Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 34
Pegue o pato!


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver no que isso vai dar!



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- Ares! – Exclamei novamente, mas ele não me deu a mínima atenção.

Ele continuava correndo atrás da galinha, que era mil vezes mais ligeira (Cof! Cof! E esperta) do que ele.

Ares jogou-se contra ela, mas a galinha foi para o lado com o espetinho no bico, e ele bateu de cara no chão. Levantou o rosto e lançou um olhar feroz para o bicho.

- Vou fazer um churrasco com você! Pare! – Exigiu ele, como se a galinha tivesse que reconhecer que ele era um Deus, e parar para ser morta.

Ele voltou a correr atrás da galinha. Eu acompanhava o movimento dele, só que por trás da cerca. Não ia pular para o outro lado, até por que... Era uma grande idiotice fazer aquilo.

- Ares, para! É sério! Você parece um maluco! – Exclamei.

- Não enche! Quero vingança! – Reclamou ele pulando novamente, e dando de cara na terra. Dessa vez a galinha pulou encima dele e saiu correndo para o outro lado.

- Esse chão é sujo! Os porcos ficam aí! Está cheio de lama! – Exclamei – Para com isso e volta para cá!

- Não! – Insistiu ele correndo novamente.

Chegou uma hora que eu simplesmente desisti. Pude ver algumas pessoas observando a cena. Entre elas... Hades, Deméter, Juh e Luh.

- Ele é lindo correndo. – Comentou Juh.

- Com seria o Apolo correndo? – Imaginou Luh com um sorriso sonhador.

- Parem com isso as duas! – Exigiu Hades estreitando os olhos para as filhas, mas então olhou para Ares – Humpf. Sempre irritado.

- Como se você pudesse falar alguma coisa. – Resmungou Deméter – O sujo falando do mal lavado.

Hades e Deméter começaram a discutir, e Luh e Juh decidiram ir para longe enquanto eles brigavam.

Eu continuei parada ali, olhando Ares correr feito um maluco atrás da galinha com o espetinho de carne. Estava mais do que na cara que era só uma questão de tempo até ele se cansar, e quando isso aconteceu...

- Volte...! Aqui...! – Exclamou ele sem fôlego. No último segundo, a galinha virou a direita e Ares bateu de frente com a cerca que eu estava. Cheguei para trás assim que sua barriga acertou a cerca – Ah... Droga!

Ele olhou para mim cansado, e eu fiquei sem reação. Por um momento, não fiz nada, mas depois comecei sorrir incrédula. Ainda não estava acreditando que ele pulara para perseguir a galinha.

- Isso... Não aconteceu, não é? – Comentei sorrindo – Não acredito que você está realmente fazendo isso.

Ares respirava pesadamente. Ele limpou o suor da testa e olhou para mim.

- Alice... Pega o pato...! – Exigiu ele sem forças.

Eu comecei a rir muito.

- Há Há! Alice pega o pato! Essa foi a frase do dia! – Não conseguia parar de rir. Eu neguei com a cabeça ainda rindo, e me virei. Levantei as mãos para o ar – Você perdeu a cabeça se acha que eu vou...! Ah! O que?!

- Não tente fugir de mim...! – Reclamou ele. Ares segurou a minha cintura com as duas mãos e me levantou mesmo estando do outro lado da cerca.

- O que você está fazendo?! Me solta! – Exclamei no ar.

Ares me colocou no lado de dentro da cerca sem dificuldade nenhuma, e eu olhei para ele.

- Pega... Agora! – Falou ele apontando para a galinha. Dei uns passos para perto dele e tentei controlar o meu riso. Coloquei minhas mãos na cintura.

- Acho que depois de cair tanto no chão, o seu cérebro ficou um pouco lesado. Por isso, eu vou explicar uma coisa para você... Pessoas normais não correm atrás de uma galinha por causa de um espetinho de carne. – Comentei prendendo o riso. Eu olhei fixamente em seus olhos.

