Chegamos a Port Angeles depois de cinco horas dentro do avião, e meu coração saltitava no peito de emoção de rever meu pai depois desse tempo todo. As meninas também estavam ansiosas para chegar a La Push, sei que a reserva não traria boas lembranças a elas, mas estavam felizes por voltar para o lugar onde nasceram.

-Oi Bells. - assim que peguei as minhas malas escutei uma voz muito familiar atrás de mim, me virei sorrindo e não resisti e abracei o dono da voz.

-Oi pai, estava com saudades. – disse segurando as lágrimas que insistiam em querer cair pelo meu rosto.

-Também estava com saudades filha. - disse um pouco constrangido, não tínhamos costume de demonstrar nossos sentimentos, mas quando o vi a saudade falou mais alto e me deu vontade de abraçá-lo e assim o fiz.          -Como está a sua mãe?

-Está bem, ela te mandou um abraço. – disse o soltando do abraço.

-Olá senhor Swan, quanto tempo. – disse Kênia sorrindo.

-Olá meninas, como vocês cresceram e, por favor, me chamem de Charlie, vocês são praticamente da família. – disse sorrindo cumprimentando as duas. -Bem, como Billy não pode mais dirigir e o Jacob está na aula me ofereci para levá-las a La Push, tudo bem?

-Se não for te incomodar, obrigada Charlie. – disse May sorrindo.

-Não é incômodo nenhum, vamos?

Nós três assentimos e fomos para a viatura dele, não tínhamos muita bagagem porque tivemos que sair um pouco às pressas de Phoenix e marcaríamos um dia para fazer compras na cidade.

Fomos rindo durante o caminho todo até Forks, nós três parecíamos realmente irmãs, a única diferença era que as duas eram morenas e eu muito branca, elas implicavam sempre comigo por causa da minha cor, sempre diziam que eu tinha nascido dentro de uma caixa de leite. Às vezes via meu pai nos olhar pelo canto dos olhos, sorrindo, parecia não acreditar que estávamos de volta, às vezes também achava que isso era sonho, mas bastava olhar o rosto do meu pai e ver o seu sorriso que me convencia de que era real. Meu pai me deixou em casa primeiro, por La Push ser um pouco longe. Ele me ajudou a colocar as malas no meu quarto e desceu para levar as meninas, o acompanhei até o carro para me despedir delas e entrei em casa para colocar as minhas coisas em ordem.

Quando terminei de arrumar as coisas olhei pela janela e vi meu pai saindo da viatura e entrando em casa, desci as escadas e o encontrei perto da porta tirando o casaco.

-Oi pai, estava terminando de arrumar as minhas coisas e já vou fazer o jantar. - disse sorrindo e me dirigindo para a cozinha.

-Não precisa Bella, quando levei as meninas a La Push Billy nos convidou para jantar lá em comemoração a volta de vocês. – disse um pouco sem jeito. -Isto é, se você quiser ir, é claro.

-Sem problemas pai, não me lembro muito do Billy e adoraria revê-lo. – não me lembrava muito do Billy, mas sei que ele é muito amigo do meu pai. -Só espera eu tomar um banho rápido? Essa viagem me cansou um pouco.

-Claro filha, vai lá.

Subi as escadas rapidamente e fui em direção ao banheiro. Tomei um banho rápido e fui para o meu quarto trocar de roupa, decidi colocar calça jeans básica e uma blusa de manga comprida com o decote em v, calcei o meu tênis all star e desci de encontro ao meu pai que já estava perto do carro.

O caminho foi tranquilamente silencioso e agradável, estávamos apenas aproveitando a presença um do outro, isso me fazia esquecer um pouco do que eu sou e o meu destino.

Estava perdida em meus pensamentos que nem percebi que o carro tinha parado em frente a uma casinha de madeira vermelha com a cor desbotada e as janelas estreitas. A casa era simples e aconchegante, trazia uma paz de espírito só de estar perto, imagina quem mora nela. Saí do carro e quando fechei a porta da viatura May e Kênia saíram saltitantes da casa em minha direção me fazendo rir, essas duas não tem jeito.

-Pensei que você não viria.

-E deixar vocês sozinhas com o seu tio e o meu pai? Nem morta, vocês aprontam muito. – disse alfinetando as duas, elas deixam qualquer um louco.

-Rá, rá, muito engraçada senhorita Swan. – disse May revirando os olhos.  -Vamos entrar que quero te apresentar a minha família.

