Ciclone: o Romance de Edward e Bella escrita por Déborah Ingryd


Capítulo 7
Capítulo 7 - Trapaça


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me o atraso, tive problemas com a intert ontem... Espero que gostem do capítulo!



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– Edward?

– Sim? – o que Carlisle estava fazendo em casa?

Ele percebeu minha surpresa.

– Estava preocupado com você, então decidi sair mais cedo.

– Preocupado comigo? Carlisle eu estou bem.

– Onde estava? – perguntou desconfiado.

– Por aí...

– Não me venha com essa de por aí. Fale-me a verdade! – exigiu.

– Carlisle, você não é meu pai. Não lhe devo satisfação!

– Me deve, porque sou responsável por você.

– Não sou nenhuma criança, pare com isso! – e essa foi minha deixa.

Fui para o quarto.

– Edward?! Eu sei o que você fez!  

Foi quando vi. Carlisle havia voltado mais cedo do que eu pensava, viu que eu não estava em casa e seguiu meu cheiro, quando parou em frente da fazenda Swan percebeu o que eu fiz e voltou pra casa.

Isso foi muito errado. Ecoou sua voz em seus pensamentos.

Ele tinha razão.

– Me perdoe Carlisle, não consegui ser forte o bastante – minha voz era sem vida.

Ele se sensibilizou e veio até mim. Colocou a mão em meu ombro.

– Ah Edward! – o seu tom me lembrou de como meu pai falava, quando estava me consolando – sito muito, filho. Mas entenda-me, como acha que seria se ela abrisse os olhos e o visse lá? Pensaria que era um fantasma e sua família acharia que ela está louca e a internariam no...

– Tudo bem, tudo bem. Já entendi. Vou para o quarto – falei desapontado. Ás vezes ele exagerava.

Fui para o piano de novo e comecei a tocar a música que compus hoje. Logo amanheceria e Carlisle voltaria ao trabalho, essa rotina me cansava, todo dia era mesma coisa, eu parecia algum animal preso em uma jaula. Mas hoje o meu dia foi especial, pude ver Bella novamente, mas foi errado, e mais errado ainda, foi tê-la deixado ali triste, por minha causa, fugi como um covarde. Não poderia ficar aqui, com essa culpa pesando na consciência, precisava voltar, nem toquei nela, isso era tão frustrante, mas era errado, mas eu não queria que meu último minuto com ela fosse assim, fugindo. Era tão idiota, Carlisle não me perdoaria por isso...

– Está certo – dei um pulo e parei de tocar. Como foi que não o ouvir chegar?

– Assustei você? Isso é novidade, ganhei o dia.

Ignorei as piadas.

– Estou certo?

– Hã...eu ia lhe fazer um pergunta.

Está certo quando diz que não tem talento para tocar? Você sabe até compor!

Dei um meio sorriso.

– Ela representa minha história de amor com Bella – dessa vez o sorriso foi autêntico.

Ele franziu o cenho.

Você realmente a ama.

– Sim, mais do que minha própria vida.

– Entendo. Já tem nome?

My love is forever.

– Não teria nome melhor – concordou – é tipo uma declaração?

– Sim. Pena que ela nunca poderá ouvi-la.

Um ideia se formou na mente de Carlisle, mas logo a tirou da cabeça.

– Não entendi – respondi quando percebi que ele havia ficado preocupado em me da ideias erradas.

– Ótimo. Mas... pode dar certo.

Poderíamos mandar-lhe uma carta, sem remetente, com as notas da música. Podemos dizer que você compôs há algum tempo pra ela e só agora encontraram.

– Não vai funcionar. Não tinha piano e parei de freqüentar a escola de música, muito tempo antes de conhecê-la, então não tinha com ter acesso a um.

– Ela não vai ligar para esses detalhes...

– Por favor Carlisle. Quero que ela me esqueça, que ela pare de sofrer, torço a cada dia, para que ela não me ame tanto quanto eu a amo, assim será mais fácil pra ela, então, só... por favor – nunca havia falado em uma voz tão triste.

– Ah! Tudo bem, me desculpe. É melhor eu ir trabalhar.

Ele se virou e foi embora. Recomecei a tocar.

