Narrado por Christopher Walker.

Em toda a minha vida, eu nunca, nunca mesmo, consegui sentir inveja de Thomas. Porém dizem que tudo tem sua primeira vez, e essa "primeira vez" aconteceu. O que estou prestes a dizer agora pode parecer uma coisa um tanto clichê: Thomas tem a garota mais bonita e gentil do mundo. Eu sabia que iria ficar uma frase ridícula principalmente vindo de mim, um dos garotos mais galinhas do mundo. Se eu estou gostando da minha cunhada? Não sei. Se eu sei que é errado? Sei muito bem. Se eu pretendo continuar a irritar Kate? Com certeza.

Não consigo vê-la com o idiota do meu irmão, porque ele é tão... Idiota, como eu já havia dito. Eu amo meu irmão, porém a ideia de roubar Kate dele consegue ultrapassar isso. Porque aqueles olhos verdes trazem tanta paz e conforto, aqueles lábios avermelhados parecem ser tão macios e quentes, que é só olhá-los para sentir vontade de tocá-los... E eu realmente quero poder fazer isso.

- Ei! Christopher, estou falando com você. - chamou-me minha mãe soltando um riso - Pensando no quê, filho?

- Er... Nada demais - respondi passando minhas mãos em meu rosto tentando esquecer todos aqueles pensamentos.

- Não sei o que você estava pensando, mas parece que era algo muito importante, para você ficar desse jeito... - dizia mamãe mudando de canal.

- É complicado, mãe. Bom, vou subir para o meu quarto - eu disse depositando um beijo na bochecha de Lily e depois subindo as escadas.

Katherine deve estar no quarto de Thomy, vou ou não vou lá? Pergunta difícil. O que será que ela está fazendo? E se ela estiver correndo perigo, se estiver desmaiada lá dentro? Tudo bem, essa não foi uma das melhores desculpas para eu poder vê-la. Caminhei até o quarto do meu irmão, segurei a maçaneta e abri a porta silenciosamente para ela não perceber que eu estava lá. Se eu pretendia assustá-la? Sem dúvidas.

- Oi, Chris - disse Kate olhando para o livro que estava lendo.

- Como sabia que era eu? Por acaso virou mãe-de-santo e não me avisou? - brinquei indo até ela.

- Seu cheiro - respondeu dando de ombros.

- Sou tão fedido assim? - me sentei ao lado dela na cama.

- Ah, cale a boca, Chris - ela soltou um riso e bateu com o livro no meu braço - Tem uma coisa que eu quero te perguntar.

- Se você pode dormir no meu quarto? Poder, você pode, porém não acho que Thomy vai gostar muito não, loirinha - brinquei novamente e ela revirou os olhos.

- Não, idiota. Queria saber se você faz alguma coisa na vida, que não seja assistir "Two And A Half Men" na sala - disse me fazendo rir.

- Faço.

- E não vai me falar o quê?

- Jura que você realmente não faz ideia? - perguntei, afinal ela já havia ido ao meu quarto.

- Não - respondeu simplesmente.

- Ah, qual é? Você foi ao meu quarto mesmo ou sua clone que foi?

- Eu fui e... Ah, não - ela me olhou com aqueles olhos verdes-escuros arregalados e ficou em pé na cama.

- Descobriu?

- Você tem alguns posters de rock, várias guitarras no seu quarto e vários papéis amassados na mesinha, que eu suponho ser várias tentativas de composições de músicas... Você faz parte de uma banda de rock? - ela perguntou animada.

- Finalmente, achei que o seu cabelo estava lhe afetando - eu ri com a minha própria piada.

- Meu jovem, não quero acabar com sua graça, porém pelo o que eu saiba você é loiro também - Kate soltou um de seus sorrisos vitoriosos.

- Minha jovem, eu não disse que era a cor, eu estava falando da água oxigenada que você usou no cabelo.

- Retire o que disse - ela disse fechando suas mãos em punho.

- Não - eu disse entre risos.

- Retire, agora! - ela gritou.

- Por que? O que vai fazer? - eu disse me levantando da cama.

- Ah, você não vai querer saber - Katherine soltou um olhar maligno.

- Não vou retirar o que disse, tchau Srt. Oxigenada - eu soltei um riso.

Fui andando até a porta quando de repente Katherine pula em minhas costas e quase me leva ao chão. Aquela garota começou a puxar minhas orelhas e parecia que quanto eu mais reclamava mais forte ela puxava.

- Retire o que disse, Christopher Lewis Walker - ela gritava.

- Sua doida, solte minhas orelhas antes que elas fiquem maiores do que são.

