Music Of The Heart escrita por Giovanna


Capítulo 24
Bônus - Você é a minha vida!




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- STOLL, FIQUE QUIETA!

- VENHA ME FAZER FICAR, DI ÂNGELO!

Evy e Noah estavam brigando... De novo. Todos os dias aconteciam isso. Era incrível. Ninguém sabia a força que eles tinham em brigar. Era impressionante. Muitas vezes, Evangeline e Noah já saíram no tapa. Quero dizer, Evangeline quem bateu em Noah. O rapaz, por mais que odiasse Evy, nunca bateria em menina. Tinha muito respeito por elas, principalmente por ter duas malucas em casa, que o mesmo chama, carinhosamente, de mamãe e irmã.

- DÁ PARA OS DOIS PARAREM DE BRIGAR? ESTAM TODO O CAMINHO, DESDE A ESCOLA ATÉ AQUI, BRIGANDO! CALEM A BOCA OS DOIS. – Rosalina já estava cheia de tudo aquilo. O irmão e Evangeline pareciam cão e gato. Mas até o cão e o gato, que eram inimigos naturais, tinham tréguas. Os dois não. Eram os seres mais difíceis desse planeta.

- Fique calma, Rosinha! O que pode acontecer? Eles se matarem?

- PETTER, CALE A BOCA VOCÊ TAMBÉM! NÃO QUERO OUVIR A VOZ DE NINGUÉM.

- Ainda bem que já chegamos em casa! Beijos para você. – Coralínna disse, puxando a irmã, Melanine, para casa.

- Beckendorf, mande beijos para sua mãe, certo? Mais tarde venho lhe fazer uma visitinha. Sabe? Pra fugir do meu irmão. – Rosalina disse, se dirigindo as irmãs Línna e Mel.

- Certo. Então até mais tarde, Rosa.

Eles continuaram o caminho para casa, em silêncio. Cada um pensando em uma coisa. Mas o pensamento mais assombroso era o de Evangeline. Evy sempre fora muito alegre. Mas sempre foi fingimento. Na verdade, ela sofria como ninguém. Seus pais eram ótimos. Não tinha como reclamar disso. Tinha maravilhosos amigos. Uma família que a amava como ninguém. Connor e Rachel, seus tios, a amavam, igualmente seu primo, Davis. Mas sentia falta de alguma coisa. Alguma coisa que fora tirada a muito tempo de seu coração. Mais precisamente, o amor. Evy já se apaixonara. E muito. O nome do garoto era Alexander. Mas ele machucara o coração da pequena e divertida Evy. Ele amava sua melhor amiga e ela não podia fazer nada para impedir. Ela havia dado seu coração a ele e ele o quebrara em minúsculos pedaços, impossíveis de serem concertados.

- Evy? EVY? EVANGELINE?

- O que foi?

- Estamos te chamando há meio século! O que aconteceu?

- Nada, nada. Só estava pensando.

- Sua casa já passou, Evy.

- Sério? OMG! Certo, certo. Tchau!

Evangeline entrou em casa e encontrou os pais sentados à mesa, conversando animadamente. Ao ver Evy, sorriram.

- Pai, mãe! Boa tarde.

- Meu anjinho! Como foi a escola hoje?

- Bem, o de sempre. Noah e eu brigamos. Rosa surtou. Nada de novo. – Disse Evy sentando-se e comendo.

- Ainda acho que essa briga de vocês é amor reprimido.

- Tia Thalia diz a mesma coisa a Noah, segundo Rosa. Mas eu o odeio.

- Filha, você já pensou isso é apenas amor reprimido?

- Ah não. Com certeza não. Eu? Amando Noah? Ah, por favor, mamãe! Eu o odeio, sabe? Ódio, sabe?

- Isso me lembra duma pessoa...

- Quem?

- A mãe de Noah.

- Tia Thalia? O que ela tem haver com essa história?

- Ela dizia que odiava Nico. E agora vê? Eles estão casados e tem uma linda família.

- Mas isso nunca vai acontecer comigo e com Noah. NUNCA!

- Veremos.

Katie olhou para Travis, e riram juntos.

Em outro lugar, não muito longe dali, uma família conversava sobre o mesmo assunto. Noah falava mal de Evangeline e Rosa discutia com o irmão por estar falando mal da amiga. Tudo normal. Após o almoço, Noah e Rosalina subiram para fazerem os deveres de casa, o pai saiu para trabalhar e a mãe foi também.

Thalia dava aula de musica para alunos carentes, demonstrando assim, que existe amor e caridade. Que sempre terá alguém para ajuda-los.

Tudo estava perfeitamente bem. Bem, até aquele momento.

- NOAH! ROSALINA!

As duas crianças saíram do quarto, estranhando os gritos. Após descer, encontraram na sala Piper, tia dos dois, e Katie, que estava com os olhos vermelhos, de tanto chorar.

