# Matheus

  Eu nunca, nunca deveria ter aceitado a aposta do Otavio, mas eu não resistia à tentação, na verdade, eu nunca resisti, a minha vontade de ganhar era enorme. E ainda mais se fosse pra acaba com aquela vadia. Eu iria fazer isso. Iria ter que usar o melhor de mim desta vez. Eu queria que ela ficasse arrasada por mim. Ri com essa possibilidade.

  Eu tentava me concentrar no jogo que passava na TV, mas sempre me pegava perguntando o que eu iria fazer para conquistá-la. Não poderia ser tão difícil assim, afinal ela era uma garota, não era? E as garotas só queriam uma coisa: Serem paparicadas! Se era isso que ela queria eu iria dar, mas a Helena parecia diferente do tipo de garotas comum. Com certeza ela não era uma garota comum, mas isso era bom ou ruim?

  Eu seguia com meus pensamentos sem nem liga para o jogo que passava na minha frente, mas a campanhinha me fez acorda dos meus devaneios e me levantei assustado.

 – Aiê Cara. – Disse um dos meus amigos do futebol quando abri a porta. O que ele estava fazendo aqui?

 – Oi moleque. – tentei ser simpático. Pelo menos ele agia como se não tivesse acontecido nada.

 – Cadê os outros caras? – Ele me perguntou se sentando no sofá pra assistir o final do jogo.

 – Como assim? – Perguntei surpreso.

 – Esqueceu néh? – Perguntou-me com um sorriso. – Também não era pra menos, depois do que aconteceu hoje. Desencana cara! Nós somos seus amigos e não vamos ficar ti zuando. Pelo menos, eu não. – Ele riu. Eu tentei me lembrar do que estava esquecendo.

 – E... Cara! Esqueci completamente da reunião do time. – disse lembrando-me. Ouvi a campanhinha tocar novamente e fui atender. Eram os outros caras do time. Droga! Eu não queria que nenhum me visse daquele estado, mas eu não podia fugir de um jeito ou de outro minha reputação já estava manchada e tudo por causa daquelazinha... Helena iria me pagar!

 – Oi manos. – disse abrindo a porta. Tudo o pessoal do time estava lá. Eu fiquei constrangido com o silêncio que se fazia, mas logo foi quebrado por Otavio.

 – Diz aê Mano! – Ele entrou como um furacão e me deu um abraço forte batendo com força nas minhas costas. Os outros pareceram ficar mais à-vontade quando Otavio entrou. Eles o seguiram até a sala e começaram a se aglomerar perto do sofá para assistir o resto do jogo que ainda estava passando. Eu os observei de longe. Até quando seriamos amigos? Daqui a alguns meses todos estaríamos seguindo para faculdades diferentes. Eu iria sentir faltas deles, mesmo sendo um bando de otários. Ri sozinho.

 – Que foi cara? – Perguntou-me Otavio olhando para mim.

 – Nada. Nada não.  – Ele saiu de fininho da sala e veio para perto de mim.

 – Iaê? O que ta pensando em fazer para conquistar a piranha? Sabe que ela é diferente, néh? Então será mais difícil. Eu vou ter que muda minha jogada para conquistá-la. Espero que você mude a sua também, porque eu quero concorrer com alguém à altura. – Disse ele sorrindo. Eu fiquei sério, na verdade, pensativo. Eu não poderia deixar o Otavio ganhar de mim. Não mesmo.

  Depois que a turma do futebol foi embora eu fui direto tomar um banho. A água sempre refrescava minha mente. Eu precisava de um plano. Enquanto colocava minha cueca Box preta para dormir tentei pensar em alguma coisa, mas todas as vezes que pensava na Helena minha mente me levava para o único momento da minha vida que eu tinha apanhado de uma mulher.

 – Já sei! – Falei já deitado. – O melhor jeito de falar com ela agora é só pedindo desculpas! – Mesmo que eu não tivesse feito nada, mas tinha que ser de um jeito especial... Um jeito especial... Enquanto tentava encontrar uma solução fui fisgado pelo sono.