A floresta de Thorntree era abraçada pelas cores quentes do vasto outono, cujos ventos despiam os galhos das árvores de suas folhas indecentemente, como dois amantes às ocultas, desesperados, que também o faziam em um carvalho ali no coração da floresta.

Aquelas cores quentes pareciam derreter para os dois arqueiros ali escondidos, camuflando-se naturalmente como sempre faziam, tornavam-se parte daquele lugar como se pertencessem um ao outro. Era ali onde Will e Halt se amavam, longe dos olhos dos Araluenses, onde eram apenas aprendiz e mestre. Bem ali, naquele majestoso carvalho, cujo tronco era marcado por suas iniciais feitas com a faca de caça de Halt e cuja folha representava a ordem à qual pertenciam.

O mestre, Halt, segurava seu aprendiz contra a grande árvore, o imprensando com seu peso, mas de forma protetora. Will sentiu a respiração de seu amado pesar e acelerar cada vez mais. Fechou os olhos por um segundo, um único segundo que deveria ser eterno, e os lábios frios daquele que tanto desejava tocaram os seus. Mãos ágeis e delicadamente fortes - um delicioso paradoxo - acariciaram seus cabelos.

O sol poente seria a única testemunha daquele ato de amor.

Amor? Ou luxúria? Oh, pobres amantes, um sentimento tão puro, mas tão discriminados por seus compatriotas! Mas afinal, o sexo realmente importa quando se ama alguém?

  Will sentia as mãos, encostadas no enorme carvalho que os protegia das incontáveis nuvens bisbilhoteiras, formigarem com o medo de ser pego. E quando novamente abriu os olhos, a primeira coisa que pôde definir foi o acolhedor sorriso de Halt.

       Então todo seu medo desapareceu.