Assenti e as segui rindo, depois de tanto tempo vivendo juntas na mesma casa vai ser estranho não tê-las por perto e escutando as maluquices que essas duas aprontavam. Entramos na sala e tinha um homem de pele morena e cabelos compridos em uma cadeira de rodas perto do sofá, Charlie o cumprimentou e se virou em minha direção.

-Bella esse é o Billy Black, não sei se você se lembra dele, mas costumávamos vir para cá quando você vinha para passar as férias comigo.

-Me lembro vagamente, como está Billy? – disse sorrindo realmente não me lembrava muito dele.

-Muito bem e como você cresceu menina, Charlie está feliz da vida por você estar de volta. – quando Billy disse isso eu corei e vi que o rosto do meu pai assumiu um tom vermelho vivo de constrangimento, agora eu sei de onde puxei isso.

-Até parece que você também não está com a volta das meninas. – disse Charlie resmungando e nos fazendo rir.

-Você precisa de ajuda com o jantar tio? – perguntou May indo para o seu lado.

-Não meu bem, está tudo sob controle.

-Se é assim será que podemos ir mostrar a Bella onde é a nossa casa? – disse Kênia sorrindo. -Isto é, se o Charlie deixar.

-Podem ir meninas, só não demorem e se virem o Jacob avisem a ele sobre o jantar, os meninos passaram aqui mais cedo e o chamaram para dar uma volta, tudo bem para você Charlie?

-Se a Bella quiser por mim tudo bem. – disse meu pai dando de ombros.

Assenti e saí da casa sendo puxada pelas duas me fazendo revirar os olhos e Charlie e Billy riram. Elas me levaram para uma casinha ao lado, de cor branca, o estilo das casas daqui era o mesmo.

-Bella, essa é a casa que era dos meus pais, tio Billy queria que ficássemos na casa dele, mas preferimos ficar aqui por ser a casa dos nossos pais e pelo motivo das “visitinhas” fora de hora. – Kênia falou fazendo aspas na palavra visitas e abrindo a porta da casa.

-É uma boa idéia, principalmente se o visitante se chamar Gabriel. – disse as fazendo rir.

-Ele não é nada discreto mesmo, tenho pena de você Bella, se para a Kênia vai ser difícil ter que esconder a presença dele por algumas horas imagina você que treinará com ele?

-Nem tinha pensado nisso May, mas valeu por lembrar. – disse fazendo careta e arrancando mais risadas delas.

-Chega de papo e vem conhecer a casa. – disse Kênia nos puxando para dentro da casa.

Depois de me mostrarem a casa seguimos em direção a praia, elas queriam aproveitar que o jantar ainda não estava pronto e me mostrar à reserva.

Fomos conversando até a praia e me encantei com a beleza daqui, por estar de noite não dava para ver tudo, mas o que mais me impressionou foi à força do mar, parecia que tudo aqui tinha o seu toque sobrenatural. Deixando a reserva e a cidade ainda mais aconchegante para mim, cresci cercada por um mundo de coisas inexplicáveis que a maioria da população do mundo acredita serem apenas mitos.

-Aquele ali não é o Jacob e os amigos? – perguntou May apontando para um grupo de garotos sentados na nossa frente me fazendo voltar à realidade.

-É sim e bem na hora, acabei de ver o tio Billy terminando o jantar. Vamos chamá-lo e ir para casa, tudo bem Bellinha? – perguntou Kênia sorrindo, aquele sorriso não era o habitual dela, tinha um ar de malícia.

-Por mim tudo bem, mas o que a senhorita está aprontando hein Kênia? Conheço esse sorriso e boa coisa não é.

-Não é nada demais, é só que os amigos do meu primo são bem bonitinhos. – disse ela fazendo com que eu e May caíssemos na gargalhada.

-Você é impossível, mal chegou e está preparando o terreno?

-Elementar minha cara Bella, quem prepara o terreno antes de plantar sempre tem uma boa colheita.

-Concordo com você K, temos que preparar muito bem o terreno, porque as melhores safras sempre são as primeiras.

-Vocês não valem nada. – disse rindo e as fazendo rir também.

Um dos garotos sentados na areia virou a cabeça em nossa direção e se levantou rapidamente vindo em nossa direção.

-Posso saber o motivo das risadas? - uma voz rouca quebrou o som das nossas risadas me causando uma sensação boa e ao mesmo tempo desconhecida.

