O Signo da Fênix escrita por TaisePeixoto


Capítulo 4
Capítulo 4 - Excelentíssimo Senhor Diretor


Notas iniciais do capítulo

Oh obrigado mesmo pelos reviews!!! Vocês são uns amores! Aí vai mais um capítulo.



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"Deixarás de temer quando deixares de ter esperança."

Séneca

***

Hermione tinha o coração aos pulos quando entrou na sala. Sentia-se ridícula daquela forma, mas estava apavorada. Ainda se sentia culpada por ter confiado em Snape e o deixado ir, se ao menos ela soubesse que ele de fato era um traidor poderia ao menos tê-lo atrasado, talvez Dumbledore ainda estivesse vivo.

Snape estava de costas pra ela do outro lado da mesa. Hermione tentava em vão controlar seus batimentos cardíacos, temendo que ele os ouvisse de tão forte que seu coração batia. Ela detestava admitir mas estava com medo. Snape era uma criatura cruel e sem coração que assassinara aquele que sempre o protegeu e defendeu e agora tomava o lugar dele com se nunca houvesse existido. Ele não iria matá-la, não agora, mas podia torturá-la para que contasse alguma coisa.

 “Ele nunca prestou atenção em mim, o que ele pode querer agora?”

- Senhorita Granger, deve estar curiosa por que eu a chamei aqui.

Hermione não respondeu, decidiu que se limitaria a responder o necessário com medo de gaguejar e mostrar o quão apavorada ela estava. Snape virou-se de frente para ela. Hermione esperava que ele estivesse mais arrogante do que antes, com uma expressão de triunfo no rosto, não podia estar mais enganada. Snape parecia mais velho e cansado, nada de triunfo ou arrogância em seus olhos ou em suas palavras, ele parecia quase... triste.

“Ele é um traidor, não se deixe enganar.”

- Eu soube pelo Ministério que Dumbledore contemplou você no testamento dele, é verdade?

Ficou sabendo pelo Ministério ou pelos Comensais que vocês infiltraram no Ministério?

- Sim senhor.

Hermione sublinhou bem a palavra senhor. Queria deixar bem claro seu desprezo pelo novo diretor.

- E a senhorita imagina o porquê?

- Não faço ideia senhor.

Snape passeou pela sala com visível irritação.

- E a senhorita poderia me dizer quais itens ele lhe deixou no testamento.

Se eu não falar ele vai me torturar.” Hermione estava farta daquele interrogatório. Achava que Snape a havia mandado trazer para espionar o Harry, não para fazer fofocas sobre o que Dumbledore havia lhe deixado. “O que o Harry faria?”

- Eu não creio que isso seja da sua conta senhor.

Snape se aproximou furiosamente, quase como se fosse esbofeteá-la. Pela primeira vez a garota sentiu medo de verdade desde que entrara naquela sala. “Finalmente o velho Snape dá as caras.”Hermione pensou com ironia. Snape se afastou como se tentasse se acalmar.

- Infelizmente Senhorita Granger é de vital importância que eu saiba quais itens o professor Dumbledore lhe deixou em testamento. Eu não esperaria que compreendesse a importância dessa informação, então peço que pense melhor sobre a sua resposta.

Havia uma fúria contida em cada palavra. De repente Hermione percebeu uma coisa.

- Se o senhor não sabe o que eu recebi como sabe que é mais de um item?

“Acertei em cheio.” Snape a olhou com raiva mas logo pareceu pensar sobre a pergunta.

- Muito bem, eu tentei ser sutil mas já que não funcionou vamos direto ao ponto. Dumbledore lhe deixou o Diário de Tom Riddle. Quero saber o que havia escrito dentro dele.

Hermione congelou. Não havia nada escrito no diário, mas tudo estava claro agora. Por isso Dumbledore deixara o diário pra ela, os Comensais sabiam que o diário havia sido destruído, pelo menos Lucius Malfoy sabia, não deixaria suspeitas. Não havia melhor forma de deixar uma mensagem do que através do diário, que para Voldemort não representava mais nada. Mas ela ainda não havia encontrado mensagem alguma. “Eu nunca pensei em procurar.” A garota pensou com amargura. Agora era tarde demais, Snape tiraria o diário dela, a não ser que ela tivesse um bom plano, e fosse uma boa atriz...

