O Rei das Trevas escrita por Cdz 10


Capítulo 31
Capítulo 031: Mistério... Quem é ele?!




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Capítulo 031: Mistério... quem é ele?!

       O líder dos Logrus, Ternetts, permanece sentado e recostado na sua grande e ornamentada cadeira no interior do Aposento de Reunião do castelo. Seus olhos continuam fechados e sua cabeça levemente elevada.

            Ternetts (pensando): Aquele ser... eu preciso me recordar...

            A sua mente continua relembrando as cenas do dia em que ficou sabendo que a Morada dos Logrus seria invadida pelos membros da CIV.

            Ele continua olhando para o bilhete amarelado esticado sobre a sua mesa, dentro de sua sala no décimo terceiro andar do Castelo dos Logrus. Os seus olhos estão ligeiramente franzidos e os sentimentos de dúvida e desconfiança tomam conta de seu rosto.

            Ternetts (pensando): Este tal ser... o que será que ele quer comigo realmente? Um local escondido, uma pequena gruta numa densa floresta há cerca de três quilômetros ao sul do Centro de Lunn... a probabilidade de ser uma armadilha é bem grande, agora já estou achando que a chance de ele querer algum tipo de acordo comercial é pequena. Hum! Ingênuo... quem quer que você seja, acha mesmo que poderá me pegar em uma emboscada?! Com quem acha que está lidando, seu bastardo nojento?! Ternetts... eu sou Ternetts, o líder dos Logrus, o Logru mais forte! Que ousadia achar que vai conseguir fazer alguma coisa contra mim!

            Agora a expressão de Ternetts não é mais de dúvida e sim de raiva, entretanto, os seus olhos continuam encarando o bilhete amarelado sobre a sua mesa.

            Ternetts (pensando): Saar... traga logo o Roublin ou o Coik e vamos o mais rápido possível atrás deste ser... eu irei lhe ensinar uma lição!

            Enquanto isso, o conselheiro Saar, que, há poucos instantes, havia saído da sala de Ternetts, agora está descendo as inúmeras escadarias do Castelo dos Logrus, também com uma expressão de dúvida.

            Saar (pensando): O que será que está acontecendo? A visita deste ser é muito estranha... eu não estou gostando nada disso, eu não sei o motivo, mas tenho um péssimo pressentimento quanto a este ser...

            O conselheiro continua a descer as escadarias, a esta altura ele já está no décimo andar.

            Saar (pensando): E ainda... o senhor Ternetts, estou preocupado com a segurança dele. Eu até entendi o ponto de vista que ele me explicou, naturalmente que é necessário deixar a Morada dos Logrus sempre muito bem protegida, ainda mais em casos assim, em que ele vai ser forçado a se ausentar... mas daí a não querer levar nenhum Logru especializado em combate junto com ele... eu ainda acho isso ligeiramente imprudente e se algo acontecer e ele acabar sendo capturado ou algo assim? Ou pior... e se o senhor Ternetts for forçado a entrar num confronto e acabar...

            Saar fecha fortemente os olhos na mesma hora e balança a cabeça de uma maneira violenta em sentido negativo, como se estivesse tentando esquecer aquilo que acabara de pensar.

            Saar (pensando): Não, não! Eu não posso ficar imaginando esse tipo de coisa! Mesmo que ele entre num confronto, o nosso mestre com certeza vencerá, o senhor Ternetts é o Logru mais poderoso e habilidoso que existe, eu tenho certeza de que ele consegue derrotar qualquer um, quem quer que seja o ser!

            Ele permanece percorrendo as escadarias e os corredores do castelo, topando com alguns Logrus pelo caminho, até que então, ele chega ao quinto andar, que, por sua vez, é composto por um corredor largo e comprido, praticamente igual ao do sexto andar, onde fica o Aposento de Reunião. Alguns Logrus estão ali no corredor do quinto andar indo e vindo, ambos com os mais variados estilos de trajes: alguns com armadura, outros apenas com roupas de baixo, e uma grande maioria trajando vestes longas e levemente coloridas. Saar fica parado em uma das extremidades do andar por alguns momentos, apenas observando a movimentação dos Logrus dali.

