Ciclone: o Romance de Edward e Bella escrita por Déborah Ingryd


Capítulo 5
Capítulo 5- Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Tudo bem, a pedido da Sandra, vou postar...



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Eu estava sentado no sofá tentando dormir, quando Carlisle chegou.

– Edward?

– Aqui.

Ele veio até mim e sorriu. Olhei-o amargamente, não importava se foi minha mãe que pediu– e ela nem fazia noção– eu ainda estava com raiva.

– Edward– me censurou– Pare com isso, por favor.

– Por que não consigo dormir?

– Vampiros não dormem– disse tirando o casaco.

Pisquei duas vezes.

– Como assim? Está me dizendo que vou ficar a eternidade toda sem dormir?

– Sim. Me desculpe, esqueci de contar– sorriu timidamente.

– Nem faz tanta diferença assim– dei de ombros. Continuaria sendo o mesmo monstro.

Suspirei.

– Já está entediado?

– Como queria que eu estivesse? Perdi tudo.

– Procure algo que goste de fazer…

– Nada – disse azedamente, interrompendo-o.

– Toca algum instrumento? – continuou sem se abalar.

– Tocava, desde que comecei a trabalhar com meu pai fiquei sem tempo.

– Tem o tempo livre agora.

Bufei.

– Não tenho vontade de fazer nada Carlisle, entenda-me.

Mas a sua ideia não era tão ruim, pelo menos iria fazer alguma coisa de útil...

– Que instrumento tocava?

– Piano.

– Mesmo? Amo piano.

– Sim, você toca?

– Não.

– Hmmm.

– Quer que eu compre um pra você?

– Não, não queira me conceber bonificações, o que você fez não tem preço.

Ele me olhou de um jeito magoado, senti-me péssimo de imediato, eu não era uma pessoa estúpida, poderia ser um monstro agora, mas isso não mudara.

Fui até ele.

– Ah! Desculpe-me Carlisle, sinto muito, eu não tive a intenção, quer dizer eu… eu– faltou-me palavras.

– Não Edward, tudo bem. Eu mereço.

– Não, não merece. Você só queria me ajudar e eu estou sendo ingrato. Eu não estava pronto pra isso.

Ele passou o braço pelos meus ombros e me reconfortou.

– Tudo bem rapaz, tudo bem.

Se eu pudesse chorar, choraria.

– Agora, deixe-me comprar-lhe o piano.

– Tudo bem, eu adoro tocar.

Pela primeira vez, desde que fora transformado, sorri.

– Hã… Edward…

– Sim? – disse, indo me sentar no sofá.

– Chegou uma carta de Bella hoje.

Me levantei num rompante.

– E…– mal me aguentava em pé.

– Ela quer saber como você está.

– Você lhe respondeu?

– Não, achei que iria gostar de lhe dizer um último adeus.

– Como assim?

– Escreva-lhe uma carta e eu lhe envio, digo que escreveu um pouco antes de morrer.

Uma última carta, se meu coração ainda batesse ele reagiria de imediato.

– Eu escrevo.

– Tem papel e tinta no quarto.

– Obrigado.

Fui até o quarto peguei a folha e comecei a escrever.

Bella,

 Meu amor, eu sinto muito, estou morrendo. A cada dia que passa, fico pior, mas saiba que você sempre estará em meu coração. Eu te amo. Você é a coisa mas importante em minha vida, estarei pensando em você até em meu último suspiro. Mas você vai seguir sua vida, esqueça-me, sei que vai ser difícil, você me ama, mas vai conseguir, sei que vai. Case-se, construa uma família, tenha tudo o que merece, vai ser amada por um homem que vai te fazer muito feliz, como eu não pude fazer. Reconstrua sua vida ou ao menos tente, por mim. Sempre será minha eterna amada, então, seja feliz. Eu te amo.

Edward

Se eu pudesse chorar, lágrimas estariam caindo em meu rosto agora, se eu estivesse doente, teria uma crise de tosse, se eu fosse humano, morreria agora.

Causaria muita dor a Bella com essas palavras,“esqueça-me”, como se ela fosse conseguir me esquecer. Imaginar Bella nos braços de outro homem, causavam-me uma dor muito grande, mas logo amenizada, porque eu sabia que se ela encontrasse um homem que a fizesse feliz, ela poderia ter uma vida digna, como sempre sonhei pra ela. Mas não seria ao meu lado, a dor me tomou de novo, por mais que eu soubesse o quanto isso era bom, me machucava saber que eu não a veria nunca mais, nunca.