Enquanto tocava, comecei a refletir no que Carlisle dissera. Estava claro que nunca mais poderia ver Bella, eu havia sido um covarde em deixá-la, mas também não era para eu estar lá, provavelmente ela chorava e suplicava todas as noites, não havia nada que eu pudesse fazer. Ela deveria me esquecer, mas eu nunca a esqueceria. Não me importava com minha dor, pois quando a vi novamente, com esses novos olhos, a minha dor foi afugentada. Se eu pudesse vê-la mesmo que ela não tenha conhecimento, mesmo sem ao menos tocá-la, mesmo que isso doesse depois, eu não me importava, só queria visitá-la novamente, só olhar para o seu belo rosto, ouviria até sua voz, suplicante, triste, mas ouviria, era só o que eu queria. Mas é claro que Carlisle não concordaria, teria que ser cuidadoso dessa vez, pois se ele descobrisse, poderia até querer se mudar, e eu obviamente não queria que isso acontecesse, não agora que eu achara uma solução para ver Bella.

Ia ser doloroso esperar até o anoitecer para poder vê-la, mas se era o preço, eu pagaria de bom grado. Fui caçar, seria mais seguro, o cheiro de Bella era realmente delicioso. Não dificultei o cardápio, só alguns alces e já estava de bom tamanho. Quando terminei corri para o lago mais próximo, e sem pensar me atirei nele, nadei tranquilamente enquanto pensava em como seria ver Bella novamente, eu sentaria ao seu lado, sem respirar, e a admiraria até o amanhecer, não, não podia me precipitar tanto, os trabalhadores levantavam cedo, não que eles seriam capazes de me ver, mas não queria me arriscar a ficar tão próximo ao cheiro de humanos, com Bella era diferente, eu a amava demais para sequer pensar fazer algum mal a ela, mas não sentia o mesmo pelos outros, e principalmente, eles seria muitos, seria demais pedir para que meu autocontrole resistisse a tanto. E ainda havia Carlisle, não poderia deixar nenhuma brecha, queria estar aqui para que quando ele voltasse, não suspeitasse de nada e nem bancasse o detetive.

Fiquei mais alguns minutos nadando, depois voltei pra casa. Troquei de roupa e depois fui até o gabinete de Carlisle e olhei seus livros, e eu pensava que o Sr. Swan era bem abastecido, o dele não chegava nem perto do de Carlisle. Era fileiras e mais fileiras de livros, a maioria era sobre medicina, mais havia alguns de literatura e romance, me vi procurando um e torcendo para que achasse. Depois de algum tempo vasculhando e sem nada encontrar, desisti. Sentei-me na cadeira em frente à grande mesa e olhei pra cima, e achei o que procurava, parecia que o título gritava pra mim: Romeu e Julieta, de William Shakespeare.

Praticamente pulei de onde estava sentado e estiquei o braço para pegá-lo. Esse livro me trazia boas lembranças, foi com um desses que conquistei Bella. Comecei a procurar o seu verso preferido, achei e li em voz alta:

Essas alegrias violentas têm fins violentos. Falecendo no triunfo como fogo e pólvora que num beijo se consomem.

Fiquei refletindo sobre o verso e tentando entender, o porquê de Bella gostar tanto, concluí que deveria ser assim que ela via o amor proibido, que tens suas alegrias, chamadas de violentas, devido o que se deve passar por não serem permitidas, as dificuldades, assim como Romeu e Julieta passaram, mas mesmo com todos os problemas, eles lutaram até o fim em nome do seu amor, mas infelizmente esse amor teve um final trágico, por isso tem fins violentos, e falece no triunfo como fogo e pólvora, por que esse era o resultado, eles eram como o fogo e a pólvora, mas ao contrário de ser consumido com uma explosão, que é o resultado óbvio, se consome com um beijo, ou seja, com amor, o amor de Romeu e Julieta, mesmo com a morte, ainda prevaleceu e venceu a tudo e a todos.

Após interpretar o pequeno trecho, me achei um completo idiota por ter questionado várias vezes com Bella, que o amor dos dois era tolo, que não devia ser tão difícil assim, e que eles cometiam um erro atrás do outro, mas vendo por esse ângulo, a questão do amor proibido, a história não era nada tola. Eu me encontrava nessa situação, era proibido ver Bella, era um erro, mas o amor falava mais alto, outros poderiam olhar para mim e dizer que estava sendo tolo, assim como fiz com Romeu, mas só quem vive isso, pode ser capaz de entender. Fechei o livro e o coloquei no lugar. Desci e esperei por Carlisle, assim que ele saísse novamente, eu iria ao encontro de Bella.

Ouvi um chapinhar na lama e fiquei em alerta, Carlisle chegara. Restava-se apenas algumas horas para ver Bella novamente.

– Edward?

– Aqui.

Ele entrou em meu campo de visão. Dirigiu-me um sorriso.

– Olá.

Assenti uma vez.

– Como foi no trabalho?

– Nada de mais, por isso voltei cedo.