            Saar: Ótimo, ótimo... aqui têm muitas salas, mas... a minha, a de Coik e de Roublin estão lá no fundo... que coisa!

            Ele começa a cruzar o corredor andando rapidamente, esbarrando em alguns Logrus e desviando de outros pelo caminho até que, em poucos segundos, ele chega à uma porta bem escura, cujo topo é ocupado por letras prateadas que dizem “Conselheiro Saar”. Ele se move mais dois passos para frente, parando então diante de uma porta exatamente igual, com exceção das letras que diziam “Conselheiro Roublin”. Saar fica parado por um breve momento até que dá três leves batidas no meio da porta e, logo em seguida, começa a falar numa voz relativamente elevada.

            Saar: Roublin! Roublin! Sou eu, abra, por favor! Eu preciso ter uma conversa com você!

            Cerca de cinco segundos se passam e a maçaneta, também bastante escura, gira rapidamente e a porta se abre numa certa violência. Diante dos olhos de Saar revela-se um Logru, bem mais alto, porém, bem mais magro também, com a sua pele em um tom vermelho bem mais escurecido. Seus cabelos são loiros, curtos e espetados, seus olhos, muito pretos. Os dois se olham por um rápido momento até que ambos sorriem um pouco.

            Roublin (seu tom é um pouco mais grosso, devido à voz que é mais rouca): Saar! Mas que surpresa! Faz um tempo que nós não nos falamos... mas o que foi? O que deseja, meu amigo?

            Saar: Ah...

            Saar olha rapidamente para os lados, vendo diversos Logrus que continuam a caminhar pelo corredor do quinto andar.

            Saar: Bem, Roublin, eu não quero abusar, mas acho que o assunto que eu tenho para falar com você não deve ser discutido aqui... será que eu poderia entrar?

            Roublin olha rapidamente para trás e logo depois volta a encarar os olhos de Saar.

            Roublin: Ah sim, claro, claro, Saar! Desculpe-me pela falta de educação... vamos lá, vamos lá, entre, por favor.

            Saar: Certo, muito obrigado.

            Roublin se coloca um pouco para o lado direito, dando espaço para que o seu companheiro pudesse passar. Saar entra e logo depois, Roublin encosta a porta. A sala é grande, porém, não chega nem perto de ter o mesmo tamanho da sala de Ternetts: é um pouco larga e comprida, com uma grande janela ao fundo, além de uma mesa retangular e colorida no centro, mesa esta que possui duas cadeiras e, além disso, tem diversas pernas (mais de dez) que encostam o chão, que, por sua vez, é feito de um material com coloração esverdeada. As paredes possuem praticamente as mesmas características do chão e não possuem nada, nenhum quadro e também nenhum tipo de decoração ou ornamento. Há alguns metros à frente da parede da direita, há um objeto que se assemelha a um poste retangular acinzentado e bem alto, tendo uma maçaneta grande e dourada no centro, este objeto é bastante semelhante ao que existe no interior da sala de Ternetts em grande número, mas, há a diferença no fato de que, na sala de Roublin, este objeto é único e mais largo.

            Roublin cruza rapidamente a sala toda e vai até a cadeira localizada atrás da mesa retangular, sentando-se nela. Saar continua em pé por alguns momentos, observando a mesa com um olhar meio desviado, sem atenção.

            Roublin: Ei, Saar!

            A atenção de Saar é então despertada rapidamente e ele acaba dando um meio riso.

            Saar: Ah... desculpe-me, Roublin, eu fiquei meio distraído por um momento...

            Roublin: Sim, sim, eu percebi... mas sente-se, por favor, fique à vontade.

            O conselheiro dono da sala aponta a cadeira localizada à frente de sua mesa.

            Saar: Sim, certo, obrigado.

