Ciclone: o Romance de Edward e Bella escrita por Déborah Ingryd


Capítulo 14
Capítulo 14 - Consequências


Notas iniciais do capítulo

Bom, sei que demorei a postar, mas vocês sumiram então... Sou movida a reviews rsrs
Nesse capítulo eu termino com o flasback Bella, no próximo capítulo voltam as coisas atuais, mas ainda em POV Bella, será pov dela até acontecer uma certz coisinha... Boa leitura!!! ;D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/145272/chapter/14

Mal entrei em casa e Lizzy já vinha me puxando pelo braço, arrastando-me escada acima.

– O que foi?! – perguntei irritada, odiava quando ela fazia isso.

– Tem que se arrumar! Ficar linda para o seu noivo.

Franzi o cenho. Noivo, a realidade tomou conta de mim, todo o sonho encantado se desfez. Edward não voltara e eu ainda tinha Mr. Darcy em meu encalço.

– Mas ele não disse que viajaria a negócios? Por que voltou? – perguntei de modo frustrado, pensei que tivesse me livrado dele por pelo menos uns três dias!

– Sua mãe ligou pra ele, logo que você saiu. Ela disse que já que ele ficaria fora por dias, queria que você se despedisse adequadamente – disse enquanto escolhia um vestido e colocava-o sobre minha cama.

Suspirei derrotada. Lizzy me olhou com compaixão.

– Olhe Bella, tenho reparado em você e vejo que está anda muito infeliz. – sentou-se ao meu lado, pegando minhas mãos – Sei que ainda é apaixonada pelo Sr. Cullen, lamento sua perda e acho muito injusto o que seus pais fizeram com você, não lhe deram tempo nenhum. Bom, se serve de consolo, você tem meu maior apoio, se quiser posso até jogar molho de tomate em Mr. Darcy nesse jantar.

Sorri. Era bom ter uma amiga pra me consolar, mas queria que ela tivesse dito essas palavras antes, agora elas não são necessárias. Logo Edward voltará e eu não precisarei mais casar com Mr. Darcy.

– Muito obrigada Lizzy, mas não precisa jogar molho em Mr. Darcy – falei sorrindo – não quero que a dona Angelina se zangue com você.

– Tudo bem. – falou satisfeita – Então trate de se arrumar que depois eu venho aqui lhe chamar.

Dito isso se levantou e eu fui para o banheiro. Cheguei lá e os sais já estavam na banheira, tirei o vestido e entrei nela. A água morna era reconfortante, todo cansaço daquele dia se apossou de mim, minhas pernas estavam dormentes e meus braços moles ao lado do corpo. Aproveitei que estava relaxada e comecei a pensar em tudo o que aconteceu nessa tarde. Primeiro Edward apareceu pra mim, de modo inexplicável, que se ele não tivesse me dito o real motivo por estar mudado, eu juraria que tudo não passara de um sonho. Mas justo esse “real motivo” que me deixou mais assustada, na hora eu ignorei, tentei ser sarcástica, mas no fundo eu estava apavorada, porque tipo, um vampiro? Esse tipo de coisa não existe, ou melhor, não existia. Se não fosse ele ter provado eu realmente não acreditaria, e pior, ficaria magoada por ele não confiar em mim. Respirei fundo, isso era tudo muito louco pra mim, recente e de deixar qualquer um de cabelo em pé, mas eu precisava me controlar, era meu Edward ali e eu tinha que estar presente lhe dando força e apoiando-o, mas para isso precisava que ele voltasse, daríamos um jeito de mentir para os meus pais, diríamos que a cura ou a doença havia mexido com sua aparência, mas sabia que esse argumento era fraco, pois meu pai poderia querer se aprofundar no assunto e querer envolver a ciência nisso, então estragaria tudo. Suspirei. Bom, daríamos um jeito, o importante é que ficássemos juntos, não valia à pena ficar me torturando com esse assunto, já bastava o que aconteceria lá embaixo, naquele jantar. Lembrando disso, imediatamente, me despreguicei e me desliguei desses assuntos momentaneamente. Peguei a esponja e passei no corpo demoradamente, depois usei a ducha pra tirar o sabão, levantei e peguei a toalha enxugando cada parte de meu corpo, enquanto pensava e ensaiava o que diria nesse jantar, mas é claro que com Mr. Darcy tudo era imprevisível, ele me tirava do sério, então a tática era manter a calma e fazer piada de tudo o que ele tentasse dizer pra me irritar. Satisfeita com meu raciocínio, fui até a cama e peguei meu vestido. Ele era azul marinho, longo, tinha uns detalhes dourados da cintura pra cima, eram bordados perfeitamente desenhados, enfim, era lindo. Calcei o salto preto que ficava escondido pelo vestido e fui até minha caixinha de jóias, peguei um colar que combinava com os detalhes da peça que usava e coloquei, depois fui até a penteadeira e fiz um penteado razoável, sei que prometi ser uma nova Bella, mas eu não poderia me descuidar, afinal Edward estava de volta, ficaria bonita, não para Mr. Darcy, mas sim para a ocasião de um jantar. Pensando assim terminei de me arrumar e coloquei a aliança no dedo, indo me sentar em frente a janela pra esperar Lizzy vir me chamar.