Nesse momento eu não sabia se ria pela situação em que nós dois nos encontrávamos ou se chorava pela dor que Kate me proporcionava. Segurei as pernas delas e saí correndo com aquela ainda em cima de mim, para ver se ela soltava minhas orelhas para se segurar em mim, o que graças a Deus deu certo. Eu corria pelo quarto até que um maldito sapato feminino me fizesse tropeçar, senti que iria cair, por tanto me joguei de costas na cama, fazendo Kate cair ali e eu cair em cima dela de costas.

- Christopher, saia de cima de mim - Kate falava tentando manter a voz severa, porém não conseguia, porque estava tendo um ataque de risos por causa daquela situação que nós nos encontrávamos.

Logo eu me juntei a ela, sai de cima de Kate e deitei ao seu lado. Olhávamos para o teto sem parar um minuto de rir, minha barriga já se encontrava dolorida e não tenho dúvida de que a dela também estava assim. Quando finalmente paramos de rir, o que demorou um pouco, me virei e fiquei por cima dela, a olhando nos olhos.

- Chris, o que está fazendo? - perguntou ela confusa.

- Não sei - suspirei.

Ficamos em silêncio, apenas nos encarando. Ela já não se importava pela piada que eu fiz com ela à uns 5 minutos atrás e eu já não me importava com a dor de minhas orelhas.

- Chris, Kate? Vocês estão bem? - ouvimos uma voz feminina um pouco baixa, vinha da sala, então obviamente era a minha mãe estranhando o barulho que fizemos.

- Está tudo bem, sim - gritei de volta, depois voltei a olhá-la - Bom, eu tenho ensaio com a banda daqui à pouco... Se quiser pode ir.

- Eu adoraria ir - ela deu um meio sorriso.

- Ótimo, vou me trocar - depositei um beijo em sua bochecha e sai de cima dela.

Fui para o meu quarto trocar de roupa, e assim fiz. Coloquei uma calça jeans, uma camiseta cinza com o Slash desenhado nela, um blazer preto e um All Star. Arrumei meu cabelo e passei bastante perfume, tanto que tive até que abrir as janelas do meu quarto tossindo, porque o cheiro havia impregnado ali. Dei uma ultima olhada no espelho e fui ver que horas eram, no relógio marcavam 14h00. Ouvi uma batida na porta e fui até lá abrir.

- Estou pronta, que hora nós vamos? - dizia Katherine aparentemente ansiosa, estava linda, como sempre. Vestia a mesma roupa de antes, só que agora seu belo cabelo louro estava solto e agora ela calçava um sapato alto.

- Er... - estava com uma grande dificuldade de fala diante o tamanho da beleza daquela mulher - Não temos um horário determinado. Mas é para estar lá mais ou menos 14h00.

- E é muito longe?

- Não. Bom, vamos? - perguntei oferecendo o braço, ela o pegou sorrindo e disse um singelo "sim".

Descemos as escadas e vimos minha mãe e Zoe assistindo "Tom e Jerry" na televisão. Dona Lílian ouviu os passos e olhou para a escada, estranhando ver Kate e eu juntos, porém sorria.

- Mãe, hoje tem ensaio, vou levar a Kate, está bem? - perguntei.

- Mas vocês não vão almoçar?

- Nós comemos alguma coisa ali perto. Tchau mãe - beijei seu rosto e beijei o rosto de Zoe também, Kate fez o mesmo.

Fomos até o meu carro, abri a porta para Kate e ela me olhou meio surpresa. Depois que ela entrou no carro, fui fazer o mesmo. Dei a partida e dirigi para a casa de Frank e Greg.

- Então, você ainda não me falou o que você faz na banda - disse Kate quebrando o silêncio.

- Eu toco guitarra e componho algumas músicas, dã - eu disse como se fosse óbvio, o que na verdade era. Olhei para ela e depois voltando a atenção para a estrada.

- Como solo ou base? - perguntou a loura.

- Solo, Frank sempre fica reclamando por ser base - soltei um riso me lembrando do meu amigo revoltado - Conhece mesmo essa coisa de guitarra, hein?

- Um pouco - ela soltou um riso e eu acabei sorrindo - Falta muito para chegar?

- Não, uns 5 minutos - eu disse por fim.

Quando chegamos a casa dos meus amigos, Frank e Gregory, que no caso eram irmãos, avistamos alguns garotos na entrada da garagem e lá estavam eles: Frank, que tinha os cabelos castanhos e olhos castanho-claro; Peter, o louro dos olhos azuis piscina; Greg, cabelo castanho como o do irmão e os olhos da mesma cor; e Will, cabelo castanho com os olhos verdes.