- Não pedi... A sua opinião, Kelly. – Reclamou ele. Ares olhou para a galinha, e viu que ela estava se afastando. Indo mais para perto dos porcos – Eu vou por um lado, e você pelo outro. Vai. Se manda.

Tentei protestar, mas ele me empurrou para o lado e saiu correndo. Não cheguei a cair no chão, pois consegui me segurar na cerca. Olhei para a cena dele correndo novamente, e imaginei o que se passava na mente dele.

Era fácil (pelo menos para mim) pegar uma galinha, por isso resolvi acabar logo com aquilo. Tinha um pouco de milho perto da cerca, que provavelmente era para os visitantes jogarem para os animais.

Peguei o saco de milho e fui para longe de Ares. Comecei a jogar um pouco no chão, e aos poucos as galinhas vieram para perto. Me mantive parada, sem fazer movimento repentinos.

Por fim... A galinha que Ares estava perseguindo veio para perto de mim também. Com grande normalidade, abaixei-me e peguei ela.

- Pronto. Agora aquele louco vai parar de te perseguir. – Comentei tirando o espetinho da galinha. Ela ficou quieta no meu colo, e eu exclamei para longe – Viu, Ares? Tudo se resolve de um jeito... Pacífico!

Eu gritei a última palavra, pois nesse exato momento... Eu me virei e vi que Ares tinha se jogado para frente, onde a galinha estava. Mas... Eu estava segurando a galinha.

- Ah! – Exclamou ele.

Ares chocou-se contra mim, e nós dois caímos no chão. Deixei a galhinha cair, e fui ao chão com força. Abri meus olhos. Aquilo tinha doído. Olhei para o meu lado direito e vi que Ares estava no chão. Só que... Ele tinha caído encima de uma poça de lama.

- Argh! Maldito pato! – Exclamou ele com raiva – Animal burro!

- Lama... – Gemi pensando que estava imunda, mas ao me levantar notei que não. Olhei sem entender para o chão onde eu tinha caído, e senti uma súbita vontade de sorrir – Eu... Não acredito.

Eu estava limpa. Completamente limpa. Ares, sim, estava sujo de lama. Mas isso foi só porque ele caiu á centímetros á direita de mim, bem onde começava a poça de lama. Ou seja... Eu, Alice Hanks Kelly, tive sorte pela primeira vez na minha droga de vida.

- Uhm... – Ares ficou sentado no chão com dificuldade, e então olhou para mim. Ele piscou os olhos sem acreditar, e depois olhou para si mesmo – O que?! Por que eu estou imundo, e você...?!

Nós dois ficamos parados encarando um ao outro por alguns minutos, até que eu quebrei o silêncio.

- Bem feito. – Falei com um sorriso surgindo em meu rosto.

- Que?! – Perguntou ele franzindo o cenho.

- Deve ser um tipo de carma. Eu poderia dizer que foi coisa divina, mas acho que nós dois sabemos que não é por esse caminho. – Comentei – Mesmo assim... Bem feito.

- Está dizendo que eu mereci isso?! – Perguntou ele com raiva.

- Depois de ter se aproveitado de mim?! Você mereceu cada gota de lama. – Confirmei ainda sorrindo – Acho que o destino falou “Ei, eu vou fazer o Ares pagar por ser mal.” Aí deu nisso.

- Ser mal? – Repetiu ele rindo de mim – Então eu sou malvado, é?

- É. Você é mal. – Confirmei. Ele não ia me irritar naquele momento, de jeito nenhum - E vendo essa cena... Bem, posso dizer que eu estou feliz... E limpa! Há Há!

Eu comecei a rir, mas parei assim que Ares jogou lama na minha perna direita. Olhei para ele de boca aberta, e ele riu.

- Ah, desculpa. Isso foi malvado da minha parte, Filhinha de Hermes? – Zombou ele com um riso maldoso.

- Vai ficar jogando lama em mim? – Perguntei cruzando os braços – Quantos anos você tem? Já não está crescidinho demais para isso?