Passado alguns minutos ouvi movimentação fora do quarto, logo após minha criada entrou. A feição era de quem não aguenta mais segurar a língua. Sorri antecipadamente.

– O que foi? – perguntei casual.

– Você nem imagina quem veio com o Mr. Darcy.

– Não mesmo, quem?

– O p-a-i dele!

Franzi o cenho, Lizzy tinha cada uma, e daí se o pai dele veio?

– E daí?

– Daí que o cara é o maior gato! – depois colocou a mão na boa, preocupada se eu ficaria chateada por ela ter usado palavras inapropriadas comigo, sorri, não ligava para o seu linguajar. – Não me importo, conclua. – instiguei.

Ela sorriu.

– Bom, agora sei que o garoto tem pra quem puxar – disse animada.

Ri balançando a cabeça.

– Você tem cada uma... Bom, mas presumo que você não veio aqui para me falar o quanto o senhor é bonito, e sim que já é hora de descer.

– Faço das suas minhas palavras – respondeu e pegou minha mão.

Ao pé da escada ela soltou-me e desceu apressadamente, olhei para baixo e ali se encontravam Mr. Darcy, minha mãe e pai, e um homem que meu Deus, Lizzy tinha razão, era muito formoso, sorri para os três e desci lentamente. Meu noivo veio até mim e segurou minha mão, depositando em seguida um beijo casto, depois colocou-me ao seu lado.

– Boa noite senhores, mãe, pai – balancei a cabeça cumprimentando-os.

– Boa noite, disseram em unânime.

– Então essa é a noiva de meu filho. – falou o pai de Hareton – És mais bela de perto.

Tão galanteador como o filho, pensei.

Dirigi-lhe meu melhor sorriso.

– É um prazer conhecê-lo, Mr. Darcy.

– Ah, por favor! Sem formalidades! Chame-me apenas de George.

– Mr. George, então.

Ele sorriu.

– Todo bem dona formal, depois se acostuma.

– Então, vamos jantar? – disse meu pai.

Todos assentiram e fomos até a sala de jantar. Harenton, tinha que me acostumar a chamá-lo assim, puxou a cadeira pra mim, sentei-me e ele ao meu lado, aproveitou e pegou minha mão por debaixo da mesa, tentei afastar, mas ele não deixou.

– O que é coração? Só estou fazendo carinho na sua mão – falou docemente no meu ouvido.

Se eu já me sentia traidora achando que Edward estava morto, imagine agora.

– Comporte-se – sibilei.

Ele riu e largou minha mão.

– Como quiser, minha Bella – ironizou.

– Obrigada, Mr. Darcy – devolvi.

Ele franziu o cenho e virou o rosto. Não entendi sua reação, não entendia o porquê dele parecer tão chateado que e o chamasse assim, será que ele tinha um motivo como eu?

Fui distraída quando a comida chegou e os empregados começaram a servir.

– Não gosta disso? – disse rudemente, enquanto apontava para a porção de camarão intocada a minha frente.

– Não. Por quê?

– Nada, curiosidade – disse áspero.

Franzi o cenho, ele nunca falava assim, era sempre num tom de ironia e sarcasmo. Será que foi só por causa do nome? Tentada a perguntar, mas querendo me convencer que não, a curiosidade foi mais forte.