            Saar segue até esta cadeira, puxa-a com cuidado e então se senta. Logo depois disso, Roublin se debruça levemente sobre a sua mesa e encara fixamente os olhos de seu companheiro.

            Roublin: E então, Saar. Você me disse que queria conversar sobre um assunto comigo, e que seria melhor aqui dentro... e estou vendo que você está um pouco preocupado... isso tem a ver com o assunto que quer discutir aqui?

            Saar: Sim, infelizmente sim...

            Roublin: Entendo... bem, conte-me.

            O Castelo dos Logrus continua bastante movimentado, sobretudo no quinto andar, onde estão as salas dos três conselheiros. Passam-se apenas um tempo aproximado de dez minutos até que Saar contasse tudo a Roublin sobre a visita do tal ser e sobre as estratégias e preocupações do líder Ternetts. Quando Saar termina, a expressão de Roublin mistura surpresa e estranhamento.

            Roublin (agora em um tom totalmente diferente do que o anterior): Droga, mas que situação... um ser sobre o qual não se sabe nada, nem mesmo a aparência...

            Saar: Pois é... realmente, é uma coisa muito estranha, eu não sei, eu estou sentindo que este ser ainda vai nos causar problemas, isso tudo está muito estranho.

            Roublin: Sim, está estranho mesmo, sem dúvidas. Mas, Saar, eu concordo com você, acho que está sendo meio imprudente da parte do senhor Ternetts não querer levar nenhum Logru especializado em combate junto com ele... eu compreendo que ele esteja preocupado com a proteção da Morada, mas...

            Saar: Exatamente. Poderia levar apenas um então, não sei... mas acho que o nosso líder está irredutível quanto a isso...

            Roublin: Mas eu entendo bem a decisão dele... analisando melhor a situação agora, pense bem, Saar. Se o senhor Ternetts for capturado em alguma armadilha, isso vai significar que o ser é bem habilidoso então... é muito importante que todos os Logrus especializados em lutas estejam na morada, se o oponente é forte, a nossa proteção também precisa ser bem poderosa, então, o desfalque de qualquer Logru bom em lutas acaba sendo um desfalque grande... com certeza é nisto que o senhor Ternetts está pensando.           

       Saar: Sim, sim, com certeza, mas... não sei... mesmo pensando sob este ponto de vista, acho muito inseguro irmos deste jeito encontrar o tal ser...

            Roublin: É, de fato, é perigoso, mas, acho que é a melhor opção mesmo. Incrível, por isso que o senhor Ternetts é o nosso líder, com certeza não tem nenhum outro Logru que seja mais capacitado do que ele para tal cargo.

            Saar: Eu também acho...

            Os dois conselheiros ficam em silêncio por alguns segundos, até que Saar volta a falar com o seu amigo.

            Saar: Bem, Roublin, ele me pediu para pegar mais um conselheiro para vir junto, ou você ou o Coik... você está em algum trabalho muito importante? Não gostaria de ir conosco?

            Roublin olha para a sua mesa que está ocupada por alguns poucos materiais e fica observando-os por alguns segundos até que então ele volta a encarar o rosto de seu companheiro.

            Roublin: Não... eu só estava fazendo alguns relatórios das nossas últimas vendas e analisando os próximos acordos comerciais, mas pelo que eu estava vendo, acho que não são muitos... se vocês desejarem, eu posso ir com vocês sim, acho que não haverá problemas.

            Saar: Certo, então... bem, sendo assim, acho que é desnecessário ir falar com o Coik, afinal, o senhor Ternetts me falou para que eu regressasse com um de vocês dois para ir logo ver este ser... deu para perceber que ele está com bastante pressa para resolver essa situação...

            Roublin: Certo, eu também acho que não precisamos ir falar com o Coik, perderemos tempo, até porque, teremos de explicar tudo o que aconteceu de novo...  

            Saar: Sim...

            Os dois conselheiros, quase que automaticamente, se erguem de suas cadeiras.

            Saar: Vamos indo então?

            Roublin: Vamos.

