POV Thalia

Ai caramba! Não acredito que isso aconteceu com ela. Eu devia ter percebido uma hora ou outra isso iria acontecer e a única forma dela melhorar é ele voltando. E agora estou na porta do apartamento da mãe dele para fazê-lo voltar.

Toquei a campainha e depois de uns segundos esperando sua mãe apareceu na porta segurando uma bebezinha de mais ou menos um ano.

- Olá Thalia! – Sally Jackson me cumprimentou. – Como vai?

- To indo né. – falei sorrindo, olhei para a bebê em seu colo. – É sua filha?

- É sim. Nasceu no fim do ano passado, ela vai fazer um ano em novembro.

- Que fofa! Mas mudando de assunto, o Percy está?

- Sim, ele está lá no quarto dele estudando. – eu estava para passar por ela, mas parei depois que entrei.

- O Percy? Estudando? Certeza? – perguntei. Ela sorriu.

- Sim, ele está na faculdade, depois de amanhã ele tem prova, está estudando faz dias.

- Ah bom. Obrigada.

- Não há de quê. – a bebê deu um sorriso banguela muito fofo. – Ah, outra coisa, qual o nome dela? – perguntei acariciando o cabelinho dela.

- É Nathallie.

- Você é muito fofa sabia Nathallie? – falei sorrindo para ela, ela deu uma risadinha e escondeu o rosto com as mãozinhas.

Dei uma risadinha, beijei sua cabecinha e fui até o quarto do Percy. Entrei nele e vi Percy estudando um livro de Biologia Marinha e usando o computador. Ele estava diferente, seu cabelo estava muito curto e todo arrepiado, estava mais musculoso e pelo jeito mais alto.

POV Percy

Eu estava no meu quarto quando eu ouvi alguém entrando no meu quarto, achei que fosse minha mãe que foi pegar alguma coisa no meu quarto, mas geralmente ela só entrava e saia, não ficava me olhando (eu tava sentindo o olhar da pessoa sobre mim). Liguei minha webcam e olhei quem era, quase tive um infarto quando vi quem era, virei-me devagar e olhei a pessoa a minha frente.

- Tha-Thalia? - perguntei atônito.

- Oi Percy.

- O que faz aqui?

- Vim te pedir uma coisa. – ela se sentou na minha cama.

- O que foi? – consegui me recuperar do susto.

- Vim te pedir para voltar para o Acampamento Meio-Sangue. – fechei a cara e voltei-me para o computador.

- Para quê? Ninguém precisa de mim lá! – falei lendo o texto na tela.

- Você não tem ideia de como você está errado.

Preocupei-me quando ela disse isso e logo virei-me, sua expressão estava entre preocupação, tristeza e súplica, preocupação por causa de algo que eu não tinha ideia do que era, tristeza por causa de algo que aconteceu e súplica por causa dela estar me pedindo para voltar para o Acampamento Meio-Sangue.

- O que houve? – perguntei preocupado. Seus olhos encheram-se de lágrimas.

- É... É Annabeth. – arregalei os olhos. “O que aconteceu com Annabeth para Thalia estar assim?” perguntei-me. – Ela está em coma Percy. – meu mundo caiu.

- Como assim ela está em coma? - perguntei assustado.

- Desde que você foi embora ela estava mau. Não dormia nem comia direito, chorava quase toda noite, entrou depressão e depois se enfurnou no chalé de Atena, não saia nem para comer. – ela chorava enquanto explicava.

- Mas porque isso? O que aconteceu?

- Acontece que quando você foi embora, ela estava apaixonada por você, e ainda está. Ela sabia que você nunca mais voltaria e acabou ficando assim. – falou com raiva, mas ainda chorava.

Enterrei o rosto nas minhas mãos. “Não acredito! Como eu fui capaz de fazer isso?” pensei “Eu estraguei a vida da única pessoa que amei, e que ainda amo.”. As lágrimas vieram sem minha permissão, mas mesmo assim deixei-as passar.

Todo esse tempo tentando enterrar meu passado, esquecer o meu sofrimento, me consumindo por ter ido embora sem falar com Annabeth, foi tudo em vão, todo voltou à tona. Olhei para Thalia, ela esperava minha resposta, se eu voltaria ou não para o Acampamento Meio-Sangue.

E então eu me lembrei dos bons momentos com Annabeth, e que se ela morresse essas memórias ficariam na minha mente, martelando que eu poderia ter feito algo para salvá-la.