Inclinei-me timidamente mais próximo ao seu ouvido, mas sem roçar meus lábios nele, como ele fazia, e perguntei:

– O que foi? Por que está chateado comigo? – não queria que parecesse que eu me preocupasse com isso, mas acho que saiu assim.

Ele franziu o cenho e virou-se pra mim.

– E você liga?

Queria dizer que não, mas era estranho vê-lo assim, em geral ele me perturbava com suas piadinhas e agora tava todo pra baixo. Doía admitir, mas não gostava de ver ele assim, preferia-o me enchendo a paciência do que emburrado, afinal ele não tinha culpa de estar meu noivo, a culpa era única e exclusiva de meus pais.

– Você é meu noivo – respondi simplesmente.

Ele bufou baixinho.

– Desde quando isso importa?

– Não é possível que esteja assim só porque lhe chamei de Mr. Darcy, você me provocou eu só dei o troco.

Ele pareceu refletir.

– Ainda está com fome?

– Não. Por quê?

– Tudo você questiona – sorriu zombeteiro.

– Vamos dar uma volta. – explicou– Se nos derem licença, gostaria de ficar a sós com minha noiva, queremos ir até a varanda – disse num tom mais alto, para todos na mesa ouvir.

– Claro, podem ir – respondeu, quem? Claro minha mãezinha, a que só faltava fazer um altar para adorar meu noivo.

Ele se levantou e puxou minha mão, fomso até a varanda. Ele se sentou no banco e me puxou para o seu lado.

– Hã, Isabella, me desculpe. Não queria provocá-la e nem ter sido grosso com você.

– Pode não querer ter sido grosso, mas queria sim me provocar.

Ele sorriu.

– Tem razão.

Ele olhou pra baixo.

– Eu... er... realmente não quero que me chame de Mr. Darcy, não mais – disse a última parte meio que para si mesmo.

– Por quê?

Ele olhou pra mim.

– Por que é assim que me chamam as tantas – pareceu pensar num nome específico – damas de companhia que tinha.

– Que tem – corrigi.

Ele franziu o cenho.

– Tinha, pretendo ser fiel. Sabe Isabella, eu não sei como dizer isso, é um sentimento novo, que surgiu sem avisar, sou novo nisso – ele estava nervoso, passando a mão embaixo do queixo – então não vou falar agora, depois do casamento talvez eu tenha mais certeza e coragem para lhe falar, a única coisa que posso dizer agora é que: Você é especial.

Eu não entendia aonde ele queria chegar, com suas palavras evasivas, mas também não deu tempo de falar, pois ele se inclinou e preparou-se para me beijar, eu desviei.

– Só um beijo, por favor – pediu.

Neguei com a cabeça. Mas ele prosseguiu, pegou meu queixo delicadamente e chegou mais perto.

– Harenton, por favor, não.

Ele não me ouviu, e foi mais rápido que eu, encostou seus lábios nos meus, mas quando iria movê-los eu me afastei bruscamente. Não queria agir assim, mas se com palavras não estava dando certo, então eu agiria. Levantei-me e deixei um Harenton surpreso e sem ação pra trás, corri escada acima, chorando copiosamente, eu havia traído Edward, deixei que aquele infeliz que não respeita a vontade alheia, colocasse os lábios nos meus. E em meio as lágrimas lembrei que ele viria me ver essa noite, e eu estava ali me sentido suja e desprezível.

Sentia-me a pior das mulheres, não foi só o beijo, mas tudo o que ocorrera esta noite, me deixei levar pelo jeito gentil de Harenton, me preocupando até se ele estaria magoado comigo ou não, por que? Eu amava Edward, somente ele, é único pra mim.

Sentindo ainda a sensação de estar suja, fui até o banheiro, despi-me e banhei-me por vários minutos, até que me acalmei, as lembranças de meus momentos com Edward me fizeram esquecer tudo o que acontecera esta noite, e a cada minuto que se passava meu amor por ele era confirmado, o que acontecera com Harenton hoje não significou nada pra mim.

Sai do banho e fui vestir minha camisola, andei até a penteadeira, sequei os cabelos, penteei-os e fui até a varanda, esperar por Edward, agora mais do que nunca precisava dele, precisa de seu abraço, de seu beijo, da sensação de conforto que ele trazia.

Parecia ter se passado horas e nada de Edward aparecer, ele provavelmente não iria vir, Carlisle deve ter lhe causado problemas. Conformada, voltei para o quarto e deitei-me, dormi frustrada.