            Os dois encostam novamente as cadeiras na mesa, cruzam a sala e saem ao corredor do quinto andar que permanece com uma certa movimentação dos demais Logrus. Em uma questão de poucos minutos, os dois conselheiros cruzam corredores e sobem escadarias até que chegam novamente ao largo corredor do décimo terceiro andar do castelo. Caminham com expressões apreensivas até a grande porta escurecida que ocupa toda a parede da extremidade. Saar bate de leve.

            Saar: Senhor Ternetts. Senhor Ternetts. Sou eu, Saar.

            Ternetts responde quase que imediatamente lá de dentro, usando um tom um tanto ríspido.

            Ternetts: Entre!

            Os dois conselheiros entram e Ternetts os encaram na mesma hora, de pé defronte à sua mesa.

            Ternetts: Hum! Estou vendo que trouxe o Roublin junto com você?

            Saar: Sim, senhor. Ele não estava em nenhuma tarefa tão importante, então eu nem cheguei a ir falar com o Coik, viemos logo para cá. Então, vamos partir agora?

            Ternetts: Sim, sim... está tudo certo para você, não é, Roublin? Você já sabe de tudo?

            Roublin faz uma leve reverência ao seu líder e, logo em seguida, responde.

            Roublin: Sim, senhor, não precisa se preocupar quanto a isso. O Saar já me informou de tudo.

            Ternetts: Muito bem então. Acho que já podemos ir.

            Roublin e Saar: Sim!

            Ternetts: Sigam-me!

            Ternetts passa rapidamente pelos dois e abre a porta, saindo de sua sala, sendo seguido por ambos os conselheiros, que, antes de começarem a segui-lo, dão uma rápida olhada um para o outro.

            Saar (pensando, já seguindo o seu líder ao lado de Roublin): Droga... eu não me lembro de ter visto o senhor Ternetts neste nervosismo todo. Que sensação ruim, essa história toda não vai acabar bem.

            Os três vão seguindo por todo o castelo, descendo rapidamente, e, cada Logru que os via, fazia uma reverência devido à presença do líder Ternetts. Em poucos minutos, eles saem do castelo, ficando momentaneamente na porta de entrada e depois cruzando o portão da Morada dos Logrus, portão este que ficava logo à frente, sendo que os guardas que o protegiam simplesmente abriram-no sem dizer absolutamente nada, apenas fazendo também, assim como os outros, uma reverência ao líder.

            Eles continuam andando sem dizer nada pelo longo caminho feito de material esbranquiçado e cercado de matagal e flores bem cuidadas, que desembocava no portão de entrada da Morada, e, em poucos segundos, entram numa região que é mais ocupada por altas árvores e bastante mato também. Ternetts pára de andar e levanta rapidamente a sua mão direita como sinal aos seus dois subordinados, que, ao verem o movimento do líder, param imediatamente de avançar.

            Ternetts: Escutem com atenção vocês dois.

            Ternetts se vira para os conselheiros.

            Ternetts: A nossa Morada está no extremo norte da Cidade de Lunn e o local que o ser indicou... é cerca de três quilômetros ao sul do Centro da Cidade... então, eu acho melhor irmos correndo em velocidade máxima até o Centro e depois, vamos começar a avançar em uma velocidade mais lenta, afinal, não sabemos se este tal ser armou algum tipo de armadilha, assim, se avançarmos rápido, poderemos acabar sendo pegos sem nenhuma necessidade. Entenderam?

            Os dois acenam em sentido positivo.

            Ternetts: Se formos bem rápidos, poderemos chegar ao Centro em cerca de quinze minutos. Acho que poderemos chegar até este ser em pouco tempo. Bem... velocidade máxima, certo?

            Roublin e Saar: Sim!

            Ternetts: Então me sigam! E fiquem sempre atrás de mim!

            Ternetts flexiona ligeiramente as suas pernas e, logo depois, Roublin e Saar fazem o mesmo movimento. Então, os três tomam um forte impulso no chão e começam a correr numa velocidade impressionante. A cada local em que eles passavam, um forte vento abalava as árvores e folhagens devido à intensa rapidez da corrida.

