Salvation escrita por MilaBravomila


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

cap um pouquinho grande.. preparem a vista!! ha, nos vemos lah embaixo :)



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Senti mais uma vez o calor e o prazer de sua mordida. Michaela segurava meu pulso com força e sugava lentamente, de olhos fechados. Eu mantive os meus abertos, pois tinha que ficar de olho em meu irmão. Ele parecia ainda não acreditar no que via, estava concentrado, orando ao Pai em nossa língua antiga, enquanto apertava sua Gladius na mão.

Meus sentidos estavam adormecendo e meus reflexos ficando lentos, eu não conseguia me concentrar em nada mais além daquele prazer intenso, insano, mesmo tentando desesperadamente. Sentir a boca dela em minha pele, sua língua, seus gemidos, me levava à loucura, mas eu não podia me entregar, não com Anariel ali. Apertei minha Gladius com tanta força que se não fosse um metal sagrado eu juro que teria se esfarelado em minha mão.

Michaela parou bruscamente, cedo demais pra mim, e me lambeu as feridas do pulso. Refletido em seu olho, vi o verde mais lindo e brilhante.

- Incrível... eu sinto você... nela. – Anariel falava intrigado. Eu, no entanto, já tinha tido esta experiência e sabia qual seria o resultado.

Michaela me olhava ainda vidrada e eu sabia que ela queria mais, assim como eu. Respirei fundo e tentei recobrar o máximo do juízo.

- Vamos, temos poucos minutos! – eu falei ainda com a voz fraca e trêmula.

Nós nos movimentamos para o parapeito do terraço.  Michaela apontou para a escada de incêndio e eu sabia que o acesso dela ao apartamento de Julius seria por ali, já que ela não podia voar. Eu e Anariel nos dividimos pelos lados leste e oeste.

Antes de descermos dei uma última olhada para Michaela, que me encarava de longe. Eu queria dizer a ela pra que tomasse cuidado, pra que fugisse se algo não desse certo. Mas não deu tempo, vi sua figura esbelta pular felinamente e sair de vista.

Era a hora. Com minhas asas estendidas e minha fiel Gladius na mão direita, desci, voando o mais rápido possível. Eu sentia a presença de Julius cada vez mais forte, a cada milímetro que me aproximava do apartamento. Invadi a janela oeste com tudo e vi Anariel já em cima de um dos dois machos que cercavam Julius.

O vampiro estava no meio da bela sala de estar e sua expressão era de incredulidade e confusão, exatamente como Michaela havia previsto. Julius estava paralisado com a emboscada e eu vi que estava tenso, olhando para o corredor atrás de si. Provavelmente ele sentia a presença do suposto terceiro Anjo e se viu cercado. Ele não imaginava que o terceiro elemento era Michaela, preenchida com meu sangue.

Anariel atacou rapidamente o macho que surpreendeu e eu fui em direção a Julius. Ele estava armado a atirou em minha direção. Um dos tiros passou de raspão em meu braço e rasgou a camisa e o outro produziu um som altíssimo quando a bala se chocou com minha Gladius e ricocheteou. Eu me aproximei e Julius veio pra cima, juntamente com o outro macho.

Eu dei uma cotovelada no mais baixo e minha Gladius mirou o peito de Julius. Mas o vampiro era muito rápido e habilidoso, desviou como um raio da minha espada e girou o corpo. Percebi sua intensão, e também girei, não podia deixa-lo se aproximar de mim. Tentei mais uma investida contra ele, mas o outro macho me interceptou. Rolei no chão com ele, e minha espada se perdeu.

O vampiro tentou sair, mas eu já tinha encaixado meus braços ao redor de seu pescoço. Sem hesitar eu o quebrei. Era tudo muito rápido e havia muito barulho. Eu ouvia Anariel lutando com o segundo macho e os sons dos rugidos dos vampiros se misturaram ao estalido seco do pescoço do macho se quebrando sob meu aperto. Não tive tempo pra nada, Julius já estava em cima de mim e eu estava em grande desvantagem no chão. Usei o próprio corpo frouxo do vampiro em meus braços para me defender de Julius, que partiu pra cima com os dentes afiados.

Consegui me esquivar dele, rolando para o outro lado e ele voltou a me atacar. Dessa vez ele encaixou um soco que me fez quase perder o equilíbrio. Nessa hora ouvi dois sons simultâneos: o de Anariel finalizando seu adversário e o grito de Michaela vindo dos fundos do apartamento.