Kate e eu saímos do carro, ela chegou perto de mim, porém olhava para frente, e segurou minha mão. Estranhei o calafrio que me tomou assim quando sua pele encostou na minha, sua mão era quente e macia como seda. Sem pensar duas vezes eu apertei levemente sua mão, tentando mostrar o quanto eu a queria ali, e o quanto eu queria que ela nunca soltasse minha mão. Ela não me encarava, talvez estivesse com vergonha de olhar para mim, porém tinha um meio sorriso no rosto, difícil de perceber. Começamos a caminhar até os garotos, que tinham um olhar malicioso no rosto.

- E aí, gente? - eu disse batendo na mão dos meninos.

- Namorada? - perguntou Peter, o louro dos olhos azuis, sorrindo para Katherine, moleque abusado.

- Não, eu... na verdade sou namorada do irmão dele - respondeu Kate, soltando a minha mão rapidamente.

- O Thomy finalmente desencalhou? Deve ter feito promessa para Santo Antônio - disse Will fazendo todos rirem.

- E das fortes, olha a mulher que mandaram pra ele - agora quem dizia era o Greg, fazendo Kate corar.

- Sai que ela não é pro seu bico, maninho - falava Frank bagunçando os cabelos castanhos do irmão mais novo.

- Me chamo Peter, sou o vocalista. Esse é o Will, o baterista; Frank, o guitarrista base; e Greg o baixista - disse Peter apontando para cada um dos garotos, depois apertou a mão de Kate e lhe deu um beijo na bochecha.

- Sou Katherine, prazer, porém me chame somente de Kate e sou a platéia se vocês, hoje - ela soltou uma risada, mostrando seu belo sorriso, tenho certeza que fez alguns dos meus amigos suspirarem.

- Vamos ficar aqui, fazendo a futura Sra. Walker ficar vermelha que nem um tomate, ou vamos ensaiar? - perguntei um pouco irritado com a intimidade deles.

- Vish, o moleque está com macaca hoje. Cara, não precisa ficar com ciúmes, somos seus melhores amigos, não vamos trocá-lo por ela... Ou trocaremos, até que não seria uma má ideia. Meu bem, sabe tocar guitarra? - perguntou o Will rindo conforme via minhas reações - Brincadeira, cara. Vamos ensaiar!

Entramos na garagem da família de Frank e Greg, os Wright. Estava tudo meio bagunçado, como costuma ser, havia um sofá e alguns pufes, posters, estantes com vários discos, instrumentos e caixas de som ali. Fomos até os nossos lugares, cada um pegou seu instrumento. Olhei para a Kate e ela sorria sentada no sofá, que ficava de frente para nós.

- Então, o que vamos ensaiar hoje? - perguntou Frank pegando sua palheta preferida.

- Vamos perguntar para nossa platéia de hoje, o que ela quer ouvir - eu disse sorrindo para Kate.

- Ah, eu... Bom, quero ouvir uma de suas composições, Chris - Kate disse animada.

- Está bem, então vamos de "When You Smile". Um, dois, três, quatro.. - eu disse e todos nós começamos a tocar.

Peter começava a cantar, Frank e eu fazíamos a segunda voz em alguns momentos. Conforme olhava para aquela mulher sentada no sofá, mais eu me sentia feliz. Eu tocava minha guitarra conforme a melodia da primeira canção que fiz, sem conseguir tirar o sorriso idiota na cara. Era uma música um pouco animada, porém ao mesmo tempo com uma letra romântica, confesso que eu demorei um pouco para escrevê-la, já que eu não sabia nada sobre a palavra com A, de quatro letras, que termina com "mor" e que não existe no meu vocabulário.

Terminamos a música, Katherine se levantou e começou a bater palmas, soltando alguns "Uau" ou "Nossa", até alguns "Parabéns". Olhei para todos os entregantes da "The Last Night", nossa banda, e eles estavam sorrindo que nem tontos para Kate, podia jurar que Will, do cabelo ondulado, estava babando, só espero que eu não esteja nesse estado também.

- Que bom que gostou, Kate - dizia Peter feliz.

- Quando lançarem um CD, podem ter certeza, eu serei a primeira a comprar. Agora, toquem mais uma - ela sugeriu sorrindo sentando-se no sofá novamente.

- Ouviram a moça, vamos tocar mais uma. Que tal "All Over Again"? - perguntou Greg.

- Ótimo, então vai ser essa. Um, dois, três, quatro...

Fiz a contagem regressiva e lá estávamos nós, tocando novamente para Katherine, que parecia bem animada.