Dobrei a carta e dei um beijo na folha, querendo muito que ele chegasse em sua bochecha rosada, como sempre ficava quando eu me aproximava. Fechei os olhos e me lembrei de uma tarde, das muitas que passei, na fazenda Swan. Parecia ter décadas, as lembranças falhas realmente me incomodavam.

Estávamos no jardim, ela estava sentada em meu colo e eu acariciava seu cabelo, quando ela perguntou:

– Edward?

– Sim?

– Você amou outra garota antes de mim?

Franzi o cenho, por que ela queria saber isso?

– Hã… é…

– É…?

– Amor, amor… eu nunca senti por nenhuma garota antes de você, mas…

– Mas? – ele mordeu o lábio inferior, era o que ela fazia, inconscientemente, quando estava nervosa.

– Tive minhas paixões.

Ela ficou tensa, o corpo rígido.

– Paixões?

– É… encantos. Entende, não é?

– Não,– a voz estava tremula – explique-se.

– Bom…– não gostava de falar sobre isso, mas precisava acalmá-la– achava as moças bonitas, tentava falar com elas, mas nunca tinha sorte, sempre eram noivas. Mas um dia conheci Catherine. Cathy.– ela fez uma careta pelo apelido carinhoso– Ela era simpática, bonita e não tinha noivo, ia sempre a biblioteca, eu só a admirava de longe, não tinha coragem de ir até lá. Mas um dia ela veio falar comigo, pediu umas dicas sobres livros de romance, ficamos amigos– a cada palavra, Bella ficava mais inquieta, então, me aprecei em terminar– mas o pai dela tinha que viajar e ela foi com ele, desde então, nunca mais nos vimos. Fim de história.

– Nunca mais? – disse de modo petulante.

– Nunca– falei nervoso.

– Diga-me como é… Cathy– ela praticamente cuspiu a última palavra.

– Bella…

– Diga!

– Loura, os cabelos ondulados, os olhos azuis, andava sempre elegante.

Bella ficou parada e sem respirar.

– Bella?

Ela não respondeu.

– Bella – disse sacudindo-a.

Ela piscou duas vezes e me olhou.

– O que foi?

Ela me encarou por alguns minutos e depois respondeu.

– Não chego nem perto disso– falou num tom de cortar o coração.

– Ah! Bella, meu amor– sorri– você é melhor, muito melhor.

– Fale sério Edward! – disse descrente– Loura, olhos lindos…– bufou– E olhe pra mim.

Gesticulou com um dedo sua fisionomia.

– Você é linda.

– Linda?– falou como se eu tivesse acabado de elogiar um sapo.

– Bella– censurei-a – Você é linda. Seus olhos são como chocolate derretido, fico praticamente incoerente quando você me olha com o aquele seu jeito encantador, seu cabelo é castanho escuro, é como seda, adoro tocar cada fio dele e sua pele é branca como a neve, macia como pluma, nada me dá mais prazer do que tocá-la e o principal… seus lábios– toquei-os enquanto falava–, cheios e vermelhos como sangue, não sabe o quanto eles são convidativos e sem falar de quando você cora, é a coisa mais linda do mundo, suas maçãs do rosto avermelhadas me encantam. Você é muito mais que linda. Foi a única que tocou meu coração, sempre serei seu. Nunca nenhuma dama despertou tal interesse em mim como você. Bella, você alterou minhas emoções completamente de modo que meu mundo gira somente em torno de você. Eu nunca amei ninguém como eu te amo.

Ela ouviu meu discurso pesarosamente, várias emoções passaram por seu rosto. Terminou em uma feição maravilhada.

– Ah Edward! Eu sou uma tola mesmo– jogou seus braços em torno de meu pescoço, encheu minhas bochechas com beijos e depois com um dedo acariciou meus lábios.

– Infelizmente não sou boa em elogios, mas Edward, acredite, se pudesse sentir o que eu sinto por você… ah! Não há palavras pra explicar– e me beijou de novo.

– Bella, isso não é nem um terço do que eu sinto.

Acariciei seus lábios, seu queixo, seu pescoço e depois o cabelo.

– Eu te amo– disse de modo doce, ela realmente me encantava.

