''Na adolescncia as garotas procuram um prncipe, os garotos procuram peitos.Quando adultas procuram, uma boa companhia, um bom partido e eles...Ah eles continuam procurando peitos." M. Andrade

-Senhora Isabela! - o senhor Tompson me chamou. Cara, não tava nem um pouco ligada naquela aula, era tão chata! Minhas pestanas estavam tão pesadas que meus olhos quase se fechavam.

-Hã? O quê? - respondi, atônita. Senti alguns risinhos abafados vindos de trás de mim. Só podia ser a vaca da Jessica. Garotinha Insuportável.

-Bem, já que estava prestando muita atenção nessa aula, será que poderia nos citar algum trecho do livro Hamlet.

-Hã... Assim, digamos que eu não estava tão atenta a aula, professor. Então, isso me leva a te dizer que eu não posso dizer isso. Além do mais, a gente tem mesmo que ler esse livrinho? Acho ele tão... tão...

-Tão o quê, senhorita?

-Tão sem graça. Me diga o senhor mesmo: o que há de tão engraçado num cara que vive ditando filosofias da vida por ai? Ou então, o que há de tão importante assim pra que nós sejamos obrigados a ler esse livro?

-O fato de vocês acharem legal ou não, não é o que importa. Estão aqui para aprender coisas decentes. - o professor Tompson falou, mas nem fiz questão de ouvir o que ele dizia e continuei falando, atropelando suas palavras.

-Se bem que vocês podiam colocar a gente pra ler ''Diários do vampiro'', ''Drácula'', livros realmente interessantes, me entende? - ele me deu aquele olhar tipo ''garota-você-é-completamente-maluca!".

-Não, senhorita. Não entendo. Aliás, eu entendo uma coisa.

-O que? - perguntei com a maior cara lerda, jogando uma mecha do meu cabelo para o lado.

-Que você vai para a sala da diretoria agora mesmo.

-Mas... Mas...

-Nada de ''mas'', garota. Já para a sala da diretoria. Vá logo de uma vez antes que eu perca o resto da minha paciência.

É, realmente o cara estava falando sério. Fiquei com medo daquele seu olhar matador , mas que, no fundo, me provocava bastante. Como aquele professor era sexy. Seus olhos azuis, seu cabelinho negro todo arrumado... E o que era melhor: os músculos que haviam por debaixo daquele jaleco. Caramba! Jesus me abana! Só de pensar nisso, dá um calor infernal.

Eu então sai da sala e fui para a diretoria. Conhecia muito bem o caminho, acho que até de olhos fechados eu conseguiria chegar lá. Essa não era a primeira vez que ia parar na sala da diretoria por causa das confusões que aprontava. Não sou nenhuma dessas garotas perfeitinhas. Aliás, odeio pessoas perfeitas demais. Tem alguma graça em ser perfeito? O lance da vida, pelo menos para mim, é ser maluco, anormal, se divertir, curtir a vida! Então, acho que já deu para perceber que eu adoro curtir a vida.

-Vá com Deus, vadiazinha. - Rosalie sussurrou  no meu ouvido antes de eu me retirar da sala.

O meu lance com Rosalie é o seguinte: a gente nunca se deu bem e essa situação só piorou no verão do semestre passado. Foi numa excursão que o colégio realizou. Nessa época, ela ainda namorava o Mike. Não sei por que, mas eu nunca gostei dela. Talvez esse não seja lá um motivo tão convicente para eu ter ficado com o Mike. Mike era praticamente o garoto mais popular do colégio, o mais galinha, para ser mais exata. Eu queria um motivo pra fazer Jessica pagar por todas as coisas ruins que me fez e então... Pimba! Puff! Uma idéia brilhante apareceu na minha mente. Eu ia ficar com Mike. Não interessava como. Se ela visse nós dois nos beijando já era o suficiente. Ela ia pagar na mesma moeda. E foi realmente o que aconteceu. Vi Mike sozinho, num canto, perto de uma barraca. A noite estava linda. Cheguei por trás dele; trocamos algumas palavras até que eu não consegui mais aguentar a vontade de provocar Jess e o beijei bem na hora que ela passava. Foi a maior confusão. Ela ficou lamentando o fim do seu namoro por semanas e semanas.

-Obrigada. Ainda bem que vou para o céu, não é, Rosalie? Porque, com toda certeza, você já tem o seu lugar garantido no inferno. - sussurrei de volta para ela. Vi sua cara de raiva. Ah!, como era bom provocar aquela garota.

-Esquisita! - Rosalie gritou.

-Isabella Swan...

-Ok, ok. Já estou indo professor.

Finalmente sai daquele inferno. Como era bom respirar um ar puro de novo! Odiava as aulas de literatura, a não ser pelo fato de ver aquele corpinho delicioso do Tompson.

Coloquei minha jaqueta de coro. Fazia um frio tremendo. Nem percebi por onde andava quando tropecei em alguém.

-Desculpe. - uma voz masculina soou perto do meu ouvido.- Você está bem?

Sinceramente? Claro que estou. Será que tem algum jeito de não ficar bem perto de você? , pensei comigo mesma. 

-S-sim. Estou bem. N-não precisa se p-preocupar. - ai, merda! Eu e minha mania de gaguejar na hora errada. Mas não fazia diferença. Com certeza ele não iria se interessar por uma garota que nem eu. Por quê? Simples. Me resumo em uma única palavra: esquisita.

-Que bom. Meu nome é Jacob, sou novo aqui e estou meio perdido.

-Hã? Ah, sim! - não dava para me concentrar perto daqueles seus lindos olhos negros, sua pele morena, seu cabelo cortado e negro também.

-Prazer, Jacob. - ele me cumprimentou, estendendo a mão. Eu estava completamente presa naquele seu olhar que não sabia como reagir. Nem estendi a mão. Ele ficou um tanto sem graça. E eu mais ainda.

-Isabella Swan.

-Prazer. Bom te conhecer, Isabella. Será que pode me ajudar? - acenei que sim com a cabeça - Estou procurando a única sala do 3° ano. Conhece?

-Ah, claro que sim! Acabei de sair de lá. - respondi, escondendo um olhar de culpa.

-Hum... Garota-confusão, não é?

-Hã, digamos que sim, talvez.

-Gosto de garotas assim. Já tem um ponto comigo. - ele disse. Queria morrer! Caramba! Como ele era perfeito. E eu tão panaca, esquisita, mocréia...

-Que bom. Hã, digamos assim que eu tenha que ir ali... - disse tentando mudar de assunto. Comecei a andar. Quando cheguei no fim do corredor, ele me chamou.

-Ei, Isabella, já que você é uma garota fora da lei, posso te acompanhar? Tipo, ser seu cúmplice?

-O que quer dizer com isso?! - perguntei, meio confusa. Nunca um cara tinha aceitado ou me convidado para sair, muito menos para sair fora da lei.

-Vou te mostrar.

Ele me puxou pelo braço e começou a correr, me arrastando pelo fim do corredor.

Garoto maluco! Mas que me deixou tão fascinada!