Senhora Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 10
Daniel Gonzales


Notas iniciais do capítulo

Quero Agradecer a Todos que acompanham a Senhora Sulista.

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Capítulo 10- Daniel Gonzales

Ver Dinnie tão frágil me tocou de um jeito indiscutível. Tive que sair dali naquela hora, senão não seria dono dos meus atos. Vê-la daquele jeito, me deu uma vontade de abraçá-la contra mim e dizer que estava tudo bem. Que eu a queria bem. Que estava tudo bem.

Invejava Luanne por poder ficar tão perto dela. Aquela notícia de ter que ficar com ela por tempo indeterminado me causou um certo desconforto e um conforto.

Quando sai do apartamento,mandei uma mensagem para o meu avô pedindo para que ele encontrasse na divisa e que me trouxesse uma mala de roupas. Ele me respondeu quase que no mesmo segundo dizendo que estava no meio do caminho.

Assim que cheguei na divisa, lá estava ele, com uma mala na mão e um olhar sombrio. Quando me aproximei dele, peguei a mala de sua mão. Ele fez sinal para que eu o seguisse e paramos em um café não muito longe dali.

Na verdade, eu não queria ficar muito tempo longe de Dinnie. E se ela precisasse de minha ajuda? Nos sentamos nas mesas mais distantes no canto mais escuro para que ninguém escutasse a conversa.

“Onde você estava, Daniel?”, ele perguntou quase com um rugido. Sabia que sua atitude não seria diferente. “Eu estava preocupado, já indo atrás de você no Sul. Ai, envés de me dar as caras, me envia um mensagem, sem dizer onde estava.”

“Vô, entenda.”, eu comecei a contar sobre os últimos acontecimentos resumidamente. Os assassinatos, meu colar da proteção (que até aquele dado momento, eu havia escondido dele), o ataque a Dinnie Ray e o fechamento das divisas. Ele escutou em silêncio e apenas assentia consigo mesmo. Por fim, tudo o que ele disse foi:

“Renuncie a proteção e volte para casa.”

“O quê!”, eu exclamei. Eu podia fazer isso? Por que Dinnie não me contou?

“Renuncie a proteção,é tão fácil. Nem sei o porque de você tê-la aceitado em primeiro lugar.”, meu avô estava sendo duro, mais do que ele geralmente era com os vampiros.

Considerei a opção, mas algo dentro de mim insistia em dizer que eu não poderia deixar Dinnie Ray. Droga de subconsciente.

“Eu não posso, vô”, disse de cabeça baixa.

Me envergonhava com esse tipo de envolvimento. Éramos ensinados que vampiros não eram pessoas, eram criaturas que andavam por ai quando deveriam estar mortas. Eu, na verdade nutria desse mantra.

Mas eu não achava mais isso. Depois de um bom tempo de silêncio, tomei coragem e encarei meu avô. O olhar dele era duro, como eu esperava, e também desconfiado.

“Você tem algo com algum vampiro? Algo com Dinnie Ray?”, é claro que eu não tinha contado que estava na casa de Dinnie Ray. Ele piraria de vez.

A menção ao nome dela, me lembrou da minha real intensão quando o chamei. Avisar onde eu estava e voltar para cuidar de Dinnie Ray. Apenas isso. Nada de explicações. Ainda mais para algo tão absurdo quando o meu envolvimento com ela.

Levantei abrindo minha carteira e fiz exatamente a mesma coisa que Dinnie Ray naquele dia. Só que, quando eu me virei para ir embora com minha mala , a mão de meu avô agarrou meu pulso me forçando a encará-lo. Sua expressão era cansada, mesmo por baixa da raiva. Ele queria uma resposta, uma certeza.

“Não, vô”, eu respondi e me soltei. Enquanto caminhava para fora do café, o ouvi dizer:

“Cuidado, meu filho.”

Estava com a cabeça tão área que quase tive um ataque cardíaco quando dei de cara com Noah e Luanne na entrada do prédio de Dinnie. Já escurecei, o que sinalizava o início do horário vampiro. Eles me cumprimentaram rapidamente enquanto eu entrava no elevador. Deveriam estar de guarda para qualquer coisa estranha e me aguardando chegar.

Cheguei em casa estranhando o silêncio que reinava. Andei pelo corredor comprovando a falta de vampiros. Eu ainda estava fulo da vida com meu avô.

Eu já era maior de idade, sabia o que era melhor para mim. E aquela pergunta sobre eu estar ou não tendo algo com Dinnie Ray era ridícula. Mas, algo no meu interior queria poder dizer que sim.

“Droga”

Ouvi a voz de Dinnie vinda do banheiro. Apressei meu passo, parando, hesitante na porta. Ela estava tão bela que eu fiquei sem fala. O meu primeiro pensamento claro foi: o que ela estava fazendo de pé. Não faziam nem vinte e quatro horas que ela havia sofrido o ataque, mas lá estava ela. Sem nenhum arranhão se quer.

