Senhora Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 14
Daniel Gonzales




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Capítulo 14 – Daniel Gonzales

“Daniel”

A voz dela ecoava em meus ouvidos. Tão doce e delicada. Quando encontrei seu olhar, suas presas estavam expostas. Não iria culpá-la, nossas peles estavam tão juntas que era fácil perder o controle. Mas a mínima possibilidade dela me morder me fez diminuir o meu ritmo.

“Guarde as presas, meu amor”, me arrisquei sussurrando em seu ouvido, mesmo que aquilo deixasse meu pescoço mais exposto. “Quero que meus gritos sejam de prazer e não de dor”

Demorou um pouco, mas ela as guardou. E com isso continuamos o que estávamos fazendo, cada vez com mais luxúria e mais paixão.

Acordei suado e respirando com dificuldade. Tinha sonhado com ela de novo, mas esse sonho parecia o mais real e mais vívido de todos. Mas não era verdade. Toda a verdade do que aconteceu veio em mim como um baque.

Ela tinha vindo ao meu quarto sim, mas não para que nós fizéssemos amor, mas para que ela dissesse que achava melhor eu voltar para a casa do meu avô. Não sabia como ela faria isso, mas Dinnie disse que era possível.

Tentei argumentar, mas não tinha motivos aparentes para continuar ali e ela sabia disso. Discutimos obviamente, então (ainda não sabia o porque) eu desisti e resolvi juntar as minhas coisas. Se ela queria que eu fosse embora, que fosse.

Mas, mesmo me querendo longe dela, Dinnie ainda se preocupava com a minha proteção. A prova disso é que ela insistiu que eu deixasse Luanne me acompanhar.

E ali vinha a parte mais estranha. Eu não me lembrava de nada depois disso. Era como uma filme mal cortado. Era quase palpável o momento em que nós discutimos. A tensão (tanto da discussão quanto sexual) pairavam no ar.

Meu desejo naquele momento era de tê-la em meus braços, que a nossa raiva fosse transformada em amor. Queria poder sentí-la, enquanto eu estivesse dentro dela. Ouví-la arfar de novo. Beijá-la de novo. Mas tudo foi água abaixo por causa daquela discussão idiota.

Rolei na cama e afundei meu rosto no travesseiro, tentando sentir o cheiro dela. Mas nada vinha, a não ser o cheiro do meu suor. Pensei em permanecer o restante do dia na cama, mas minhas ideias foram arrastadas para longe, quando meu avô entrou no quarto cantarolando.

“Acorde, Dan”, ele disse.

Parecia que toda a sua raiva e presunção de uma semana atrás havia sumido, dando lugar a um novo Yúri, ou melhor, Barão. Ouvi-o passando por mim em direção a minha janela e a abrindo. A luz veio imediatamente para as minhas costas nua, aquecendo-a e a fazendo ter um formigamento estranho.

“Wow!”, meu avô arfou. Até aquele momento eu não tinha levantado o olhar para ele, mas quando o encarei, ele estava olhando para as minhas costas. “O que aconteceu com você? Brigou com um gato?”

Não , com uma vampira. Queria dizer, mas o choque do que ele tinha dito me abateu. Levantei o mais rápido que pude e parei em frente ao espelho do banheiro. Assim que vi sobre o que meu avô estava falando, arfei. Minhas costas tinha marcas roxas e inchadas, todas pequenas e em formato de unhas, como se alguém tivesse cravado as unhas em mim, muito forte.

Contragosto, aquele sonho voltou novamente a minha memória. Fio apenas um sonho, Daniel. Apenas um sonho. Mas o melhor sonho da minha vida inteira. E como eu ansiava que ele tivesse sido real, mas não foi. E enquanto eu tocava e analisava minhas marcas, tentava raciocinar o que diabos havia acontecido comigo ontem.

Tinha brigado com Dinnie Ray, arrumado minhas coisas e ido embora com Luanne. Ponto. Minha memória acabava ali. Mas, o que aconteceu depois? Logicamente, meu avô deveria saber. Mas se ele nem sabia das marcas, como eu teria certeza que sabia de onde elas tinham vindo?

Perguntando, obviamente.

