao forte, e no conceito de Lorena isso significava nunca se magoar. Mas agora era via que ninguém fraco poderia se esconder atrás  do medo por tanto tempo quanto ele havia feito. Sim, ele era forte, a pessoa mais forte que ela havia visto. Mas nao por agir de forma séria nas situacoes dificeis, mas por que escondeu tódo o seu sofrimento por um tempo do qual Lorena nao saberia calcular.

Pousou ao seu lado na maca, as maos percorrendo seus cabelos negros  macios, acalmando-o. Uma pergunta a mais, porém, assombrava a mente de Lorena, toda vez que um sorriso maldoso surgia em sua mente. Uma crianca, Lorena lembrou, a repulsa do sonho que teve surgindo entre seus pensamentos, e a pobre e inocente crianca que fora morta parecia gritar em dor em seu subconsciente, como gritava de dor a versao infantil de seu tao amado amigo, implorando para que ela a salvasse. Uma ligacao, ela sabia desde o comeco. Uma ligacao forte, muito forte, e Lorena parou para pensar e perceber o quanto Charlie amava a filha que estava por nascer, tanto que subestimava os pensamentos tolos de sua mente, lhes jogando para fora em favor da filha. Ela sabia que a resposta estava no rapaz encolhido em seu colo, sabia, tinha certeza absoluta da hipótese que formava em sua mente, mesmo que ainda nao fosse a hora certa para perguntar-lhe sobre o assunto.

Charlie sabia quem era a dona do sorriso tao maldoso que assombrava o seu sono, lhe avisando sobre o presentimento ruim que lhe inundava a cada manha que acordava ofegante de seus pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora, a falta de tils e de cê cedilha. Mas falo sério, isso nao existe em teclado alemao
brigada de novo a amoree por me deixara a indicacao.

Abrindo minha cara de pau aqui:

Revieews?



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