“Estou cansada” – Sam declarou, amassando sua terceira latinha de refrigerante e jogando em cima de Freddie.

“Você realmente precisa disso?” ele perguntou de cara feia enquanto colocava a latinha em cima da mesa.

“Enquanto eu estiver entediada, sim.”

“Olha, eu não te chamei aqui para minha casa, você veio por vontade própria.”

“Eu sei. Entre aturar a minha mãe reclamando e irritar um nerd, prefiro a segunda opção.”

Freddie bufou com o comentário. Era incrível como Sam Puckett tinha o dom de irritá-lo.

“Não sei você, mas estou cansada desse seu joguinho de nerd.” – Sam apontou para a televisão.

“Mas você adora jogos!” ele protestou.

“Sim, eu adoro, mas não os seus jogos de nerd.”

“Às vezes eu acho que você faz isso só para me perturbar.”

“Talvez você esteja certo... Vou tirar meus tênis.”

“Não faça iss... Tudo bem, fique à vontade, Princesa Puckett!!” ele completou quando percebeu que Sam não o escutaria.

Ela o fuzilou com o olhar, não gostava daquele apelido. Colocou os pés em cima da poltrona e olhou para Freddie entediada.

“Olhar para sua cara me dá ainda mais tédio. Queria que você tivesse outras utilidades além de fazer o meu trabalho de casa...”

“Eu não faço o seu trabalho de casa.”

“Tem certeza?” ela sussurrou e sorriu. O sorriso que sempre dava quando aprontava algo.

“Ah... Sam! Não acredito que você faz isso!”

“Desde a sexta série.”

“Como? Como eu nunca percebi?”

“Bem, a mamãe aqui é inteligente.”

Freddie estava ainda mais irritado agora. Todo esse tempo ele fora enganado, sempre esteve ajudando Sam indiretamente. Então ela zoava por ele ser nerd, mas precisava constantemente de sua ajuda?

Cinco minutos se passaram e nenhum dos dois fez qualquer outro comentário. Sam estalava os dedos e bufava de dois em dois segundos, irritando ainda mais Freddie.

“Por que você não vai embora?” ele perguntou com ferocidade. Sam ficou o encarando por dez segundos, um pouco surpresa com sua atitude repentina.

“Eu já disse: não tenho outra coisa para fazer. Carly está viajando com Spencer, minha mãe é uma chata e Gibby... Gibby nem é uma opção!”

“Então eu sou a única pessoa que resta para você perturbar?”

“Bem...” ela fingiu pensar “Sim” respondeu séria.

“Ótimo. Dia maravilhoso!!” Freddie bateu palmas teatralmente e o silêncio instalou-se novamente no cômodo.

Os dois prestavam atenção na televisão - Freddie havia tirado o jogo e agora passava um filme chato sobre ficção científica - até que todas as luzes se apagaram. Sam olhou para Freddie, mas tudo que enxergou foi um borrão.

“Como eu disse... Dia maravilhoso!” ele levantou do sofá em busca de uma vela. Sorte que a Sra. Benson era uma pessoa super prevenida e deixava velas e fósforos (com uma lista de instruções ao lado) em uma das estantes da sala. Bastou Freddie tatear um pouco a mobília para encontrá-la e acender, iluminando um pouco o local.

“E agora eu oficialmente morro de tédio.” Sam declarou emburrada.

“E eu não me importo!” Freddie retrucou enquanto sentava-se no sofá novamente.

“Que saco... Que horas sua mãe chega?”

“Não sei, ela foi a uma reunião de mães. Lá elas discutem vários va...”

“Tá, eu não quero saber. Vamos fazer algo interessante?” ela perguntou sorrindo, aquele mesmo sorriso de alguns minutos atrás.

“Como...?” Freddie perguntou cauteloso. Tinha medo das coisas que podiam estar se passando pela mente estranha de Sam.

“Bem... Eu não posso falar... Mas posso te mostrar.”

Freddie ainda estava tentando entender quando sentiu a respiração de Sam em seu pescoço. Uma onda elétrica passou por todo o seu corpo e o coração acelerou. O que essa maluca estava pensando? Ele não podia enxergar nem um palmo a sua frente.

“Sam... O que você está fazendo?”

“Cala a boca, nerd.” Seus lábios roçaram na orelha de Freddie ao falar e só então ele percebeu o quanto ela estava próxima. O perfume dela invadia suas narinas e o deixava sem ação. Ele sabia que ela estava sorrindo.

Freddie sentiu o toque da mão gelada de Sam em sua bochecha e logo a garota estava em seu colo, com o riso abafado. Milhões de coisas passavam por sua mente. Ele queria afastá-la, mas não era forte o suficiente para resistir aos encantos da loira.

Ela sabia perfeitamente como deixá-lo louco.

“O que você pretende fazer?” ele perguntou baixinho, tentando encontrar os olhos dela.

“Quer saber?”

“O quê?”

“Silêncio.”

Freddie arregalou os olhos. Tinha uma loira irritante em seu colo que agora o beijava.

Passou a mão pela cintura fina dela, puxando-a para mais perto de seu corpo e intensificando o inesperado beijo. Eles estavam o mais próximo possível um do outro, Sam acariciando o cabelo de Freddie e ele apertando com força sua perna.

Quando o ar faltou, eles se separaram. Sam mordiscou o lábio inferior de Freddie e sorriu para ele, sem parar o contato visual. Seus olhos tinham um brilho diferente, ela adorava sua ousadia. Freddie sorriu de volta, ainda tentando assimilar o que havia acabado de acontecer.

Depois de segundos eles perceberam que a luz havia voltado. Sam bufou, deu um selinho demorado em Freddie e saiu do colo dele, indo em direção a cozinha e voltando um minuto depois com outra latinha de refrigerante.

“Você... é... muito... louca!” – Freddie falou sem fôlego.

“Vai me dizer que você não gostou?”

“Não coloque palavras na minha boca.”

Sam sorriu, olhou para o relógio e começou a colocar seus tênis.

“Bem... Preciso ir. Obrigada pela tarde, nerd.”

“Foi um prazer, na verdade.” Ele falou e se levantou, indo em direção a Sam com um sorriso de lado. Colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e recebeu um tapa.

“Ai!” ele retirou a mão e encarou Sam, confuso.

“Eu ainda te odeio.” Ela explicou sorrindo e caminhou em direção a porta. “Até mais, Fredduccini”

“Ei, calma aí! Então quer dizer que é assim? Você me beija e vai embora como se nada tivesse acontecido?"

“Basicamente.”

"Isso não ficará assim, Puckett. Você terá o troco.” Ele falou com os braços cruzados no peito. Seu olhar estava em chamas.

“Bem... Então estarei esperando ansiosamente por isso.”

Aparentemente, tudo continuava igual. Sam ainda era a loira irritante e Freddie ainda era o nerd estressado. Somente os dois, ambos com sorrisos no rosto agora, sabiam o quanto esse pequeno momento havia mudado as coisas. Somente os dois sabiam o quanto pensariam nisso durante a noite e apenas os dois sabiam como suas vidas ficariam muito mais emocionantes daqui para frente. Porque, afinal de contas, é sempre bom irritar um nerd!!!