Acordei com o barulho da chuva típica de Forks e pela primeira vez em anos não tive nenhum pesadelo ou sonho sobre essa maldita guerra. Levantei e fui em direção ao banheiro, tomei um banho rápido e voltei para o quarto pra me arrumar.

Optei por uma calça jeans, meu velho all star e um suéter listrado que ganhei da May na última tarde de compras que fizemos antes de vir para cá. Desci as escadas e encontrei meu pai na cozinha com a xícara de café nas mãos e lendo o jornal.

-Bom dia pai. – disse lhe dando um beijo na bochecha.

-Bom dia filha, dormiu bem? – perguntou sem jeito pelo meu gesto.

-Melhor impossível. – sorri pegando o leite na geladeira.

-Que bom, e a propósito as meninas ligaram agora a pouco e pediram para avisar que daqui uns vinte minutos vão passar aqui.

-Ok. – respondi simplesmente e continuei a tomar o meu café.

Charlie ficou mais alguns minutos na cozinha e logo foi trabalhar, me despedi dele e fui ajeitar as coisas na cozinha quando escuto o barulho de uma buzina em frente a casa. Peguei minha mochila, tranquei a casa e saí em direção ao carro.

-Bom dia Bellinha! Pronta para o primeiro dia de aula? – disse Kênia me abraçando.

-Bom dia K, na verdade não, mas fazer o que, não é? – fiz careta fazendo-a rir.  -May sai logo daí porque eu quero dirigir.

-Bom dia para você também, minha noite foi ótima obrigada por perguntar. – ela disse me fazendo revirar os olhos e rir do jeito que falou.

-Desculpa amiga, bom dia pra você também, mas sai logo daí porque eu quero aproveitar o meu presente. – ta certo que o carro é velho, mas foi o meu pai que me deu e quero aproveitar.

Ela resmungou algumas coisas antes de se acomodar ao lado da irmã.

No caminho para o colégio ficamos conversando bobeiras até que as duas pararam de falar e me encararam, suspirei pesadamente, não preciso prever o futuro para saber que elas falariam de ontem.

-Pode falar meninas, eu sei que vocês querem perguntar alguma coisa.

-Belzita, nós percebemos que rolou o maior clima entre você e o Jake ontem. Você está afim dele?

-Para falar a verdade não sei bem o que aconteceu ontem May, só sei que me senti diferente perto dele, sei lá, especial e arrisco dizer até mais humana. – disse o mais sincera possível, estar perto dele me deixou mais viva.  -Você e a K também estavam no maior clima com o Embry e o Seth que eu vi.

Tentei mudar de assunto, pois só de pensar nele me dá um friozinho na barriga e não consigo tirar o seu sorriso da minha cabeça.

-Eu sei Bella e não tenta mudar de assunto não porque dava para ver nos seus olhos que tinha uma coisa a mais. Será que você se apaixonou a primeira vista por ele?

-Acho que isso não é possível, claro que fiquei encantada com ele, mas falar que estou apaixonada por ele assim logo de cara é demais, não acham? Ele é muito gentil e com certeza será um grande amigo, mas acho que não passa disso. – dei de ombros, mas no fundo não sabia se isso era verdade.

-Bella, vivemos em um mundo que existem anjos, demônios, vampiros e profecias. Não acha que isso pode acontecer? – Kênia disse acabando de vez com todos os meus argumentos, por mais que seja estranho vivemos em um mundo sobrenatural e que a qualquer momento pode surgir novas descobertas. Suspirei e disse o que sentia.

-Eu sei Kênia, mas o que eu senti ontem não me mostra nada disso, só que gosto do seu primo e que foi diferente o que eu senti quando conversei com ele, mas só Deus sabe o que está por vir.

-E eu também. – disse Kênia rindo e quebrando o clima tenso que se formou.

-É, você também – ri. -Mas quero que me prometa uma coisa, você também May.

Voltei a falar seriamente.

-Pode falar maninha. – sorri quando elas me chamaram de maninha, sempre nos tratamos como irmãs.

Já estávamos chegando ao colégio. Estacionei o carro e me virei em direção a elas que me olhavam em expectativa.         