Senti uma mão fria acariciar-me o rosto, preocupada, franzi o cenho e depois abri os olhos.

– Edward?! – disse alarmada, se ele continuasse assim, mataria-me do coração.

– Shhh – colocou um dedo em meus lábios – vai acabar acordando alguém, meu amor.

Tirei seu dedo e resmunguei baixo:

– Você demorou muito!

– Sinto muito – sorriu.

Ah como ficar chateada? Não com aquele sorriso maravilhoso.

– Carlisle criou problemas? – queria mesmo saber.

– Não exatamente. Ele me levou a uma província aqui perto, para me sentir um pouco livre, acabamos perdendo a hora.

– Fizeram o que lá?

Ele hesitou.

– Edward?

– Encontrei Cathy – soltei falou.

Fiquei confusa por um momento, até cair a ficha. Cathy. Argh!

– Cathy? Aquela sua quase noiva?

– Ela não é minha quase noiva, Cathy já está até casada.

Olhei pra ele desconfiada.

– Mas por que foi se encontrar com a Catherine?

 – Hã, não foi proposital, Carlisle é amigo de Edgar, o marido dela, mas ele não sabia que era a esposa dele, não mesmo. Ele nem me deu a oportunidade de dizer, fiquei com medo de quando ela me visse, principalmente quando olhasse em meus olhos.

Eu não prestava atenção, o que importava era que ele havia se encontrado com aquela mulher! A que ele costumava flertar no passado, devo ter ficado vermelha de ciúmes.

– Ela... – pigarreei– abraçou você? Beijou ou fez algo do tipo? – perguntei preocupada.

Ele franziu o cenho, parecia cético.

– É com isso que está preocupada?

Estreitei os olhos.

– Queria que eu estivesse preocupada com o que? – disse sentando-me.

– Com o fato de Cathy quase desconfiar de que alguma coisa está errada.

Revirei os olhos.

– Mas pelo visto não desconfiou. Agora me responda, ela fez algo com você ou não?

Ele parecia não acreditar, parecia que algo o queimava por dentro.

– Sim, perdi as contas de quantos beijos, abraços e carícias Cathy me forneceu!

Abri a boca pra falar algo, mas logo a fechei, fiz uma carranca emburrada, mas no fundo o que eu sentia era tristeza, mágoa, ele havia me falado de modo rude, mas o pior foi ouvir que ela havia acariciado ele, a lágrima idiota já queria cair.

Edward pareceu estremecer e se arrepender.

– Ah Bella! Ela me deu um abraço e um beijo inocentemente, eu que exagerei, perdoe-me, por favor, sim?

Assenti, afinal quem era eu pra cobrar algo? Quem é que foi beijada na boca por outro? Ah claro a idiota aqui, isso só me fez me sentir pior.

Ele pensou que era por causa dele que ainda estava triste, pois pegou e me colocou em seu colo, balançando-me.

– Prometo nunca mais fazer isso

– Tudo bem, eu que sou muito mimada – murmurei, perdida em pensamentos.

– E eu um idiota.

Olhei pra ele.

– Não, não é – se havia alguém idiota aqui, esse alguém era eu.

– Então sorria pra mim e diga que me ama – pediu sorrindo.

Dei meu melhor sorriso.

– Eu te amo – falei com certa convicção.

– Eu também.

Ele abaixou-se lentamente e roçou o nariz no meu, para depois beijar-me ternamente, isso inflamou meu coração, dois beijos em uma noite, de duas pessoas diferentes, nunca havia me sentido tão suja.

Mas querendo aproveitar o momento, depositei minhas mãos em seu cabelo, quando estava na melhor parte, ele se afastou.

– Estraga prazer!

Riu de modo contagiante.

– Está na hora de dormir.

– Não! – tudo o que eu menos queria era dormir agora e ter pesadelos com Harenton.

– E não vou. Pode dormir em meus braços se quiser.

Bom, se Edward iria ficar, eu ficaria bem então, sonharia com meu anjo. Sorri abertamente.

– Obrigada Edward.

– Disponha, mas disso você já sabe.

Deitou-me em seu peito, e eu adormeci com suas mãos acariciando meu cabelo. Tive uma ótima noite.

Acordei pela manhã e procurei-o, mas não encontrei. Frustrada, me sentei.

