Corri escada abaixo e encontrei os restos das roupas de Sally no chão. A Tv estava quebrada e o piso estava meio irregular. Suspirei alarmada.

-Que droga, eu adoro essa blusa.- murmurei antes de explodir em um gigante lobo branco.

                Corri em direção à floresta e logo fui atingida pelos confusos e assassinos de Sally, tive de parar por um momento, pois minha cabeça doía muito. Era muito triste ver minha irmã daquele jeito, mesmo ela tendo feito o que fez, ninguém merece isso.

                Encontrei-a sentada no penhasco, ainda em sua forma lupina. Ela olhava para a lua e lágrimas grossas escorriam de seus grandes olhos castanhos. Aproximei-me dela, Sally olhou-me por uns segundos e depois desviou sua atenção para o mar.

-Sai daqui, Sarah. Sei que está brava comigo, não preciso de alguém me xingando agora.- Sally pensou, deprimida. Eu dei-lhe um sorriso leve, triste.

-Não vim te xingar, Sally.-Respondi.-Vim dizer que você pode contar comigo se precisar de alguma coisa.- Ela fitou-me espantada por alguns instantes, depois sorriu.

-Como você consegue ser tão boa ,Sarah? Quero dizer,  você perdoa  todo mundo.- Eu sorri para Sally e rocei o topo de minha cabeça na cabeça dela.

-Eu não sou tão boa quanto pensa, Sally. Eu perdoo, mas não esqueço.- falei com calma.- Aprendi isso com minha avó.- Sorri ao lembrar-me de Bella.- Mas perdoar a família é sempre mais fácil.

                Sally sorriu um pouco, mas não parecia feliz.

- Ah, Sarah, então por que quem amamos nos decepciona mais?- perguntou-me com os olhos cheios d’água.

- Sally, nós esperamos muito de quem nós amamos, por isso nos decepcionamos. Talvez os errados sejamos nós por esperar tanto.- Voltamos para nossa forma humana por tempo suficiente para abraçar-nos, depois regressamos  a forma lupina. Bem, seja sincero, o que você pensaria se visse duas garotas nuas se abraçando? Exato!

                Voltamos para casa correndo e encontramos Ephraim. Ele estava sentado na pequena escada que dava para a varanda, o barulho das ondas era baixo e calmante, mas pela cara de meu irmão, nada disso parecia importar agora. Ouvi alguns gritou provenientes do interior de nossa casa, as vozes de minha mãe, meu pai e Anthony se fundiam formando um som confuso e alto.

                Uivei para Ephraim e ele suspirou ao nos ver, gritou para alguém dentro de casa e logo minha mãe trouxe-nos algumas roupas, ela parecia irritada e, após nos entregar as roupas, correu para dentro de casa e começou a gritar. Eu e Sally corremos para a floresta e vestimo-nos.

                Voltamos para perto de Ephraim.

-Já soube de Leah?- perguntei-lhe. Ele assentiu.

-Ela não é nosso único problema. Parece que o pai de Jannie também resolveu ajudar.- murmurou irritado.

-O que quer dizer, Eph?- indaguei preocupada. Sentamos ao seu lado na escada e esperamos a sua resposta. Os gritos dentro de casa se intensificaram.

- Olhe para o céu, Mabel, você sabe a resposta.- olhei para o céu e vi a grande lua cheia que brilhava acima de nossas cabeças.

-O que aconteceu com Jannie?- perguntei. Sally segurou minha mão, acho que ela sabia que eu tinha uma grande afeição por Jannie.

- Ela e Anthony estavam na floresta agora há pouco, parece que o bando dos filhos da lua atacaram eles e levaram Jannie. Pelo que Anthony contou eles são mais de trinta, Jannie concordou em ir com eles para que não matassem Anthony, mas Anthony saiu de lá por pouco. Foi pura sorte Seth, Embry e o nosso pai estarem por perto, porque os filhos da lua iriam mata-lo.

                Arfei.

-Eles estão lá dentro?- Sally perguntou. Ephraim assentiu.- Como nosso pai deixa Seth entrar dentro da nossa casa depois do que ele fez?- irritou-se.

-Da mesma forma que ele deixou-o entrar durante todos esses anos depois que sua mãe foi embora.- Ephraim respondeu-lhe nostalgicamente.

-Ela é sua mãe também.- Sally retrucou. Os dois se levantaram e se entreolharam com ódio. Levantei-me também e me pus entre eles.