Levantei-me e fui até o meu armário, Thalia me olhava, peguei minha mala e abri meu guarda-roupa, dei um sorriso para ela.

- Acho que está na hora de voltar para casa e reencontrar alguns amigos. - falei sorrindo, tinha lágrimas nos olhos que iam descendo pelo rosto. Ela sorriu e olhou para o meu laptop.

- Mas e a sua prova?

- Eu estudo lá e volto para Nova York depois de amanhã para fazer a prova. – ela sorriu, como se minha resposta a agradasse.

Comecei a arrumar minhas coisas e ela foi ao banheiro lavar o rosto e repassar a maquiagem que borrou por ela chorar. Terminei de arrumar na hora em que minha mãe terminou o almoço. Almocei e coloquei minha mala na sala, me despedi da minha mãe e de Paul e peguei a Nat no colo (ela estava no cercadinho).

- Tchau minha linda, volto no final do verão. - ela fez cara de quem ia chorar e me abraçou.

- Tau Perxy. – sussurrou, ela podia até não saber falar direito, mas sabia ser muito fofa.

Entreguei-a para minha mãe e eu e Thalia pegamos o meu carro e fomos para o acampamento. Ao mesmo tempo em que eu estava louco para rever meus amigos estava preocupado com Annabeth e estava pensando no que dizer para Quíron caso ele perguntasse o porquê de eu ter isso embora.

A viagem inteira foi extremamente e sinistramente silenciosa. Chegando lá avistei Peleu no Pinheiro de Thalia e um pégaso negro comendo grama na fronteira. O reconheci à mesma hora que vi, era Blackjack.

Saímos do carro e subimos a colina, logo que Blackjack me viu se animou, sorri e conversei com ele por um tempo depois eu e Thalia descemos a colina indo em direção à Casa Grande. Pude perceber que o número de semideuses havia aumentado bastante.

Logo que entramos na Casa Grande vi Grover, Dionísio e Quíron jogando uma partida de pinochle, sorri ao ver a cena, dava para perceber que Grover não tinha mais medo do Sr. D e que o Sr. D estava perdendo feio, pois estava com uma cara hilária!

- Hã, voltei. – Thalia disse. – E trouxe Percy junto comigo. – essa parte ela falou sorrindo.

Todos os três nos olharam, mas quando me olharam melhor é que dava para perceber o espanto em me ver nos olhos deles.

- Per-r-rcy! - Grover baliu, veio até mim e me abraçou.

- E aí cara! Como vai?

- To seguindo a vida né!

- Onde o senhor pensa que se meteu Perseu? – Quíron disse vindo até mim em sua cadeira de rodas motorizada.

- Bem, eu fiquei, e ainda estou, morando na casa da minha mãe. - falei indiferente.

- Você disse que iria voltar em uma ou duas semanas, garoto! - ele falou indignado

- Era mentira, na verdade, eu não pretendia nem voltar. – falei.

- Por que Perseu? - Sr. D perguntou. Cocei a cabeça.

- Olha, é difícil explicar ok. Mas a verdade é que eu voltei por causa da Annabeth. – falei sinceramente. Thalia me olhou emocionada.

- Por falar nisso, você não quer vê-la Percy? – ela me perguntou.

- É claro! – falei animado. Ela sorriu.

- Vem, ela tá na enfermaria. – falou virando-se.

Segui ela até a enfermaria e a primeira coisa que eu vi foi Annabeth deitada em uma das camas. Fui até ela e segurei sua mão direita, olhei bem para ela, ela estava pálida e magra, mas continuava bonita. Ela apertou minha mão, mas não abriu os olhos nem nada.

Peguei meu laptop e fiquei estudando ali, sentado na cadeira ao lado dela. Na hora do jantar eu não fui para o pavilhão, era melhor que, por enquanto, ninguém soubesse que eu voltei para o Acampamento e jantei na casa grande e voltei para a enfermaria para estudar. Devo ter caído no sono lá para às três da manhã.

Quatro dias depois

POV Annabeth

Acordei toda atordoada, sentei na cama e olhei onde estava, “Enfermaria.” pensei, olhei para o lado e faltei ter um ataque. “O que ele está fazendo aqui? Pensei que nunca mais iria voltar!”. Olhei para o outro lado, tinha um relógio, eram onze e quinze da manhã.

- Annabeth? – ele falou, virei-me na hora.

Ele tinha tirado o notebook do colo e me olhava meio que sorrindo. Sorri para ele meio sem jeito.