-Sei que você sabe tudo o que vai acontecer na vida de todos os habitantes do planeta e que essas informações estão bloqueadas por medida de proteção a vida dos envolvidos e a você mesma e sei que você conta tudo para a May. Por isso, peço que em hipótese alguma veja o meu futuro e tente impedir o que vai acontecer, deixe as coisas fluírem naturalmente. Prometam-me isso?

As duas franziram o cenho por alguns segundos e deram um longo suspiro concordando.

-Prometemos com uma condição, que se você estiver em perigo a linha do tempo que é ligada a sua vida se abrirá e avisarei aos outros. – disse Kênia sorrindo.

-Se realmente eu estiver em perigo e não puder me defender sozinha você avisa. – suspirei fazendo o sinal da cruz no peito que elas também fizeram e em seguida as abracei fortemente.

-Agora que acabou o momento promessas, vamos logo para o temido primeiro dia de aula. – disse May desfazendo do abraço.  -Estão prontas?

-Prontas. – dissemos juntas.

Saímos juntas do carro sob o olhar curioso dos outros alunos que se encontravam no estacionamento e que fazíamos questão de ignorar. Ser nova na escola atrai a atenção de todos e isso é o que eu quero evitar ao máximo. Andamos rapidamente até a entrada do prédio já que a chuva insistia em cair e seguimos em direção a secretaria para pegar o horário das aulas.

-Bom dia, posso ajudá-las? – disse uma ruiva de óculos atrás do balcão da secretaria.

-Bom dia, eu sou Isabella Swan e essas são Mayara e Kênia Flynn.

-Oh claro, estava esperando por vocês, aqui está o horário das aulas e essa caderneta aqui vocês precisam pedir para o professor assinar e tragam aqui depois que as aulas acabarem. Sejam bem-vindas e espero que gostem daqui.

-Obrigada! – dissemos e fomos em direção ao corredor.

Assim que saímos da sala o sinal tocou, nos despedimos e cada uma seguiu para sua primeira aula, entrei na sala onde o professor já se encontrava e me apresentei, ele assinou a minha caderneta e indicou um lugar perto de uma menina muito simpática. Me ajeitei no lugar e a cumprimentei rapidamente, pois o professor já estava começando a aula. Era fácil acompanhar as aulas já que a minha parte anjo permitia processar mais rápido tudo o que o professor falava.

A aula passou rapidamente e quando tocou o sinal eu já estava juntando minhas coisas e a menina que sentava ao meu lado começou a puxar conversa.

-Olá, você deve ser Isabella Swan, certo?

-Sou sim e, por favor, me chame de Bella.

-Prazer em conhecê-la Bella, eu sou Ângela, qual é a sua próxima aula?

-É espanhol.

-Que bom, é a minha também, vamos?

Assenti e fomos conversando no caminho da aula, Ângela era muito simpática e a conversa fluía normalmente, chegamos à sala e me sentei perto dela novamente. As aulas passaram rapidamente e logo era o intervalo, encontrei as gêmeas na porta do refeitório.

-Oi, estávamos esperando por você. – disse May sorrindo.

-Vocês não queriam é entrar sozinhas. – eu disse rindo. -Essa é Ângela, faz Trigonometria e Espanhol comigo.

-Prazer, eu sou May e essa é a minha irmã gêmea Kênia.

-O prazer é todo meu meninas, porque não se sentam comigo e meus amigos?

-Claro obrigada pelo convite. – disse sorrindo e a seguindo para a mesa onde os amigos dela estavam conversando.

-Esses são Ben, Mike, Jessica, Tyler e Lauren. – ela foi apresentando cada um deles.

-Olá. – disseram juntos.

-E essas são Bella, May e Kênia.

-Oi. – dissemos juntas também.

Ficamos conversando sobre várias coisas até que um dos meninos fez a pergunta que a escola toda queria saber a resposta.

-O que as trazem de volta a Forks? – perguntou um garoto loiro que se chamava Mike.

-Bem, eu estava com saudades do meu pai então resolvi voltar e passar um tempo com ele. – respondi dando de ombros, essa é fácil de responder afinal não é mentira.

