Lótus Negra escrita por Remmirath


Capítulo 34
Capítulo XXXIII – Lembrança




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 – O que foi isso? – perguntou Serenhiel, levantando–se de um pulo.

— Tsk, não é nada. Deve ser mais uma das experiências do idiota do Komui – comentou Kanda. Como uma flecha, um pontinho caramelo veio zunindo e bicou com força a mão dele, obrigando a soltar a dela. Na verdade, os dois nem tinham se dado conta que estavam de mãos dadas ainda.– Seu maldito!

— Steamcanpy! Eu já falei para não sair bicando os outros! – repreendeu a elfa, o golem tremia pousado em seu ombro, mas lançava um olhar assassino pelos seus olhinhos pretos fixos no samurai.

— Eu falei que esse bicho não presta – rosnou, apertando a própria mão, que estava com a marca de muitos dentinhos afiados. – Desde quando corujas tem dentes?

— Vindo daquele cara, eu espero tudo – resmungou Serenhiel, lançando um olhar ácido para a corujinha, que saiu voando emburrada para a floresta. – Deixa eu ver se ele injetou veneno também.

Veneno? – repetiu ele, descrente. E estendeu a mão ferida para ela, perguntando, sombrio. – Então, é grave?

— Muito, seu braço vai cair em três segundos – falou, sarcástica ao soltar a mão dele, e ele fechou a cara.

— Tsk – fez Kanda por hábito, andando a passos apressados para dentro do castelo.

— Eu estava brincando, seu chato – resmungou Seren, o alcançando. – Mas você ainda vai precisar desinfetar isso ai. Quer ajuda ou não?

Você, cuidando de meus ferimentos? – Kanda olhou–a de lado.

— Se quiser que eu chame a Enfermeira, tudo bem – disse ela, dando de ombros.

— Não! – negou, meio desesperado. – Aquela mulher não.

— É, eu entendo – Serenhiel sentiu um arrepio na espinha. E olhou para os lados antes de comentar. – Aquela mulher é o diabo.

Logo já estava terminando o curativo de Kanda.

— Prontinho – disse, sorrindo. 

E ele lançou um olhar desconfiado para a mão enfaixada.

— Só isso?– perguntou, com ar de insatisfação.

— Que foi? Estava esperando outro abraço meu? – perguntou ela, de braços cruzados e uma sobrancelha levantada.

— Tsk, não seja idiota. Quem é que ia querer um abraço seu?

— Sua sensibilidade me comove – falou azeda, se levantando da cama dele segurando o kit de primeiros socorros. – Não preciso responder a sua pergunta, você sabe muito bem a resposta.

E saiu, batendo a porta.

Idiota – xingou ele para si mesmo, batendo na própria testa.

Maldito mau humor, se Lavi estivesse ali chamaria ele de tapado, na certa. Mas era culpa dela estar perto! Ela que fazia ele ficar mais raivoso ainda do que já era! A presença dela era pior do que a do pirralho, pior até mesmo do que de....Alma. E sentiu um estalo em sua cabeça, olhando arregalado para a ampulheta e lembrando da conversa pela manhã. O que ela falara mesmo?

Isso se parece muito com aquilo nos meus sonhos... Aquilo, era só uma coincidência, não era? Mais uma entre tantas outras... Era por causa delas que ele ficava tão estranho quando estava com ela, sim, só podia ser. Seu passado se repetia novamente, mas era culpa dele por não conseguir esquecer Aquela Pessoa. E os pensamentos continuaram borbulhando em sua mente, até a porta se abrir bruscamente.

— Eu esqueci – explicou–se Serenhiel com olhar vazio, apontando para seu corselet que continuava no chão, desde manhã.

— Sobre o que são seus sonhos? – perguntou Kanda, em uma voz distante, virando a face cheia de interrogações para ela.

— Estava torcendo para você esquecer isso – resmungou ela, fechando a porta e passando por cima da peça de roupa, ainda jogada no chão. Sentou do lado dele, de braços cruzados. – Desde que chegamos nesse mundo, eles começaram...

— Poderia ter algo a ver com a memória de alguém daqui? – perguntou ele sombrio, olhando para o chão.

— Isso é coincidência demais, não acha? – falou ela para si. E suspirou cansada, não aguentava mais aquela situação. – Olha, você vai me achar louca depois que eu lhe contar. Ignore tudo que aconteceu hoje, e concentre–se na minha voz. Não quero que você me entenda errado

— Depois eu que sou o dramático – comentou ele fitando–a, a voz sarcástica.

— É sério, concentre–se! – mandou ela, segurando o rosto dele com as duas mãos para fazer ele ver que a situação era extremamente ruim. Soltou-o, antes que falasse alguma coisa estranha, e olhou para os próprios joelhos, enquanto contava sobre seu sonho, no castelo, com seres deformados surgindo de poças de lama borbulhante. E do abraço frio da morte antes de ser puxada pela massa negra. – ...mas hoje de manhã, o sonho mudou antes de eu acordar...e encontrar o Cross no meu quarto.

— O que mudou? – perguntou o samurai, sombrio, olhando para o rosto dela, que não ousava lhe fitar.

— Foi...real demais... como uma lembrança... – começou Serenhiel, sentindo sua face queimar. Respirou fundo, e falou tão rápido que quase perdeu o fôlego. – O abraço frio mudou para quente, e o cenário mudou, parecia ser um deserto e em volta tinham pilares xadrez em ruínas. Meu corpo estava dormente e eu não conseguia me mexer, meus olhos finalmente me obedeceram e se viraram para ver quem me abraçava... e era você, Kanda. – pausou, olhando para o rosto dele que estava em choque. Era melhor continuar, antes que perdesse a coragem. – Você estava morrendo, e eu estava em seus braços, e me senti esvaindo, enquanto você sorria amargo, me senti sendo puxada, por uma lama negra, então eu comecei a gritar, para você me ajudar, mas a minha voz não saia, a única coisa que saiu dos meus lábios fracos, foi um sussurro...

— Que sussurro? – inquiriu Kanda, com a voz tremida, segurando os ombros dela e olhando-a em pânico. Não, não pode ser, eu não acredito nisso...

 


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