Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 10
"Holly Lake"


Notas iniciais do capítulo

Eu ri muito escrevendo esse capítulo. Espero que gostem também, certo?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138158/chapter/10

“Vamos! Eu sei que você consegue, amor!” Incentivava eu ao ver Ares completamente sem fôlego.

Deixe-me explicar... Nós tínhamos escolhido fazer um programa do hotel, mas o único que ainda tinha vagas era a caminhada. Ares estufou o peito e disse que era fácil. Disse que eu não agüentaria, porque só machos fortes conseguem. Que não era coisa para garotinhas que bebem leite e comem waffles.

Bem... Só posso dizer que foi a melhor escolha que eu fiz, pois vê-lo quase morrendo no meio de uma trilha não tinha preço!

“Cala essa sua boca... Kelly!” Bufou ele. “A sua sorte é que... Esta colina é muito inclinada!”

“Na verdade, senhor Smith...” Corrigiu o nosso guia. Um homem de no máximo 30 anos em ótima forma física. “É uma montanha. A montanha Holly Lake.”

“Estou pouco me ferrando para o nome que você dá para isso!” Berru Ares furioso com o guia, mas ele era tão simpático que continuava sempre sorrindo. As pessoas daquele lugar me davam um pouco de medo. “É inclinada, é cansativa... Logo eu chamo de uma colina!”

“Tudo bem.” Sorriu ele. “Se você conseguir... Vamos continuar.”

Conseguir?! Estou quase caindo e...!” Ele parou de falar quando olhou para mim. Ares endireitou a postura. “Eu consigo sim. Saia da minha da minha, Filhinha de Hermes.”

Ele me empurrou para o lado e deu mais alguns passos. Ao invés de continuar a andar atrás dele, eu preferi ficar do seu lado.

“Vai para trás.” Falou ele.

“Eu não.” Respondi cheia de fôlego. “Se você cair, vai me esmagar como uma pedra. Não quero correr esse risco.”

“Você me mata de rir!” Resmungou ele de mau humor.

“E a montanha te mata cansaço, né?” Rebati sorrindo.

“Sua...!” Estava pronto para me dar um soco, quando o guia virou para trás. Ares fingiu que ia só passar a mão na cabeça e coçar um pouco. “Amor... Espere até nós chegarmos lá embaixo de novo.”

Ele tinha um sorriso forçado no rosto. Por trás... Ele queria me espancar até a morte. Ver o meu sangue escorrer pelo chão, ou coisa do tipo. Mas eu não estava nem aí. Estava amando aquele doce momento de vitória.

“Nossa, amor... Parece até que todos aqueles anos no exército e em guerras não fizeram resultado nenhum! Não acredito que você está se entregando tão facilmente.” Comentei tentando não rir.

“Não estou me entregando facilmente!” Resmungou ele subindo mais um pouco. Nós estávamos em uma montanha bem alta. A cada passo que dávamos podíamos ver cada vez melhor a vista do hotel inteiro. Era enorme. “Eu... Comi um bom café da manhã, sabe? Eu tenho bastante... Energia.”

“Aham. Sei. Estou vendo.” Concordei tentando não rir.

Ares pisou em uma pedra e ela escorregou. Ele quase caiu de cara no chão, mas conseguiu se apoiar com as mãos no chão. Ele se levantou cambaleante. Aproveitei o momento.

“Diga ‘X’, amor!” Sorri tirando uma foto com a câmera que ele tinha usado para me acordar no outro dia.

“Desgraçada...!” Rugiu ele. “Eu ainda vou...!”

“O que? Você está um pouco longe! Chega mais perto para falar comigo.” Sorri analisando a linda foto que tinha tirado do Deus da guerra.

Ares estava praticamente rosnando para mim de tanto ódio, ira e raiva. Eu continuava sorrindo. O caminho até o topo estava quase acabando. O nosso guia... Acho que o nome dele era Tyler... Estava bem na nossa frente. Ele andava com extrema tranqüilidade, enquanto eu o seguia e Ares lutava a cada passo.

“Pronto. Nós chegamos.” Sorriu Tyler no topo. Era um tipo de mirante cercado de árvores com folhas verdes e amarelas. Era engraçado. “Esse é o mirante Holly Lake.”

“Oooh! Não!” Exclamou Ares fingindo estar admirado. “Jura?! Holly Lake?! Eu ainda me admiro com a criatividade de vocês, mortais!”

“Mortais?” Repetiu Tyler ainda sorrindo.

“Nada não.” Disse eu. “Mas... E quanto a essa vista?”

“Ah sim. Vamos chegar mais perto para vermos.” Tyler foi andando para frente, e eu e Ares o seguimos.

“Parece um idiota! Não chame eles de mortais!” Repreendi.

Eu sou o idiota?!” Repetiu ele em um sussurro para que o guia não ouvisse. “Olha para esse retardado!”

“Aqui.” Disse Tyler sorrindo e apontando para os lugares. “Aquelas são as fontes termais Holly Lake.”

“Que interessante.” Resmungou Ares cruzando os braços.