-E nós estávamos com saudades dos nossos parentes e de La Push, e como fomos criadas juntas resolvemos voltar às raízes. - respondeu Kênia tranqüila, todo mundo na cidade sabe que os pais delas foram assassinados quando elas tinham um ano. Para todos na cidade o motivo foi dinheiro, sendo que o pai delas era dono de uma distribuidora de vinhos bastante popular em Phoenix em parceria com a irmã, e até que uma das duas se interesse pelos negócios da família Anna tomava conta de tudo com ajuda da minha mãe.

-Espera aí, vocês foram criadas juntas? – perguntou Jessica bastante curiosa, já vi que o “fofoca news” da escola é com ela.

-Sim, nossa tia e a mãe da Bella sempre foram muito amigas, e como sempre fomos vizinhas crescemos como irmãs. – disse May dando de ombros, achamos melhor não dizer que morávamos na mesma casa, podia ter alguém nos vigiando que juntaria as peças e nos encontraria.   

Continuamos conversando até que senti uma rajada de vendo passar por mim, trazendo uma sensação ruim, fazendo com que meu sexto sentido ficasse em alerta e meus músculos tensos. Comecei a vasculhar o local atrás do causador desse alvoroço e avistei cinco figuras pálidas entrando no refeitório e seguindo em direção a uma mesa mais afastada de todos.

Voltei minha atenção a todos na mesa e agradeci mentalmente que ninguém tinha percebido a minha inquietação. Percebi que Kênia e May também os acompanhavam com o olhar.

-Quem são eles? – perguntou May apontando discretamente para o quinteto.

-Bem, o grandão se chama Emmett Cullen, a que está do lado dele é Rosálie Hale, a baixinha se chama Alice Cullen, o loiro é Jasper Hale e por último Edward Cullen, eles se mudaram para Forks há dois anos, são de algum lugar do Alasca. Todos moram com o Dr. Cullen e a esposa, são filhos adotivos, já os Hales são sobrinhos da Sra. Cullen.

-Hum. – foi tudo que eu disse, ainda me sentia um pouco tensa com a presença deles, não sei o porquê disso, mas por via das dúvidas vou me manter um pouco afastada.

Encerramos o assunto da “família” Cullen e continuamos conversando até que bateu o sinal anunciando o término do intervalo, me despedi das gêmeas e segui com Mike e Jessica para a aula de biologia que teríamos juntos.

Chegamos à sala e cada um foi se sentar com os seus respectivos parceiros e para o meu azar o único lugar vago era perto do tal Edward Cullen. Sentei ao seu lado e o senti ficar rígido, e a sensação de perigo se apoderou de mim novamente, discretamente me afastei dele o máximo possível. Logo o professor começou a aula.

Enquanto o professor explicava a matéria minha atenção estava no ser ao meu lado, sentia leves pontadas na cabeça e forçava meu escudo cada vez mais, era como se alguém, como se ele estivesse tentando entrar em minha mente, mas forcei o escudo impedindo isso, e toda vez que bloqueava ele ficava mais inquieto me deixando em alerta. Quando o sinal tocou o garoto praticamente saiu correndo da sala. Soltei o ar em sinal de alívio que por causa da tensão nem percebi que o prendera. Juntei o meu material enquanto Mike e Jessica vinham em minha direção.

-O que deu no Edward Cullen? – perguntou Jessica querendo saber da bomba.

-Não sei, mas esse garoto é estranho. – disse dando de ombros. Não sei realmente o que aquele garoto tem e o porquê dele ter agido daquele jeito na minha presença, a única coisa que eu sei é que me manterei o mais afastada possível dele. Fiz uma nota mental de perguntar ao Gabriel se ele conhece aquela família.

-É mesmo, e qual é a sua próxima aula? – disse Mike me trazendo de volta à realidade.

-É educação física. – respondi olhando o horário.

-Legal, é a minha também.

Nos despedimos da Jessica que teria trigonometria e fomos conversando o caminho todo, na verdade ele ficou me cantando o caminho todo e eu como sempre ignorei, estava perdida em meus pensamentos por causa do Cullen, um humano normal não seria capaz de tentar entrar na minha mente, o que realmente esse garoto é?

Estava tão aérea que não percebi que tínhamos chegado ao ginásio, nos separamos e dei graças a Deus. O treinador resolveu passar voleibol e me colocou na equipe do Mike, isso por acaso é algum castigo? Acho que por achar que eu não jogava bem pelo meu tamanho, e na minha humilde opinião é um grande erro da parte dele, eu amo jogar vôlei por isso que na maioria das vezes em que eu ficava na rede subia para bloquear ou simplesmente cortava a bola, está certo que boa parte era graças ao treinamento dos arcanjos que melhorou o meu equilíbrio em 100%.