Eu ia sair de lá, mas ele atirou mais um pouco de lama, que dessa vez bateu na minha bochecha. Virei-me para ele, e Ares riu de novo.

- É. Eu vou continuar jogando lama. – Confirmou ele.

- Ok. Jogue. – Falei limpando o meu rosto. Dei um chute no chão e lama voou no rosto de Ares – Oh... Eu fui malvada com você? Sinto muito. Ou não.

- Você vai ver... – Riu ele limpando o rosto. Ele estava rindo maliciosamente, o que não era nada bom. Ares começou a jogar lama em mim, mas eu conseguia desviar felizmente – Fique parada, Kelly! É uma ordem!

- Para você! – Retruquei desviando – Seu mau perdedor!

- Mau perdedor?! – Repetiu ele, e então parou de jogar lama. Ares abriu os braços e eu pude ver que suas roupas estavam imundas de lama – Ah, eu sinto muito, musa de Apolo toda poderosa! Desculpe por ser um mau perdedor!

Estreitei os olhos para ele.

- Ahm... Tá. – Foi tudo que pensei em dizer.

- Para mostrar que eu estou muito arrependido, e que não quero ser visto como um mau perdedor... – Falou ele com um sorriso maldoso – Que tal um abraço?

- Que? Não. – Falei vendo ele dar passos lentos em minha direção. Um sorriso torto e maldoso estava em seu rosto, e aumentava cada vez mais quando me via chegando para trás – Não. Não mesmo, Ares. Não vem. Não!

- Assim você parte o meu coração. – Comentou ele de modo dramático – Vou precisar de um abraço mais apertado ainda.

- Saí pra lá! – Exclamei quando ele começou a chegar para perto de mim mais rápido. Eu saí correndo, e pude notar que ele estava me seguindo. Eu corria mais rápido que ele, e realmente esperava que isso fizesse alguma diferença – Fica longe de mim!

- Vem cá, Kelly! Não adianta fugir! – Exclamava ele enquanto corria atrás de mim – Eu me sujo, você se suja. Isso é justo!

- Justo o caramba! – Exclamei de volta, mas fui pega de surpresa. Na minha frente tinha um pequeno laguinho para alguns patos (dessa vez patos de verdade) nadarem. Eu parei bem encima e estava pronta para virar em alguma direção, mas Ares pulou encima de mim, e nós dois caímos no chão. Na verdade... No lago – Ah!

Ajeitei o meu cabelo para trás, e olhei para Ares. Ele se levantou da água e ficou sentado. Olhou para suas roupas .

- Bem... Ao menos não estou tão sujo quanto antes. – Comentou ele e abriu um sorriso torto para mim – Você está imunda, hein?

- Você...! – Eu fui interrompida. Um sapo pulou encima da cabeça de Ares, e levou um susto. O Deus da guerra balançou com força e o sapo foi embora. Ares olhou para mim com uma cara de “isso só acontece comigo”, e eu não agüentei.

- Você está... Rindo? – Perguntou ele sem entender.

Eu estava. E muito. Muito mesmo, e por motivo nenhum! Não conseguia parar de rir por nada naquele mundo. Ares olhou para mim sem palavras.

- Eu te derrubei, sujei suas roupas, fiz você perseguir aquele pato, e... Você está rindo?! – Perguntou ele, mas eu não tinha como responder – Era para ficar irritada! Pare de rir! Agora mesmo!

Não parei. Estava ficando sem ar, mas não conseguia parar de rir.

- Escuta aqui, para agora! – Exigiu ele. Ares esperou, mas eu não parei. Ele acabou rindo da minha cara – Você é completamente louca...

- Eu...?! – Perguntei entre risos – Você...! Estava correndo...! Atrás de uma galinha...!

- E daí?! Ela me roubou! – Exclamou ele, mas acabou rindo um pouco também –Ah... Se levanta logo. Antes que eu te afogue de novo.