– Eu te amo. Ah! E eu espero que você não tenha tido muitos encantos antes de mim– sorri– acredite posso ser muito mais ciumento que você, posso ter um lapso – ri, ela me acompanhou.

– Não se preocupe, nunca gostei dos garotos débeis que apareciam por aqui. Você foi, é e sempre será meu encantador.

– Eu te amo garota! – falei com um tom de veneração.

– Edward?

 A voz de Carlisle me despertou de meus devaneios.

Abri os olhos.

– Sim?

– Tentando dormir de novo? – falou em um tom debochado.

– Não – falei num tom triste – pensando em Bella.

– Ah! – milhares de súplicas em sua cabeça me pediam desculpa.

– Tudo bem.

– Eu vim pegar a carta.

– Claro – coloquei-a no envelope – Aqui.

Ele veio até mim e pegou.

– Vou trabalhar.

– Mas acabou de chegar.

– Pessoas precisam de mim.

Assenti.

Ouvi-o sair e depois fechei os olhos novamente e milhares de lembranças voaram em minha cabeça. Pensar nela, como se ela estivesse ao meu lado, era menos doloroso. Então deixei que as lembranças me atingissem.

Tinha se passado cerca de três horas, eu estava cansado de ficar tão só. Fui caçar.

Uma, das raras, coisas boas que havia em ser vampiro, era ter uma velocidade inumana, o sentimento de liberdade era ótimo. Cacei mais do que devia e depois voltei pra casa. Carlisle já estava lá, estava estranho, como se quisesse me esconder algo, seus pensamentos queriam me distrair.

– Tudo bem, já chega, o que está escondendo de mim?

– Siga-me– deu-me um sorriso até a orelha.

Entramos no meu quarto.

Espero que goste. Foi quando eu vi, um lindo piano estava no centro do imenso quarto. Ele era como aqueles que só se viam nas salas de pessoas muito ricas, me lembrava o que o pai de Bella tinha, só tive a honra de tocá-lo uma vez.

Antes que meus pensamentos fossem direto a Bella, agradeci a Carlisle.

– Nossa Carlisle, é maravilhoso, não precisava. Obrigado.– sorri.

– Fico feliz que tenha gostado – e como estava, seus pensamentos eram alegres até demais.

– Vai me dar a honra de vê-lo tocar?

– Não sei se sou muito bom…– sorri timidamente.

– Ora, vamos! Se não toca muito bem, terá todo o tempo do mundo para aprender.

Assenti.

Sentei no banco macio e deixei meus dedos flutuarem nas teclas, uma linda melodia pairou no quarto, Carlisle ficou admirado.

Se isso não é bom, não quero nem pensar no que é…

Sacudi a cabeça rindo suavemente.

– Pare de me bajular – disse rindo–, assim fico sem graça.

Carlisle olhou no relógio e disse que deveria voltar.

– Mas já? Não ficou nem dez minutos.

– Bom, eu não estava no hospital, fui comprar o piano– riu melodiosamente.

– Você é inacreditável.– disse acompanhando-o.

Foi só Carlisle me deixar que uma lembrança me atingiu. Eu estava tocando pra Bella no piano de seu pai, ele não gostava que ninguém mexesse nele, mas Bella teimosa como é, implorou pra ele até que deixou.

– Você é muito mimada– Reclamei com ela, enquanto tocava uma música de

– Ah! Papai que é muito egoísta.

– Bella– censurei-a– tem coisas que nós amamos tanto, que não gostamos que ninguém sequer toque.

– Fala como se tivesse uma.

– Quem lhe disse que não tenho?

Ela olhou pra mim descrente.

– O que por exemplo?

– Você.

Ela sorriu abertamente.

– Fora a mim, o que mais?

– Meus livros.

Ela bufou.

– Se fosse assim, no dia que me conheceu, não teria me emprestado aquele.

– É, mas você me encantou com os seus olhos, fiquei tão incoerente que nem pensei direito.

Ela riu.

– Bom, tenho que lhe confessar que também fiquei bastante incoerente quando lhe vi, sem dúvida o rapaz mais lindo da cidade.

– Ah! Disso eu já sabia. – falei ironicamente.

– Convencido. – disse rindo, depois me deu um beijo na bochecha.

Suspirei. Eu tinha que parar com isso.


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Notas finais do capítulo

Agora sim, até dia 30/06...

Comentem please! Não sejam leitoras fantasmas, tenho medo!