A aula acabou e fui trocar de roupa rapidamente, não queria deixar as meninas me esperando por muito tempo. Quando saí do prédio a chuva tinha parado, dei um tchau para todos os meus novos amigos e fui para a picape esperar as meninas, mas logo vi o mesmo garoto da aula de biologia e seus irmãos saírem e lançarem um olhar tenso em minha direção, sustentei cada olhar de forma um pouco ameaçadora, mas que não os causassem nenhum dano como aconteceu a alguns anos em Phoenix. Depois de alguns segundos nos encarando eles entraram no carro e foram embora.

-O que aconteceu aqui? – disse May me assustando.

-Nossa! Estava tão concentrada que não vi vocês chegarem, também não sei o que aconteceu, mas os Cullens estavam me encarando de uma forma que não tive opção a não ser sustentar o olhar de uma forma um pouco assustadora. – disse dando de ombros.

Entramos no carro e elas me encaravam um pouco preocupadas e tratei logo de completar.

-Não se preocupem, eu só os encarei de volta e não aconteceu nada, mas essa família é muito estranha.

-É mesmo, tivemos uma aula com a tal da Rosálie e o grandão que se não me engano se chama Emmett, ele não foi muito estranho, mas ela nos encarou a maior parte do tempo. – disse May pensativa.

-Eu tive aula de biologia com o tal do Edward Cullen, ele ficou meio tenso assim que sentei ao seu lado e quando acabou a aula ele saiu quase que correndo da sala. – resolvi esconder delas a tentativa dele de entrar na minha mente, deixaria para conversar isso outra hora com Gabriel.

-E eu achando que a nossa família era complicada. – disse Kênia me trazendo à realidade e nos fazendo rir.

-É verdade, meninas almoçam na minha casa? Depois nós vamos para La Push e passo o resto da tarde lá com vocês.

-Vai passar à tarde com a gente ou de papo com o Jacob? – perguntou May sorrindo maliciosamente me fazendo corar e as duas rirem.

-Você não vale nada sabia May, nem tinha pensado nele quando disse isso. – eu ainda estava corada o que arrancou mais risadas delas.

-Eu sei Bella, mas não podia perder a chance de implicar com você.

-Já chega de rir as minhas custas, e aí almoçam comigo ou não? – perguntei mudando de assunto, essas duas não tem a menor noção de como só o nome dele mexe comigo.

-Por mim tudo bem, só tenho que ligar para o tio Billy e avisar que vamos almoçar com você. – disse Kênia sorrindo, pelo menos mudar de assunto eu consegui.

-Tudo bem, também tenho que ligar para a dona Renée que há essa hora deve estar colada ao telefone esperando a minha ligação.

Continuamos conversando até chegar à minha casa, deixamos as mochilas no canto da sala e enquanto eu preparava as coisas para o almoço Kênia foi ligar para o Billy avisando que almoçariam aqui. Abri a geladeira e resolvi fazer uma lasanha, além de prática não demoraria nada para ficar pronta, afinal meu pai chegaria a qualquer momento para almoçar.

Preparamos tudo rapidamente e enquanto a lasanha estava no forno resolvi ligar para minha mãe. Peguei o telefone e disquei os números e no terceiro toque ela mesma atendeu.

-Oi mãe.

-Isabella Marie Swan, porque demorou a ligar? – ela disse me repreendendo.

-Não demorei tanto assim, mas como o meu pai vem almoçar daqui a pouco resolvi adiantar o almoço. - revirei os olhos, minha mãe fica louca se não tem notícias.

-Tudo bem, como seu pai está? E as meninas? Como passou a noite? E o primeiro dia de aula? – perguntou tudo de uma vez me fazendo rir.

-Respira dona Renée. Meu pai esta ótimo e as meninas também, minha noite foi muito calma e dormi tranquilamente, tirando o fato de que fomos notícia por sermos novatas até que o primeiro dia foi tranqüilo. Como vocês estão? Alguma novidade por aí? – perguntei um pouco tensa, ainda não tinha me acostumado com a idéia de deixá-las sozinhas em Phoenix.

