Imperfect Life escrita por larah16, annylopez


Capítulo 8
Decisão


Notas iniciais do capítulo

Oii gente!Bom..desculpem a demora...é que sinceramente eu estou muito triste..mas nos falamos lá embaixo, boa leitura!

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Bella PDV

Presente...

Passei algumas folhas á frente no diário. Aquela parte eu já conhecia bem, e não tinha muita coisa importante. Basicamente o que aconteceu naquele ano foi o seguinte: eu e minha irmã tínhamos nos acertado, finalmente. Tivemos uma conversa muito séria, quer dizer, eu tive uma conversa muito séria com ela, basicamente tivemos uma DR*. Conversávamos bastante depois disso e eu começara a contar segredos para ela. Agora sim, poderíamos ser consideradas irmãs. *Discutir a Relação

O último ano na escola foi o mesmo de sempre, exceto pelo fato de que o otário do Mike ficou correndo atrás de mim, querendo namorar comigo. Mas ainda bem que eu fui forte, e simplesmente dei 563592384160 foras nele. Fiz ele passar mico na frente dos amigos, mas consegui o meu objetivo: nunca mais me aproximar daquele nojento.

Em casa, foi o mesmo do mesmo de sempre. Minha mãe continuava a reclamar de tudo...me chamando de inútil, e falando que eu não queria saber de nada. É, tudo normal. Meu pai trabalhava o dia todo, e á noite..brigas. Minha mãe conseguiu ser promovida á gerente da loja da Emporium Jeans, o que parece que fez ela ficar mais chata e insuportável. Adriana ficava em casa, enquanto eu ainda trabalhava na lanchonete. É claro, metade do meu salário ficava com a minha mãe, mas o resto eu juntei cada centavo, primeiro porque eu não tinha o que fazer com ele, segundo porque eu sabia que um dia ia ajudar.

Parei na página em que eu estava prestes a fazer quinze anos, e passei o dedo pela página, começando a ler.

Querido diário,

Eu vou para o Ensino Médio. Estou muito nervosa, mas uma coisa que eu sei que eu tenho que fazer é seguir o meu plano...

[...]

Passado...

Ensino médio.

Á minha frente eu via a vastidão do que aquilo significava. Eu ia para uma escola nova, o que significaria que eu não ia conhecer ninguém. Isso me deixava bastante preocupada. Mas nada poderia abalar o meu plano.

Desde algum tempo eu decidi mudar. Mudar tudo. Meu jeito de ser, visual, e até mesmo meu modo de ver as coisas. Deixarei para trás aquela menina tímida, aquela menina que engolia desaforos e ficava calada. Dar um basta. Vou colocar um X no meu passado e recomeçar do zero. Cansei de ser a mesma menina boba, que fazia tudo o que os outros queriam.

JÁ CHEGA! HORA DE RENASCER!

Renascer....ah, qual é...tudo é possível. Mas acho que exagerei mesmo...

Faltavam duas semanas para começar as aulas. Aproveitei que hoje era domingo, e fui ao shopping, fazer compras para renovar o guarda-roupa. Fiz um limpa no guarda-roupa e joguei todas as roupas velhas e ultrapassadas fora. Comprei roupas e mais roupas mais roupas e sapatos também. Afinal, eu saí para gastar aquele dinheiro, que depois não teria tanta utilidade quanto agora.

Cheguei em casa por volta das três horas da tarde. Surpresa, encontrei a minha mãe e minha irmã fazendo faxina na casa. Quase não acreditei. Renée...limpando a casa...não era algo lá muito comum. Mas a minha surpresa e o meu espanto passaram rapidamente assim que eu ouvi ela reclamando.

- ...tudo! Vocês não limpam nada, não fazem nada direito! Olha só a sujeira dessa parede!

Bufei.

É claro que ela tinha que estar reclamando.

Fui direto para o meu quarto. Coloquei as sacolas na cama e coloquei uma roupa de usar em casa, velha é claro. Eu já sabia o que me esperava quando eu chegasse lá embaixo. Respirei fundo antes de descer, não queria brigar, pelo menos hoje não.

Minha irmã estava toda descabelada, e vestia umas roupas rasgadas. Ela estava esfregando o chão, enquanto minha mãe esfregava as paredes. Fui até a cozinha e abri a geladeira para pegar água. Quase derrubei o copo no chão quando virei para trás e vi a Adriana me encarando furiosa.

- Como ousa sair e me deixar aqui?! Sozinha com a minha mãe? Que bela irmã que eu tenho, hein?

- Ahh desculpa aí...é que eu saí e você ainda estava dormindo. E eu também não podia imaginar que a minha mãe ia fazer...isso! – falei, apontando para a casa.

- Ah, que bom. Faz isso de novo e você vai chegar e me encontrar lambendo o chão com a língua.

- Nossa que exagero, viu?

- Você sai e se diverte, enquanto eu viro a escrava Isaura da minha mãe. Você podia ter me acordado, traidora! – disse, tristonha.

- Desculpa, mana. Na próxima vez eu levo você, ok?

- Promete?

- Prometo. – falei.

- Bell, será que a gente podia ir no salão?

- Humm...não sei.. – fingi pensar.

- Vamos, por favor?! – fez cara de pidona.

- Vamos sim..eu já estava planejando ir. Já tenho hora marcada na sexta-feira.

- Êba!!

Os olhos dela se iluminaram com a possibilidade, mas não durou muito.

- Isabella e Adriana!!! Eu quero vocês duas aqui agora!

- Lá vamos nós. – murmurei.