“Vô, como eu cheguei em casa?”, perguntei indo para a sala. Meu avô estava sentado no sofá enquanto tomava chá em uma antiga mesinha de centro. Ele levantou o olhar para mim sem largar sua xícara e suspirou.

“Um vampiro te trouxe aqui.”, ele respondeu secamente. Minha confusão se ampliou.

“Não seria uma vampira?”, eu perguntei me sentando ao seu lado no pequeno sofá vermelho desgastado. “Uma vampira de olhos azuis e cabelos loiros com uma mecha rosa”

Meu avô colocou a xícara na mesinha e virou o corpo para mim, me estudando. “Não que eu ligue muito em diferenciá-los, mas não. Era um vampiro. Homem. Se é que ainda pode chamar um vampiro de homem.”

Mais confusão em abateu, até que uma ideia me veio a cabeça. E se Luanne tivesse me levado até a divisa e deixasse que Noah me trouxesse em casa. Era uma hipótese.

“Mas, como era esse homem-vampiro?”, insisti, me inclinando no braço do sofá. Minhas costas ardiam um pouco por causa das recentes marcas. Meu avô revirou os olhos para mim antes de responder.

“Como eu disse antes, não diferencio muito um do outro, mas ele era baixo, robusto, olhos escuros, pele pálida e cabelos ruivos. Está melhor?”

Esse vampiro que me trouxe me casa era claramente diferente de Noah. “Sim”, disse desanimada. Droga! Como eu iria descobrir sobre essas marcas?

“Mas,”, meu avô começou a falar me tirando dos meus pensamentos sobre as garras em minhas costas. “qual é o seu interesse em quem te trouxe ou não? O importante é que você está aqui e ponto final.”, ele sorriu, fazendo seus olhos cinzas brilharem.

“Tem razão”, respondi me levantando. Bem, parecia que eu estava de volta em casa.

Retomei minha rotina mais rápido do que esperava. Passou se dois dias desde que tinha saído da casa de Dinnie Ray. Não tinha nenhuma intenção de ir atrás dela em seu quartel general, mesmo tendo que me manter preso em casa de noite, por causa do toque de recolher.

As marcas continuaram em minha pele, assim como a sensação de algo estar errado. Os sonhos foram mais contínuos do que eu esperava. Era só eu tirar uma soneca que ele vinham e me faziam acordar suado e insatisfeito. Isso também me rendeu mais uma rodada de piadas em meu trabalho. O que quer que estivesse acontecendo comigo, eu teria que descobrir antes que pirasse.

Tentei ligar para Dinnie Ray, mas ela não me atendia. Não podia ir ao quartel general. Tanto por causa do toque de recolher, quanto do medo de encará-la de novo.

Depois da sexta vez que eu liguei, decidi tomar uma atitude mais drástica. Não, eu não fui ao apartamento dela. Sabia que o quer que ela estivesse me escondendo, não me contaria. Mas eu sabia de uma vampira que me ajudaria.

Na segunda vez que eu tinha ido ao quartel general, Luanne tinha ficado conversando comigo, enquanto eu não era atendido por Dinnie Ray. E nessa conversa ela me contou que de dia trabalhava como veterinária no Centro da área sul de Seattle. E era para lá que eu estava indo.

Até que foi fácil encontrar Luanne, levando em conta o fato dela ser a única veterinária local com uma mecha rosa no cabelo. Vai entender os vampiros. Quando eu cheguei no prédio onde ela trabalhava, fui recebido por uma mal humorada mulher. Ela tinha aparência de uns quarenta anos, tinha cabelos curtos no ombro que ficavam em uma confusão de cachos. Os olhos castanhos e duros me estudavam por baixo do óculos.

“O que você quer?”, ela disse de um modo rude. Me remexi um pouco desconfortável. Claramente ela não era uma vampira. Nem deveria saber que trabalhava sob o mesmo teto que uma.

“Quero falar com Luanne...”, deixei a desejar, forçando minha memória com o sobrenome dela. Então minha mente se iluminou e um sorriso apareceu um meu rosto. “Doutora Luanne Askan”

A mulher me estudou por mais um momento, obviamente não gostando de mim ou das minhas roupas. Eu estava com uma calça jeans clara e uma camisa azul clara. Tinha saído do trabalho e vindo direto para cá. A mulher assentiu e me guiou até uma porta que ficava atrás de sua mesa.

