Meu Querido Cunhado escrita por Janine Moraes


Capítulo 14
Capítulo 14 - Mentiras


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Onbrigada pelos reviews! *---*



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Senti minha cabeça rodar um pouco e firmei os pés pra não tropeçar, minha respiração parando por alguns instantes. Tentei encaixar sua frase na minha cabeça, transformá-las em algo que fazia sentido, mas fora impossível. A encarei, vendo sua expressão também confusa com minha reação. Voltei meu olhar para Igor, que parecia angustiado ao me encarar. Sua expressão de culpa me provando que ela estava certa, mas eu não conseguia acreditar, não queria. Mônica continuou me olhando, a expressão agora ficando desconfiada.

– Namorada? – A encarei que assentiu, também confusa com minha reação. Minha voz parecia tremula, perdida, como eu. – Do Igor?

– Sim, sou. – olhei para Igor, perdida. O choro ameaçando subir por minha garganta e me sufocar.  – É sua amiga, Igor?

– Igor... Ela é sua namorada? –Ele não negou, só soltou as mãos da tal garota. Mordi o lábio, controlando o tremor no queixo. Senti as lágrimas cegando meus olhos, pisquei para afugentá-las. Sentindo uma profunda dor no peito, meu rosto começando a esquentar pela humilhação. O vento balançou meus cabelos. Lembrei de quando ele tinha dito que me amava. – Você mentiu.

– Eu não menti!

– Mentiu! Você mentiu. – disse, baixinho. Meu peito subindo e descendo em espamos que eu não conseguia controlar. Só o que eu conseguia pensar é que eu fora enganada, ludibriada, feita de boba, tinha sido usada. Sempre soube, em tudo que eu lia, nas histórias de amor que vivi, ao ver o casamento dos meus pais chegando ao fim, nos livros, filmes e etc, que amor não era mentira. E todas as vezes que ele sorria, me agradava, me abraçava, se declarava e me beijava, era tudo mentira. Fruto de traição, da omissão, eu fora enganada. E... céus, amor não mentira. Então definitivamente, o que Igor sentia por mim não era amor. Não era. Essa certeza parecia que ia me matar. – O tempo todo você mentiu...

– Igor... Como assim mentiu?– A garota se intrometeu.– Me explica.

Ela podia pedir satisfações, ela era a namorada dele. Eu fora só um joguete, uma brincadeira, apenas. Eu me sentia tão estúpida, tão... enganada. Dei alguns passos para trás e virei as costas. Senti um par de braços me puxando.

– Malu... por favor.

– Você mentiu. Me fez dizer tudo aquilo e... Eu não acredito. –  Ele segurou meu braço, me desvencilhei, a voz raivosa. Sentindo a raiva se misturar com minha tristeza e humilhação, me dominando. – Me solta, não aguento olhar pra sua cara. Esquece.

– Só me escuta. – Ele me puxou novamente, segurando meu braço. Me impedindo de correr. Seus olhos vermelhos e também meio nublados. O tom de areia escurecendo.

– Não importa o que você diga! Eu não me importo, eu não quero saber. Eu nunca vou te perdoar Igor, nunca mais. Esquece as últimas semanas, esquece tudo, esquece de mim. Esquece! Eu não... Não acredito que pode fazer isso comigo. – sibilei. Puxei meu braço com força, me livrando do seu aperto e desatei a correr pela praia, me afastando. Sentindo as lágrimas molharem meu rosto. Sentei na areia, próxima a algumas pedras, sentindo a maré baixa molhar as pontas dos meus dedos. Comecei a chorar, lembrando das hesitações, de quando seu humor mudava bruscamente. Ele tinha namorada! Era esse o motivo dele me olhar daquele jeito, com culpa, amargura, medo... Que droga de amor que nada! Eu fui um passatempo, um passatempo até a namorada chegar.

Fiquei lá não sei por quanto tempo, água agora molhando os meus pés, eu não me importei. Estava meio insensível e soluçava; sem poder controlar as lágrimas. Traída, humilhada, enganada. Era assim que eu me sentia. Senti alguém se sentando ao meu lado, me encolhi mais ainda. Olhei pelo canto do olho, visualizando a camisa de Pablo. Olhei para cima, sem vergonha das lágrimas que escorriam pelos meus olhos, não conseguia sentir vergonha perto de Pablo. Os grandes olhos verdes extremamente claros de Pablo me trouxeram lembranças e vi que ele sentia pena.

