Escuta-me. escrita por Cari-chan


Capítulo 2
Capítulo dois.


Notas iniciais do capítulo

«Ás vezes só precisamos de alguém que nos ouça. Que não nos julgue. Que não nos subestime. Que não nos analise. Apenas nos ouça.»



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/136403/chapter/2

Hinata.

- Olá, Hinata. Sei que já é tarde, mas podemos conversar?

-C-Claro, Sakura-san.

Por momentos pensei que o Naruto viria visitar-me. Pura ilusão.

- Aceitas um c-chá?

- Não obrigada, estou bem assim. – sorriu. Sentou-se sobre a minha cama. – Hinata… não sei por onde começar…

A minha alma estava a gritar. Será que eles depois da missão… será que eles tinham assumido algum compromisso? O semblante da rosada estava a deixar-me completamente revolta. O monstro parecia arranhar-me o coração.

“Acabou-se. Acabou-se tudo.”

- Estou preocupada contigo. – olhou-me. – Estamos todos preocupados contigo.

A saliva que senti a descer pela garganta não minimizou o ardor que tinha dentro do corpo. Parecia um ferimento aberto que demora a cicatrizar. Ou talvez uma ferida tantas vezes exposta que já não havia maneira de consertar.

- P-Porquê? – consegui finalmente articular.

- Olha para ti, Hinata. – dirigiu-se a mim. – As olheiras profundas. Os teus olhos parecem que vão saltar de órbita. Consigo sentir. – apertou-me o ombro. – Todos os teus ossos.

- E-Estou bem. – tentei soltar um sorriso. – N-Não é ne-necessário.

- Até o Naruto reparou o quanto estás débil. Parece que te vais partir a qualquer instante. – afastou-se um pouco. – O que é que se passa realmente, Hinata?

“Ninguém guarda coisas que se partem. Mais tarde ou mais cedo, deitam-nas fora.”

- A-Acho que já chega, Sakura-san. – tinha o rosto baixo. – Amanhã falamos. Sabes, s-senti-me tão cansada de repente. – timidamente olhei-a.

“Mentiras. Só sabes mentir. Mentirosa.”

- Hinata… - o olhar a derreter-se daquele antídoto chamado preocupação. Porque não me curava? – Está bem. Amanhã falamos.

Sorriu e saiu lentamente. O ranger da porta parecia demasiado alto.

Corri para a janela e sai. Andei, e andei, a lua sempre do meu lado.

Talvez a minha única companhia.

Talvez a única que reparava em mim.

Sentei-me sobre um ramo de uma árvore e o que passava a fazer todos os dias aconteceu.

Chorei.

O choro devia fazer-me sentir leve.

Porque é que parecia tornar tudo mais difícil?

- Confessei-te o meu amor para nada. – apertei as pernas contra o meu peito. – Tentei ser forte, tentei suprimir os meus medos…

-Hinata?

Olhei para a frente e surpreendi-me. Kakashi-san, estava a dirigir-me um olhar terno quase amoroso. Não havia pena. Não havia julgamento. Não havia fim. Naquele momento parecia um princípio.

- Ka-Kakashi-san, e-eu…

- Posso sentar-me?

Acenei afirmativamente.

- Não costumas vir muitas vezes aqui, pois não? – perguntou-me tranquilamente.

- Nunca tinha estado aqui.

 - Acho que estares a mudar constantemente de lugar para afastar as tuas angústias… não vão fazer com que elas desapareçam.

- O-O quê? – levantei-me apertando as mãos contra o peito. – Mas o que está a dizer?

- Estejas aqui, nesta árvore a chorar ou em casa, é igual. A dor não vai desaparecer. – abriu o seu livro. – Hinata, parece-me que não estás a viver a tua vida, mas antes a vê-la a ser vivida. E é por isso que te sentes tão… insatisfeita.

-Insatisfeita? – abanei a cabeça. – E-Eu não estou insatisfeita!

- Não é o que os teus olhos me dizem. – corei no instante é que o seu olhar cruzou com o meu. – Têm uma nítida falta de brilho.

- O que é que eu posso fazer? – sussurrei. Pela primeira vez dei-me conta que algo podia estar realmente errado. – Nem sequer sou capaz de alcançar as coisas simples da vida.

- Antes de tentares tudo aquilo que queres. – voltou os olhos para o livro ainda aberto. – começa por reparar o quão severa és para contigo.