Ela bateu primeiro e quando ouvimos um “pode entrar” de Luanne, ela abriu a porta e me deu espaço para que eu passasse, mas o suficiente para que ela olhasse para Luanne e pudesse ver a sua reação a minha presença.

Luanne estava com um jaleco branco, atrás de uma mesa cheia de papéis. Ela levantou o olhar da papelada e , quando me viu, abriu um lindo sorriso que fez seus olhos azuis brilharem.

“Oh, Daniel.”, ela disse. A mulher atrás de mim bufou e saiu da sala, indignada. “Que surpresa boa. Por favor, sente-se”

Tinha algo em seu sorriso que o parecia forçado, como se ela estivesse nervosa com algo. Isso aumentou minhas suspeitas de que ela sabia de algo que não tinha me contado. Também não tinha como ela me contar nada. Não a tinha visto fazia quase quatro dias. E nem me lembrava do que a gente tinha feito na última vez em que a vi.

Só de lembrar isso, me fez corar, algo que não acontecia com muita frequência. Me sentei a sua frente e vi, como seus olhos brilhavam mesmo quando ela não estava com seus poderes vampíricos a toda. Então, uma hipótese maluca brotou em minha mente. Eu e ela tínhamos...? Meu Deus, porque eu não lembrava de nada?

“Então, o que fez você vir me visitar. Não que seja um incomodo”, ela acrescentou rápido. “Mas estou surpresa”, e ela estava de novo aquele sorriso nervoso.

Raciocinei por um momento se deveria ou não mostrar a ela. Se deveria ou não perguntá-la. Então, sem mais delongas, me levantei, virando de costas e tirei a camisa, mostrando lhe as marcas e recebendo um arfar em resposta.

“Isso.”, eu disse por cima dos ombros. Então me virei para ela. Seu rosto estava levemente corado e seu olhar surpreso. Suas mãos foram tamparam a boca que formava um perfeito “o”.

“Meu Deus”, ela disse

Coloquei a camisa novamente e voltei a me sentar. Agora eu queria respostas e eu sabia que ela tinha. Os vampiros, mesmos aqueles não eram muito próximos, sabiam um da vida do outro. Aquilo não seria exceção a Luanne.

“Me conte, Luanne. O que aconteceu duas noites atrás.”, eu disse me inclinando por sob sua mesa. Tinha um calor em meus olhos que eu conseguia sentir. Empolgação, talvez. Expectativa. “E não minta para mim”

Luanne me encarou por um momento, claramente espantada, até que suspirou e se jogou na cadeira. Eu tinha ganho, estava no papo. Mal eu sabia o que estava por vir.

“Dinnie me ligou de madrugada, triste e me contou que...”, ela parou e voltou a me encarar.

“Contou o que?”, me inclinei cada vez por cima de sua mesa. Ela suspirou novamente e prosseguiu, dessa vez sem parar.

“Ela me contou que vocês fizeram amor. Acho que ela ficou assustada e usou compulsão em você , te obrigando a esquecer daquela noite”

Fiquei congelado.

Não conseguia falar, nem em mexer. Aqueles sonho que eu andava tendo era real. Ou melhor, não era um sonho, mas sim uma lembrava privada. Dinnie e eu tínhamos realmente feito amor. Mas que droga! Eu não conseguia me lembrar direito da melhor noite do mundo. Então, as palavras de Luanne me pegaram de guarda baixa.

“Dinnie estava assustada? Com o que?”, perguntei.

Não conseguia pensar em nada que eu tivesse feito que a teria assustado, também, não conseguia me lembrar de nada, a não ser a breve experiência que tive pelo sonho.

Voltei a encarar os olhos azuis de Luanne, dessa vez preocupados, e quando ela voltou a falar, sua voz estava mais séria do que jamais tinha escutado.

“Por que você disse que a amava”, ela me esclareceu. Acho que fiquei branco naquela hora ( uma coisa muito difícil de acontecer com a minha pele, já que eu era descendente de chicano). Minha mãos bateram com força em sua mesa e me fizeram levantar em um estopim. Luanne ficou obviamente assustada com a minha atitude mas continuou aonde estava.

“Eu não acredito que ela apagou a minha memória.”, acreditava menos ainda que eu havia me declarado para ela. “Aquela filha da...”


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