Quando a noite chegou, depois de horas limpando e ouvindo reclamações, fui para meu quarto e tomei um banho demorado. Coloquei uma roupa quente e coloquei meu mp3 para escutar. Pensei na escola, que começaria dali á somente duas semanas. Isso me atormentava cada dia mais, era como se uma nova história fosse começar a partir dali. De uma coisa eu estava certa, eu tinha que chegar impondo a minha presença pra que todo mundo me notasse. Não que eu queria ser popular, mas também não queria ser aquela menina que ninguém não sabe nem o nome.

Camp Rock – Peggy – Here I Am

Dizem que se uma boa garota é quieta
Que nunca se deve perguntar por que
Porque isso só torna mais difícil de se encaixar
Você deve estar feliz, animado
Mesmo se você for apenas convidado
Pois os vencedores precisam que alguém os aplauda

É tão difícil ficar só esperando
Em uma fila que nunca se move
É hora de você começar a criar
As suas próprias regras


É muito difícil esperar que as coisas mudem por si só. Quando elas caminham em uma linha, é só aquilo e pronto. Temos que quebrá-la pelo começo, é por isso que a mudança também tem que partir de dentro de mim. Eu tenho que gritar: Aqui estou! Assim não terá como ninguém me notar.

Você tem que gritar até que não sobre nada
Com seu último suspiro
Diga aqui estou eu
Aqui estou eu
Faça-os ouvir
Porque você não pode ser ignorado
Não mais
Então aqui estou eu
Aqui estou eu (3x)

O que está acontecendo é simples: a maturidade está me atingindo. Eu finalmente percebi que a gente só tem uma vida, e que não importa o que aconteça tenho que fazer tudo o que está ao meu alcance. Porque eu não posso ser perfeita, mas eu posso ser quem eu quiser. E eu quero ser eu mesma, mas numa versão mais madura. Não vou mais me esconder das coisas, e não vou fugir como um cão com medo. Eu não era mais uma criança, então não podia agir ou aparentar como tal.

Você só tem uma vida para fazer dar certo
Então, quem se importa se não é perfeito
Para mim, está perto o bastante da perfeição
Por que você deve se esconder das encrencas
E dos problemas que te rodeiam?
Porque não há mais ninguém que você queira ser

Se como você está vivendo não está funcionando
Há uma coisa que vai ajudar
Você tem que finalmente parar de procurar
Para se encontrar

Eu não estava vivendo direito, mas vou parar de tentar me procurar, porque essa nova Isabella sempre esteve dentro de mim, eu é que sempre a prendi, querendo ser uma pessoa diferente. Acho que é por isso que minha vida não é do jeito que eu queria. Mas agora eu iria deixar de lado aquela Bella besta, apassivadora, obediente e preocupada com tudo. Eu seria impetuosa, dona de mim mesma, um pouco mais irresponsável e agiria de acordo com o que eu sentia naquele momento.

Você tem que gritar até que não sobre nada
Com seu último suspiro
Diga aqui estou eu

Faça-os ouvir
Porque você não pode ser ignorado
Não mais
Então aqui estou eu
Aqui estou eu
Aqui estou eu

É melhor o mundo arrumar espaço
Sim, passe para lá, passe para lá
Porque você está chegando
Porque você está chegando

Prestem atenção, idiotas, sou eu quem está chegando!

Deitei na cama com a cabeça fervilhando. Adormeci, pensando no que faria ao longo da semana, além de trabalhar. Minha mãe estaria em casa. Meu pai? Ele não tinha férias. Foi trabalhar em outro lugar, enquanto suas férias passavam. Eu sentia muita falta dele. Mas é claro que agora, eu como uma menina mais forte, não me deixaria abalar tanto por isso.

[...]

‘Eu estava presa. Não conseguia sair. Alguém me trancou em um quarto horrível, todo acabado. Estava sozinha, e com frio. Gritei por ajuda. Não ouvi nada nem ninguém.

A porta abriu sozinha, e dela emanava uma luz branca muito forte. Alguém se aproximou e disse:

‘você está bem? Por que está aqui nesse lugar horrível?’

O meu salvador era o menino que eu esbarrara na lanchonete. Lindo e gentil, me pegou no colo e me tirou daquele lugar e incrivelmente saímos diante de um lindo jardim. Fiquei maravilhada. Olhei meu salvador, que me olhava também, ele começou a aproximar o rosto do meu, e o meu do dele...’

Adriana PDV

Enfim, chegou a sexta.

Levantei e me espreguicei na cama. Não tive sonhos muito bons á noite. Fui até o banheiro e fiz minha higiene e decidi chamar a preguiçosa da Bella para sairmos hoje. Fui até o quarto dela e a encontrei dormindo profundamente. Muito lindo.

- ISABELLAAAAAA!! - Continuava a gritar, para acordar a louca que dormia com um enorme sorriso na cara.

- AAAIII. O que foi?? - falou, acordando.

- Meu Deus, minha filha, achei que você não acordaria mais. Estou te chamando faz um tempão. - falei.

- O que é tão importante pra você me acordar de um sonho tão maravilhoso? - ainda reclamou a dona.

- Ah bom, acho que você esqueceu né. O que é que a gente ia fazer hoje?

- Ai Adriana, eu sei lá. O que a gente ia fazer hoje? - fingiu não saber.

- Nossa. Se lembra que a gente vai te dar um trato no salão? - obriguei-me a falar.

- Hum...  – fingiu pensar - Ah é mesmo, né. Tinha me esquecido. Mas está cedo...a gente tem tempo. – resmungou, se virando de novo.

- Não tá cedo não, já são oito e meia. Anda logo, vamos, ou vai se atrasar.

- O que? Já são oito e meia? Não acredito.

Ela levantou num salto, e foi tomar banho. Dentro do banheiro, ela cantava que nem uma doida. Só podia ser a Bella mesmo. Enquanto ela tomava um demorado banho, eu esperava impaciente do lado de fora. Lembrei o que ela falou agora a pouco. "O que é tão importante pra você me acordar de um sonho tão maravilhoso?”

Terminado o banho, ela vestiu a primeira roupa que viu, enquanto eu já arrumada, esperava impaciente. Nossa, como ela estava demorando. Eu a observava, batendo o pé no chão.

- Adriana, o quê que você tem menina. Está tão impaciente. - perguntou, olhando meu desespero de sair de casa.

- Nada é só que tem horas que eu estou te esperando, né. – falei. - Ah é, eu queria te perguntar que sonho tão maravilhoso foi aquele que eu interrompi?

- Hum, nada de mais. - tentou me enganar.

- Foi sim, Bella, você não me engana. Conta logo, o que foi?

- Ah, é que eu sonhei com um menino aí...só isso.

Como é que é? Como ela não me contou uma história dessa?

- O que? Um menino? Quem? Quando? Ai meu Deus..me conta logo.. – perguntei, quase me sufocando sem ar.

- Adriana, calma. Já vou explicar tudinho. Mas agora a gente pode começar a andar, por que já está tarde.

- Tá bom, mas já vai me contando. – falei, curiosa.

Enquanto saíamos de casa, ela me contou a história desde o momento em que ele a derrubou, até o sonho. Fiquei indignada.

- E você não perguntou nem o nome dele? Nossa, Isabella, você é burra, hein? Como pode ser minha irmã? Eu no seu lugar, no mínimo, eu perguntaria o nome dele.

- Nossa, nem precisa esculachar, viu? Eu não perguntei por que...por que eu não achei necessário, só isso.

- E pelo sonho, foi mal ter atrapalhado você a sonhar com o que queria que tivesse acontecido naquele dia, tá. HAHAHAHA! – falei, gargalhando.

- Muito engraçado, bonitinha. Olha, é nosso ônibus, vamos pegar logo pra chegar lá na hora.

Ela tinha marcado hora no salão But’s, no centro da cidade. A dona já estava á espera. Não tinha muita gente, logo fomos atendida por uma mulher magricela e de cabelos curtos. Feia que dói. Ela falou numa voz rouca de bruxa:

- Bom dia. O que as senhoritas vão querer?

- Vou querer tudo que tiver aqui. Serviço completo. – falei.

- Hum. É para você, pequenina?

- Não né, sua lerda. É pra minha irmãzinha aqui. – falei, dando uns tapinhas na Bella.

- Ah bom. Por que se fosse pra você...ah esquece. E por onde vamos começar?

Nossa, QUE MULHER BURRA MEU DEUS! Se fosse loira eu até entenderia o porque, mas morena...hum sei não, será que as morenas estão ficando burras também? Fala sério.

- Pelo pior. Depilação total. – me intrometi novamente.

- E sua irmã não fala, não é? – perguntou a otária da seca.

- Pode ser isso mesmo. - falou minha irmã, monótona.

- Boa sorte, maninha. E não grita muito não, ta? – falei já começando a abrir um sorriso.

Ela vai é espantar todos os clientes daqui de tanto gritar. E eu vou ser expulsa por rir alto demais. Ela entrou na sala, morrendo de medo. Tadinha dela. Me preparei para os gritos, nas partes que doíam mais. Comecei a escutar gemidos. Não acredito que ela está segurando para não gritar! Hahaha. Coitada.

Pouco depois, ela gritou. Uma mulher que escovava o cabelo virou um pouco a cabeça para o lado da salinha, em que ela estava. Logo depois um grito mais alto. E quando veio o terceiro, duas mulheres que tinham acaba de chegar na porta do salão saíram imediatamente. E eu? Eu gargalhava de tanto rir da cara estranha que elas fizeram. Bella continuou gritando, por uns cinco minutos. Eu até chorei de tanto rir dos clientes que passavam, olhando para o salão com uma cara estranha.

Depois que os gritos cessaram, olhei minha irmã saindo pela porta com as pernas vermelhas e abertas, parecendo criança quando borrou as calças. Ela saiu de lá, com uma cara feia pra mim, me dizendo ‘você me paga’. Sorri torto, enquanto ela me fuzilava com os olhos.

- Não tenho medo de cara feia não, viu. É para o seu bem. – falei.

- E agora vamos ao cabelo, o que vai querer? – a seca perguntou pra minha irmã.

- Vamos fazer um corte, muito louco, e pintar de um castanho avermelhado. – falei.

- Nossa, essa menina tá parecendo sua mãe. Você não vai falar nada, não? – disse a seca, intrometida.

- Não te interessa.  É eu que vou dar as ordens hoje aqui. Se liga, magrela. Anda logo e faz o que eu mandei. – dei um chega na vaquinha.

- Também não precisa falar assim com a moça, né Adriana. – minha irmã defendeu ela.

- E você cala a boca também. Hoje eu mando e você faz. Anda maninha querida, não tenho o dia todo. E eu estou com fome também. – falei.

Enquanto a vaquinha arrumava o cabelo da minha irmã, fui dar uma volta e ver se achava algum carrinho de sorvete, por aí. Uma mulher passava com o carrinho de picolé, aproveitando que um garoto a parou, corri até ela também.

- ... e um de limão, por favor. – ouvi o garoto terminando o pedido.

- Aqui está, querido. Obrigada. – falou a doce senhora, vendedora de picolés. HIHIHI tá, parei.

- De nada. E pode ficar com o troco. Tchau. – agradeceu o menino.

- Nossa que menino gentil, né? – falei, enquanto ele saia.

- É sim. Sempre que eu passo por aqui, ele compra picolés de mim. Não conheço garoto igual a esse. E o que a senhorita vai querer?

- Ah sim. Eu quero um picolé de uva. – pedi. Era o meu favorito.

- Aqui está. Obrigada.

- De nada. – falei, entregando-lhe o dinheiro.

Andei até o final da rua, onde o menino tinha virado. Não vi mais ele. Lembrei que minha irmã estava sozinha no salão, e voltei pra lá. No caminho, senti alguém colocando a mão em meu ombro. Voltei-me e constatei que era o menino que estava comigo no carrinho de picolé.

- Oi. É que eu não pude deixar de ouvir você falando de mim para a senhora do picolé. E queria saber quem era dona da linda voz que ouvi.

- Hum..é..oi. Meu nome é Adriana. E desculpe se eu te ofendi, falando de você sem...

- Não. Não é isso. É que eu só queria saber mesmo quem foi que falou. E por falar nisso, muito prazer Adriana, meu nome é David.

- Que nome lindo...quer dizer...prazer em te conhecer David.

- Olha, tenho que ir agora. Foi um prazer conhecer a dona de uma voz e um rosto tão lindo. Espero que a gente possa se encontrar de novo. Adriana.

- Tchau, David.

Nos viramos, ele voltou para o final da rua, e eu continuei meu caminho até não sei aonde. Perdida em pensamento, passei em frente a um salão, eu acho, e ouvi alguém me gritando. Acordei do meu devaneio e voltei até o salão, onde minha irmã me esperava.

- Nossa menina, você demorou. Já estava ficando preocupada.

- Ai, ai. Eu nem demorei tanto assim. Só fui comprar um picolé e me distraí um pouco....mas peraí...caraca mana, você tá linda!! Putz grilo...nem reparei quando eu cheguei.

- Ai, sério. Eu não sei...achei que ficou um pouco...

- Não, cala a boca. Ficou lindo! Mas agora vamos, que eu estou com fome.

- Tá bom, tá bom. Vamos, espera só um minutinho.

Ela foi pagar a moça e agradeceu pelo belo serviço. Aff, ninguém merece ver ela agradecer aquela seca. Ela não fez nada mais do que o trabalho dela, ué. Puxei minha irmã pelo braço, por que senão ela ficaria o dia todo conversando com aquela mulher.

Enquanto andávamos pela rua, minha irmã estava quase cega, por que ela colocara o cabelo na frente do rosto, por causa das pessoas ficarem olhando pra ela. Por que ela agia assim? Ela estava tão bonita. De onde ela tirou aquela vergonha?

- Dá pra parar de colocar o cabelo assim? Vai ficar todo bagunçado. E para de ser besta, porque se todo mundo tá te olhando é porque você ta bonita. – falei.

- Tá, tá. Onde você quer comer? Hoje vou deixar você escolher.

- Sério? Hum...deixa eu ver....quero ir no Macdonald’s pra ganhar presente.

- Hum..tá. Eu sei onde tem um.

Estava lotado. Encontrando uma mesa vazia, nos sentamos e apressei a Bella para escolher logo, por que senão ia demorar muito. Fui até a porta e não acreditei no que eu vi. David estava andando em direção a um restaurante com alguém. Voltei até minha irmã.

- Mana, posso chamar alguém para comer com a gente? Por favor.

- Mas quem...

- Eu sabia que você ia deixar. Te amo. – falei, já saindo correndo.

Ele estava na porta, do restaurante, quase entrando. Cheguei perto dele e o chamei.

- Psiuu. Psssiuuuu. David! – chamei-o.

- Adriana, você por aqui.

- É que eu vi você chegando...ai eu pensei em te chamar para almoçar comigo...e minha irmã.

- Ah, sim. Vocês estão aonde?

- Bem aqui ao lado. Você poderia ir...que dizer, você gostaria de ir?

- Só um minuto, eu vou chamar minha prima.

Menos de um minuto e ele já estava de volta. Até que ele não era feio. Tinha um charme, era elegante. Entrando no restaurante, minha irmã parecia olhar impaciente para a porta. E quando ela me viu, olhou para o lado e viu o garoto, ela abriu um sorriso que me deixou meio sem graça. Mas quando ela viu a prima do David sua cara se fechou numa carranca e ela fuzilou a menina com o olhar.

- Olá. Meu nome é David, eu sou primo da Victória. E você é a Bella, certo?

- Sou sim, prazer David. – ela falou para ele. – Oi Victória.

 - Oi Bella. Está diferente. Como você está?

- Estou perfeitamente bem. – Bella falou, áspera.

Peraí? O que é que eu estou perdendo aqui?

Ok. Depois eu mato ela.

Sentei de frente pra minha irmã e ele sentou ao meu lado. Como eu já havia escolhido o meu e minha irmã também, esperamos David e sua prima escolherem. O que não demorou muito.

- Eu vou lá pedir. – Victória falou, se levantando.

- Não precisa, pode deixar que eu vou. – Bella se levantou também.

- Porque não vão as duas? – sugeri.

Bella saiu, bufando, e Victória a seguiu em seu encalço.

Bella PDV

- Bella...ainda está tão magoada assim? – Victória perguntou, atrás de mim.

- Eu não esqueci.

- Ah pára Bella...já faz tanto tempo.

- Não importa. Você não tá a fim de me pedir perdão ainda né? – perguntei, arqueando uma sobrancelha.

- Isso eu já fiz. Mas não importa mais mesmo.

- Que bom, então.

- E você está indo estudar aonde? – perguntou, fingindo interesse.

- Sabe que eu não sei. – cortei-a. Não queria papo com gente infame.

- Ahh, que pena então.

Cruzei os braços e fiquei na fila, esperando. Olhei para os dois lá na mesa e eles conversavam bastante concentrados. Hum, aqueles dois. Que bonitinho. Minha irmãzinha já encontrou um amigo. Mas pelo que eu estou vendo, parece mais do que isso.

Ai essa fila está muito grande. Quando será que eu vou conseguir ir embora? Enquanto eu estou aqui morrendo com essa vaca aqui do meu lado, o casalzinho fica lá conversando, trocando olhares, só curtindo. Ai que inveja!

Quando eu me dou conta, a fila termina e chega minha vez. Pedi rapidamente para poder me sentar logo..

[...]

Assim que terminamos, fomos caminhar no parque. Victória não demorou muito para arrastar o David embora, mas não antes de Adriana o chamar para sair novamente. Que espertinha! Nos despedimos e depois continuamos a andar.

- Bella...porque você tratou a Victória daquele jeito?

- Porque eu já a conhecia..e ela não foi uma boa pessoa para mim.

- Ahh, tá.

- Quer ir embora?

- Quero.

Nessa hora meu telefone tocou. Adriana atravessou a rua correndo, enquanto eu atendia o celular, atravessando.

- Bella..aonde você está? – Renée falou, e parecia estar chorando.

- Estou voltando para casa mãe. Porque?

- Só volta logo, por favor.

Ela desligou antes de eu responder.

Percebi que eu tinha parado no meio da rua. Um carro que vinha em alta velocidade começou a buzinar e eu arregalei os olhos, sem reação. Minhas pernas travaram e eu fechei os olhos, ofegando.

Algo se chocou contra o meu corpo, me fazendo cair na calçada, batendo a cabeça no chão.

- Aaaiii.

- Você está bem? – uma voz perguntou.

Meu coração se acelerou ao ouvir aquela voz. Eu conhecia. Essa voz povoou meus pensamentos por um longo tempo. Abri os olhos e conseguir focalizar a figura na minha frente. O rosto escultural, os cabelos desordenados, que não saiu da minha cabeça desde o dia em que o vi pela primeira vez. O garoto na frente de quem eu tinha pagado o maior mico na lanchonete. Ele estendeu a mão para mim e eu peguei, levantando-me do chão.

- Err..hã...eu estou bem.. – gaguejei.

Ele sorriu de leve com meu constrangimento. Ele não parecia estar me reconhecendo. Ainda bem.

- Não é legal parar no meio da rua para falar no celular, sabia? – falou.

- E-eu..eu sei..é que eu fiquei um pouco assustada com a notícia.

- É algo grave?

- Não..não.

Ele me analisou, enquanto eu corava de vergonha. Merda! Porque eu tinha que ficar com vergonha? Ele franziu os lábios.

- Eu não já te vi em algum lugar? – perguntou, de súbito.

- Eu...e-eu..

Mas que droga! Porque eu não parava de gaguejar? Que saco!

- Eu lembro de você...mas...você está diferente. – falou. Seus olhos verdes me observavam cautelosamente.

- É que a gente se viu num passado muito remoto. – falei.

- Aahh, você é a garota que eu derrubei na lanchonete! – falou. – Nossa. Como você está diferente...está...linda.

Corei violentamente com aquelas palavras.

- Bom...eu tenho que ir. – falei, me lembrando da voz triste de Renée no telefone.

- Não...err..já tem que ir mesmo?

- Tenho, a minha mãe ta me esperando lá em casa. – falei. – Ah e...obrigada por.. – falei, indicando a pista.

- Ah, não foi nada.

- OK, então, tchau.

Me virei para sair, sentindo meu coração pular dentro do peito. Depois de alguns passos, ouvi alguns passos apressados atrás de mim.

- Espere!

Olhei para trás e vi ele vindo em minha direção. Continuei a caminhar, um pouco mais lenta, esperando por ele. Depois começamos a andar normalmente, até o ponto de ônibus. Adriana já estava á nossa frente, nos observando, curiosa.

- Posso ao menos saber o seu nome? – perguntou.

- Ah, claro. Meu nome é Isabella.

- Prazer, Isabella. – falou com a voz sexy, estendendo a mão. Eu a apertei sentindo uma sensação estranha percorrer meu corpo ao seu toque. - Edward.

- Prazer, Edward. – falei, sorrindo.

- Então, posso te acompanhar? – ele perguntou, e eu apenas aquiesci com a cabeça. – Está indo para casa?

- É. Eu vou pegar um ônibus..

- Ok. E então Isabella..quantos anos você tem?

- Pode me chamar de Bella. Hum, faço 15 segunda que vem...e você?

- 16. Estuda aonde?

- Vou para a Saint High School. – murmurei. – Você também estuda lá?

- Não, não. – ele respondeu, balançando a cabeça.

- Meu ônibus está vindo. Bom, acho que agora é adeus.

- Adeus não. Até breve. – falou, intenso.

Entrei no ônibus arrastando a Adriana comigo, e acenei para ele pela última vez. Fiquei olhando-o até o ônibus se distanciar. Suspirei fundo, percebendo uma pequena tristeza em meu coração. Será que eu vou vê-lo de novo?

Adriana não parava de me encarar, risonha.

- Quem é? – perguntou.

- É o menino que eu te falei. – murmurei.

- UAU. Ele é um gato! Pelo menos perguntou o nome dele dessa vez? – falou, sarcástica.

- Edward. E pára logo com isso. – falei. Contei para ela que Renée ligou. Ela não falou mais nada durante a viagem.

[...]

Música de fundo: Lifehouse – Everything

Abri a porta de casa e passei pela sala, correndo.

Subi as escadas e hesitei na frente da porta do quarto da minha mãe. Não sabia se ela precisava de alguma coisa. Bati. Sem resposta, bati novamente. Nenhum ruído lá de dentro. Resolvi entrar, porque agora quem queria saber o que aconteceu era eu. Entrei, mesmo sabendo que ela poderia me tacar uma pedra assim que eu colocasse um pé para dentro.

Renée estava deitada na cama, e parecia...arrasada, triste, sei lá. Ou talvez, fosse só TPM mesmo. Ela estava perdida em pensamentos e mal deu atenção enquanto eu sentava na cama de frente para ela. Ela estava mesmo viajando nos ares.

- Renée, aconteceu alguma coisa?

Ela nem se mexeu. Olhei para trás e vi a Adriana esperando ansiosa na porta, voltei para a minha mãe.

- Mãaee. Aloooou. Terra chamando para Marte. – falei, um pouco mais alto.

- Ahh, vocês chegaram. – falou.

- É. Eu quero saber o que aconteceu...

- Não foi nada..

- Ai, tá bom. Fala o que é..

- Não é nada! Eu só estava preocupada com vocês. Agora pode me deixar sozinha, por favor?!

Levantei as mãos em sinal de rendição e saí.

Saí do quarto e fechei a porta. Entrei no meu, com Adriana em meu encalço. Sentei na cama, pegando meu teclado. Já tinha aprendido a tocar várias coisas, sozinha. Ás vezes procurava alguma coisa ou outra na internet para tocar. Era um dos meus passatempos favoritos.

- O que você ainda quer? Você viu, ela não vai falar..

-Bells...aconteceu alguma coisa, eu sei disso.

- E o que é que eu posso fazer? A minha família está desmoronando na minha cara e eu estou de mãos atadas. Eu não posso simplesmente pedir que as coisas voltem ao normal, porque elas não vão voltar.

- Algo está errado. Isso não pode estar acontecendo... – ela falou, e eu senti que ela estava prestes a cair em prantos.

- Calma, Dri. Eu sei que deve ser difícil, mas logo as coisas vão se acalmar, você vai ver. – falei, tentando passar uma segurança que nem eu mesma tinha.

Voltei a tocar e não vi quando ela saiu do quarto. Fiquei ali, tocando algo que saía espontaneamente. Esse era o melhor de poder tocar algum instrumento. A melodia vai de acordo com o que está em seu coração. Era bom. Tocar me fazia esquecer um pouco das coisas. Senti a melodia mudar, ficando mais suave, quando uma imagem veio em minha cabeça.

Tentei tirar a imagem da cabeça. Era só um menino. Um menino qualquer que eu poderia nunca mais ver. Eu não entendia porque ele não saia da minha cabeça, e também queria entender as reações que tinha quando estava perto dele. Não era comum, e eu estranhava, pois nunca tinha sentido isso por alguém.

Parei de tocar e fui ligar o meu notebook. Enquanto ele ligava, me fitei no espelho. O que será que a minha mãe tinha? Ela nunca tinha ficado daquele jeito. Será que ela e o meu pai brigaram feio?

Eu não sabia o que pensar. Eram muitas dúvidas e que eu sabia que só conseguiria descobrir arrancando as respostas da minha mãe, coisa que eu não estava muito a fim de fazer. Entrei no msn, e logo depois vi uma janelinha aparecer piscando. Notei que era a Ângela.

Ang diz: E aí, aprontando o que?

Bell diz: kkk...nada ué.

Ang diz: humm, sei. Quer vir dormir aqui em casa hoje?

Bell diz: Nem dá. A minha mãe tá de TPM aqui...porque você não vem pra cá?

Ang diz: Ah não sei....se a sua mãe já está azeda...

Bell diz: Não..vem, por favor. Eu quero te mostrar uma coisa.

Ang diz: Ok. Eu vou falar com a mamis. Logo eu estou aí.

Bell diz: Vem logo..

Assim que ela falou que já estava vindo, saí do msn. Fiquei procurando vídeos no youtube e vi um bem interessante, que me chamou a atenção. Peguei meu teclado e tentei acompanhar a melodia. Era bastante bonita e a pessoa tocava muito bem.

Quando a Ângela chegou eu já tinha aprendido metade da música. Ela ficou muito contente por eu usar o meu presente.

- E então, que mudança de visual é essa? – perguntou, enquanto eu fechava a porta do quarto.

- Ahh...eu decidi mudar, sabe. Eu já estou crescendo e...

- Você está crescendo é? – perguntou, sarcástica. Sentei na cama, enlaçando as pernas.

- Eu tô falando sério. Eu já estou amadurecendo, tá? – ela me fitou curiosa. – Eu só não quero ser a menina boba de antes, sabe. Eu quero sair, eu quero brigar, eu quero namorar, quero fazer o que nunca tive coragem de fazer. – falei, levantando as mãos para o ar, exaltada.

- Sei. E essa sua transformação exterior tem a ver com isso?

- É claro. Eu não quero ficar parecendo uma criança forever! Ainda mais agora que até o meu aparelho eu tirei.

- É verdade. Mas eu estou vendo somente a sua mudança física...

- O negócio é que agora eu não estou mais nem aí, sabe. Eu sempre fui boazinha, mas agora que se dane! Eu quero fazer as coisas sem ter que me importar se é certo ou errado. Viver sem fronteiras, correr riscos. Errar, cair, errar de novo e depois acertar. Não quero que minha vida seja igual á tudo que se vê. – falei.

A sensação de que eu poderia sair voando tomou conta de mim. Era como se um pássaro encontrasse a sua tão sonhada liberdade para explorar novos ares e conhecer novos mundos. Eu me sentia assim, liberta e feliz por dizer aquelas palavras. Parecia que tudo ia dar certo, e que, finalmente, eu tinha encontrado um caminho a seguir.

- Entendi...quer dizer que agora a senhorita vai virar uma rebelde? – Ângela disse, depois de algum tempo.

- Tecnicamente...sim e não.

- Sabe, Bells. Eu só espero que saiba o que está fazendo, mas por favor, não exagere, tá? Vá com calma. Corra os riscos que quiser, mas não faça nada do que vá se arrepender depois. –ela falou, séria. – Eu vou sempre estar ao seu lado para o que precisar.

- Nossa..

Puxei-a pelo braço, e a fiz sentar na cama ao meu lado. Ela me olhava séria, enquanto eu pulava em seu pescoço dando-lhe um abraço de urso.

- Aaaahhhh, a minha amiga se preocupa comigooo! Que bunitinho!! – falei e ela gargalhou.

Soltei-a e nós duas caímos na cama, ofegando. Ela parou de sorrir novamente e olhou para mim, preocupada.

- Mas eu falei sério. Não se arrisque demais..nesse mundo há coisas piores do que as que imaginamos. E o pior de tudo é a gente se arrepender depois.

- Sabe, Ang..a única coisa que eu me arrependo amargamente, é pela minha família ter se tornado o que se tornou.

Música: Simple Plan – Welcome to my life

- Como assim, Bella?

- A minha vida era perfeita...quer dizer, eu pelo menos achava isso. Quando eu era pequena meus pais sempre me levavam para sair, brincavam comigo, mas depois isso foi se tornando raro, até que quando a Adriana nasceu acabou de vez a minha vida de ‘princesa’. Não que eu esteja acusando ela de ser a causa disso. – falei, e respirei um pouco antes de continuar. – Ela não tem culpa dos meus pais terem se tornado tão egoístas. A questão, é que eu não me sinto mais como parte de uma família, entende? É como se não fosse mais uma...como se vivêssemos juntos somente como conhecidos. Não parece que há mais algo que nos una. É estranho...mas eu não sou mais feliz aqui.

- UAU. – Ângela exclamou, boquiaberta. – Mas você não acha que está exagerando, não? Toda família tem seus defeitos, só precisam aprender a lidar com eles.

Defeitos?

Aquilo não era defeito, pois um defeito se pode consertar. Mas uma família desgastada nunca mais volta ao normal. Ela fala isso porque é feliz com a sua mãe.

- Não, eu não exagerei nem um pouco. Você não entende. Meus pais vivem brigando, meu pai está mais ausente do que nunca, e minha mãe me obriga a trabalhar. Você não sabe como é que é. Você sempre teve o que queria, sua mãe é tudo para você, e você nunca precisou de nada mais.

Seu rosto ficou um pouco vermelho de repente.

- Isabella, eu sei que é difícil. Mas não fale da minha vida como se soubesse dela.

- Você já quis fugir? Já se trancou no quarto com a música alta para ninguém te ouvir gritar? Não! Você não sabe como é isso! Você não sabe como é ser eu! - falei, um pouco alto demais.

- E nem você sabe da minha vida! Passar o dia fingindo sorrisos e mentiras idiotas, mas por dentro você está definhando! Nenhum decreto no mundo te dá o direito de julgar alguém. – ela ralhou. – E caso você não saiba, eu não sou tão feliz quanto você pensa. Há muito mais por trás desse meu sorriso do que você imagina. – falou agora mais calma.

- Como é? – perguntei, olhando para ela interrogativamente, esperando que ela continuasse o que começou.

Ela respirou fundo antes de começar.

- Há um ano e meio atrás, eu perdi meu pai. Ele morreu, e com ele levou a vida da minha mãe e, consequentemente, a minha também. – falou, triste. – Nós duas ficamos muito tristes, mas a minha mãe foi a que mais sofreu. Meu pai era o centro de tudo, e com a sua partida, nossa vida se transformou numa lamentação. Minha mãe entrou em depressão, e isso acabava me afetando também. Foi uma época difícil. E hoje a gente ainda tenta esconder isso, com caras e sorrisos. – falou.

Agora foi a minha vez de ficar perturbada. Eu não fazia ideia dessa história, ela nunca tinha contado e nem ao menos comentado nada. Acho que ficamos empatadas, já que eu também nunca tinha compartilhado a minha história.

- Desculpa. – murmurei. – Eu não devia ter falado aquelas coisas sem saber. Desculpa.

- Eu também tenho que pedir desculpas. Eu menosprezei o seu problema, como se você estivesse colocando coisas que não existiam na verdade. Acho que eu fiquei meio nervosa.

- Bom, agora as coisas estão esclarecidas de fato. Só uma perguntinha, você disse que vivia de caras e falsos sorrisos...isso serve também para tudo o que passamos juntas?

- Err, não. Só no começo...quando a gente ainda andava com aquelas corjas.

- Ahh. Eu ainda me pergunto como eu tive coragem de servir de capacho para elas! – falei, descontraindo.

- Né. Mas você viu como elas vieram correndo atrás de você?

- Humpf – bufei. – Ainda bem que eu mandei elas irem darem uma volta na Antártida. Se amizades iguais á sua são tão difíceis, eu prefiro ficar só com a que tenho!

Ela sorriu e o bom humor começou a voltar.

- Está animada para as aulas?

- Um pouco..Mentira! Eu tô muito! Mal posso esperar para inaugurar a nova Isabella! – falei, arrancando gargalhadas de nós duas.

[...]

O sábado amanheceu calmo e bonito. Tudo conspirava para ser um belo dia. A Ângela não me deixou dormir muito e ás nove horas já estávamos tomando café na cozinha, eu, ela, minha mãe e minha irmã. Minha mãe estava toda arrumada, com um vestido vermelho, parecendo que iria sair.

- Bella, você fica responsável pela casa. Eu vou sair e não sei que horas vou chegar.

- Aonde vai? – perguntei.

- Não interessa. – respondeu, seca.

Troquei olhares com a Ângela e pelo que pude perceber, ela entendeu bem o que eu passo. Minha mãe subiu para o quarto e nós continuamos a lanchar. Pouco tempo depois, Renée apareceu na cozinha, novamente.

- Eu já estou de saída. Não destruam a casa, por favor. – falou, sem emoção na voz.

O que é que ela tinha? E, afinal, o que ela ia fazer?

Ela saiu e antes de desaparecer pude ver que ela arrastava algo no sapato dela. Segurei uma gargalhada, quando notei que era um pedaço de papel grudado no salto de seu sapato. Corri até a sala, mas quando abri a boca para falar ela fechou a porta na minha cara.

Soltei a gargalhada á muito presa em minha garganta. Explodi de tanto rir. Rolei no chão, segurando a barriga e tentando respirar. Adriana e a Ângela apareceram na ponta da sala e observaram, céticas, as minhas gargalhada altíssimas.

- Nossa, o que é minha filha? Ficou louca de vez agora é? – Adriana perguntou, zombando.

- Ai..minha..barriga. Hahahaha. Vocês perderam. A minha mãe saiu com um pedação de papel higiênico grudado no salto!! Hahahaha.

Confirmar aquilo só me fez gargalhar ainda mais. Ang riu, não agüentando me olhar. Já a Adriana me encarava com uma cara feia.

- E porque você não avisou ela?

- Eu tentei. Mas ela fechou a porta na minha cara.

Levantei do chão, ofegando bastante, tentando encontrar o ar. Fui até o DVD e coloquei meu CD de músicas preferidas. Coloquei num volume razoável, o que quer dizer bem alto, e comecei a cantar a música que tocava.

Avril Lavigne – What the Hell

Você diz que eu estou bagunçando com a sua cabeça

Tudo porque eu estava saindo com seu amigo

O amor machuca mesmo quando é certo ou errado

Não posso parar porque eu estou me divertindo muito

Você está de joelhos

Me implorando, "Por favor"

"Fique comigo!"

Mas honestamente

Eu só preciso ser um pouco louca

(Refrão) Toda minha vida eu fui boa, mas agora

Ah, estou pensando "que se dane"

Tudo que eu quero é bagunçar

E eu não me importo

Se você me ama, se você me odeia

Você não pode me salvar, baby, baby

Toda minha vida eu fui boa, mas agora

Ah, que se dane

Que? Que? Que? Que se dane!

E daí se eu sair em um milhão de encontros

Você nunca me liga ou me escuta de qualquer jeito

Eu prefiro ficar com raiva do que sentar e esperar o dia todo

Não me entenda mal, eu só preciso de um tempo para brincar

Você está de joelhos

Me implorando, "Por favor"

"Fique comigo!"

Mas honestamente

Eu só preciso ser um pouco louca

Refrão

La la la la la la la la

whoa, whoa

La la la la la la la la

whoa, whoa

Você diz que eu estou bagunçando a sua cabeça, cara

Eu gosto de bagunçar na sua cama

Sim, eu estou bagunçando a sua cabeça

Quando eu bagunço com você na cama

Toda minha vida eu fui boa, mas agora

Ah, estou pensando "que se dane"

Tudo que eu quero é bagunçar

E eu não me importo

Se você me ama, se você me odeia

Você não pode me salvar, baby, baby

Toda minha vida eu fui boa, mas agora

Ah, que se dane

Lalalalala


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?Bastante músicas né...kkk. A trilha sonora está ficando bem legal...apesar de eu ainda ter muito o que aprender. Mas estou tentando.

Bom..algumas explicaçõeszinhas: Bella está revivendo tudo o que ela já fez. A partir das páginas do diário que ela está lendo, ela vai reviver tudo o que passou, para depois chegar lá naquele momento em que ela está, onde eu narrei no prólogo. Muita coisa ainda vai rolar...garanto que a fic só vai ficar mais interessante a partir daqui.A outra coisa que eu queria falar..é que...estou pensando seriamente em parar de postar. De verdade..parece que estou postando para o vento...sabe o que é você escrever capítulos, com mais de 2.000 ou 3.000 palavras e não receber nenhum review? Pois é...acho que não custa nada um pouco de retribuição né. Então vai lá..se a história estiver boa ou ruim comente assim mesmo..bota esssa preguiça pra correr! kkkkk. Ajuda essa autorazinha-amadora aqui a aprender, a saber o que está bom o que está ruim. Porque vocês também escrevem essa história.

...bom, era isso...eu sei que é chato você ficar pedindo ou falando essas coisas, mas é que agora eu só vou postar se receber reviews, não que eu esteja sendo chata, só estou querendo ouvir a opinião de vocês e pelo menos saber se estão lendo.


Agora...o que acharam do 'bota-fora' da Ângela e da Bella? O novo encontro de Bella e Edward..aviso já que esse só irá proporcionar muitos outros. E pelo amor de Deus, alguém entende aquela Renée? kkkkkkkk. Deus o livre. Que mulher mais arrogante..mesquinha! Digam-me o que acharam e eu logo trago mais um capítulo pra vocês!

Beijooooo, Larissa. ;)



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