– Voltou? – pra mim parecia que eu tinha ficado uma eternidade pensando e decifrando Romeu e Julieta.

Ele riu de minha falta de atenção.

– Sim, não tem nem três horas que fiquei fora. – disse enquanto colocava o casaco no cabide – Graças a Deus, o número de pacientes está diminuindo, depois daquela crise, é muito bom saber que as pessoas que sobreviveram estão em ótimo estado.

Franzi o cenho, daria tudo para ser uma dessas pessoas.

– Quem bom então, fico feliz – menti.

Ele percebeu, mas preferiu não comentar.

– Sabe me dispensaram essa noite.

– O que? – disse um tanto alto de mais, ele franziu o cenho.

– Parece que não gostou...

– Ah! Não é nada, é que você sempre está sem tempo, até me surpreendi – aprese-me em dizer.

Ah é, bem incomum. Mas poderemos aproveitar e ficar um tempo juntos.

– É pode ser.

 Mal podia acreditar, estava contanto que essa noite veria Bella e de repente Carlisle vem, chega e diz que está dispensado, logo ele que sempre está atarefado e mesmo quando o dispensam ele sempre fica, pois não se pode prever quando algo pode acontecer, quantas vezes o ouvira falar isso? Havia algo muito estranho nessa história, será que... Não, não podia ser, mas e se fosse?

Ele estava se virando.

– Carlisle?

– Sim? – disse olhando pra mim.

– Você não... Quero dizer, não está mentindo pra mim?

Seus pensamentos vacilaram um instante, mas não o suficiente para eu captar alguma coisa.

– E por que mentiria? Sabe o quanto gosto de trabalhar naquele hospital.

O seu tom cético me deixava ainda mais desconfiado.

– Não sei – falei contornando o sofá, com uma cara cínica – talvez... Pra ter certeza de que eu não pularia aquela janela e iria de encontro a Bella! – falei num tom frio e furioso ao mesmo tempo em que apontava a grande janela que ficava ao lado oposto da porta.

Não conseguia controlar as sensações que minavam meu corpo agora, sabia que estava indo longe demais, mas era ao mesmo tempo em que percebia que Carlisle havia estragado meus planos para essa noite e isso era intolerável. Pela primeira vez me sentia como um verdadeiro recém-criado, não importava a cor dos olhos, ou o tempo que já estava como vampiro, havia segurado por muito tempo esse ódio que corria agora em meu corpo, era como se tivesse sido jogado pólvora por todos esses meses e só agora riscado um fósforo e lançado, minhas veias estavam em chamas, via tudo vermelho, me sentia como um touro e Carlisle era o alvo.

Edward, por favor, não – pensou.

– Você não quer fazer isso – disse lentamente.

– Tem razão, mas isso não impede que o monstro em mim avance em você.

– Edward...

– Vou pular em você e morder seu pescoço, como fez comigo, lembra? – disse sombriamente.

– Edward, está furioso, corra pra longe daqui, antes que faça algo que depois se arrependa – grunhi arregalando os dentes – Acredite em mim Edward, vá embora, antes que o ódio domine você completamente – franziu o cenho – quero acreditar que ele ainda não dominou.

Carlisle parecia ter razão, já não me reconhecia, mas parecia que não conseguia me mover, que a única coisa pra qual eu poderia olhar era ele, mas precisava sair dali, eu realmente não queria machucá-lo. Juntei todas as forças que ainda me restavam e sai dali. Pulei a janela e corri floresta adentro, mal via as árvores ao meu redor. Só o que vinha a minha mente era o riacho que eu mergulhara uma vez, estava tão absorto, que já não lembrava quando, só sabia que ele era meu destino.

Quando cheguei não pensei duas vezes, me atirei e fiquei um tempo incontável debaixo d’agua. Quando achei estar mais controlado e com os pensamentos mais claros, ergui a cabeça e nadei até a margem, sentando-me em uma rocha. Fiquei olhando o céu e as poucas estrelas que apareciam e aos poucos fui me dando conta do quanto fora idiota, como eu pude fazer aquilo? Por pouco não avancei em Carlisle e não o machuquei, e isso graças aos anos do mesmo como vampiro. Estava tão arrependido, deveria voltar e pedir desculpas, mas estava muito cansado, não fisicamente, mas psicologicamente, minha cabeça estava um turbilhão, já não agüentava mais tanta pressão.

Sai da rocha, só para depois me deitar na grama ao lado. Evitei ao máximo não pensar em Bella, mas claro sem muito sucesso, então fechei os olhos e imaginei-a a meu lado, praticamente adormeci.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem por favor...