            Como prometido, não se demorou muito tempo até que adentrassem o Centro de Lunn, onde se concentram as atividades comerciais da cidade, mais especificamente, foram cerca de doze ou treze minutos. Eles três param de avançar quando avistam os vendedores e comerciantes, mais uma vez, por um sinal de Ternetts. Ambos estão ainda um pouco afastados deles e então, ficam um pouco refugiados atrás de algumas árvores próximas.

            Ternetts: Escutem... conseguimos chegar até aqui em um tempo muito bom, fomos mais rápidos do que eu estava esperando. Mas eu acho melhor nós passarmos aqui pelos comerciantes sem que eles nos percebam... será bem mais vantajoso para nós se eles não nos notarem.

            Os dois conselheiros se olham por um breve momento, mas, logo em seguida, voltam a olhar para o seu líder.

            Roublin: Mas senhor Ternetts... por que é necessário que nos escondamos dos comerciantes? Eles não representam nenhum tipo de ameaça para nós...

            Ternetts: Não diretamente, Roublin...

            Saar: Eu também não consegui entender, senhor Ternetts. No que é que eles poderiam nos atrapalhar?

            Ternetts: Vocês têm que passar a analisar a situação como um todo, como um conjunto e não apenas olhar para um ponto individual. Ou seja... temos que ver essa situação inteira, levando em consideração todos os aspectos que estão envolvidos nela e não apenas os comerciantes em si. Pensem bem. Nós Logrus, somos bastante temidos, ainda mais por aqueles que não têm muitas habilidades de combate para se defenderem, como é o caso destes comerciantes. Por causa disso, eles nos temem bastante e, sendo assim, se nos virem passando por aqui, farão um grande escândalo, gritando, se escondendo e tudo mais.

            Os outros dois Logrus continuam ouvindo, com expressões de dúvida no rosto, sem dizerem nenhuma palavra.

            Roublin: Sim... bem, eu acho que estou começando a entender o seu ponto de vista, senhor Ternetts.

            Ternetts: Então... acontecendo algo assim, os comerciantes vão acabar chamando atenção e caso o tal ser esteja querendo nos pegar numa armadilha, isso seria muito bom para ele, não acham? Todo o rebuliço que aconteceria... pode servir para ele como um anúncio... como um aviso para indicar que estamos chegando e ele então fica preparado para nos pegar. Entenderam?

            Os dois conselheiros afirmar balançando a cabeça positivamente.

            Saar: Sim, claro... e agora, pensando melhor sobre tudo isso, talvez... talvez o ser tenha indicado um lugar mais ou menos próximo do Centro da Cidade para este encontro justamente para que isso acontecesse e assim ele pode saber o momento exato em que estamos nos aproximando para que então fique precavido.

            Ternetts: Sim, exatamente isso! Será que compreendem agora o motivo de termos que cruzar este local aqui sem que sejamos notados?

            Roublin: Sim, percebemos, mas, senhor, nós não trouxemos nada conosco que possamos usar como disfarce, como faremos para nos esconder desses comerciantes todos?

            Ternetts fica com uma expressão ligeiramente duvidosa e pensativa. Ele então coloca a cabeça um pouco para fora de trás da árvore, olhando a região do centro comercial.

            Ternetts (murmurando): Eu acho que será fácil passarmos despercebidos...

            O local estava ocupado por inúmeros seres, das mais variadas raças que andavam para todos os lados enquanto muitos outros estavam parados nas inúmeras tendas recobertas de lonas brancas e também em lojas instaladas por todos os locais dali. Ternetts continua observando aquela região por mais alguns poucos segundos até que um pequeno sorriso malicioso se abre em seu rosto.

            Ternetts: É isso mesmo... vocês dois, observem bem este local.

            Roublin e Saar franzem ligeiramente os seus olhos e os dirigem na direção dos seres.