– Você sabia, não é?

– Ele é meu melhor amigo. – Ele deu de ombros. – Eu sei tudo sobre ele.

– Então você mentiu pra mim também.

– Ele não mentiu para você, ele... omitiu.

– Uma namorada? Como alguém omite uma coisa dessas? Ele estava ficando... comigo! – Parecíamos um casal. Ele me pedira em namoro! Não conseguia associar o Igor que me tratava bem e eu podia jurar de pés juntos que me amava, a esse estranho que tinha uma namorada e me omitira isso. – Ele me devia algo, não é? Eu nunca pensei na possibilidade de ele ter alguém, ele me pediu em namoro. Argh!

– Escuta, duvido que você entenda. Nem eu entendo, é complicado demais. Igor e Monica são... compatíveis até demais, e por serem tão iguais, eles vivem brigando. Eles namoram há muito tempo, eles brigam também, sempre. – engoli em seco, enquanto Pablo falava, a voz severa, firme e denotando sinceridade. – Eles tiveram uma briga e deram um tempo. Não exatamente um tempo... Basicamente, ela não queria que ele viesse pra cá trabalhar no Planetário e ele veio. Ficaram sem contato por vários dias e Igor considerou aquilo um término. Talvez pra ela não tenha sido a mesma coisa.

– Então, há alguns dias ela ligou pra ele, dizendo que queria voltar. –  adivinhei o resto da história, parecia bem simples. – Ó, que simples! Então... É só me dar o fora e tudo fica bem...

– Não foi bem assim. Você ta certa em partes, ela começou a ligar, ele ignorou por que... bem, ele estava com você! Mônica nunca achou que eles terminaram, só perderam o contato. Ela sempre foi... um pouco egoísta. Ela sempre pensa no que é melhor para ela. – Colocar a garota como culpada e Igor como o coitado. Típico. Pablo analisou minha expressão por alguns segundos. – Sei o que está pensando, que estou defendendo ele, mas não é isso. Eu vi como ele se sentiu culpado com essas ligações, como ele não sabia o que fazer, como ficou absolutamente confuso. Conheço Igor há anos e sei que ele verdadeiramente gosta de você, só que ele já gostou dela por muito tempo. Ele estava confuso e perdido.

– Se ele gostasse tanto de mim assim, tinha me contado tudo. – disse, baixinho.

– E você entenderia?

– Entender que ele gosta de uma garota há muito tempo, quer esquecer então dá em cima da primeira idiota que aparece na frente dele e engana ela durante semanas? –  falei irritada, seca e ríspida. – Não, eu não entenderia. Eu não entendo. Eu não quero entender! Eu só... Quero fingir que ele não existiu. Não quero me sentir tão patética assim.

– E você vai conseguir?

– Eu tenho que conseguir. E só uma droga de amor de férias, isso passa. Sempre passa.

– Quantos garotos você já amou e quantas vezes você já superou?

– E quem disse que eu o amo? Eu não o amo, não posso amar alguém tão egoísta. – menti para Pablo e para mim, nenhum de nós dois acreditou. Eu era deplorável mentindo.

– Está na cara que você ama ele. Vocês dois são egoístas, mas gostam demais um do outro. – Ouvir Pablo dizendo isso e saber que ele tinha chances de dar certo me magoava mais ainda. Limpei meu rosto, me sentindo fraca, querendo ficar sozinha.

– Vai embora, Pablo. Não preciso ouvir isso.

– Malu, eu sinto muito.

– Não sinta. Eu não preciso disso.  Realmente não preciso. – Não precisava da pena de ninguém. Nunca precisei. Sempre fora sozinha e os olhos de pena me davam nojo, quase alergia. Eu fugia deles, por isso, quando vi esse mesmo olhar de ‘pobre garota’ no rosto de Pablo não suportei ficar ali. Me levantei, pegando minha sandália e começando a andar de volta ao hotel. Minha cabeça latejava por causa das informações e pelo tanto que eu acabei chorando. Me sentia destroçada, meu ego ferido, meu coração despedaçado, partido.

 No caminho vi Igor sentado no banco, naquele lugar que nos beijávamos pela primeira vez. Em frente ao hotel.



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Notas finais do capítulo

Vou postar mais um... Meus capítulos extras acabaram, então demorarei mais a postar. Desculpe.