Entrei em casa bufando de raiva. Por que eu tinha que ter esquecido minha bolsa justo na casa de Matheus?

“Droga! Que droga Helena” – pensei enquanto entrava em casa.

  Tentei ir o mais rápido possível para o meu quarto. Não queria enfrentar minha mãe e dizer que tinha perdido o emprego que eu mal havia conseguido. Mas não teve jeito, eu estava quase subindo as escadas quando fui pega no flagra.

 – Oi querida! – disse minha mãe um pouco assustada por me ver em casa.

 – Oi mãe. – falei meio desconsertada.

 – Como foi lá? – ela me perguntou.

 – É... Foi bem. – disse mentindo. Eu não costumava mentir para minha mãe. Sempre que tinha alguma coisa para fazer ou para falar eu dizia a ela na maior cara dura, mesmo que fossem coisas que ela desaprovasse. Mas eu estava começando a mudar com relação a isso, na verdade, eu só via minha mãe como alguém que só pensava em trabalhar e nem se preocupava com a filha. Já estava na hora de crescer e encarar a realidade como de fato ela era. Tive que mentir para minha mãe para não desapontá-la. Eu iria arranjar alguma coisa, tinha certeza.

 – Tudo bem. – disse ela percebendo que eu estava perdida em pensamentos. – Já, já eu vou sair para procurar algum emprego, querida. – disse ela subindo as escadas e me tirando do meu transe. – Não se preocupe se eu chegar um pouco tarde. – disse ela já no andar de cima.

 – Ok. – disse subindo e entrando em meu quarto indo em direção ao banheiro.

  Tomei uma ducha demorada pensando no que estava acontecendo comigo ultimamente. Realmente tudo em minha vida havia mudado de uma forma trágica. Já estava na hora de mudar de altitude, na verdade, toma uma atitude.

 – Já sei. – disse saindo do banheiro. No mesmo instante escutei a campanhinha tocar. – Mãe atende! – gritei quando percebi a insistência da pessoa que tocava a campanhinha. Minha mãe não respondeu. – Ela já deve ter saído. – disse bufando e indo atender a roupa ainda de toalha. Destranquei a porta e passei a mão na maçaneta abrindo a porta e tendo uma surpresa.

 – O que voc... – tentei falar, mas ele não me deixou terminar.

 – Não, não fala nada! Se não pode ser capaz de eu me arrepender, antes de... de... – ele não conseguia terminar. Eu o olhei confusa, mas ele não ligou. Estava nervoso demais, até perceber que eu estava só de toalha. Ele passou os olhos por tudo o meu corpo e sorriu malicioso.

 – Isso deve ser um sinal... – disse ele e eu não entendi. Ele entrou na minha casa com urgência e me beijou desesperado. Suas mãos agarraram minha cintura e eu queria o empurrar. Ele me beijava com força e com brutalidade. Eu não correspondia. Sua língua pedia passagem, mas eu não dava.

 – AI! – gritou ele se afastando de mim depois de eu ter mordido sua língua. – Por que fez isso sua... sua... – ele não encontrou a palavra.

 – Eu é que pergunto, por que você fez isso Otavio? Ta ficando louco? – disse com raiva aparente. Ele me olhou meio sem graça, mas seus olhos caíram de novo sobre meu corpo. Eu estava totalmente descabelada e com a toalha um pouco mais levantada. Não agüentei e parti para cima dele dando tapas com uma das mãos e segurando a toalha com a outra.

 – Sai daqui AGORA Otavio! – eu gritei o empurrando. Ele mal se movia, parecia uma estatua.

 – Eu, eu... – ele tentou dizer, mas não conseguia.

 – Eu, eu... Eu o que garoto? – perguntei e minha raiva só aumentava. Eu já estava conseguido colocar ele pra fora quando mais uma vez me surpreendi.

 – Eu... Estou apaixonado por você Helena. – disse ele sincero e eu parei estática.

 – O QUE? – perguntou alguém do lado de fora da porta aberta. Eu reconhecia aquela voz e gelei na hora. OMG o que me falta mais acontecer? Espera... OMG? Só faltava, to falando que nem a Cindy agora? – pensei enquanto Otavio e Matheus me encaravam.