A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 22
Capítulo 22 - Dúvidas




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Esta noite seria eu, que à abandonava, tentei lhe explicar meus motivos em um pedaço de papel, infelizmente eu teria de deixá-la ao menos por hoje:

- Badi?! – pensei que todos estivessem na festa a comemorar? Quando virei meu olhar para a figura que me chamava, o encontrei a sorrir – estava planejando roubar Safia?

- Eu não tenho poder para roubar sua irmã.

- Você é um homem rico! Não reaja como se não fosse capaz! – seus braços estavam cruzados ao redor do peito.

- Se um dia sua irmã voltar para mim, será por livre e espontânea vontade, eu jamais a obrigaría a ficar comigo.

- Assim espero! – ele me fitou uma última vez, tentei segurar a gargalhada – por acaso você viu Safia?

- A última vez que a vi, parecia esta muito feliz e tranquila, desculpe agora tenho que ir!

Aquele garoto, parecia ser muito protetor, quem sabe um dia ele me fosse útil, mas agora eu teria de me focar em resolver muitos problemas, quando cheguei ao carro encontrei Said dormindo no banco detrás, bati algumas vezes na janela:

- Pensei que não voltaria nunca! – ele bocejou sentando no banco da frente.

- Se eu pudesse não voltaria mesmo, mas infelizmente precisamos ir ao hospital, Naíma precisa de mim.

- Ficarei grato, se você puder me deixar no hotel, por que depois de escutar aquelas palavras saindo da boca da sua esposa, sei que não serei bem vindo!

- Ora tio, você entrou no momento errado, e eu farei Naíma lhe pedir desculpas.

- Então não espere que eu vá cumprimentá-la, esta bem? – seu semblante parecia fechado.

- Eu estou agindo corretamente? – mantive meus olhos na estrada – às vezes me parece que eu estou agindo apenas para meu puro prazer... Esqueci Naíma para vim ver Safia, agora já estou voltando para Naíma novamente, me sinto um monstro.

- Você é apenas humano! Um homem que passou a vida inteira exigindo muito de si mesmo, uma hora toda essa perfeição teria de se extinguir, seja mais mortal, goze os prazeres da vida e para de se culpar por seus pais não estarem mais aqui, pare de tentar levar a diante um legado que não é seu! Seja apenas Badi, não tente se parecer com Makin – ouvir o nome do meu pai me fez recordar um tempo em que pensei já ter esquecido.

- Eu apenas queria ser feliz, como ele foi ao lado da minha mãe.

- Era a família dele.

- Mas eu fazia parte dessa família.

- Filho, se você deseja um lar, faça ao seu modo, não tente recriar um passado que não existe mais, não se deixe absorver por lembranças que lhe faziam feliz, tente focar no que te feliz agora!    

* * *

Preciso deixar você, é apenas passageiro, volto em breve.

P.S. Esqueça o maldito noivado!

Badi.

Senti meus lábios ainda túmidos, eu precisava me recompor antes que alguém me encontra-se, no banheiro molhei uma toalha e gentilmente passei pelo meu corpo ainda arrebatado depois de reencontrá-lo, me vesti e tentei refazer o penteado em meu cabelo, que meramente foi uma perca de tempo, por sorte usaria meu lenço que encobriria qualquer vestígio. Refiz minha maquiagem e que Maomé abençoe Ranya por me fazer carregar esta pequena bolsa caso eu precisasse retocar algum detalhe desfeito pelo tempo, agora eu estava pronta para retornar ao salão e aos festejos:

- SAFIA! – a voz estridente de Rafiq me assustou.

- Por onde você andava?

- Fui a cozinha fazer um chá para mim.

- Mas lá no salão eles tem ch...

- Não o que eu gosto de tomar. – será que ele estava caindo na minha história?

- Encontrei Badi pelos corredores – meu coração disparou – papai não vai gostar em nada de saber que ele esta por aqui.

- Fique tranquilo ele já se foi... – ai ai ai, eu e a minha maldita boca!

- Como você sabe?

- É que... – ótimo, muito obrigado por se entregar – bem... É que... Eu o ví saindo...

- Safia se o papai souber que vocês se viram.

- Fique tranquilo esta tudo bem, não aconteceu nada. – segurei firme em seus ombros, enquanto o carregava novamente de volta a festa.

A todo momento fiquei a me perguntar, se realmente estava agindo da maneira correta, eu estava colocando meus sentimentos acima de qualquer moral e tradição, ao observar Majid percebi o quanto ainda sofremos a opressão por viver para manter nossos costumes, nossos valores, mesmo que para isso seja preciso passar por cima de nosso coração.


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Notas finais do capítulo

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