-Coisas de garotas Jake, deixa eu te apresentar, essa é a Bella filha do Charlie, nossa melhor amiga e irmã de consideração, nós costumávamos brincar todos juntos quando éramos crianças na época das férias.

-Bella. – disse Jacob sorrindo e me abraçando.

 Jacob era muito parecido com as primas, mas sua cor de pele era única, pois tinha um tom castanho avermelhado, seus cabelos eram escuros e longos e tinha um sorriso que fazia qualquer dia nublado perder a força, ele era o exemplo perfeito para a definição da palavra lindo.

-Oi. – corei com os meus pensamentos saindo de seu abraço, e esse fato não passou despercebido pelas gêmeas, aposto que depois vão pegar no meu pé.

-Jake você vai perder a piada do Embry. – disse um dos garotos vindo em nossa direção.

-As piadas dele não são tão engraçadas assim, bem essas são minhas primas May e Kênia e essa é a Bella filha do amigo do meu pai, esses são Seth, Embry e Quil.

-Oi, eu sou Quil Ateara. – disse um deles sorrindo.

-Eu sou Seth Clearwater.

-E eu sou Embry Call.

-Oi eu sou a May. – May se apresentou primeiro fazendo com que eu e a Kênia segurássemos o riso. Realmente a “preparação” estava começando.

-Bem, eu sou a Kênia.

-E eu sou a Bella. – disse fazendo todos rirem.

-Se juntam a nós? – disse Seth sorrindo para Kênia.

-Na verdade não podemos, só viemos aqui para procurar o Jacob a pedido do tio Billy. – disse Kênia retribuindo o sorriso de Seth. Ela realmente não tem jeito.

-Eu já estava indo para casa, vamos? – Jacob ergueu as sobrancelhas, acho que ele notou as intenções da Kênia e da May com os amigos.  -Nos vemos depois meninos.

-Vamos sim, tchau gente, adorei conhecer vocês.

-Tchau. – responderam em coro nos fazendo rir.

 À volta para a casa do Billy foi recheada de muitas risadas, tudo porque o Jacob ficou com ciúmes de como a Kênia falou com o Seth e para piorar ficamos colocando pilha. Quando chegamos à frente da casa meu pai apareceu na porta sorrindo.

-Já estava indo procurar vocês, venham, o jantar está pronto.

O jantar foi muito divertido, a implicância do meu pai e do Billy nos renderam boas gargalhadas, ás vezes sentia o Jacob me observando, e quando nossos olhares se encontravam despertava em mim um sentimento diferente, nunca antes sentido.

 Depois do jantar fomos para a varanda aproveitar a noite que estava linda, sentei perto das meninas e do Jacob onde engatamos uma conversa animada.

-Bella, eu me esqueci de falar que ligamos para a casa da tia Anna para saber das novidades e ela disse que estava tudo tranqüilo por lá e a sua mãe mandou você ligar para ela. – disse May sussurrando, Jacob não podia saber do nosso segredo.

-Tudo bem mais tarde eu ligo para ela. – disse no mesmo tom e percebi que Jacob nos olhava confuso e resolvi mudar de assunto.

-Jacob você estuda aonde?

-Eu estudo aqui na reserva junto com Embry, Quil e Seth. – disse me encarando e sorrindo, seu sorriso fez com que meu coração acelerasse.

-E vocês meninas, vão estudar aonde? – disse desviando o meu olhar do seu antes que me perdesse nele.

-Bem, tio Billy tentou nos convencer de estudar na reserva com o Jake, mas como nunca nos separamos resolvemos nos matricular na Forks High School, junto com você. – disse Kênia sorrindo e as duas me abraçaram fazendo com que caíssemos e todos riram.

-Acho melhor vocês maneirarem nesses abraços se não vão se machucar. – meu pai riu e me ajudou a levantar.

-Não tem problema pai, já estou acostumada com esses ataques delas. – disse rindo e as duas me mostraram a língua nos fazendo rir ainda mais.

- Sei, mas mudando de assunto tenho um presente para você filha.

-E o que é pai? – perguntei curiosa, meu pai tinha um sorriso lindo fazendo minha curiosidade aumentar ainda mais.

-Você já vai saber meu bem, me acompanha Jacob e Billy?

-Claro, e vocês vem meninas? – perguntou Jacob para as primas, sua voz rouca me trazia sensações desconhecidas que me deixava maravilhada e ao mesmo tempo com medo, pois nunca havia sentido aquilo antes por ninguém.

-Nós vamos...