Tive que respirar fundo até conseguir me levantar novamente. Quando fiquei de pé, coloquei a mão sobre minha barriga. Estava doendo de tanto rir!

- Ah... – Suspirei voltando ao normal – Eu... Acho que passou. Pronto... Estou melhor agora.

- Sérios problemas... – Murmurou ele. Nós olhamos para a cerca onde antes estava cheia de gente, e vimos que não tinha quase ninguém mais. Ares olhou para mim e franziu o cenho – Como pegou aquele pato tão fácil?

- Infância no Alabama. – Respondi, e ele riu. Achava que eu estava de brincadeira, mas então viu que era verdade.

- É sério?! Você foi mesmo criada com caipiras?! – Perguntou ele tentando não rir da minha cara.

- Não fui criada com caipiras! – Exclamei – O meu... Padrasto tinha um tio no Alabama. Toda a família dele ia para a casa do Alabama para passar as férias, e ele me arrastava para ir também.

- Então... Foi criada nas férias por caipiras. – Implicou ele.

- Eu odeio o campo tanto quanto eu odeio a água. – Falei andando para a cerca – Não tinha nada para fazer naquele lugar, então eu aprendi alguns truques.

- Ah sei. Truques. – Comentou ele – Aposto que uma lesada que nem você devia atrapalhar o tempo todo naquele lugar.

Cerrei os punhos. Aquilo era um assunto delicado, mas não queria que ele notasse isso.

- Você não sabe nada sobre mim. Nem sobre o Alabama. – Falei – E muito menos sobre qual é a diferença entre um pato e uma galinha.

- Aonde você está indo? – Perguntou ele.

- Bem... Eu tenho que secar as roupas não é? – Respondi. Senti-me na parte de madeira da cerca e senti o Sol bater – Uma hora vai secar. Vou ficar sentada aqui e esperar.

Ares revirou os olhos.

- Eu bem que podia te arrastar de volta para a parte normal do hotel, mas aqueles caras iam ficar de olho em você por causa das roupas molhadas. – Resmungou ele sentando-se no chão na minha frente – Vou ficar aqui também... Já que não tenho escolha.

- Não senta no chão. Ele é muito sujo. – Adverti, mas Ares deu de ombros.

- Eu estou muito sujo. Vai fazer diferença? – Comentou ele.

- Tem razão. – Concordei.

Fiquei em silêncio sentindo o Sol bater em mim, e me lembrei do Apolo. Imaginei onde ele poderia estar e com quem poderia estar. Só de pensar uma dor surgiu dentro de mim, como se tivesse acabado de tocar em um hematoma.

Por sorte, Ares falou alguma coisa, e isso me distraiu um pouco.

- Alabam, é? – Comentou ele tentando puxar assunto – Como estou entediado... O que mais você fez no Alabama? Lutou com porcos?

- Ah claro. Todo dia. – Concordei revirando os olhos – Claro que não.

- Sei lá. Nunca se sabe o que você pode ter feito no seu passado obscuro. – Comentou ele arqueando uma sobrancelha para mim.

- Eu não tenho um passado obscuro. – Falei revirando os olhos – Você deve ter, mas eu não. E mesmo assim... Não vou contar.

- Se contar, eu conto o meu. – Disse ele olhando para o céu.

- Para que eu ia querer saber o seu? – Perguntei.

- Não só o meu. Mitologia em geral. Pega o passado obscuro de todo mundo. – Disse ele – E aí? Fechado ou não?

Parei para pensar por um momento. Se continuasse em silêncio, ficaria pensando no Apolo. Sem parar para refletir melhor sobre o assunto, eu tomei minha decisão.

- Ok. Fechado. – Concordei – O que quer saber?


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Notas finais do capítulo

Tam tam tam taaaam!

O passado obscuro da Alice! O que será que tinha no Alabama?

O que acharam desse capítulo? Espero que tenha gostado.

Beijos e até o próximo capítulo!