-Fico feliz que seu pai esteja bem e que você tenha conseguido uma boa noite de sono, há anos que você não consegue dormir direito. Estamos bem apesar de estar morrendo de saudades de vocês. Não tivemos mais nenhum ataque desde que vocês foram embora, mas mesmo assim Gabriel e os outros andam fazendo rondas constantes em torno da cidade para garantir a segurança. – ela parecia tranqüila.

-Ainda bem, também estamos com saudades e as meninas estão mandando um beijo para vocês.

Ficamos conversando até que meu pai chegou e a lasanha ficou pronta, me despedi dela que me fez prometer não deixar de mandar notícias.

-Oi meninas, como foi à escola? – perguntou meu pai entrando na cozinha e dando um beijo na minha testa

-Oi pai, a escola foi tranqüila e o trabalho?

-Tudo tranqüilo também.

Almoçamos tranquilamente conversando sobre vários assuntos. Depois arrumei a cozinha rapidamente com a ajuda delas e avisei ao meu pai que ia para La Push com elas. Ele assentiu e fomos para o meu quarto pegar alguns CDs delas que vieram comigo.

-Bella me empresta esse aqui? – Kênia falou segurando um dos meus CDs favoritos na mão.

-Logo esse? – disse emburrada, era o álbum Fallen da Evanescence.

-Me empresta vai, prometo que te devolvo depois.

-O problema é esse depois, porque você me pediu o Graffiti do Chris Brown e não devolveu até hoje. – disse ainda emburrada, eu adoro o Graffiti por causa da música crawl.

-Vamos combinar assim, como hoje é quarta eu e a May estávamos pensando em fazer uma sessão básica de terror por causa da sexta-feira treze, como fazíamos em Phoenix, você dorme lá em casa e eu te devolvo os dois CDs, tudo bem? – ela insistiu, nossa essa garota sabe ser chata quando quer.

-Tudo bem, mas sexta-feira sem falta eu quero esses CDs na minha mão ok? – me rendi e ela deu um gritinho e veio me abraçar.

-Pode deixar Bellinha, eles vão estar na sua mão sem falta.

-Assim espero. – disse retribuindo o abraço.

-Agora vamos porque temos que organizar algumas coisas para o clube do medo. – May disse rindo da nossa discussão boba.

-Tudo bem. – eu e Kênia respondemos juntas.

Pegamos nossas coisas e seguimos para La Push ao som de Champion do Chris Brown. Adoro as músicas dele e essa em especial por causa do refrão dela.

(trecho da Champion) (N/T: eu amo essa música, na verdade amo todas dele, mas essa é especial.)

“I'm always pushing myself to the limit

Making sure I stay ahead

You made me who I am, from the words you said

Some people have to learn

Some people wait their turn

Some people but not me

I was born a champion

Some people have to fight

Some people give their lives

Some people don't believe

But I was born a champion

But I was born a champion

But I was born a champion”

“Eu estou sempre forçando ao limite

Certificando-me de ficar à frente

Você me fez quem eu sou com as palavras que você disse

Algumas pessoas têm que aprender

Algumas pessoas esperam a sua vez

Algumas pessoas, mas não eu

Eu nasci um campeão

Algumas pessoas têm que lutar

Algumas pessoas dão suas vidas

Algumas pessoas não acreditam

Mas eu nasci um campeão

Mas eu nasci um campeão

Mas eu nasci um campeão”

Estava tão concentrada na música que nem percebi que tínhamos chegado, estacionei o carro em frente à casa branca e logo descemos. Quando estávamos entrando na casa escuto uma voz rouca muito familiar nos chamando causando um calafrio gostoso no meu interior.

-Oi Bella, oi tampinhas, pensei que ficariam em Forks o dia todo. – Jacob disse nos abraçando.

-Oi Jake. – falei segurando o riso, elas odiavam que as chamassem de tampinhas.

-Não enche Jacob Black, não é culpa nossa que você tenha tomado chá de bambu quando era pequeno! Admita que sem a gente você não vive. – Kênia resmungou mal humorada.