-Passear um pouco pela praia, matar as saudades de casa. – disse Kênia cortando a irmã e me deixando intrigada.

-Tudo bem, vou mostrar a surpresa da Bella e depois nos encontramos na praia, pode ser? – disse Jacob se virando na minha direção, seu olhar era de um negror intenso fazendo com que eu me encantasse cada vez mais com ele.

-Sim, eu gostei da praia daqui ela traz uma paz inigualável. – disse o fazendo sorrir... Seu sorriso era lindo, aliás, tudo nele era lindo e pensando nisso corei novamente, eu realmente odeio essa mania de corar. O que esse menino tem que me deixa desse jeito?

-Então vamos. - disse Billy me fazendo voltar à realidade.

 Assentimos e fomos em direção a oficina atrás da casa, Billy e Charlie estavam na nossa frente conversando animadamente.

-Está gostando de Forks? – perguntou Jacob depois de alguns segundos em silêncio.

-Sim, é bom estar de volta, tinha muitas saudades do meu pai. – sorri, realmente tinha saudades dele e só não voltei antes por causa da minha “vida tranquila.”

-O fato da cidade quase nunca ter sol não te incomoda? – ele perguntou sorrindo, fazendo com que meu coração acelerasse novamente.

-Eu gosto de calor, e a cidade de Phoenix tem isso de sobra, mas a saudade do meu pai era tanta que o frio não me incomoda. – sem contar que é o único lugar onde não existem demônios me caçando com o desejo de me matar... Concluí em pensamento, ele não precisa saber como minha vida é confusa.

-E porque não voltou antes? – perguntou me olhando intensamente.

É, agora estou lascada, pensa rápido Bella, pensa rápido.

-Eu queria voltar mais cedo, mas fiquei com receio de deixar a minha mãe sozinha em Phoenix, ela é meio desligada para algumas coisas sabe? – disse rindo e sendo acompanhada por ele, é verdade que minha mãe é um pouco desligada, mas o real motivo ninguém poderia saber.

-Ainda bem, pensei que teria que ir buscá-los. – disse meu pai quando chegamos à porta da garagem rindo, pelo seu olhar vi a satisfação de me ter de volta e sorrindo.

-Qual é a surpresa que você tem para mim? – perguntei o fazendo rir, fazer o que se sou uma pessoa muito curiosa.

-Bem sei que você não vai querer que eu vá te levar na escola de viatura então resolvi comprar um carro para você. – disse apontando para uma picape vermelha. -Ela era do Billy e como ele não pode mais dirigir me ofereceu e eu comprei, o Jacob deu jeito nela e está funcionando perfeitamente.

Eu simplesmente o abracei apertado e tive a certeza de que ele estava corado.

-Pai eu nem sei o que dizer, muito obrigada. – me desvencilhei de seu abraço e o Billy o chamou.

-Vamos Charlie deixa que o Jake mostre para ela a picape sei que eles vão encontrar as meninas na praia depois.

-Já vou velho chato, filha não demore na praia porque amanha você tem aula.

Assenti e agradeci novamente o presente, e fui para perto do Jacob e o abracei.

-Muito obrigada por ter arrumado ela para mim, não entendo muito de carros.

-Digamos que foi uma troca de favores, seu pai deixou o caminho livre para que eu montasse meu próprio carro. – disse sorrindo lindamente e me deixando com o coração acelerado e um pouco tonta com a intensidade do seu olhar em mim.

Apenas assenti não confiando na minha voz.

Ficamos conversando sentados no banco da picape durante um bom tempo onde ele me contou algumas coisas da sua vida e sobre como adorava montar carros, logo depois escutamos as vozes das meninas perto da garagem.

-Pensei que vocês iriam nos encontrar na praia. – disse May fingindo estar brava por não irmos encontrá-las.

-Sabe que eu até me esqueci disso, ficamos conversando e perdi a noção do tempo. – respondi dando de ombros, conversar com o Jake era muito bom.

-É mesmo, a Bells é uma ótima companhia. – sorri quando ele me chamou pelo apelido.

-Você também é Jake. – disse o fazendo sorrir e senti meu coração querer sair pela boca, desviei o olhar do seu e disse as duas...

-O que acharam do meu presente? – disse batendo no assento da picape.

-Eu adorei.

-Eu também, o presente foi perfeito.

-E vocês não irão comprar um carro não? – May adora dirigir, só não comprou um carro em Phoenix porque ela adorava a Chevy Impala da Anna.

