#Matheus

  Era só mais um dia comum e divertido da minha vida até que uma garota resolveu estragar tudo. Quem ela pensava que era? – Perguntei-me várias e várias vezes porque isso nunca tinha acontecido comigo. Vadia – xinguei-a. Eu estava sangrando no canto da boca e meu membro ainda doía. Eu queria matá-la. Não! Eu queria fazê-la sofrer, sofrer muito. Ela me humilhou na frente de todos e iria me pagar.

  Enquanto as enfermeiras me atendiam foi tomado por um sentimento de puro ódio, e ainda mais por ter levado uma bronca do diretor. Ela que me agrediu e eu ainda levo bronca! A vá...

  Depois que terminei de ser atendido as enfermeiras contestaram que eu poderia voltar pra sala, mas eu não estava nem a fim de olhar pra cara daqueles idiotas que provavelmente estavam rindo de mim agora. Na verdade, eu queria encontrá-la, queria que ela sofresse, mas não queria um sofrimento físico, queria muito mais que isso. Queria que ela sofresse por mim. No fim resolvi mata aula, mas não queria ir pra casa. Estava atordoado. Enquanto caminhava pelo corredor da escola não percebi que alguém se aproximava.

 – Vai mata aula cara? – Era o Otavio, meu melhor amigo.

 – Acho que sim mano. – Falei colocando as mãos na boca escondendo meu machucado.

 – Então eu também vou! – Ele disse sorrindo, provavelmente por eu ter tentando esconder o machucado.

 – Não precisa não. – Falei já saindo da escola.

 – Precisa sim. – Disse ele me seguindo.

 – Arg... Você não tem jeito mesmo néh cara! – Disse sorrindo. Enquanto seguíamos para algum lugar. O silêncio foi mantido.

 – O que ta planejando fazer com a vagabunda? – Perguntou-me quebrando o silêncio.

 – Eu ainda não sei, mas quero que ela sofra e muito. – Disse sorrindo.

 – Nós podíamos pegar ela na saída e...

 – Não, não, isso não basta. Eu não quero que ela sofra desse jeito. Tem que ser pior e, além do mais, ela pode dar queixa na policia e agente se ferra. – Falei tentando ser coerente. Ele me olhou com surpresa.

 – E então o que pretende fazer? Eu sei que você não vai deixar por isso mesmo. – Disse ele rindo. Ele me conhecia mesmo. Com certeza eu não iria deixar barato essa.

 – Eu ainda não sei, mas vou pensar no assunto. Ela vai me pagar. – Disse entre dentes.

 – E o amigo gay dela? O que agente faz com ele? Ele deve ter corrido conta pra ela que agente bateu nele. Arg... Gays nojentos e otários... – Ele continuou xingando os gays. Eu não gostava muito desse lado do Otavio, mas ele era meu melhor amigo e o máximo que eu podia fazer era apoiá-lo.

 – Tive uma idéia! – Falou ele der repente.

 – Suas idéias são brilhantes. – Disse sarcástico.

 – Sério cara. Já sei como acaba com a vadiazinha. – disse ele sorrindo e me deixando curioso.

 – Falaê mano. – Falei demonstrando minha curiosidade.

– Você vai conquistar ela! – Disse ele como se aquilo fosse à coisa mais normal do mundo. Eu quase engasguei com meu próprio cuspi.

 – O que? Você só pode ta brincando néh mano? – Eu ri de sua piada, mas ele apenas me encarava seriamente.

 – Não cara. Eu num to brincando não. Pense comigo, o que é mais doloroso do que sofrer uma grande decepção amorosa? Você vai fazer ela gosta de você de uma maneira doentia, de uma maneira que ela de a vida dela por você, que só de lembrar de você o coração dela exploda... – Até que não era mesmo uma má idéia, mas eu nunca conseguiria fingir que gostava dela, não mesmo.

 – Cara até que não é uma má idéia, mas eu nunca conseguiria sentir nada por ela. Eu nunca conseguiria fingir que gosto dela e, principalmente depois do que aconteceu hoje. – Disse levando a mão a boca novamente. – Ela é uma cretinha, uma mocréia... Mas isso é demais pra mim. – Falei sabendo que era verdade. Só de pensar na possibilidade de sair com ela me dava nojo.

 – Eu sei que vai ser difícil, mas só assim você terá sua vingança. – disse-me rindo. Sem que eu percebesse já estava na rua da minha casa. Agora eu queria mais do que nunca me livrar do Otavio e entrar em casa.

 - Eu vou pensar em algo melhor. – Disse a ele abrindo a porta da minha casa. Ele me olhava curioso enquanto eu entrava, mas antes que eu pudesse fechar a porta ele colocou o pé barrando-a.

 – Eu te desafio, na verdade, eu aposto! – Disse ele com um sorriso. Eu pensei por alguns segundos.

 – Aposta o que? – perguntei sem entender.

 – Vamos aposta quem pega ela primeiro. – Aquilo parecia brincadeira.

 – Sério cara? Você num que fazer isso. – disse a ele.

 – Quero sim. – falou ele com um sorriso malicioso.

 – Você sabe que eu nunca recuso uma aposta. – Disse sorrindo.

 – Por isso mesmo. Vamos ver quem fica com ela primeiro. – disse ele encarando-me. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo. Aquilo estava acontecendo? Eu não podia aceitar sair com a garota que eu mais odiava, eu queria que ela sofresse e não ficasse sonhando comigo. Otavio levantou uma sobrançalha esperando por minha resposta.

 – Tudo bem. Eu aceito! – Disse a ele fechando a porta com força. Eu tinha mesmo aceitado?