-Não é isso sua chata, é que chegou uma encomenda para vocês mais cedo, apesar de que teria o dia de paz longe de vocês. Sério Bella eu não estou aguentando nem um dia direito imagina você esses anos todos. – ele riu mais ainda por causa do olhar assassino que as duas o lançaram.

Resolvi entrar na brincadeira também e aproveitei a deixa dele para deixá-las ainda mais iradas.

-Você se acostuma Jacob, o pior é quando elas entram em sincronia para te torturar, você vai ser chamado de corajoso se sobreviver às irmãs Flynn. – essa foi a deixa para May e Kênia ficarem roxas de raiva.

-Jacob Black, só não te mato agora por causa da minha curiosidade sobre a encomenda e Isabella Marie Swan o que é seu está guardado. – disse May nos fuzilando ferozmente com o olhar fazendo com que eu e o Jacob caíssemos na gargalhada.

-E garanto que você não vai gostar Isabella. – completou Kênia sorrindo diabolicamente na minha direção fazendo com que eu parasse de rir na hora, está certo que eu sou mais forte que ela, mas confesso que às vezes eu tenho medo quando ela me chama de Isabella.

-Tudo bem, Kênia e Mayara Flynn, estou a vossa disposição para o que vier em vossas mentes de castigo. – digo fazendo uma reverência exagerada que Zacarias me ensinou há muito tempo atrás, fazendo com que os três rissem.

-Parece que Zacarias te transformou em uma verdadeira dama do século passado. – May falou ainda rindo.

-Quem é Zacarias? – Jacob perguntou me olhando intensamente. Seus olhos tinham alguma coisa que não consegui decifrar.

-Ele é um velho amigo nosso, Jake. – Kênia falou encarando a irmã rapidamente e voltando a atenção ao primo. -Ele já viajou muito pelo mundo e toda vez que voltava para Phoenix ensinava alguma coisa nova para a gente. Agora vamos logo para a sua casa porque eu quero ver a tal encomenda.

-Então vamos. – ele disse suavizando um pouco a sua expressão.

Fomos andando em direção a casa de Jake, quer dizer eu e ele, porque as duas saíram correndo na nossa frente.

-Sabe Bella, estou amando a volta delas, eu e o meu pai pensamos que nunca mais teríamos a companhia delas. – ele disse sorrindo olhando as duas na nossa frente.

-Ainda é um pouco difícil para elas, mas aos poucos se acostumam. – retribuí o seu sorriso, aquelas sensações de ontem voltavam ainda mais fortes agora, o que está acontecendo comigo?

-Assim espero. – ele suspirou e me olhou intensamente com seus olhos negros e intensos. Seu rosto estava cada vez mais perto do meu e só então reparei que estava parada de frente para ele. Borboletas brincavam no meu estômago esperando a reação dele. Cada vez que a distância entre nós era encurtada eu esquecia o meu lado lógico e tudo a minha volta sumia como se fôssemos os únicos habitantes da Terra. Mas então como se fosse combinado, uma das gêmeas o chamou nos trazendo de volta a realidade.

-Jake! Onde está a encomenda? Não está na sala e muito menos na cozi... – May disse saindo da casa, mas interrompeu a frase assim que nos viu muito próximos, corei violentamente pela forma que ela nos olhava.

Parece que a pergunta da May fez com que Jacob acordasse do transe e ele olhou para a prima sorrindo.

-A encomenda está na garagem porque ela não cabe na minha casa. – ele disse se afastando lentamente de mim.  -Esperem aqui, eu já trago o pacote.

Ele foi se afastando de nós, indo em direção a garagem.

-Bella desculpa quebrar o clima. – May falou me lançando um sorriso malicioso me fazendo ficar ainda mais corada.

-Não tinha clima nenhum May, só estávamos conversando. – dei de ombros e tentando de todas as maneiras disfarçar o meu constrangimento.

-Tudo bem Bella eu acredito em você assim com também existe o Papai Noel e o Coelho da Páscoa. – Kênia disse aparecendo ao lado da irmã.

-Só estávamos conversando sobre a volta de vocês e como ele e o pai estavam felizes por isso. Agora, por favor, dá pra parar de falar essas coisas? – supliquei, pois no fundo estava morrendo de vergonha por elas insistirem nisso.