“Obrigado.” Agradeceu Tyler.

“Estava sendo sarcástico, sua anta.” Falou Ares.

“Ah tá.” Sorriu Tyler como se Ares estivesse sendo gentil. “Aquela ali é a cachoeira Holly Lake.”

“E você me chama de idiota?!” Perguntou ele para mim.

“Aquele ali é o campo Holly Lake.” Contou Tyler apontando para um campo verde com bastante espaço. Podíamos ver algumas pessoas andando de cavalo.

“Se você disser Holly Lake mais uma vez, eu quebro a sua cara.” Ameaçou Ares em um tom sério.

Tyler olhou para ele e sorriu.

“Aquele ali é o vale Holly Lake.” Continuou. Ah meu Deus, como aquilo estava me dando vontade de rir!

Ares começou a xingar.

“Está de sacanagem com a minha cara?!” Berrou ele.

“Aquela é a praia...” Antes que Tyler terminasse a frase, Ares o interrompeu.

“Deixa eu adivinhar!” Pediu ele. “Holly Lake?!”

Tyler olhou para ele repentinamente ofendido.

“Não, senhor Smith. É a praia West.” Disse ele triste.

Eu comecei a rir de repente. Não queria rir tanto, mas não consegui parar! Ares olhou para mim sem entender muito bem. Ele estava com raiva, mas ao mesmo tempo estava curioso.

“Qual é o seu problema?” Perguntou ele.

“Holly Lake!” Disse entre risos.

“Holly...” Ares ia dizer ‘Lake’, mas começou a rir um pouco também. Ele queria disfarçar, mas logo começou a rir um pouco mais.

Holly Lake, Holly Lake, Holly Lake... West!”Imitei o guia apontando.

Uma crise histérica de risos contaminou o ambiente. Eu e Ares, em poucos minutos, estávamos chorando de rir e falando “Holly Lake” um para o outro. A coisa mais hilária era que o guia estava olhando para nós dois como se fôssemos loucos.

“Então... Acho que podemos descer, não é?” Sorriu ele sem saber o que fazer. “Senhor Smith? Senhorita Kelly?”

Nós não respondemos. Estávamos rindo demais para conseguir falar qualquer coisa. Teve um momento que eu ri tanto, que não saía som de minha risada. Isso fez Ares rir mais ainda, e ficar com o rosto completamente vermelho. Aí, eu por minha vez ri mais ainda.

Nós levamos um bom tempo para conseguir parar de rir. A minha barriga e minhas bochechas estavam doendo demais. Rir doía. Uau.

“Ah...” Suspirei sem ar. “Agora... Agora podemos... Ir.”

“Há... Ah...Aham..” Concordou Ares tentando respirar novamente.

Ele se levantou e eu fiz o mesmo. Olhamos em volta e vimos que o guia não estava mais lá. Ele tinha ido embora, provavelmente pensando que éramos um casal de malucos. Eu legal...

“Vamos para...” Eu interrompi Ares.

“Não fala o nome!” Estava prestes a rir novamente, e ele também. Ares engoliu o resto da frase.

“Ah, que se dane.” Disse ele revirando os olhos de mau humor, mas eu sabia que era puro fingimento, pois em seu rosto ainda tinha um sorriso. “Vamos só dar o fora dessa colina.”

Nós descemos, cansados, a montanha. Já devia estar na hora do almoço, por isso fomos direto para o restaurante.  Depois de Ares comer uns 6 pratos de carne, nós saímos de lá.

“Se alguém dissesse Holly Lake no restaurante eu ia voltar a rir.” Comentei.

“Você ri de qualquer besteira.” Disse ele revirando os olhos.

“Olha só quem fala.” Comentei. “Você riu também.”

Ares ia protestar, mas nós chegamos perto da piscina e algumas pessaos estavam gritando e correndo, enquanto mergulhavam animadas.

“Temos ainda o dia inteiro...” Resmungou ele. Ares olhou para a piscina cheia de garotas de biquíni e sorriu. “Que chato, hein? Acho melhor nós ficarmos aqui.”

“Fala sério...” Murmurei sem acreditar. Foi aí que eu tive uma idéia. “É. Concordo. Ia ser legal dar um mergulho. Então... Eu vou para o quarto trocar de roupa, e você fica aqui, certo? Eu já volto.”

Antes que eu pudesse ir, Ares puxou o meu braço com força.

“Se você demorar para voltar, eu vou atrás de você e te arrasto até aqui. Não pense que sou ingênuo. Sei muito bem que a sua mentezinha pode bolar um plano para escapar ou coisa parecida. Nem pense, sacou Filhinha de Hermes?!” Falou ele em um tom baixo.

Ares soltou o meu braço, e eu fui para o quarto. Ele ficaria ocupado demais prestando atenção nas garotas seminuas, para tentar me procurar.

Eu estava completamente exausta e doída de dormir no chão do quarto. Precisava de um descanso, e tinha visto que no hotel tinha uma área para leitura. Com ninguém nunca vai para áreas desse tipo, eu achava que era o lugar perfeito para eu tirar um cochilo.