Nesse momento deixei-me deslizar até novamente ao ramo. O monstro. O monstro não existia. Talvez fosse eu que o avivava. Talvez a culpa era mesmo minha. Kakashi estendeu o braço para me afagar a mão. Um calor afluiu á minha pele. Estava prestes a retrair-me, mas por qualquer razão, não foi capaz perante ser tocada tão ternamente. O seu olhar tão cheio… parecia sentir-se tão completo. O momento foi um pouco desconfortável, mas ao mesmo tempo, tão certo. Kakashi-san não aparentava ser alguém tão afectuoso ao ponto do contacto físico.

- Hinata. – continuou. – pensas que se passa algo de errado contigo. Que não és suficientemente forte, que o Naruto nunca irá olhar para ti como desejas.

- C-Como sabe disso tudo? P-Porque me o-olha dessa forma?

Foi então que o improvável sucedeu. Senti mesmo por detrás da máscara os lábios quentes de Kakashi. Pela primeira vez não senti carência mas um sentimento qualquer que queria fazer aquele instante durar um pouco mais. Nunca tinha estado com ele daquela maneira, mas, ali estávamos nós, a beijar-nos como se fosse a coisa mais natural do Mundo.

- Porque tu és absolutamente perfeita. – soltou-se do nosso breve toque de lábios. – Tal como és. Gostava que te visses também. E então, a tua vida começaria a revelar-se grandiosa.

-Kakashi-san, e-eu não s-sei….

- Perdoa-me o beijo. – fechou os olhos. – Não devia tê-lo feito. Mas é para que saibas. Que podemos alcançar tudo o que queremos, mas tudo depende da forma como lá chegamos.

- N-Não entendo…

- Algumas pessoas têm tudo o que querem, mas isso não as torna verdadeiramente felizes. Podem ter dinheiro, sucesso e até mesmo o amor. Só não são se sentem completas, porque passam pela vida sem a olhar atentamente. Estão tão concentradas nos seus objectivos, que não têm a percepção da verdadeira felicidade, da autêntica entrega. Como posso sentir-me feliz com um beijo teu… se tu amas o Naruto e não a mim?

- E-Está a dizer-me q-que…

- Esquece o que disse. – pouso-me um dedo nos lábios. –Cada um de nós possui dádivas invisíveis. Cada um de nós esconde feridas únicas que precisam ser tratadas. Lembra-te só de ouvir mais o coração. Conversa com ele. Segue a tua própria intuição.

-Conversar com o coração?

- Ele terá todas as respostas que precisas. – levantou-se. Fiquei onde estava por não ter força suficiente para encará-lo. – Apenas tens de te perdoar. Porque para que o mundo se ilumine, tens de te fazer a ti própria feliz.

- C-Como é que eu posso fazer isso? – levantei a cabeça lentamente. – Eu j-já tentei, mas não consegui.

- Hinata, não podes colocar o peso da tua felicidade em cima das outras pessoas… se não consegues fazer feliz a ti mesma, magoar-te-ás a ti e aos outros.

- A-Acho que entendo. – voltei a cabeça para baixo. – V-Vou então treinar bastante para mais tarde ocupar o lugar do meu pai. Vou fazer as coisas para agradar mais a mim e não a pensar na opinião dos outros. – uma estranha energia percorreu-me e acabei por me levantar. Reparei o quanto estava próxima a Kakashi, que corei violentamente dando uns passos desajeitados para trás.

- Eu sei que vais conseguir tudo o que desejas. – sorriu. – Até mais… Hinata-chan.

Desapareceu.

Fiquei a olhar o vazio. Tinha várias vozes na minha cabeça mas não sabia a qual dar ouvidos.

Não sei que sentimento era, mas ele falava baixinho…

“ Kakashi-san está apaixonado por ti.”

Como nunca tinha percebido?

Toquei nos lábios e senti um arrepio na espinha. Um arrepio de quem não se importaria de receber mais uma carícia. Um contacto visual. Um contacto físico.

Não fora só isso que me tocara.

Kakashi tinha-me atingido a alma. Tinha conseguido curar um pouco a minha ferida.

Talvez não era a preocupação a cura.

Talvez o que eu precisava era de amor.

Amar-me a mim para puder amar.

Fui para casa com uma certeza.

Para alcançarmos o que queremos temos de acreditar em nós próprios e fazer os outros acreditar em nós.

Fui para casa com uma incerteza.

Já não sabia se estava tão apaixonada pelo Naruto.

Continua….


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá..! :)

Bem, aqui está o segundo capítulo..
Um beijo roubado .. e uma Hinata qe parece ter aberto um pouco os olhos.. ;P

Espero que vos tenha agradado..!
E a vossa opinião.. será muito bem-vinda!

Obrigada, por teres chegado até aqui.

Beijos,
Cari.