- Oi Percy. – falei sentindo o meu rosto ficar quente. Mordi o lábio inferior. Ele se levantou e ficou cara a cara comigo.

- Você está com fome? Ou sede? – perguntou preocupado, pelo jeito já tinham falado da minha situação.

Assenti com a cabeça, ele sorriu. Observei-o um pouco melhor, ele estava diferente, seu cabelo estava curto e arrepiado, como se ele tivesse tocado numa tomada, estava mais alto e mais musculoso, não exageradamente, usava jeans rasgados nos joelhos, camisa de manga longa azul escura e um colete quadriculado azul claro e preto.

Ele foi a algum lugar e voltou com uma bandeja de café da manhã e colocou na minha cama.

- Percy. – chamei.

- Oi?

- Porque você voltou? – perguntei com medo da resposta. Bebi um gole do suco de morango.

- Voltei porque Thalia foi até o apartamento da minha mãe pedindo que eu voltasse por sua causa. – falou sentando ao meu lado na cama. – Ela me falou como você estava e eu me preocupei, então resolvi voltar. – eu comia enquanto ele falava.

- Ela falou tudo?

- Acho que sim. – eu sorri.

- Você vai ficar até quando?

- Até o final das férias de verão. Tenho que voltar para terminar a faculdade de Biologia Marinha. – falou me olhando nos olhos (eu acabei de comer quando ele acabou de falar.)

Eu sorri e abracei-o, ele retribuiu o abraço, pelo que me pareceu, sem hesitar.

- Não me preocupe mais assim, tá bom Sabidinha? – sussurrou no meu ouvido.

- Pode deixar Cabeça de Alga. – falei quando nos olhamos.

Ele sorriu e acabou que eu me perdi em seus olhos verde-mar. Fomos nos aproximando cada vez mais e quando fui ver, estávamos roçando os lábios e depois ele me beijou. Foi como se fogos de artifícios estivessem sendo explodidos. Passei minhas mãos para seus cabelos e ele segurou de leve minha cintura.

Quando paramos nos olhamos de um jeito diferente, ele estava corado, e eu, provavelmente estava do mesmo jeito. Eu sentia meu rosto queimando.

- Ahn, me... me... me desculpe. Eu... – coloquei meu dedo indicador de leve em seus lábios.

- Está tudo bem Percy. – falei sorrindo. – Você não fez nada para se desculpar.

- Sério? Tipo, você não se incomodou com isso? – falou vacilante. Cheguei mais perto.

- Sério. Na verdade, eu gostei. – ele sorriu, chegou mais perto e ficou me dando selinhos.

- Posso te contar outro motivo para eu ter voltado? – falou quando fez uma “pausa” para respirar.

- Pode... sim... Perseu. - falei entre os beijos.

- Voltei... porque... Eu te amo e não queria te perder. - falou me olhando nos olhos. Sorri de uma forma que nem eu sei explicar e pulei em seu pescoço, abraçando-o.

- Eu também te amo Percy! – falei, e sem mais nem menos ele me beijou. Com todo seu coração, eu sentia todos os sentimentos que no beijo estavam estocados: amor, carinho, afeto, medo, culpa e aflição.

- Porque você não me falou isso antes Percy? – perguntei depois do beijo, não é mesma coisa você ler uma carta e ouvir a pessoa que escreveu-a falando as mesmas palavras, a sensação é diferente, várias vezes melhor.

- Porque achei que você amasse o Luke e não me corresponderia. – falou envergonhado. Abracei-o.

- Você é muito bobo! Não se deve desistir dos seus ideais Percy. – falei.

- Também acho, e você não tem ideia do quando eu me arrependo de não ter falado para você, poderíamos ter evitado todo esse sofrimento e termos curtido a vida.

- Nem sempre o destino nos reserva o que queremos.

- MEUS DEUSES! – alguém (lê-se: Thalia) gritou. – A Bela Adormecida resolveu acordar foi?

Ela veio até nós e ficamos conversando. Depois que eu sai da enfermaria (mais ou menos uma semana depois) o Percy ficava do meu lado o tempo todo, não importava para onde ia (a não ser quando eu ia tomar banho, usar o banheiro, dormir e trocar de roupa), mas eu não me incomodava com isso, eu gostava, ele é muito carinhoso comigo. E depois de duas semanas depois, ele me pediu em namoro, em uma festa na praia, na frente de todos, e eu, é claro, aceitei.

                                   FIM