- Não há nada escrito no diário senhor, só páginas em branco com um furo no meio.

- E a senhorita não tentou escrever nele?

Escrever é claro! Dumbledore deve ter deixado uma mensagem que só se revelaria para ela, se ela escrevesse no diário e provasse ser ela mesma. “Como eu não vi isso antes!”

- Por que eu deveria? Da última vez que alguém escreveu naquele diário Gina Weasley quase foi morta. Harry destruiu o diário, a mágica foi destruída, por que eu escreveria nele?

- E não havia nenhum bilhete dentro dele?

- O Ministério teria achado se houvesse, não acha senhor?

“E ele não precisaria ter me deixado o diário, poderia ter escondido nos Contos de Beedle o Bardo.”

- Posso ver o diário?

- Eu deixei na Toca. Não vi importância nele. Mas se o senhor está tão interessado nos bens do professor Dumbledore eu posso lhe trazer o outro livro que ele me deixou, está escrito em runas mas tenho certeza que não será um problema pro senhor.

Snape circulou na sala. Hermione estava cada vez mais tensa, ele poderia torturá-la até ela dizer o que sabia, que o diário estava em Hogwarts e o levasse até ele. Ou poderia ler sua mente e descobrir. Mas Snape se limitou a comentar com raiva.

- Você não entende não é? Sempre foi uma sabe-tudo irritante mas não sabe o quanto está sendo burra agora. Aquele diário é perigoso, capaz de realizar magias que você nem imagina existir. Dumbledore não se importou com a sua vida quando lhe deixou ele, se você for prudente me entregue esse diário agora mesmo.

- E o senhor por acaso se importa com a minha vida? Ou foi Voldemort que pediu para que o senhor recuperasse o diário?

Longe demais. Ela havia ido longe demais agora. Snape aproximou-se com visível ódio no olhar. “Ele vai me matar.”Hermione passou a falar feito uma louca se nenhum sentido tamanho seu desespero.

- Eu... Harry e Rony eles... eles sabem que eu estou aqui... e... vão destruir o diário se algo... algo acontecer comigo... a... a Senhora Weasley ficou com ele... ela... ela tem ordens de destruí-lo se... se não receber notícias nossas... todos os dias...

Hermione sabia que aquilo não ia impedi-lo. Snape apenas lhe lançou um olhar de descrença.

- Acha que eu vou matar você?

Hermione não respondeu. Claro que aquilo sujaria sua imagem de diretor, mas todo mundo sabia que ele era um comensal, e ela era trouxa, ninguém daria falta dela.

- De qualquer forma o diário vai fazer isso por mim.

Snape a encarava furioso e voltou para trás da mesa.

- Não me surpreendo que Dumbledore tenha lhe deixado algo em testamento, vocês têm algo em comum no final das contas, ambos dispostos a morrer pelas tolices nas quais acreditam.

Snape sentou-se de costas para ela no outro lado da mesa. Hermione não sabia o que pensar.

- Se é só isso senhor...

- Não, ainda tem mais uma coisa.

Snape levantou-se e foi até um armário de onde tirou uma pequena caixa.

- Isso é seu. Dumbledore me pediu que lhe entregasse antes de morrer. Ele disse que é seu por direito.

Hermione abriu a caixa. Dentro havia um pequeno pingente em forma de fênix. Hermione não entendia nada de pedras preciosas mas aquelas pedras incrustadas só podiam ser diamantes.

- Senhor eu...

- Era só isso senhorita Granger. Pode ir.

Hermione deixou a sala onde Snape estava de pé olhando pela janela. Ela não podia ver sua expressão, mas sabia que algo havia mudado no comportamento do diretor, algo que ela não conseguia e nem sabia se queria compreender.

***

- Peraí eu ainda não peguei. Ele tava preocupado com você?

 - Claro que não Rony. Provavelmente Voldemort ordenou que ele recuperasse o diário e ele estava tentando me convencer a entregá-lo.

