- Estava sentindo tanto a sua falta. – suas mãos tocavam meu rosto.

- Como foi rever sua família no Cairo?

- Perfeito! – ela me abraçou, enterrando seu rosto em meu peito, Naíma parecia tranquila, mas o arranhar daquela bendita bengala me fez perder o raciocínio.

- Said por favor, você esta rsicando o piso de todo o hotel! 

- Como foi de viagem de Naíma?

- Muito bem! – ela não virou para olhar Said, ele continuava a fazer movimentos emetindo aquele som grosseiro.

- Nabih esta lá em baixo, ele quer falar com você Badi!

- Comigo? – seria sobre Safia? – Diga que já estou indo! – Naíma segurou forte em minha cintura tentando fazer com que eu não fosse, porém facilmente consegui me soltar.

- Venha conosco Naíma? – parei para observar Said, por que ele a estava convidando?

- Prefiro esperar aqui. – ela sentou na poltrona do meu escritório.

- Não desrespeite o meu pedido! – ele a encarou.

Naíma se levantou e caminhou logo atrás de nós dois – estranho – eu estava aflito, tentei respirar profundamente, Said percebeu que eu não estava bem, quando chegamos a recepção, encontrei Nabih sem expressão:

- Nabih?! – eu estava surpreso demais por sua visita.

- Diga me que não fez isso com ela? – suas lágrimas vieram à tona, seu corpo desabou no chão, Davi logo se prontificou em ajudá-lo a se levantar.

- Por favor senhor, venha beber um pouco de água.

- Eu não preciso de água! – ele berrou – eu preciso da minha filha viva! – minha respiração cessou – eu preciso da minha filha viva! – ele continuou a repetir essas palavras, enquanto Davi o encaminhava para nossa sala VIP.

- O que... Safia? O que?

- Ela esta morta! – Nabih empurrou seu corpo para trás ao sentar no sofá – encontraram um corpo de uma jovem sendo devorado por abutres, seu rosto estava irreconhecível.

- Não Safia não...

- Sim – ele jogou o bracelete em ouro, que carregava dois corações para mim – acabou! – Nabih chorava feito uma criança pedindo colo.

- Não! – cai ajoelhado no chão, Naíma me amparou em seus braços – não pode ser! Safia... Eu... Eu... – comecei a soluçar – não! Não! Não!

- Querido! Calma, vai ficar tudo bem! – Naíma secava minhas lágrimas com suas mãos.

- Vai mesmo Naíma? – Said a observou.

- Estou tentando consolá-lo.

- Se que consolar Badi, então diga a ele, que Safia esta viva! – eu o encarei, seu olhar carregava uma sombra de mistério.

- O... que? Como? – Naíma tremeu diante da afirmação de Said, que empurrou sua bengala em seu rosto fazendo-a se afastar de mim – Aaaiiii! Você me feriu seu velho asqueroso! – sua face agora possuía um corte profundo em sua buchecha, de onde o sangue jorrava.

- Diga para Nabih e Badi que você vendeu Safia!!! – sua voz agora forte o bastante para reluzir ainda mais a rouquidão de sua garganta – Eu estou de olho em você, pensou que poderia nos enganar? Sua peste! – Said cuspiu no chão depois de encarar Naíma mais uma vez.

- Do que você esta falando Said?

- Pergunte a sua querida esposa! – ele apontou mais uma vez a bengala para ela.

- Marido!? Seu tio esta louco! – Naíma rastejava no chão tentando se proteger.

- O que você fez com a minha filha? – Nabih avançou em direção a Naíma, mas Davi o segurou firme antes que ele pudesse fazer qualquer loucura!

- Badi acorde! – Said dava tapinhas em meu rosto – precisamos salvar Safia!

- Mas... Ela...

- Safia esta viva! Precisando de nossa ajuda, vamos?

- MARIDO! – Naíma segurou minhas pernas.

- Naíma, Said esta falando a verdade? – ele abaixou o olhar, seu silêncio me deixava apavorado.

- Por que você a ama tanto? Por que eu não tenho esse direito de você me amar? Eu odeio aquele serpente! – sua voz antes doce e serena, agora era misto de crueldade e repgunância – Como eu odeio ela... – ela gargalhou insandecida – eu odeio odeio odeio! Eu a vendi, eu a quero morta! Ela tem que pagar pelas lágrimas que me fez derramar! – sua mãos se apertaram em volta de seu corpo, ela estava irreconhecível, sua respiração forte, sua voz ameaçadora, ela havia se transformado. 

- Davi chame as autoridades nós vamos precisar delas! – Said se mantinha firme – mantenha esta louca bem amarrada.

- Said?! – eu não sabia como agir, o que fazer, meu coração estava quebrado, consumido pela dor, minha mão apertava aquele bracelete com tanta força que causou um leve ferimento em minha pele.

- Badi venha comigo? Ainda há esperança!

- Eu irei com você Said, é a minha filha!

- É a minha esposa! – encarei Nabih.

- Você desistiu dela! – ele estava furioso!

- Safia é a mulher que eu amo! E apenas ela tem o direito de decidir se me aceita ou não! – minha voz tinha um entonação que eu jamais reconheci.

- Parem de brigar, qnquanto isso Safia esta a caminho do aeroporto!

- Como você sabe?

- No caminho eu explico!

Corri em direção ao estacionamento, peguei as chaves do Amarok no bolso e dirigi para a entrada do hotel, Said e Nabih estavam a minha espera, meu coração reunia todas as forças que podia ter para continuar batendo, me agarrei ao último fio de esperança que Said me deu ao afirmar que Safia esta viva.