Edward nunca iria imaginar que aquele jogo imbecil e desumano do Sargento Black iria lhe proporcionar uma visão daquelas.

A garota estava flutuando no meio da lagoa, os olhos fechados, um diáfano vestido branco, com flores espalhadas por cima e em torno dela.

Era a visão mais bonita que já havia visto na vida e ele se sentia preso ali, ao lado daquela árvore, como se tivesse criado raízes.

O latido de um cachorro, ao longe, o despertou. Os oficiais deviam estar perto. A garota entreabriu os olhos e o fitou, por um momento. No segundo seguinte, quando ela piscou novamente, ele já não estava ali.

A adrenalina corria por suas veias enquanto tentava escapar dos homens e dos cães. Sempre fora um bom corredor, o melhor de sua antiga escola, e Jasper tinha um talento incrível com mapas, estava ali há mais tempo que ele e conhecia todos os pontos fracos e trilhas que houvesse pra conhecer. Eles sempre disseram que iriam escapar dali. Aquele reformatório ganhava requintes de prisão de segurança máxima nas mãos do insano Billy Black. Ele gostava de mostrar seu poder e autoridade através de castigos severos, tais como estadias na solitária com privação total de luz, surras e até, pasmem, palmatória.

Sabia que isso era contrário à lei, mas Black escolhia seus  subordinados à dedo, entre os guardas com instinto mais psicopata que Edward já vira. De todos ali, somente Emmett, por ser rico, escapava dos castigos mais pesados.

Já haviam tentado denunciar o homem, mas ele parecia ter costas quentes em algum alto comando.

Uma sirene soou alta, anunciando o fim do jogo. Os seus perseguidores não o alcançaram, o que significava que ele vencera, mas isso não era necessariamente uma coisa boa. O jogo tinha por objetivo ensinar aos detentos que ninguém conseguia fugir dali, nunca. Todos sempre eram pegos.

Por um momento, Edward desejou ter sido pego, para evitar a punição que sabia que viria por ter sido o único a vencer o desafio do Black. Mas por outro, seu lado vaidoso regozijava-se por isso, e ele sabia que, mesmo tendo de enfrentar, provavelmente, uma solitária como prêmio, ele já tinha com o que sonhar enquanto estaria sozinho na escuridão... a bela garota do lago.

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Já na hora do jantar, Edward, Emmett e Jasper acabavam de sair da fila do bandejão e tomaram seus lugares na grande mesa de madeira.

- Edward... por acaso você não achou uma dessas ervinhas do diabo no meio da floresta e fumou não, meu irmão? Isso é meio viagem! – zombou Emmett.

 - Eu sei o que eu vi! Tinha uma garota lá, flutuando no lago! De primeira, eu achei que ela tava morta, mas depois ela abriu os olhos e...

- E já sei... blá, blá, blá, vc se encantou por ela. Me chamam tanto de emo, mas quem é que ta merecendo o título agora?

- Vcs não me levam mesmo a sério, não é?

- Edward, veja pelo nosso ângulo: é meio difícil de acreditar que uma garota, vamos colocar, supostamente indefesa, se embrenhe no meio da mata perto de um reformatório masculino, só pra ficar boiando! Principalmente porque o único lugar que tem mais perto daqui, é a escola da minha ursinha, onde só tem garotas e super vigiada, difícil alguém escapar dali e ficar zanzando.

No momento seguinte, outros internos sentaram à mesa, e começaram a, ruidosamente, dar os parabéns a Edward por ter sido o primeiro a vencer o desafio de fuga. O que fez o olhar do sargento Black cair sobre si mais uma vez.

- É, ta ferrado irmão... – disse Jasper, baixinho. – Amanhã vamos repassar novamente as rotas de fuga, ok? Tô sabendo que o Black vai à missa, temos uma parte da manhã. Emm disse que cobre nossa falta na oficina.

A oficina era um dos lugares onde Edward mais conseguia abstrair de estar naquele local maldito. Estava trabalhando secretamente numa velha caminhonete que havia sido recolhida pelo departamento de trânsito, tirando peças de outros carros e implementando nela. Seu plano era fazer dela um veículo de fuga, futuramente.

- Ok. Quanto tempo vocês acham que o Black vai ter de ficar de joelhos pagando penitência, rs...? Os pecados do homem são muitos!

- Te garanto que quase nenhum... você acha que ele se confessa?

Os três riram e voltaram a comer.

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No dia seguinte, Edward e Jasper estavam embrenhados no meio da floresta,  o loiro com mapas debaixo do braço, repassando a rota de fuga que Edward fizera no exercício do dia anterior.

- Eu não me lembro bem... marquei algumas árvores, mas não podia fazer nada mais explícito.

- Ok, ok... vc se lembra pra que direção estava o tal lago?

Ele apontou pro sul.

- Pra lá, tenho certeza.

Andaram um pouco mais, até que Edward achou a árvore meio distante onde se apoiara.

- Ali. O lago está ali e ela estava exatamente no meio dele.

- Deve ter sido uma bela visão.

- Quase morri do coração, achando que era um corpo. Mas quando ela abriu os olhos, ela...

- Já sei, já sei... ela te sorriu.

- É...

Jasper se levantou e começou a andar. Edward o seguiu cerca de um quilômetro, até que a floresta acabou, e apontou uma casa enorme, distante mais uns 3 quilômetros.

- Tá vendo ali? É a escola Sagrado Coração para moças. O sonho, para muitos do reformatório. Imagina só... centenas de garotas lindas, supostamente puras... Sua ninfa deve ter vindo de lá.

E virou-se para ir embora. Edward ficou olhando a construção, por um momento. Respirou fundo, a vontade de ir até lá, invadir a escola e procurar por ela era grande.

- Hey, Edward, vamos! O tempo tá acabando e não acredito que queira um dia a mais na solitária!

O rapaz relaxou os ombros e retomou o caminho até o reformatório com o amigo, a idéia anterior ainda martelando em sua mente.

(n.a: gente, se alguém estiver curisoso sobre o filme que eu estou adaptando, o trailer é esse, a qualidade não tá muito boa, mas vale: http://www.youtube.com/watch?v=ZB7yrukwzag)