            Ternetts: Estão vendo isso? O local está lotado, claro, essa região é a mais procurada por todos os habitantes de Lunn! Vai ser bom para nós... é só irmos bem devagar, é provável que nós apenas sejamos confundidos com mais alguns dos inúmeros consumidores que estão por ali. Ainda que isso seja bem arriscado, mas não estou vendo nenhuma outra alternativa. Vocês dois, tomem bastante cuidado, tentem agir da maneira mais natural possível, entenderam?

            Roublin: Certo.

            Saar: Sim, não se preocupe, senhor Ternetts.

            Ternetts: E caso sejamos reconhecidos... vamos avançar com a maior velocidade possível... se, uma vez descobertos, continuarmos ali por mais tempo, tudo o que conseguiremos fazer é aumentar todo o escândalo e rebuliço... está certo? Os dois entenderam o plano direitinho?

            Os dois conselheiros concordam rapidamente com a cabeça.

            Ternetts: Certo, então vamos... e mantenham as posições, os dois atrás de mim.

            Ternetts então sai detrás da árvore, sendo seguido por Roublin e Saar. Os dois andam rapidamente até entrarem na multidão de consumidores que andavam violentamente por todos os lados, com os olhos dirigidos para as tendas e lojas dali. Inúmeros equipamentos, armas, ervas medicinais e até mesmo alimentos e bebidas estranhas estavam sendo vendidas naquele momento. Os três Logrus continuam andando, mais ou menos rápido, em linha reta, esbarrando nos seres que passavam, mas que não percebiam que eram Logrus, não chegavam nem perto.

            Ternetts (pensando): Hum! Maravilha, parece que está dando certo... falta só mais um pouco até sairmos desse Centro Comercial...

            Eles continuam andando e começam a avistar um grande matagal há alguns metros à frente o que faz Ternetts e os outros dois abrirem sorrisos em seus rostos.

            Ternetts (em voz baixa, continuando a andar): Vocês dois... estão vendo, não é? Estamos quase conseguindo...

            Eles continuam andando, se aproximando do matagal segundo a segundo, e, por causa disso, neste ponto do centro, as lojas, tendas e consumidores estão em uma quantidade um pouco menor, o que faz a boa expressão de Ternetts desaparecer no mesmo instante.     

            Ternetts (pensando): Droga, o final do Centro Comercial está um pouco mais vazio... merda, tudo vai depender de sorte agora.

            Os três continuam a avançar, enquanto que o dono de uma tenda recoberta de lona branca está efetuando uma venda a dois outros seres. O dono é ligeiramente gordo, com a cor de pele azul e apenas um olho no meio do rosto além de uma pequena boca, logo abaixo deste olho. Os seres consumidores, por sua vez, são altos e morenos, além de terem diversos ornamentos pintados por todo o corpo e, no resto, o corpo é semelhante ao dos humanos. Na pequena tenda estão espalhados alguns equipamentos que parecem ser feitos de um material bastante prateado e luminoso, além de ervas bem coloridas ao lado, são ervas medicinais. O dono azul está com algumas delas nas suas mãos e as entrega de uma maneira bem gentil aos dois consumidores que rapidamente as apanham e as colocam nos bolsos de suas vestes. A pequena boca do dono se abre em um grande sorriso.

            Dono: Muito obrigado! Foi um imenso prazer fazer negócios com vocês dois.

            Os dois seres morenos acenam em sentido positivo com a cabeça de uma maneira bem séria e depois, começam a se distanciar. O dono então solta um forte espreguiço, esticando os dois braços para cima, colocando-os por trás da cabeça e depois de alguns segundos, volta ao normal. Ao estar novamente em sua posição natural, ele olha para frente com o seu grande olho e sente o seu coração palpitar com bastante força: os três Logrus estão passando há alguns metros defronte à sua tenda, em meio a alguns outros seres que também caminham por ali. O grande olho do ser azul vai se arregalando aos poucos e algumas gotas de suor começam a escorrer pelo seu corpo, sobretudo através de seu rosto. A sua boca vai tremendo ligeiramente.

            Dono: Sã... Sã... São... Lo... Lo.... Logrus! Logrus!