-Escutem, as coisas não estão indo bem, eu sei que é difícil, mas é nessas horas que devemos mostrar que somos uma família unida.- falei, intercalando olhares entre os dois.- Agora, por favor, parem de brigar e vamos encerrar a guerra que está acontecendo dentro de nossa casa.- Eu puxei os dois escada acima e juntos adentramos na cozinha. Meu pai, minha mãe e meu irmão discutiam entre si e xingavam Seth vez que outra. Embry estava sentado à mesa, pensativo.

                Era estranho ver todos brigando, nunca pensei que um dia isso pudesse acontecer já que há apenas alguns meses nós estávamos separados. Essa constatação lembrou-me de que podíamos estar perto dessa realidade novamente, tudo graças a volta de Leah.

-Chega!- gritei. Todos calaram-se e olharam furiosos para mim. Concentrei-me e encarei-os, sentia meus olhos queimando, pelo canto do olho vi que Sally me olhava espantada.- Vocês vão parar de brigar, agora!- disse-lhes, utilizando meu poder. Eles pareceram confusos por um tempo, mas pelo menos estavam quietos. Minha irmã sorriu para mim e agradeceu-me com um aceno de cabeça.

-Finalmente!- Nahuel gritou, descendo as escadas. Ele adentrou a cozinha e abraçou Sally com força.- Olá, meu amor.- Então virou-se para mim e correu para me abraçar.- Obrigado, Mabel, sabia que eu adoro quando você usa seus poderes?- Ele saiu de perto de mim e foi cozinhar alguma coisa.

-Sassy, você é o máximo!- Ephraim exclamou. Olhei para ele confusa.- O que?- perguntou-me dando de ombros.- Eu gosto desse apelido. Sassy.- repetiu sonhador.

                Eu tive vontade de rir, mas segurei-me quando olhei para Anthony. Haviam vários arranhões em seu rosto e seus olhos estavam sem o brilho zombeteiro habitual, senti-me realmente muito triste por ele, afinal Anthony sempre estivera ao meu lado, nem que fosse para brigar comigo quando necessário.

                Caminhei até ele e passei meus braços por seus ombros, pus-me ao seu lado.

-Vamos trazer ela de volta.- prometi.- Jannie é forte e esperta, Anthony, ela vai ficar bem. Confie em mim.- ele olhou para mim, só então percebi que ele chorava. Anthony passou um de seus braços pelo meu ombro e dedicou-me um sorriso triste.

-Acho que não dessa vez, pequena.- assegurou-me.- Vai ser bem mais difícil do que pensa, os filhos da lua não estão sozinhos. Tem vampiros com eles.- eu fechei meus olhos com força e entrei em sua mente. Imagens de vampiros com capas negras logo começaram a aparecer, um deles, o que parecia mais novo, chamou minha atenção, eu já o havia visto em algum lugar.

-Vamos conseguir, Anthony.- Prometi-lhe, confiante. Meu irmão deu-me um pequeno sorriso e um beijo no topo da cabeça. Em seguida correu para fora de casa. Eu pensei em correr atrás dele, mas desisti.

-Temos que colocar Sally e Sarah de volta na ronda, Jacob!- Embry exclamou, saindo de sua pose de pensador.

-Não vou por minhas filhas em perigo!- Meu pai exclamou irritado.- Quase perdemos Sarah uma vez, não vamos correr esse risco novamente!

-Prefere perder humanos indefesos?- perguntei, fitando-o grosseiramente.- Papai, nós trouxemos os vampiros para cá, e nós vamos tirá-los.- afirmei.- Os vampiros só entraram nessa por causa de mim e de Anthony. É justo que eu me arrisque, devo-lhes isso.- Meu pai fez menção de contestar, mas minha mãe passou sua mão por seus braços, como a confirmação silenciosa de que ela estava comigo nessa.

-Eu vou também pai.- Sally afirmou. Nahuel sacudiu a cabeça positivamente.

-E os Cullens podem ajudar.- Mamãe ajudou.- Nada melhor do que vampiros contra vampiros.- Meu pai ainda parecia meio contra.- É isso ou eu mato Leah quando ela chegar.- minha mãe sussurrou em seu ouvido, olhando intensamente para Sally. Meu concordou, emburrado.

- Então está decidido.- sussurrei.- Que a guerra comece.