– Bella?

Levei um susto enorme e segui o som da voz, era Edward sorrindo pra mim, retribuí extremamente feliz.

– Edward você ficou!

– Claro, não resisti.

Sai da cama e pulei em seu colo. Atitude que o pegou se surpresa, preocupada falei:

– Epa...

Mas ele sorriu.

– Tudo bem, eu gostei.

– Gostou?

Assentiu, beijando-me o cabelo.

– Já tem que ir? – perguntei depois de um tempo.

– Já. Carlisle volta à tarde, mas não quero correr o risco de suas criadas me encontrarem aqui...

– Quando vou ver você de novo? – disse, interrompendo-lhe.

– Logo, eu prometo.

A tristeza me inundou, queria que ele voltasse permanentemente e lembrar o motivo pra querer isso só piorou.

– Logo – repetiu.

Fiquei calada, não sabia o que dizer.

– Não confia em mim? – perguntou.

– Claro que confio, é só que... Já estou com saudades. – falei tensa, não queria que ele percebesse que eu estava assim.

Sorri, mas tinha absoluta certeza que não foi nada convincente.

– Sei que está me escondendo algo, mas não tenho tempo pra discutir isso agora. À noite nos falamos.

Fiquei nervosa e inquieta.

– À noite, então. – fiz de tudo para que a voz não saísse entrecortada.

Edward tirou-me de seu colo e beijou meu rosto.

– Eu te amo.

– Eu te amo – respondi pesarosa.

Vi-o se afastar e pular a janela, foi muito estranho, mas meu estomago já estava revirando então nada mais estranho que isso e saber que ele percebeu e que me perguntaria à noite não me ajudava a melhorar, não dava nem para ficar feliz por saber que ele voltaria à noite, estava nervosa e tensa demais, eu teria que lhe contar logo, que estava noiva e que ele precisava voltar, antes parecia ser tão simples, mas algo me dizia que nada acabaria bem quando eu contasse, era isso que me trazia enjôos e nervosismo. Extremamente atordoada fui para o banho, com o objetivo de me acalmar.

Tomei um banho rápido e quando saí do banheiro, minha roupa já estava estendida sobre a cama. Fui até elas e vesti-me, depois penteei os cabelos e desci. Ao chegar ao andar de baixo, dei o bom dia habitual aos meus pais e tomei meu café da manhã silenciosamente, meus pensamentos estavam longe, no modo em como eu iria contar a Edward sobre o noivado, não entendia porque meu subconsciente avisava-me que era arriscado contar essa noite, frustrada com esses pensamentos, pedi licença na mesa e fui dar uma volta no jardim.

Caminhando distraidamente, com pensamentos preocupados, senti de repente uma mão puxando minha cintura e outra tapando minha boca, debati-me desesperadamente, o medo a flor da pele.

– Calma Bella, sou eu. Harenton.

Dizendo isso soltou-me e encarou-me por alguns segundos.

– O que pensa que está fazendo? – quebrei o silencio.

– Precisava falar com você.

Bufei.

– Quando é que vai viajar?

Ele franziu o cenho.

– Como pode alguém ser um amor num dia e depois voltar a ser o ogro de antes?

– Você irritou o ogro, pedi para não me beijar!

– Sou seu noivo Isabella! És tão inocente que realmente pensa que os noivos só se beijam no dia do casamento?

– Não interessa pra você o que eu penso, quando vai embora?

– Agora, vim despedir-me de modo adequado primeiro, já que ontem saíste como uma louca desesperada que mais parecia ter sido beijada por um garoto do estábulo.

Revirei os olhos para sua colocação.

– Queria dizer adeus, então ta, adeus.

Virei as costas pra ele, mal dei o primeiro passo e puxou-me pelo braço, fazendo-me olhar pra ele novamente.

– Não digo adeus, pois não é pra sempre, digo: Até daqui alguns dias Isabella.

– Que seja!

Virei-me novamente e ele puxou-me outra vez pelo braço, mas infelizmente para algo diferente, meus lábios foram de contra com os seus, dessa vez não pude me afastar, ele segurou minha cabeça fortemente, conduzindo o beijo. Após alguns minutos, que mais pareceram séculos, ele soltou-me.

Suspirou e disse:

– Você me enlouquece.