-Tudo bem, não está mais aqui quem fal... – May perdeu a fala assim que viu Jacob estacionando um carro na nossa frente.

-Essa era a encomenda? Um carro? – perguntei assim que ele saiu e fechou a porta do carro.

-Esse não é qualquer carro, é simplesmente um Camaro preto! – May disse se atirando na frente do carro, ela tinha um brilho nos olhos igual a uma criança que acaba de ganhar uma bicicleta dos pais.

-Quem mandou o carro, Jake? – Kênia perguntou rindo da cara da irmã.

-Foi a Anna, ela pediu para falar que se você mudar de idéia ela manda um para você também.

-Nem pensar, dirigir é só para a Bella e a May, não me dou muito bem com carros. Espero que goste May porque demoramos um pouquinho para achar o modelo e a cor que você queria. – Kênia disse balançando a cabeça.

-Eu já disse a vocês que amo a minha irmã e a minha tia? – May riu vindo abraçar a irmã exageradamente.

-E eu já lhes disse como ela é interesseira? - Kênia revirou os olhos e todos rimos.

-Vou colocar esse bebê na garagem e ligar para a tia Anna para agradecer o presente. Vamos combinar tudo para sexta? – May disse correndo para a porta do carro.

-Vamos sim.

May entrou no carro para levá-lo para a garagem da casa, enquanto eu, Kênia e Jacob fomos andando e falando sobre a felicidade da May com o novo carro, ela é parecida com o Jacob nesse aspecto, ama carros e daria uma boa mecânica, ela entende tudo, desde as peças mais simples até as mais complicadas. Lembro-me de uma vez que o carro da Anna não queria ligar, May prontamente se ofereceu para arrumar o motor. Ela passou o final de semana inteirinho desmontando o carro e quando terminou o carro ligou e ainda estava melhor do que a última vez que Anna o levou no mecânico.

Entramos na casa e esperamos a May entrar, ela se jogou ao meu lado e suspirou longamente.

-Caramba, estou doida para ir a aula amanhã e mostrar o meu brinquedinho para todo mundo. – ela falou sorrindo bobamente como se estivesse apaixonada.

-Acho que perdemos a May para o carro Kênia, ela não vai sair de perto dele nunca mais. – suspirei pesadamente fingindo estar segurando o choro.

-Também acho isso Belzita, ela não larga mais esse carro por nada desse mundo, estou começando a me arrepender de ter escolhido esse carro. – Kênia me acompanhou na encenação fazendo May revirar os olhos.

-Eu também não sairia de perto daquele carro tão cedo, ele é um verdadeiro monstro. – Jacob sorriu e sentou na minha frente. -Ou pelo menos até arrumar uma coisa muito melhor que carros. – completou sorrindo de lado e me olhando de relance.

Corei violentamente com o seu comentário, meu coração batia descontroladamente no peito.

-Então como vamos fazer para sexta-feira? – disse mudando rapidamente de assunto.

Parece que as meninas entenderam o meu desconforto e trocaram o assunto pela sessão do clube do medo. Ficamos conversando até tarde sobre os detalhes e nem vi que já tinha escurecido, me despedi de todos e principalmente do Jacob já que amanhã eu não viria para La Push, pois queria fazer uma faxina geral lá em casa.

Cheguei em casa e o carro do meu pai já estava lá, entrei e o vi sentado na sala vendo algum jogo na televisão.

-Oi pai, desculpa pela demora, mas estávamos marcando uma sessão de filmes de terror para sexta-feira e nem vi o tempo passar, já jantou?

-Sem problemas Bells, acabei de chegar também. – ele disse sorrindo e voltando a atenção para o jogo.

Fui para a cozinha e fiz um arroz, acompanhado de uma salada de legumes. Enquanto a água do arroz secava pedi ao meu pai para olhar as panelas enquanto eu tomava um banho, não demorei muito, pois o cansaço estava começando a me abater.

Jantamos em silêncio e logo após lavar a louça me despedi do meu pai e me recolhi para o meu quarto. Joguei-me na cama e comecei a pensar em tudo o que aconteceu hoje e principalmente sobre os meus sentimentos em relação ao Jacob, mesmo não querendo admitir acho que estou perdidamente apaixonada por ele! E ao mesmo tempo que isso é bom, me deixa muito assustada.

carro da May: