The End And Beginning escrita por pandora martin


Capítulo 17
Capítulo 17




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17° Capítulo

 

 

O tempo naquele lugar parecia não passar. Palestras chatas, reuniões em grupo, oficinas mais chatas ainda. Quer dizer, não eram tão chatas assim. Aliisa e Bill não paravam quietos um minuto, nem quando os separavam. Lá não se importavam com nada, e tampouco seguiam as regras da clínica. Em apenas uma semana, já eram conhecidos num lugar onde geralmente quem entra fazia de tudo pra não aparecer.

 

            _ Hei!!! O que tá fazendo? – Aliisa perguntou se jogando no colo do Bill, que estava sentado num banco no jardim.

 

            _ Hã? – Bill se assustou – Há... nada, só pensando. – disse com um sorriso nervoso. – Mas e ai, como foi a avaliação?

 

            _ Adivinha?? Diminuíram minha dosagem! A Beth me deu os parabéns, disse que tem pacientes que demoram mais de duas semanas pra conseguir isso. Disse também que se eu continuar assim, logo posso ir embora. – Aliisa estava eufórica só de imaginar que poderia finalmente voltar pro seu país e ver seu namorado, mas seu sorriso morreu aos poucos ao perceber que Bill não estava bem. – Que foi? Você não está feliz?

 

_ Não! Não é isso, isso é maravilhoso. – Bill tentou sorrir, mas sem muito sucesso.

 

_ O que aconteceu? – Aliisa perguntou preocupada – Você está bem?

           

_ Sim, eu estou e...

 

_ Não mente, Bill. Eu não quis falar, mas a cada dia essas olheiras ficam mais profundas, e você vive bocejando e caindo de sono pelos cantos. Por favor, me conta, quem sabe assim eu possa ajudar! – Aliisa disse, seu tom de voz era cheio de desespero.

 

_ Não é nada importante...

           

_ Bill... Por favor... – A garota estava quase chorando. Não aceitava que nunca pudesse ajudar os outros. Primeiro sua mãe e irmã, agora Bill estava doente e não queria lhe contar. – Bill...

 

            O moreno respirou fundo, e uma lágrima rolou de seus olhos, e foi seguida por muitas mais. Abraçou a menina, e desabou em choro. Há tempos precisava daquilo, ser amparado por alguém. Quando conseguiu se acalmar, explicou tudo que vinha acontecendo desde o acidente, com todos os detalhes. Aliisa ouviu tudo atentamente, sem interromper.

 

            _ Eu prometo que vou fazer tudo o que puder pra iluminar sua vida e ver você sorrir de novo. – disse quando o garoto terminou de explicar tudo.

 

            _ Isso foi lindo... – Bill deu um pequeno sorriso ao ouvir as palavras da garota.

 

            _ E seria mais bonito ainda se eu não tivesse copiado de uma música. – Aliisa disse rindo, enquanto secava as últimas lágrimas do garoto. Bill rolou os olhos e riu também.

 

            _ Que música? Não me lembro de já tê-la ouvido.

 

            _ Guardian angel, do Lovex.

 

            _ Nunca ouvi falar.

 

            _ Claro, é lá do fim do mundo da Finlândia. Mas é muito boa, quando sairmos daqui eu te mostro algumas músicas deles.

 

            Ficaram em silêncio, e Aliisa se arrumou no colo do Bill, encostando a cabeça em seu ombro. Começou a cantarolar a música citada, enquanto brincava com o colar do garoto.

 

Through the darkness and broken glass

I'll come for you, if you only ask

And there i'll stand  

Just for you  

Million miles between our lives

can't keep us apart from our grieving hearts

sealed with love

God speed my darling          


            Bill passou os braços ao redor da cintura de Aliisa, aconchegando a garota em seu corpo. A voz doce e suave o embriagava.

 

For your name I'm calling

For our love I'm falling... on my knees  

And if you cry, i'll hold your head up high

I'll be there by your side

I will be your guardian angel

And if you cry, i'll hold your head up high

I'll be there by your side

I will be your guardian angel…  

 

               Aliisa ergueu a cabeça vagarosamente, e encontrou os olhos do outro lhe fitando. Não pode continuar cantando, pois selou um beijo nos lábios do garoto. O encarou, e dessa vez quem tomou a iniciativa foi ele, iniciando um beijo suave e carinhoso. Aliisa mantinha uma das mãos no rosto de Bill, e do mesmo modo que o beijo havia começado, terminou.  