– E você me enoja! – Cuspi-lhe o rosto e sai correndo de modo desesperado em direção a casa, as lágrimas corriam pelo meu rosto, como ele pôde fazer isso comigo?

Antes mesmo de chegar em casa, cai de joelhos no chão e desabei-me a chorar, me sentia algo imundo, nojento. Era uma infiel da piore classe, nunca mais mereceria Edward depois disso, ouvi passos furiosos se aproximando, não precisava levantar a cabeça pra ver de quem se tratava. Mas os passos cessaram.

– Isabella?

Continuei chorando.

– Ah meu Deus o que foi que eu fiz?

Os passos retornaram não mais furiosos, pareciam somente apressados. Senti suas mãos tentarem erguer-me do chão, eu não queria levantar pelo contrário, fazia força pra ficar lá. Depois de fazer uma força redobrada ele conseguiu pôr-me de pé.

– Isabella? Isabella?

Não olhava pra ele.

– Isabella me perdoe! Isabella olha pra mim!

Ele pegou meu queixo e me fez olhar pra ele. Eu olhei.

Harenton enxugava minhas lágrimas, o cenho franzido de preocupação.

– Ei, por que todo esse drama?

Não respondi. Ele arregalou os olhos.

– Era porque você estava se guardando para o dia em que fosse se casar?

Continuei calada.

– Ah meu Deus! Perdoe-me, por favor, Isabella, nunca foi minha intenção tratá-la como uma qualquer. Perdoe-me por não respeitar sua vontade!

Olhei pra ele, que realmente parecia estar arrependido, talvez assim, se eu dissesse que era esse o motivo, ele me deixaria em paz. Talvez eu pudesse até fazer uma chantagem emocional.

– Você não respeita ninguém, Mr. Darcy. É assim que devo chamá-lo, pois me trata como uma de suas damas de companhia!

– Não, não Isabella, você não é como elas, por favor, esqueça isso, prometo que...

– Esquecer? Só pode estar brincando comigo! – interrompi-o.

Ele parecia aflito e eu fazia cara de poucos amigos, parecia maldade, mas eu queria me vingar.

– Agora, por favor, vá embora, preciso de um tempo pra pensar se o perdôo ou não.

– Pode ter o tempo que quiser minha noiva, contanto que me perdoe.

Assenti, ajeitei o vestido e segui rumo a minha casa. A vingança amenizara a dor, mas não curou-a, me sentia péssima, tinha vontade de morrer, agora que eu me sentia nervosa ao fato de ter que contar a Edward, o que seria de mim se ele perguntasse se eu já beijei Mr. Darcy?

Aflita, subi para o quarto e desabei na cama, precisava descansar, olhei o pote da aliança, e a depositei lá, depois agarrei o travesseiro, e voltei a chorar.

Mais tarde ouvi batidas na porta, era a empregada perguntando se eu não desceria pra almoçar, disse que não, que mais tarde ela poderia me trazer um lanche. E assim a tarde se  passou, escrevi um pouco, cartas para amigas distantes, desenhei, meu antigo hobby e depois fui tomar um banho, passei um bom tempo lá, ao saí, escolhi uma camisola e arrumei o cabelo, depois peguei um livro, olhei o pote da aliança, tenha coragem Bella! Abri-o, peguei o anel e o coloquei, seria hoje, Edward saberia de toda a verdade, uma esperança brotou, talvez assim, com medo de me perder, ele voltasse e me pegasse de volta. Pensando assim, um sorriso brotou em meus lábios e eu fui sentar em minha cama e comecei a ler.

Distraída mal percebi quando Edward entrou, só levei um susto ao vê-lo ali, encostado em minha parede, com malas na mão. É claro que eu gritei.

– Edward?! Edward que susto! – disse levando a mão até o peito.

Ele sorriu e depositou as malas no chão.

Franzi o cenho.

– Pra que as malas? – ela sorri zombeteira – não me diga que vem morar aqui? – falei brincando, mas com um desejo intenso de que fosse verdade.

Ele sorriu novamente, mas não chegava aos olhos, parecia angustiado, deixei o livro de lado e perguntei:

– Edward o que foi? Parece tão triste.

– Bella eu vou embora de Chicago.

Foi como se tivesse recebido uma descarga elétrica, meus olhos quase pularam da órbita.