Fui para o quarto, só porque Ares estava me vigiando, mas assim que entrei tranquei a porta e imaginei o lugar de leitura conforme o mapa do hotel. Em poucos segundos... Eu estava lá.

Amava o meu poder de transporte! Era demais e muito útil.

Estava parada na frente de uma parto de madeira com uma placa dizendo: “Sala de leitura”. Abri a porta.

Era uma bem grande e ampla. O doce ar condicionado soprava na minha direção. Estava extremamente agradável lá dentro. O chão era de carpete preto, e as paredes eram brancas. Mas não um branco cegante. Era bem suave.

Cortinas azuis compridas ficavam na frente das janelas. Váriso pufes confortáveis estavam distribuídos por todo lugar. Milhares de estantes de livros preenchiam o canto esquerdo da sala.

Era só pegar um livro e sentar-se em um pufe macio para ler. Ou dormir, que seria o meu caso. Embora aquele lugar fosse muito bom e confortável, só tinha uma pessoa lá. Uma mulher de cabelo preto levemente cacheado, olhos cinzas, que segurava “O retrato de Dorian Gray”.

Ela o lia com um sorriso suave no rosto. Quase nostálgico. Como se a cada frase se lembra-se de algo do passado. Eu entrei sem fazer barulho para não atrapalhá-la. Peguei um livro na estante, fingindo que iria ler e sentei-me em um pufe.

Foi instantâneo. Eu adormeci.

Não sei dizer ao certo quanto tempo eu passei ali dormindo. Quando cheguei á sala deviam ser umas três da tarde. Não tinha pressa, nem preocupações. Ares nunca me acharia, era o que eu pensava.

Mas eu sei que levei um belo susto quando a porta da sala bateu ruidosamente contra a parede. Eu dei um pulo do pufe, e olhei para ela. Em pé do outro lado da sala estava o Deus da guerra. Furioso como sempre...

Você.” Falou ele apontando para mim. “Se acha muito espertinha, não é? Pode me dizer o que a senhorita pensa que está fazendo aqui?!”

“Ah... Puxa! Aqui não é a piscina? Acho que acabei me perdendo.” Sorri sonolenta e me fingindo de inocente.

“Você me fez ficar parado que nem um idiota! Eu tive que procurar por você pelo hotel inteiro!” Reclamou Ares em um tom de voz alto.

“Sh! Tem gente lendo!” Falei baixo.

“Que se dane!” Exclamou ele sem nem mesmo olhar a mulher ao meu lado.

“Que se dane não é uma resposta decente que um homem deve dar a uma jovem tão paciente como ela.” Comentou a mulher.

Eu me virei e olhei para ela. Ela fechou o livro com grande calma, porém firmeza e Ares fez uma careta para ela.

“Era o que me faltava! Por que não toma conta da sua vida?!” Reclamou ele.

“Educado como sempre...” Comentou ela ainda com uma postura calma. “Eu tinha que ver isso com os meus próprios olhos. Não podia simplesmente evitar.”

“Espera...” Falei olhando para ela. “Você é Atena?”

“Como você adivinhou? Disse que não conhecia quase ninguém.” Disse Ares.

“Ela é a única nesse hotel que está lendo.” Respondi. “Só podia ser ela.”

Atena sorriu e se levantou. A Deusa da sabedoria causava um efeito estranho em mim. Era como se eu estivesse na frente de Zeus, o maior dos Deuses. Atena era uma Deusa impressionante.

“Presumo que você seja Alice Kelly.” Disse ela sorrindo de leve. “A brava musa de Apolo que resolveu se unir ao Deus da guerra. Não foi nada sábio de sua parte, sabe?”

“Ahm... É o amor. Tem razões que a razão desconhece.” Contei.

“Interessante. Muito bem posto.” Assentiu ela surpresa. “De que livro viu isso?”

“Do ‘Serenata de amor’, para falar a verdade.” Contei sem graça. “Mas é uma frase bem legal.”

Atena sorriu. Acho que sendo a Deusa da inteligência e da sabedoria, ela não ria o tempo todo. Por isso eu pensei que aquilo seria o máximo que eu levaria dela. Um sorriso.

“Vão fazer o que agora? Falar de livros?! Se manda, Atena.” Resmungou ele.

“Irmãos menores...” Suspirou ela revirando os olhos. “São simplesmente insuportáveis. Ainda mais os que não tem cérebro.”

“Poseidon está no cais. Por que não vai até lá falar com ele?” Implicou Ares.

“Você realmente acha que isso me afeta? Patético.” Comentou ela com um pouco de pena de Ares, e acho que isso serviu como um tapa na cara invisível. “Agora, Alice Kelly... Eu andei pensando muito sobre você. Vejo que é uma estrategista muito boa.”

“Por quê?” Perguntei sem entender.

“Por que foi você quem bolou esse plano todo para enganar Zeus.” Disse ela, e eu gelei ao ouvir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fuuu! Atena sabe de tudo?!

Ah, ferrou...

E... Holly Lake! Hahaha!

O que acharam?

Quero reviews!