 

            Olhou assustada para o garoto, como se lembrasse de algo. Praticamente pulou do colo do mesmo, quase caindo ao fazer isso. Bill encarou-a assustado, sem entender nada.

 

_ Me... Me desculpa, eu não devia ter feito isso. – a garota disse, as palavras saindo atropeladas de sua boca.

 

_ Co-como assim, eu não estou entendo. – Bill levantou-se também, a olhando – Você... Não gostou?

 

_ Não é isso. – a garota virou encarando o outro confuso – A questão é: eu tenho namorado. – viu Bill ficar vermelho.

 

_ Me-me-me desculpa! Eu... Nã-não devia ter te beijado. – gaguejou.

 

_ Não, eu é que me desculpo. Eu te beijei primeiro. – Aliisa riu da reação do outro – Mas deixa isso quieto. Fazemos assim: eu gostei do beijo, mas ele não deve se repetir, ok?

 

_ Tudo bem.

 

_ Agora vem. Tá quase na hora do almoço. Vamos ver o que tem hoje. – puxou o garoto pelo pulso, começando a caminhar – Aposto que vai ser alguma daquelas coisas sem gosto de aparência nojenta. – fez uma careta ao se lembrar das refeições do lugar. Bill apenas ria. Se sentia bem perto dela.

 

---*---

 

            Não conseguia dormir. Pensou em tudo que Bill havia lhe contado. Por que ele não conseguia superar o acidente, como ela estava fazendo? Afinal, estavam praticamente na mesma situação. Os dois haviam perdido entes queridos num acidente. Não entendia, então, o que acontecia. Sim, ele tinha perdido o irmão, assim como ela a mãe e a irmã. Ele encontrou nos remédios pra dormir a solução, como ela achara nas drogas. Tudo bem que nenhuma das duas tinha sido uma boa opção. Agora os dois estavam ali.

 

            Virou-se mais uma vez na cama, e soltou um suspiro, irritada. Como iria ajudá-lo se nem entendia o que ele tinha??? Era como montar um quebra-cabeça com peças faltando. Por mais que entendesse uma coisa, outras não se encaixavam.

 

            Resolveu se levantar. Foi até o banheiro, e depois de lavar o rosto se aproximou da janela, olhando a noite estrelada. Então tudo fez sentido. Claro, era uma idiota de não ter percebido antes.

 

            Era simples. Na verdade, muito simples, e esteve na sua frente todo o tempo, quando Bill lhe contou a história. Lembrou-se da irmã no carro, a revista aberta na página de uma foto de sua banda preferida.

 

“_ E esse, quem é?

_ Esse é o Tom.

_ Até que ele é gatinho.

_ Ele é gêmeo do Bill.

_ Calma ai, o vilero é irmão da Barbie punk?!

_ Cala a boca! O Bill não parece com a Barbie!

_ Caraca, olha só: a Barbie punk é irmã dum vilero que toca numa banda emo chamada Quioto Hotel! Tô começando a gosta deles?!

_ Oh Mãe, olha a Aliisa me provocando!”

 

 

 Gêmeos. Como o céu noturno é feito da lua e estrelas, assim eram os gêmeos. Um era incompleto sem o outro. Já tinha lido sobre isso. Quando Tom se foi, um pedaço de Bill provavelmente foi junto.

 

Sorriu, e ao mesmo tempo uma lágrima escorreu por seu rosto. Olhou para o céu lá fora, para as estrelas. Elas pareciam brilhar mais forte. Riu, sabia que isso era só sua imaginação. Mas agora já sabia o que tinha que fazer. Sua família podia não estar com ela, mas ela ainda tinha de quem cuidar. Sim, tinha muitas pessoas pra cuidar ainda, e uma delas era o moreno.

 

_ Kiitos, sisko... Já kiitos, äiti...¹

 

---***---

 

¹Obrigado, irmã ... E obrigado, mãe ...

 

-

 


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