            A sua voz vai ficando cada vez mais alta.

            Dono: LOGRUS! LOGRUS!!!

            Essa voz invade os ouvidos de Ternetts e dos dois conselheiros neste momento, assim como os ouvidos de quase todos os seres que estavam naquele local, não só os comerciantes, mas também os inúmeros consumidores. A cena então é muito rápida. Incontrolavelmente, os três Logrus param por um segundo de andar e olham para o lado encarando o ser azul.

            Dono: LOGRUS!! LOGRUS!!

            Ternetts: Merda! Venham rápido!

            Os três começam a correr em grande velocidade, enquanto que praticamente todos os outros seres ficam em silêncio, com expressões de medo e olham para várias direções, a procura dos Logrus. Ternetts e os outros dois vão correndo numa velocidade tão absurda que seus passos eram muito longos, quase parecendo grandes saltos do que uma corrida. Em quase cinco segundos depois que o ser azul começa a gritar então, eles conseguem adentrar o grande matagal. Cerca de cinco consumidores, que estavam mais próximos daquele ponto do centro, tinham expressões de intenso medo.

            Consumidor: Eu... eu vi!

            Outro consumidor: Eu também...

            O dono da tenda ainda está trêmulo, suando bastante, e, em poucos segundos, alguns comerciantes e consumidores abandonam os seus afazeres e vão até a sua tenda.

            Outro comerciante: O que aconteceu? O que houve?

            Um dos consumidores que também tinham visto os três Logrus também estava ali próximo à tenda.

            Consumidor: Eram Logrus, não eram...? Eu tenho quase certeza... mas eles passaram tão rápido... foi quase como um vulto vermelho... eu estou quase certo de que eram eles...

            Outro comerciante: Acho pouco provável, eles quase nunca abandonam a morada deles, só em casos extremamente especiais... será que não foi só impressão de vocês?

            O dono da tenda faz uma expressão de intensa raiva no rosto.

            Dono: Não!!! Não era impressão nenhuma, entenderam? Eu sei o que eu vi! Posso ter um olho só, mas eu sei o que eu vi!!

            Alguns dali soltam baixos risos com esta última frase do ser azul. O local por ali fica tomado por alguns poucos murmúrios até que o consumidor volta a falar.

            Consumidor: Certo, certo, pessoal, não vamos mais incomodá-lo... vamos, todos voltando aos nossos afazeres...

            Aos poucos, os que estavam ao redor da tenda foram se dispersando e o local foi voltando ao normal, os demais consumidores que olhavam para todas as direções, voltavam a caminhar pelo local, meio que sem entender o que havia acontecido e outros até se viraram com expressões de raiva, imaginando que era algum tipo de trote.

            Enquanto isso, Ternetts, Roublin e Saar estão sobre um grosso tronco de árvore, já dentro do denso matagal, ambos olhando para trás, na direção do centro.

            Ternetts: Parece que foi um rebuliço bem pequeno... com certeza, insuficiente para que sirva como algum tipo de sinal, quem estava fora dali do Centro Comercial com certeza não perceberia nada de diferente.

            Saar: Sim, mas agora, segundo o bilhete que o tal ser deixou, estamos a apenas cerca de três quilômetros dessa pequena gruta que ele mencionou... isto é, estamos mais ou menos próximos... se for algum tipo de armadilha, talvez ela esteja armada em algum local que desemboque na gruta e não na gruta exatamente... será que não existe essa possibilidade? Precisamos avançar de uma maneira bastante cautelosa.

            Ternetts: Naturalmente, Saar. É por isso que eu disse antes... vamos avançar mais devagar a partir daqui.

            Os dois conselheiros acenam e depois, os três se viram para o caminho da frente, ficando de costas para o centro comercial.

            Ternetts: Vamos indo...

            Eles ficam olhando o denso matagal por alguns segundos.

            Ternetts (pensando): Agora eu estou cada vez mais ansioso... quero saber o que esse ser arrogante quer comigo!   

                   


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