até Sangrar. escrita por ArielaFernandes


Capítulo 1
Se eu soubesse que era assim...


Notas iniciais do capítulo

Pra esta também não tem trilha, não consegui pensar em nenhuma. Perdão.

O que está em aspas é a garota se manifestando.



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Uma noite qualquer no Rio de Janeiro.

A garota ouve um berreiro.

Periodicamente ela é audiência do espetáculo.

Periodicamente os pais rompem o simulacro.

“Será que a minha vida vai ser assim sempre?”.

“Por que ninguém cuida de mim?”.

“Por que eles não podem conversar como gente?”.

Ela nunca conseguiu se acostumar à instabilidade sem fim...

Acusações. Foda-se! Você ‘tá doente! Choro.

Nenhum vizinho se propõe a dar um socorro.

Ninguém quer saber se ela ‘tá bem.

“Por que não há uma lei que impeça babacas de procriarem?”.

Ela queria tanto ter sido abortada ou assassinada.

Ela sabe que não é a culpada,

Às vezes fica incerta.

Não sabe mais se é louca ou esperta.

Empurrões e tapas.

A porta do quarto dela é aberta.

A mãe adentra chorando,

O pai empurrando e cercando.

“Eles vão se bater!”.

O corpo dela começa a tremer.

“ME DEIXEM EM PAZ!”.

Sua voz sai cortante. E tudo cessa. Seus pais são uns covardes.

Sim! O grito conseguiu calá-los!

Por hoje... O corpo dela ainda tremia.

O pai abaixa a cabeça e se vai.

A mãe chora e pra outro lado se vai.

A garganta da garota arde.

Seus olhos estão secos,

Ela não se permite chorar. Decide escrever um texto.

Sua cabeça dói tanto!

O ato de respirar dói.

Um sono avassalador chega e ela se permite tentar dormir,

Não sinta pena! Aqueles merdas não roubaram dela a capacidade de sorrir.

Ela quer um emprego e um homem pra ter pra onde fugir.

O corpo está parando de tremer,

Mas nunca deixa de sofrer.

“Só quero morrer”.

Ela quer tantas coisas e sempre se sente a perder.

Ela está genuinamente surpresa que por hoje aquilo teve fim.

Com apenas um grito. Ela não precisa mais de colo.

Ela ‘tá só. E daí?

Não importa mais a certeza de que ela se levanta apenas pra novamente cair.

Essa é vida que ela tem.

“Se eu soubesse que era assim, gritaria até cuspir sangue, até sangrar”.

Dizem que todos merecem o que passam,

Mas as mudanças existem, não é possível que só a vida dela nunca vai mudar.


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Notas finais do capítulo

Beijos e abraços a todos.



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