Quando invadimos o local, Anariel e eu fomos exatamente para onde a presença de Julius se fez mais forte. Mas havia mais um vampiro no local, mais afastados dos outros, e Michaela tinha se encontrado com ele nos fundos do apartamento. O tempo em que enfrentávamos os vampiros aqui, ela também enfrentava seu adversário lá e pelo grito que soltou, estava precisando de ajuda.

Ouvi-la gritar me fez hesitar por uma fração de segundo. Meu corpo respondeu imediatamente, querendo ir até ela, protege-la. Isso foi um erro enorme. Julius estava em cima da mim e me atingiu mais uma vez. Bati forte na parede do apartamento, fazendo a estrutura tremer. O vampiro tinha os olhos sedentos e vinha em minha direção. Eu estava perdido.

A pouquíssimos centímetros de me atingir, Julius se virou bruscamente e eu vi Anariel atrás dele, pronto para cravar a Gladius em suas costas. O vampiro girou e se esquivou, mas eu saltei rápido o suficiente para desequilibrá-lo. Julius caiu no chão, comigo prendendo seus pés e Anariel enfiou a espada em suas costas, atravessando-o.

O rugido foi alto e a dor dele se fez ouvir. Anariel retirou sua espada do corpo do vampiro e repetiu o gesto, acertando-o um pouco mais pra baixo. Julius uivou em agonia. Seu corpo estendido de costas no chão do apartamento sangrava muito pelas feridas feitas por meu irmão e eu senti que Julius estava dominado.

Olhei pra frente, meu rosto e corpo doendo loucamente pelos golpes que recebi, mas meu coração estava apertado. Eu precisava ver se Michaela estava bem. Fiquei de pé e Anariel já mantinha Julius sob a mira da Gladius. Quando inclinei o corpo para correr de encontro a ela, vi seu corpo surgir no corredor.

Mas não estava sozinha. Havia um macho segurando-a por trás. Ele era enorme, praticamente do porte de Julius e tão poderoso quanto, ela não teve chance. O macho a dominava, segurando os braços dela pra trás firmemente, com um das mãos, e mirando uma adaga afiada em seu coração, com a outra. Ela estava com as roupas rasgadas e ensanguentadas e eu podia sentir o cheiro do sangue dela misturado ao meu.

Parei imediatamente e minha expressão era de completo horror. Ele poderia mata-la a qualquer momento.

- Soltem Julius agora e a vadia vive. – ele dizia cuspindo as palavras, encarando Anariel que mantinha a Gladius apontada para o coração de Julius, pelas costas.

- Pode fazer o que quiser com ela, vampiro, sua barganha de nada adianta. – a voz de meu irmão soou pelo lugar.

- Não! Espera! – eu me antecipei, tentei me aproximar de Michaela, que tinha o olhar fixo em mim, estava muito assustada.

O macho cravou a adaga no peito dela, que gritou desesperada. Não foi fundo o suficiente para atingir o coração, mas ela sangrava demais e certamente estava sentindo uma dor absurda.

- Anariel, por favor, espere! – eu estava desesperado. Implorei mentalmente ao meu irmão para que não matasse Julius. Isso causaria a morte de Michaela também.

- Gabriel, sinto muito, não podemos poupar Julius, ele é peça fundamental nessa guerra. Não há discussão!

- Anariel, por favor...

Eu estava implorando. Olhei para ele, que manteve a posição sobre Julius, assim como o vampiro mantinha sua adaga enfiada no peito de Michaela. Eu já não pensava direito, minha respiração estava acelerada, tudo o que eu sabia era que não suportaria perde-la, minha vampira, minha Michaela.

- Solte Julius, Ser Alado e eu a deixo sobreviver.

Tudo o que eu podia fazer naquele momento, era rezar. A vida dela estava nas mãos de meu irmão e eu sabia que por ele, ela já estaria morta. Levei poucos segundos para orar ao Pai e pedir forças para o que eu faria a seguir. Pedi para meu Pai iluminar minha mente e guiar os meus gestos, mesmo sabendo que eu estava agindo contra Sua vontade.

Voei o mais rápido que já voei em minha vida, em minha existência. Com um impulso e forças que vieram de algum lugar desconhecido, fui em direção a Michaela. Durante o trajeto, materializei a Gladius em minha mão direita, fazendo-a sumir do chão e vir para meu aperto firme.

Tudo foi tão rápido, que o macho não teve tempo para reação. Nem mesmo meu irmão. Essa velocidade e força que utilizei, vieram de fora de mim. Olhando fixamente no verde brilhante e perfeito dos olhos da minha vampira, eu cravei minha Gladius na altura de seu ombro esquerdo, perfurando-o.