-É mesmo, pelo que me lembro May sempre gostou de carros. – disse Jacob entrando na conversa.

-Claro que sim, a tia Anna andou procurando uns carros por aqui para a gente e acho que teremos em breve uma surpresa. – disse Kênia piscando para mim fazendo a May rolar os olhos. Kênia tinha nos dito há dias atrás que ela e a tia estavam pesquisando alguns carros e já sabia o modelo exato, mas não entregaria agora, pois seria um presente, pois esse ano elas se formam e ela quer seguir a carreira de estilista.

Continuamos conversando até meu pai me chamar para ir embora, pois estava tarde e teria aula amanhã. Combinei com as meninas de deixar a picape com elas que me buscariam amanhã na minha casa para irmos para a escola.

Me despedi de todos e segui com Charlie em direção a viatura. O caminho de volta foi diferente, conversamos bastante sobre o presente e sobre como seria estudar com as duas meninas no mesmo colégio, e mesmo assim não conseguia parar de pensar no Jacob e em como seu sorriso me aquecia por dentro. Realmente a melhor coisa que fiz foi ter voltado, meu pai estava feliz e eu segura... Como diz aquele ditado... “Deus escreve certo por linhas tortas”... E realmente faz muito sentido, pois me mantive afastada do meu pai para mantê-lo seguro e agora quem precisa de proteção sou eu.

Cheguei em casa e subi para o meu quarto enquanto meu pai sentava no sofá para ver algum tipo de jogo, resolvi ligar para Renée no dia seguinte pois estava cansada e queria dormir logo. Tomei um banho rápido, vesti uma camisa baby look azul com uma calça de malha e cheguei na beirada da escada gritando um boa noite ao meu pai e fui para o meu quarto, assim que deitei tive a sensação de estar sendo observada.

-Será que eu não posso ter uma noite sem a sua presença Gabriel? – disse sorrindo e me sentando na cama.

-Nossa que recepção, as gêmeas falaram a mesma coisa quando me viram. – disse se sentando na beirada da minha cama e se fingindo de ofendido me fazendo rir.  -Pode deixar que eu não vou fazer mais isso, só vim saber se você estava bem e comunicar que a sua mãe espera a sua ligação amanhã sem falta.

-Eu estou bem Gabe, não precisa se preocupar e quanto a minha mãe, diz a ela que irei ligar para ela sim amanhã, depois da aula. – disse revirando os olhos, minha mãe é super protetora, até demais às vezes.

-Tudo bem, eu já estou voltando para Phoenix, tem demônios rondando a cidade procurando o paradeiro de vocês.

Senti meu coração se apertar quando ele disse isso e vendo a minha expressão ele foi logo completando.

-Não precisa se preocupar com nada meu anjo, sua mãe e a Anna estão seguras na nova casa, só estamos reforçando a “limpeza” por medida de precaução. – disse me tranqüilizando. Senti uma necessidade enorme de perguntar sobre Miguel.

-Miguel sabe sobre o nosso esconderijo?

Ele suspirou pesadamente e disse.

-Não, Miguel não entra em contato conosco desde o dia da reunião e estou mantendo tudo em segredo desde aquele dia. Eu não sei o que está acontecendo com ele Bella, e creio que as suas intuições estejam corretas em manter isso longe dele. – disse com um sorriso triste, Miguel e Gabriel sempre foram muito próximos.

Apenas assenti e o abracei, não podia dizer nada das minhas suspeitas para ele, só o deixaria ainda mais para baixo.

-Mas chega disso, vai descansar porque amanhã você tem aula e as meninas estão eufóricas com isso. – disse sorrindo e me dando um beijo na testa.  -Boa noite meu anjo que Deus guarde seus sonhos.

-Boa noite Gabe e que Deus sempre ilumine seus caminhos.

-Obrigado meu anjo, e não se esqueça que a partir de agora quem ficará incumbido de seus treinamentos será eu e começamos na semana que vem, ainda não arrumei um lugar livre de público para isso.

Apenas assenti e ele sorriu em resposta e se foi do mesmo jeito que apareceu, suspirei e me deitei novamente, teria aula no outro dia e precisava descansar, deixaria Miguel e seus mistérios para depois, pois a única coisa que preciso me preocupar agora é com a recepção na escola amanhã. Pensando nisso me senti indo para as portas da inconsciência onde entrei e por incrível que pareça a única coisa que me veio em mente foi o sorriso de um garoto de uma certa reserva que é capaz de tirar qualquer treva do coração.