- Então as coisas estão fazendo sentido. Dumbledore te deixou alguma mensagem aí dentro.

Harry, Rony e Hermione estavam sentados à beira do fogo no salão comunal da Grifinória. Todos os estudantes já tinham ido dormir, foi quando Hermione achou seguro pegar o diário e contar a estranha entrevista para os amigos.

- O que você ta esperando? Escreve alguma coisa nele.

Hermione hesitou.

- Eu não sei, quero dizer Gina quase foi morta por causa desse diário.

Harry sentou ao lado dela.

- Mione aquela foi uma situação diferente. Nós acabamos com a horcrux não tem mais jeito de Lord Voldemort conseguir influenciar você. E de qualquer forma nós vamos estar aqui pra ajudar.

Hermione olhou para os dois que tentavam encoraja-la. Pegou tinta e uma pena, respirou fundo e escreveu.

Meu nome é Hermione Granger

As letras brilharam e desapareceram. Rony falou assustado.

- Isso era pra acontecer sendo que a horcrux foi destruída?

- Faz parte da mágica do diário não da horcrux.

Hermione queria ter certeza do que havia dito mas o fato que estava arrependida de ter começado isso tudo.

- Tenta convencer ele a te dar a mensagem.

Hermione tentou de novo.

Meu nome é Hermione Granger. O Professor Alvo Dumbledore deixou alguma mensagem para mim?

A mensagem brilhou e desapareceu. Os três esperavam ansiosos mas ao fim de alguns minutos nada tinha acontecido. Harry comentou decepcionado.

- Acho que vamos precisar mais do que isso para descobrir a mensagem.

- O diário vale alguma coisa, isso é inegável, caso contrário Snape não teria o trabalho de procurá-lo.

- Então por que ele não o tomou de você. Desculpa Mione mas a sua mentira não convenceu ninguém. E ele podia simplesmente ter lido a sua mente. Por que ele não fez isso?

- Eu não sei Harry, só estou tentando entender o que isso tudo significa. Dumbledore deixar essas coisas pra nós sem ao menos explicar o que ele quer. Nada disso faz sentido. Eu estou perdida e não sei o que fazer.

- Pois eu sei o que fazer. – Harry se levantou – Vamos pra cama e amanhã começamos a busca pelas horcruxes no castelo, é a coisa mais concreta que temos pra fazer. Esqueça esse diário e os enigmas do Dumbledore, vamos agir, afinal foi por isso que voltamos aqui.

Rony levantou-se também.

- Eu concordo. Vamos pra cama esperar animadamente a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas com o Amico Carrow amanhã.

Com uma careta Rony seguiu Harry até o dormitório dos garotos.

Hermione permaneceu sentada refletindo os estranhos acontecimentos. Sua mão foi inconscientemente até o colar em forma de fênix que ela trazia no pescoço, escondido dentro da camisa. Por algum motivo Hermione não havia contado aos amigos sobre o pingente. Ela sabia o que eles diriam, era perigoso usar qualquer coisa que um comensal da morte lhe desse. O fato é que Hermione ainda se sentia culpada pela morte de Dumbledore. Queria acreditar que Dumbledore havia lhe deixado alguma coisa. Se ela o usasse parecia como se Dumbledore a houvesse perdoado.

Segurando com força o pingente Hermione fechou os olhos e pensou. “O que está tentando me dizer professor? Me ajude a entender o que quer que eu faça.” uma luz brilhou diante de seus olhos fechados. Letras brilhavam na página do diário aberto. Uma mensagem apareceu na página, as palavras contornando o furo onde outrora Harry havia perfurado o diário com a presa do basilisco. Hermione não acreditava em seus próprios olhos quando leu a mensagem.

Só existem duas formas de viver no mundo. A primeira é fácil e errada, aceita-lo e tornar-se parte dele. A segunda é difícil e certa, que é lutar, e reconhecer as pessoas que não são más e tira-las das trevas.

Boa sorte

As palavras brilharam com mais força e desapareceram da página.

Aquela era a última mensagem que Dumbledore havia lhe deixado.

Aquela era a sua missão.


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Notas finais do capítulo

Continuem comentando que eu posto mais ainda hoje...



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