- O que foi, tia Pips? Tia Katie? O que faz assim? O que está acontecendo? Por que está chorando? Cadê a Evy?

- Rosa, Evy fugiu. Não deixou nada. Apenas essa carta.

Katie estendeu a mão à Rosalina, que pegou a carta. Abrindo-a, sentiu o cheiro de morango do caderno da amiga. Noah, que estava logo atrás, se apostou atrás da irmã para lê-la.

Mamãe e papai e todas as outras pessoas que lerem essa carta,

É a Evy. Bem, vocês devem estar estranhando o motivo de eu estar mandando essa carta. Quero dizer-lhes que eu fugi. Fugir? Sim. Bem, sei que parecia que eu estava feliz, sempre fazendo gracinhas, brigando com o Noah, mas não. Eu não estava. Sempre fui infeliz. Não é culpa de vocês. Os dois sempre foram os melhores pais do mundo. Sempre me escutaram. Mas eu tinha que fazer isso. Ficar longe, me isolar de tudo e de todos. Por favor, não venham me procurar. Não sei para onde vou. Não sei como vou ficar. Apenas sei o que sei. E se eu sei, já é um grande passo.

Um beijo da Evangeline.

Rosalina estava pálida. Não acreditava no que estava lendo. Noah estava apreensivo. Tinha o instinto de procurar Evy, mesmo os dois não se dando bem. Piper sentia dó de Katie e a mãe da menina chorava.

- Mas quando foi isso?

- Almoçamos, Travis e eu saímos para trabalhar. Mas eu esqueci minha carteira em casa, então voltei. Quando cheguei, encontrei isso. – Katie apontou para a carta.

- Mas ela não pode ter ido muito longe, não é? Quero dizer, não deve fazer muito tempo que ela saiu, certo?

- Fazem menos de quinze minutos que fomos e eu voltei e-

- Certo. Tia Piper, liga pra Davis, Petter e Andrew, Coralínna e Melanine. Conte para eles o que aconteceu. Peça para ajudar. Noah e eu estaremos procurando também. Tia Katie, vá para casa. Se Evy aparecer, a senhora nos avise.

- Cuidado, crianças. Os pais de vocês não vão nos perdoar se acontecer algo.

- Ah certo. E não conta pra minha mãe, tia. Se ela perguntar, diga que saímos. Não fale para onde. Tá? – Noah.

- NOAH!

- Que é, Rosa? Mamãe disse pra eu não sair de casa.

- Mas é por um motivo nobre.

- Mamãe disse “não saia de casa mesmo que pegue fogo. Se sair, eu saberei”.

- Você é louco.

- É, eu sei.

- Vamos logo, Noah?

- Vamos.

Rosalina e Noah saíram de casa, sendo seguidos por Katie, que se dirigia para casa, não muito longe dali. O casal de irmãos acabou encontrando os amigos, que estavam assustados, como os dois.

- Evy é maluca?

- Mais ou menos assim.

- Certo. Como a procuraremos?

- Teremos que nos dividir. Eu e Rosa vamos pela esquerda, Línna e Andrew vão pela direita, Mel e Petter vão aqui pra frente e Davis... Vai ter que ir sozinho.

- Sozinho para onde? – Disse uma voz atrás de Noah. O menino se virou, e encontrou sua prima parada ali.

- Ellora!

- Hey Rosa! Hey Noah! Hey amigos dos meus primos!

Ellora era filha de Apolo. Na verdade, seu nome era Suzana Ellora, mas odiava o primeiro nome, o que ordenou todos os primos a chamarem apenas de Ellora. Loira, com os olhos azul petróleo, tinha um poder encantador, o que fazia todos os meninos babar por ela. Jurava que não era de propósito, que procurava sair o mais natural possível, mas mesmo assim, não conseguia.

- Elló! Você soube que Evy sumiu?

- Pois sim. Fui à casa de vocês, e tia Piper disse que vocês estavam procurando Evangeline. Eu posso ajudar?

- Mas é claro! Você pode ir com Davis.

- Com Davis, Noah? – Sussurrou Rosa.

- Por Evangeline, Rosa. – Respondeu Noah, no mesmo som.

Rosalina revirou os olhos. Mas faria aquilo pela amiga. E reprimiria o ciúme.

- Certo. Vamos logo. Quanto mais rápido, melhor.

Cada um tomou seu caminho. Noah e Rosalina estavam brigando o caminho inteiro, como dois irmãos. Foram em todas as casas dali, e ninguém viu Evy. Percorreram quase dois quilômetros, até que chegaram a um prédio abandonado que estava logo à frente.

- Vamos ver aqui, Noah. É um dos prováveis lugares que ela pode estar. – Noah assentiu, e os dois subiram.