– Co-omo assim? Carlisle quer ir embora? Ele descobriu? – só poderia ser isso, mas o que esse médico tinha contra mim?

Ele veio se sentar ao meu lado.

– Bom, na verdade, eu lhe contei.

O que?

– Por quê? Ficou maluco?!

Sacudiu a cabeça.

– Não agüentava mais mentir.

– E ele não aceitou. – deduzi.

– Não.

– E agora Edward, o que nós vamos fazer? – perguntei aflita.

Ele suspirou.

– Mudança de planos.

Franzi o cenho.

– Explique-se, por favor.

– Pretendo fugir com você.

– O que? – perguntei assustada.

– Gostaria saber se você quer fugir comigo.

Fugir? Como assim?

Levantei e comecei a andar de um lado a outro, completamente aturdida.

– Como assim? Largar tudo e ir embora? – perguntei ainda confusa.

– Se quiser.

– Minha família... – disse meio que pra mim mesma.

Não que eles estivessem merecendo minha consideração ultimamente, mas ainda sim, eram os meus pais!

Edward levantou, pôs-se a minha frente e colocou os braços em meus ombros.

– Bella não precisa fazer isso, é apenas uma opção. Não quero deixá-la, mas entenderei se não puder ir comigo.

– Não tenho alternativa? Como ter os dois ao mesmo tempo.

– Sinto muito Bella, já estraguei tudo com Carlisle, não posso mais voltar. E além do mais, que vida teria vivendo assim? Uma hora seus pais iriam querer casar você.

E esse foi o golpe da noite, acertou-me em cheio, o chácara da mentira. Baixei os olhos corando.

– Bella?

E as lágrimas ressurgiram, entregando-me.

– Bella?

– Eu já estou noiva Edward! –disse levantando a mão esquerda.

Edward largou-me bruscamente, o choque estampado em seu rosto.

– Mas eu juro que não queria, eles praticamente me obrigaram, ele é o filho de um amigo próximo e...

Tentei ao máximo me explicar, mas ele parecia não ouvir, algo rugia em seu peito, era como um choro contido, sentou no chão, meu desespero estava no ápice, não sabia mais o que fazer ou falar, até que a pergunta que ele fez, tirou-me da inércia.

– Você o ama?

Eu nunca imaginei que ele fosse perguntar isso, era algo impossível, como ele chegara a essa conclusão?

– Não! Não! Claro que não Edward – disse me ajoelhando ao seu lado, passando as mãos em seu rosto – eu amo só você, só você.

Beijei o seu rosto, abracei-lhe.

– Então por que está noiva?

– Já disse-lhe Edward, meus pais, eles, eles...

– Chega!

Levantou, deixando-me totalmente atordoada, enquanto as lágrimas não cessavam.

– Você o ama! – acusou.

Neguei.

– Por isso a relutância – riu sem humor, passando a mão pelos cabelos – E eu aqui, todo apaixonado, decepcionando a única pessoa que realmente se importa comigo, fazendo coisas que jamais cogitaria fazer... Enquanto ela, ela seu idiota! Está noiva! Noiva de um babaca qualquer! Um cara que não é você!

– Edward... eu... – tentei me explicar, ele não permitiu.

– Poupe-me! – falou azedamente.

– Carlisle bem que me avisou – lamentou – Mas o teimoso não quis ouvir, jogando fora tudo o que tem, por alguém que nem ao menos lhe disse que estava noiva, que já tinha desistido de você, de alimentar um amor impossível!

– Edward não! Por favor, eu te suplico, me deixa explicar...

– Explicar o que? Que você se apaixonou completamente, tanto que mal pôde esperar pra ficar noiva! Poupe salive Isabella! – falou meu nome inteiro, só me chamava assim quando realmente estava magoado ou chateado comigo, mal sinal, mal sinal, minha cabeça e coração gritavam pra mim– Deixei tudo por você, tudo entende?

Eu soluçava, meu peito parecia que iria explodir de tanto desespero, meu coração estava inchado, inflamado, o medo de perdê-lo novamente acabava comigo, era como se eu fosse desmaiar.

– Eu vou embora, esta é a última vez que você me vê. Eu não vou voltar. Vai poder ter sua vida humana e feliz ao lado de quem quer que seja. Eu não me importo, não mais, chega! Será como se eu nunca estivesse existido. Eu prometo.

