Lótus Negra escrita por Remmirath


Capítulo 2
Capítulo I – Prateado




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Vazio. Inconsciência. E uma terrível sensação de perda.

Abriu os olhos, tentando lembrar de onde estava, mas a claridade lhe cegava. Pressionou suas têmporas doloridas, vislumbrando a copa de uma árvore… prateada? Sua memória voltou tão rápido que sentiu um zumbido nos ouvidos. Havia adormecido enquanto esperava. Era apenas mais um sonho ruim. Que se repetia toda vez que ele fechava os olhos. Tsk. Já estava quase escurecendo e nada daquela pessoa voltar. Amaldiçoava aquela promessa, aquilo só atrasava a sua vida. Como se tivesse alguma opção de escolha.

— Ei, guarda, não devia dormir em serviço. – sobreveio uma voz irônica, em meio ao silêncio do bosque.

Tsk. – fez seu típico barulhinho de desgosto, levantando do tronco em que havia adormecido, e esmagou uma folha que grudou em seus cabelos negros. Prateada, novamente. Por que nada ali podia ser normal?

— Deixe-me adivinhar seus pensamentos… – começou a voz muito próxima dessa vez, os olhos cinzentos semicerrados fitando-o. – Reclamando da cor das árvores novamente?

TSK!— virou o rosto, se afastando e pegando as rédeas do cavalo. – Arg! Idiota, por que fez isso?

— Não é obvio? – perguntou ela, preparando-se para tacar a segunda pedrinha na cabeça dele. Mas dessa vez ele desviou.– E Idiota é você, onde estão seus reflexos? E se fosse uma flecha negra?

— Desculpe–me, milady. – falou ele, com o semblante sério, enquanto segurava o embrulho para ela montar. Aquela à que ele devia obediência e subserviência, protegê-la era seu dever e obrigação. Pois o futuro do reino dependia dela, uma estranha conhecida, meio imortal, cabelos castanho dourados emoldurando a face pálida, olhos espertos e cinzentos, orelhas pontudas e uma mente ágil, em trajes de caça e uma capa puída nem um pouco condizentes com sua posição elevada. Ela era estranhamente familiar.

— Haviam poucas dessa vez, está mais difícil nessa época do ano. A neve já começa a descer das montanhas.– comentou ela, mas estranhando o olhar dele, acrescentou. – O que aconteceu, Dagor?

— Nada, só estou perturbado por um sonho. – respondeu, evitando olhá-la ao devolver o embrulho com as ervas.

— Um sonho, um presságio ou uma memória? – profetizou a morena, pondo-se a galopar lentamente. Ele lhe seguia fielmente, caminhando a passos rápidos ao lado. Todos os sentidos apurados para antecipar qualquer ameaça. A mão segurando o cabo da faca longa. – Você não precisa ficar tão tenso, esses bosques são protegidos, e eu sei me cuidar sozinha. – comentou, olhando para o meio–elfo de traços orientais, e murmurou para si. – Assim eu me sinto Inútil.

Tsk.

— EI! Era para você dizer: Eu não te acho inútil, Serenhiel. – comentou ela revoltada, batendo com embrulho na cabeça dele. – E não fazer Tsk! Ah, quer saber? Eu vou voltar sozinha para o castelo!

— Não! – gritou ele, tarde demais, para a poeirinha que ela deixara ao sair galopando desenfreadamente. E o que ele fez? Correu, praguejando contra ela e as raízes de árvores que preenchiam o chão.

Não demorou muito tempo para perceber o tilintar de espadas, vinham da clareira à frente. Enquanto corria armou duas flechas no arco, e atirou na primeira coisa verde escura que apareceu quando ele entrou na clareira. Restavam poucos orcs, a maioria já estava morto, degolados, despedaçados no chão.

— Perdeu toda a diversão. – comentou a elfa, ao decepar a cabeça do último orc, com um olhar insano e sorrindo de satisfação.

Você…— rosnou entre dentes o moreno, enchendo-se de ódio. Era impressão ou havia uma aura negra cobrindo o lugar? – Se fugir de mim novamente, eu mesmo vou te matar!

Tsk. – fez ela virando, o imitando. Mas só percebeu tarde demais. Uma placa de luz branca com um número surgiu em sua frente, seu corpo já atravessara metade e alguma força a puxava. – O que é isso?

—Segure firme, eu vou te puxar de volta! – Ele sim, havia percebido antes, jogara o arco no chão e estava segurando o braço dela, fincando os pés no chão e puxando-a com todas as forças, mas aquilo era mais forte.

E ambos foram sugados pela estranha placa branca, que surgiu e desapareceu misteriosamente, na clareira enluarada de um bosque prateado.


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