O prédio possuía sete andares e tinha escadas. Estava todo pichado tanto por dentro, quanto por fora. Era sujo, muito sujo. Era horrível estar ali. Uma má sensação era sentida pelos dois irmãos, como que se não agissem rápido, poderiam perder alguém.

- Vamos subir. Ela não está aqui embaixo, Rosa.

- Tá. Vamos. Eu vou pro sétimo andar. Você fica no quinto e no sexto. Qualquer coisa grita.

 A menina subiu para o sétimo andar. Olhou em todos os lugares possíveis. Só encontrou sujeira, latas de tintas e mais nada. Começou a se sentir preocupada.

A ultima vez que se sentiu assim, foi quando brigou os pais brigaram e seu pai saiu de casa. Certo que foi por alguns minutos e logo depois, os pais conversavam e... Bem, fizeram coisas que casais fazem. Não, ela não viu. Mas deduziu, porque os pais foram para o quarto.

Ela olhou em todos os cômodos, até chegar a um que tinha uma pequena sacada, que estava sendo construída. No chão daquele cômodo, Rosa pode ver uma mochila, que, aparentemente, era de uma menina. Não. Não de uma menina qualquer. Aquela mochila era de Evangeline. Rosa teve certeza.

Andando mais à frente, encontrou uma menina parada, quase na borda da sacada. Estava claro o que ia acontecer: A menina que estava ali iria pular para, consequentemente, morrer. Não. Rosa não podia deixa-la fazer isso. Não podia deixar Evy fazer aquilo.

- EVANGELINE!

Evy olhou para trás, bem na hora que uma lágrima escorria dos olhos de Rosalina. Ela se sentiu triste por estar fazendo a amiga sofrer. Mas precisava fazer aquilo. Livrar-se-ia de vez do sofrimento.

- Rosa, sai daqui. Por favor.

- Não enquanto você não desistir dessa ideia. Sua mãe, Evangeline! Sua mãe está chorando por você. Seu pai nem sabe disso! Imagine? Você é filha única, Evangeline. Única.

- Rosa, você não sabe o que está acontecendo. Por favor, sai daqui. Vai embora.

- Conte-me. Pode contar. Você sempre confiou em mim!

- Meu coração está partido, Rosa. Sempre esteve! Alexander. Lembra-se dele? Eu o amava. Amava mais que tudo nesse mundo. Mas viu o que ele fez? Ele destroçou meu coração, Rosalina! Eu não consigo mais viver. Já estou morta por dentro.

- Não! Você não quer se matar, você quer acabar com o sofrimento da sua alma, Evy! Não é a mesma coisa. Por favor, pensa melhor. – Rosalina estava chorando desesperadamente.

- Eu já pensei, Rosa. – Evy se virou para frente e caminhou até a borda da sacada. Olhou para trás. Morreria. Mas veria a amiga pela ultima vez. – Eu te amo, Rosalina Grace di Ângelo.

E deu impulso para trás. Rosalina foi empurrada para trás e no segundo seguinte, Evangeline continuava ali. Parada. Mas estava nos braços de outra pessoa.

- O que faz aqui, Noah?

- Quando você vai enfiar nessa sua cabeça que tem muita gente que não vive sem você, Evangeline? Quando você vai entender que tem pessoas que dariam tudo para ter você por perto!

- O que está querendo dizer?

- Eu te amo, caramba! E você jura que ia acabar com minha vida assim?

- Com a sua vida? A vida é minha, Noah!

- Mas você é a minha vida, Evy. – Sussurrou Noah, antes de beijar ternamente Evy.

Evangeline ficou sem entender nada, mas correspondeu. Correntes elétricas percorriam o corpo dos dois. Evy sentiu borboletas em seu estômago. Pela primeira vez na vida, notou que sempre amou Noah, mas sempre se enganara, dizendo que amava Alexander. Parando o beijo, Evy disse uma coisa para Noah que o surpreendeu:

- Eu também te amo, Noah Daniel. Eu te amo mais que tudo. Você nunca soube, mas eu sempre te amei. Amei-te mais que a minha própria vida.

Os dois ainda teriam que passar por muita coisa. Mas, desde que fosse juntos, passariam sem problemas nenhum. Porque tudo com alguém que se ama do lado, se torna mais fácil porque o peso é dividido em dois.

Conta-se que a história de Noah e Evy foi mais ou menos igual à de Nico e a de Thalia. Mas a diferença é que ele não seguiu os mesmos erros do pai. Ele viveu intensamente cada segundo ao lado de Evangeline e não brigou por besteiras.  Amou-a, desde cedo, como se fosse sua mulher e apenas a ela disse “eu te amo”. Mas uma semelhança entre os dois casais estava clara que o amor e o ódio entre os dois, estiveram separados por uma linha da finura de um fio de cabelo. E foi apenas uma forcinha para quebra-la. 


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