Meu segundo pensamento foi como ela estava linda. E era verdade. Dinnie Ray estava com uma blusa branca de seda que tinha um enorme detalhe de uma rosa sobre o seio esquerdo, saia preta de cintura alta, meias arrastão e saltos altos. Além do seu cabelo estar preso em um impecável coque alto com alguns fios soltos que emolduravam o seu rosto. Sem esquecer de sua gargantilha.

Ela estava tão elegante e parecia uma verdadeira mulher de negócios e, em comparação a mim, parecia uma princesa.

Vi que o motivo de seu xingamento foi o zíper da saia que emperrou. Ele ficava nas costas, o que dificultava ainda mais o seu alcance.

“O que você está fazendo em pé?”, perguntei ainda no batente da porta quando seus olhos focaram os meus pelo espelho.

“Estou tentando fechar essa porcaria de saia e terminar de me arrumar para a reunião dos vampiros sulistas”, ela fez uma careta enquanto tentava, inutilmente, puxar o zíper com uma força calculada para não quebrá-lo. Então ela levantou uma sobrancelha perfeita para mim. “Pode me dar uma mão aqui?”, ela disse sinalizando para o fecho.

Fiquei paralisado por alguns instantes. Eu ainda não estava preparado para tocar sua pele macia depois do beijo de ontem. Um beijo roubado, na verdade, mas não deixa de ser um beijo. Me recompus rapidamente e fui ajudá-la.

O primeiro contato coma sua pele foi estranho. Formigou um pouco e me deu uma sensação estranha no estômago, mas respirei fundo e tentei fingir naturalidade.

“Por que não está se recuperando?”, perguntei já atrás dela. Uma mão estava no zíper e outra em suas costas. “Prenda a respiração”

Ela colocou as mãos na pia de granizo para se equilibrar, então puxou todo o ar possível e impossível. Aproveitei e puxei de vez o zíper, sem dó.

“Tenho que mostrar que estou viva.”, ela disse quando terminei e voltou a se olhar no espelho. “Muitos estão preocupados comigo e, além disso, preciso avisá-los o quanto antes sobre o fechamento das divisas”

Me lembrei de como ela havia ficado quando me estourei com ela por ter me trancado ali. Não era por causa do fechamento em si que eu tinha ficado daquele jeito, mas por mim mesmo. Não sabia por quanto tempo em seguraria sem agarrá-la por ai.

A prova disso foi que mesmo eu já tendo fechado o zíper e feito o meu trabalho, não tinha tirado minhas mãos dali. Nem havia me lembrado de me desculpar pelo modo que agi sobre o fechamento das divisas. Apenas me sentia obrigado a ficar ali. Tinha que descobrir os segredos que aquela mulher carregava.

Antes que eu pudesse perceber, minhas mãos ganharam vida e viraram o corpo delicado e esbelto de Dinnie Ray na minha direção.

Seus olhos vermelhos se arregalaram de surpresa, mas tanto quanto a minha. E depois, para a minha incredulidade, a puxei contra o meu corpo. Suas mãos ainda estavam na pia como forma de apoio e sem que eu perdesse a coragem, tirei minha mão do seu zíper e a coloquei em sua nuca, puxando sua boca na direção da minha.

Meus lábios começaram suaves, então foram aumentando a velocidade até que senti minha língua invadindo sua boca, pedindo entrada. Dinnie soltou um arfar de surpresa, mas logo nossas línguas estavam se movendo em total sitônia.

Minhas mãos, que ainda estavam em suas costas, trouxe seu corpo mais junto ao meu, o que a fez suspirar. Suas mãos estavam em meus cabelos, enrolando seus dedos ali.

Foi aí que eu vi que um beijo não aplacaria aquela fome que se instalou em meu peito. Senti minha mão deslizando das costas para o zíper da saia, mas não antes de empurrá-la contra a pia.

Estava começando a abri o zíper que eu mesmo tinha ajudado a fechar quando Dinnie soltou meu cabelo e , como um raio, me empurrou para longe dela. Ela se segurou novamente na pia , como se buscasse um equilíbrio.

Nós respirávamos com dificuldade, então passei a mão pelo cabelo, frustado e soltei o pouco ar que havia conseguido pegar.

“Me desculpe. Eu realmente não sei o que deu em mim”, me expliquei sem encará-la diretamente.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, então eu tomei coragem e a encarei. Ela olhava para o nada com os olhos arregalados até que se focou em mim, sem realmente me ver. E quando dei por mim,e la saiu correndo feito um raio.

Tentar segurá-la era uma burrice e eu não tentei. A única prova de que ela havia ido embora era o barulho da porta sendo fechada com força.

De novo.


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Notas finais do capítulo

Agora Começou a Esquentar



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