Ela gritou alto enquanto minha espada atravessava seu corpo rapidamente e era como se eu pudesse sentir sua dor a cada milímetro, em meu próprio corpo. Mas minha intenção era mantê-la viva, por isso tive que fazê-lo. Ao transpassar minha espada pelo ombro dela, acertei o coração do vampiro que a mantinha refém.

Os olhos do macho se arregalaram e eu vi sua não-vida se esvair. Mais que depressa eu retirei a Gladius do corpo dele e de Michaela e segurei a adaga com a outra mão, para evitar o pior. Eles caíram, o macho e Michaela, ambos no chão sobre a imensa poça de sangue.

Eu me ajoelhei e retirei a adaga de seu corpo. Ela gritou mais uma vez. Larguei as armas no chão e segurei seu corpo machucado com cuidados em meus braços. Ela sangrava muito, tanto pela ferida do ombro quanto pela do peito feita pela adaga.

- Michaela, por favor, aguente.

Eu sei, soei desesperado, mas era exatamente assim que me sentia. Vê-la daquele jeito me deixava simplesmente sem ação. Seu corpo estava mole em meus braços e mais frio que o normal. O verde tão lindo já não brilhava tanto.

Sem pensar eu empurrei meu pulso em sua boca para que mordesse, mas estava tão fraca que não reagiu. Eu a deitei no chão a minha frente e peguei a Gladius. Sem hesitar, fiz um corte médio e doloroso em meu próprio pulso. O sangue brotou vermelho vivo e escorreu abundante. Direcionei o pulso sangrento até a boca dela e levantei sua cabeça um pouco, para encaixar melhor.

Ela reagiu assim que sentiu o líquido viscoso e morno na boca e eu não pude evitar soltar o ar aliviado.

- Obrigado, Pai. – agradeci em minha língua antiga.

- Inacreditável...

Era a voz de Julius, a alguns metros de distância. Eu tinha me esquecido completamente que ainda havia meu irmão e Julius, e o resto do mundo a minha volta. Olhei furtivamente pra trás e vi que o vampiro ainda estava deitado de bruços e a espada de meu irmão mirava seu coração pelas costas.

Ele me olhava incrédulo e assim fazia Anariel. Eu não me importei e voltei minha atenção a Michaela. Ela abriu os olhos lentamente e meu sangue ainda escorria para sua boca. Fiquei feliz ao ver o verde voltando ao normal. Aproximei mais meu pulso de sua boca, e só naquele momento eu reparei o quanto sangrava, acho que me cortei fundo demais.

Ela encostou os lábios em mim e eu gemi baixinho. Esperava que tomasse o bastante para ficar bem, mas ela não quis. Sob gemidos de protesto, ela se virou para o lado e se recusou a tomar mais sangue.

- Michaela, você está péssima, precisa...

- Não! – ela disse com a voz baixa, ainda fraca, mas enfática – Não! Já tenho o suficiente...

Ela sacudiu a cabeça de um lado para o outro e se recusou a beber mais, embora eu visse claramente que era o que mais queria. Com esforço ela levantou as mãos e pegou meu pulso. Com um som delicioso que estava entre um gemido e um grunhido, ela lambeu o que escorria de mim e depois foi fechar meu corte. Ela passou a língua várias vezes sobre meu pulso até que eu parasse de sangrar.

Depois ela voltou a apoiar a cabeça no chão e respirou fundo.

- Não quero mais... beber de você. Não... faz mais isso...

Eu não queria discutir com ela, estava feliz que ela estivesse se recuperando. Virei na direção de meu irmão que me encarava seriamente e Julius continuava incrédulo no chão.

- Você... eu não acredito nisso.. a vadia... – Julius murmurava.

Caminhei na direção de Anariel.

- Ele não vai falar nada, tenho certeza. – eu disse, tentando aparentar tranquilidade.

Meu irmão não respondeu, continuava a me encarar. Eu sabia que ele reprovava totalmente minha atitude e sabia que estava triste, pois ele seria obrigado a fazer algo a respeito.

Foi algum tempo depois que ele disse.

- Vampiro, tem alguma coisa a mais que queira nos dizer, alguma informação sobre os outros delegados, sobre o resto do seu bando?

Julius, como previsto, não disse nada de produtivo. Ele sabia que morreria e não entregaria nenhum dos outros. Ele se limitou a encarar o corpo ferido de Michaela a distância.

- Então, já que é assim, que Deus Pai Todo-Poderoso tenha piedade de sua alma.

Com estas palavras, Anariel cravou sua Gladius nas costas de Julius e atravessou o coração.


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Notas finais do capítulo

E agora??? nem eu aguento com tanto suspense.. aff..

rs

reviews???