Arregalei os olhos de dor, foi como se ele tivesse arrancado meu coração, já não o sentia mais batendo ali. Minhas pernas tremiam, mas as forcei a funcionar, corri até ele e agarrei-lhe o braço.

– Edward, não, por favor, por favor, eu te imploro!

– Adeus Isabella.

Estremeci.

– Não, de novo não, eu te imploro!

– Eu nunca deveria ter aparecido na sua vida Isabella, desculpe me tornar um peso pra você.

– Edward...

Ele se inclinou e beijou-me de modo apaixonado, mas como uma despedida.

– Eu a amo Isabella Swan e essa é a última vez que ouviu tais palavras saírem de meus lábios.

– Não, por favor... – supliquei.

– Adeus.

Ouça em quanto lê:

http://youtu.be/1XJUGkvU4cQ

(Everything, Lifehouse)

Tudo

Me encontre aqui

E fale pra mim Eu quero te sentir

Eu preciso te ouvir

Você é a luz

Que está me guiando para o lugar

Onde encontrarei paz... novamente

Você é a força

Que me faz andar

Você é a esperança

Que me faz confiar

Você é a vida

Para a minha alma

Você é meu propósito

Você é tudo

E como eu poderia ficar aqui com você

E não me comover com você?

Me diga, como isso poderia ficar melhor?

Você acalma as tempestades

E você me dá repouso

Você me segura em suas mãos

Você não vai me deixar cair

Você roubou meu coração

E me deixou sem fôlego Você vai me receber?

Vai me atrair mais ainda?

E como eu poderia ficar aqui com você

E não me comover com você?

Me diga, como isso poderia ficar melhor?

E como eu poderia ficar aqui com você

E não me comover com você?

Me diga, como isso poderia ficar melhor?

Pois você é tudo que eu quero

Você é tudo que eu preciso

Você é tudo, tudo

Você é tudo que eu quero

Você é tudo que eu preciso

Você é tudo, tudo

Você é tudo que eu quero

Você é tudo que eu preciso

Você é tudo, tudo

Você é tudo que eu quero

Você é tudo que eu preciso

Você é tudo, tudo

E como eu poderia ficar aqui com você

E não me comover com você?

Me diga, como isso poderia ficar melhor?

E vi minha vida sair pela janela afora, vi meu coração, alma e espírito indo embora, só restando-me o corpo, caí no chão e desabei-me a chorar, lembrei vagamente das palavras de Mr. Darcy, que ele não diria adeus, por que ele voltaria, mas Edward disse adeus, então nunca mais o veria, tudo o que eu tinha estava indo embora naquele exato momento, o meu ar, a minha luz, a minha vida, a razão de minha existência, tudo, ali acabado. Nunca sentira tanta dor, nem quando recebi a notícia que ele estava morto, pois talvez lá no fundo eu soubesse que ele estava vivo, por isso das cartas, mas agora, saber que eu o havia magoado, saber que por minha culpa e imprudência havia perdido tudo o que eu jamais aguentaria perder, só de saber que eu poderia ter evitado, é de cortar o coração, não que ele ainda esteja aqui, ele me foi roubado, a minha vida foi roubada, tirada de mim, por consequência de meus atos impensados, de minha incapacidade, pois eu era uma inútil, pois poderia muito bem ter procurado saber mais sobre a suposta morte de Edward, ir procurar o corpo, assim, quando eu visse que tinha algo errado, pois não acharia o corpo, eu teria esperança e jamais aceitaria o acordo com minha mãe e agora tudo estava acabado, não tinha volta, eu perdi tudo e não tenho como recuperar, eu agi impulsivamente, agora tinha que arcar com as consequências, pagando caro por isso.

O soluço fora apaziguado, pois não tinha mais ar para puxar, as lágrimas cessaram, pois não havia mais água para cair e então tudo ficou escuro, vi-me caindo na escuridão sem fim, sendo levada para um mundo sem dor nem sofrimento, e então eu apaguei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E awe gostaram? O que acharam desta nova face de Harenton/Mr. Darcy?
Bom, como Edward ficará um tempo fora pensei que talvez ela precisasse de um apoio, então criei um Harenton bonzinho, mas não se apaixonem, ainda existe um Edward...
Mandem bastante reviews, prometo honrá-los ;D
Até a próxima postagem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ciclone: o Romance de Edward e Bella" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.